Foi em uma festa de aniversário. O grupo de crianças não tinha mais do que nove anos em média e inadvertidamente algumas chegaram até os pais, que discutiam sobre a situação do oriente Médio e os ataques de Israel na Faixa de Gaza, o atentado às torres gêmeas americanas, a destruição do Iraque e a caçada a fundamentalistas....todos animados, à beira da piscina.
Em um momento de silêncio, uma daquelas pausas que antecedem observações, ouviu-se um voz infantil e meio esganiçada se intrometer: "Ué, mas quem quer guerra?"
Pergunta óbvia e simples, mas naquele momento ninguém respondeu a ela. Os pequenos tem a péssima mania de meter o bedelho em conversas de adultos. Adultos nem sempre tem respostas. As crianças logo se desinteressaram e sairam para brincar, mas deixaram no ar um certo desconforto. Quem quer guerra? Ora...
A quem interessa uma guerra? Interessa a quem pretende pilhar ou apropriar-se de alguma coisa na marra! No entanto não é nada interessante, apenas inevitável, para quem precisa defender o seu espaço. Assim são as guerras, conflitos de interesse. Obviamente, ninguém aceita a usurpação passivamente. Já era assim nos tempos de nossos antepassados primitivos, que viviam do instinto básico.
Mas em uma civilização que se considera evoluída, capacitada para interferir na ordem natural, pretensa estudiosa dos mistérios do universo, fabulosa na criação de tecnologias e pronta para revolucionar conceitos da física?...ou é mera fachada que impede o reconhecimento de que ainda somos basicamente instinto animal?
É difícil reconhecer que a bela aparência da sociedade humana pode esconder um interior bolorento. E uma certa falta de inteligência, o que conflita com a idéia da genialidade humana.
Estamos todos cansados de saber que qualquer ação resulta em um efeito! Não há ação sem reação no universo. O que não sabemos é até que ponto há areia em nossos olhos, confundindo nossa visão.
Vamos analisar o óbvio, como se todos fossemos crianças, que analisam a vida com a lógica da ingenuidade...ou nem tanto. Suponhamos uma ação que visa um propósito particular em um ambiente coletivo...não vai dar certo. Ou um propósito político em um ambiente de outra soberania...não, certamente não é possível um resultado positivo de uma ação tão antiética.
Nos tempos primitivos e ao longo da história da humanidade, poder era sobrevivência. Poucos possuíam o poder absoluto e todos eles sobreviveram muito pouco. Não há muitos registros de déspotas longevos. Calígula, o imperador psicopata, viveu apenas 29 anos, causou enormes estragos, espirrou sangue para todos os lado, mas durou poucos anos no poder.
Hoje a durabilidade de erros que destroem pode ser imensa. Porque se não temos o imperialismo de sangue azul, temos os interesses econômicos que contam com aliados extraordinários, como a parafernália de armamentos sofisticados e técnicas de abdução terrestre, aqui da casa mesmo, que deixariam qualquer extraterrestre boquiaberto!
Não somos animais predadores, somos civilizados. Nos tempos primitivos a idéia de sobrevivência era a de conquistar terras e escravizar os povos. A dos tempos modernos é a de amealhar dividendos e escravizar os povos (ainda?) economicamente...só que, embora o homem moderno seja muito semelhante ao homem primitivo, o cenário mudou!
E mudou muito mesmo. O ser humano permanece com todos os seus erros e dúvidas, o seu egocentrismo primitivo e a incapacidade de se auto-conhecer, mas o planeta, ah!...O planeta já não é o mesmo!
Não falamos apenas de tecnologia, mas de capacidade física da terra em suportar a burrice e o primitivismo humano. A violência contra a natureza é hoje uma perigosa maneira de "cutucar a onça com a vara curta"...E contra a natureza, o homem e sua parafernália nada pode. Somos um grão de areia no universo.
Por esse motivo é possível entender a pergunta da criança, que soou mais como uma crítica. "Mas quem quer guerra?". Crianças, como enchem o saco! Ficam fazendo perguntas que os homens mais poderosos do mundo, adultos que recebem autorização dos seus povos para tomar decisões diplomáticas e conduzir a política mundial, não sabem responder direito.
Crianças percebem a enrolação. Adultos se habituam a ela e perdem a memória a respeito.
Crianças percebem a enrolação. Adultos se habituam a ela e perdem a memória a respeito.
Sabe-se lá onde vamos parar. Mas a verdade é que o mundo não é quadrado, nem tampouco um lugar que acaba no horizonte. Explicamos com propriedade científica que a Lua ou o Sol não podem cair aqui dentro, mas não conseguimos explicar que podemos literalmente acabar em um buraco negro.
Plantar desavenças e promover discórdia, provocando guerras e violência...e cavando o próprio buraco.
É, nossa lógica civilizada anda míope.
Estamos longe dos tempos das espadas e do corpo a corpo. Hoje a guerra é desigual e destrutiva além das fronteiras. Uma guerra, mesmo distante e circunscrita, é um crime contra toda a humanidade! Abre prerrogativas para novos focos de violência e novas guerras, jogando por terra a única conquista do homem civilizado, a ética. Sem isso vamos para o tal buraco negro.
É, nossa lógica civilizada anda míope.
Estamos longe dos tempos das espadas e do corpo a corpo. Hoje a guerra é desigual e destrutiva além das fronteiras. Uma guerra, mesmo distante e circunscrita, é um crime contra toda a humanidade! Abre prerrogativas para novos focos de violência e novas guerras, jogando por terra a única conquista do homem civilizado, a ética. Sem isso vamos para o tal buraco negro.
Quem quer violência e destruição, fome e tragédias dentro de sua terra ou de outros povos? Quem é que quer guerra? (Mirna Monteiro)
Adorei
ReplyDeleteA guerra interessa apenas a uma minoria
ReplyDeleteFalamos dessa guerra hoje, em 2011, mas em 2023, 2 milhões de palestinos espremidos na Faixa de Gaza serão bombardeados pelo governo sionista de Israel, com aval dos EUA.
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