Tuesday, March 26, 2013

SERÁ O FIM DA EMPREGADA DOMÉSTICA?

Emprego doméstico, ao contrário de outras profissões, está sempre perigosamente envolvido por uma espécie de "manto" da improvisação. Por isso é complicado.
A regulamentação da profissão foi sem duvida um avanço, que continua adiante com as novas exigências, como o FGTS, que no final das contas veio na rasteira de uma sugestão de dedução no imposto de renda dos pagamentos do INSS pelo empregador.
Direitos que corrigem distorções trabalhistas, mas que por outro lado podem transformar definitivamente caracteristicas da profissão de empregado doméstico.
Há muita celeuma em torno desse tipo de atividade profissional. Como o trabalhador - ou trabalhadora, pois historicamente a mulher é maioria nesse tipo de serviço -  em residências, o profissional não precisa de escolaridade ou prova de competência para a função. Geralmente isso só pode ser observado na prática e ao longo do tempo, o que dificulta a rigorosidade da contratação.
Talvez o aspecto mais importante seja o fato de que os empregadores são pessoas físicas. Quase sempre mulheres que precisam trabalhar fora e não tem tempo ou energia suficiente para arcar com o serviço doméstico.
Isso já dificulta o piso salarial. Quando legalmente esse piso é de um salário-mínimo, como prevê a lesgislação, grande parte da oferta desse trabalho fica fora do mercado. Afinal, aumenta o numero de mulheres provedoras do lar e a maioria trabalha com ganhos médios de dois a três salários, enquanto que a média de salário em sua admissão é de apenas R$ 917,87. Os homens tem um patamar de R$ 1067,66. Mulheres ainda ganham menos do que os homens para o exercício de funções semelhantes , em torno de 30%.
Aí está o grande problema!
A demanda por empregadas domésticas cresceu na mesma proporção do crescimento da mulher no campo profissional. Ou seja, a mulher, ao trabalhar fora de casa, depende de uma profissional para os serviços que não tem  tempo de realizar.
A casa é um organismo vivo, dinâmico. Todos os dias há trabalho a fazer, roupas para lavar e passar, limpeza dos ambientes, organização dos espaços, refeições e manutenção de serviços relacionados
Outro grande problema: profissionais domésticos interagem obrigatoriamente com a intimidade de seus empregadores.
É quase impossível evitar essa situação, já que a casa é um ambiente de intimidade familiar. É possivel manter o profissionalismo, mas certamente o abuso da condição dessa intimidade vai depender do caráter do profissional doméstico. E essa questão ética não está prevista em nossas leis!
Outra questão citada pelos empregadores: o acesso da empregada ou empregado aos bens da familia. Há relatos de sobra de donas de casa reclamando que a mesma funcionária que limpa a casa, "limpa" também seus potes de creme caros, iogurtes, chocolates e outros produtos de consumo mais onerosos.
Nos velhos tempos isso não era problema, havia poucos supérfluos e baixo investimento nas refeições do dia. Hoje é diferente, há muitos supérfluos e pouco tempo para repor a despensa e manter a geladeira cheia. Uma funcionária custa o mesmo que qualquer outro membro da familia no ítém alimentação, o que não acontece em em empresa alguma!

NOVO CONCEITO 

Talvez seja o momento de admitir que estamos vivendo o fim da empregada doméstica...da forma como esse tipo de trabalho sempre foi encarado, também improvisadamente e considerando as limitações do empregado.
As novas exigência eliminam a possibilidade de manter a tradição de contratar o serviço doméstico de acordo com o salário do empregador ou as condições financeiras da familia.
Isso é novo no Brasil, mas não em  outros paises, onde mesmo de maneira informal o trabalho doméstico é caro e mais especializado.
Tudo leva a crer que com os direitos de qualquer trabalhador, o empregado doméstico perde também o direito as falhas no desempenho das funções, que devem ser igualmente relacionadas como obrigações, assim como os direitos trabalhistas.
Isso quer dizer que as novas leis que protegem o empregado doméstico também devem considerar aspectos do direito do empregador, que não estão bem claros.
Se houver esse equilíbrio, talvez os empregados domésticos possam comemorar um avanço e os empregadores domésticos comemorar maior qualificação e garantia de segurança quanto ao funcionário que trabalhará na intimidade de sua casa.
Quando isso acontecer é também bastante provável que a imagem dos empregados domésticos mude por completo. Hoje essa profissão é opção para quem está desempregado ou aguarda melhores colocações no mercado. No futuro, será uma atividade profissional que exigirá cursos e aprendizado para qualidade compatível com os serviços exigidos, como a de qualquer outro trabalhador salvaguardado pelas leis trabalhistas. (Mirna Monteiro)


Monday, March 25, 2013

SOCIEDADE PERIGOSA


Há inúmeras situações que podem levar alguém a tirar a vida de outra pessoa. Especialistas desdobram-se na análise de desvios de conduta, ambiente, circunstâncias ou patologias, tentando explicar uma ação que pode ser passional ou planejada friamente.
No final das contas há apenas um consenso comum e coincidente em todas história humana de violência: o receio da punição é a principal forma de controle da incidência de assassinatos, sejam eles motivados por qualquer circunstância ou mesmo tendo origem na psicopatia.
Indivíduos psicopatas não são minoria, como pensamos. Sabe-se hoje que grande parte das pessoas carrega consigo a tendência desse tipo de anomalia, em maior ou menor grau e em dependência do meio em que vivem.
O que significa que apesar de ser um indivíduo frio e calculista, o psiocopata também controla suas ações com inteligência.
Em comunidades onde existe organização social e controle da violência, esse tipo de pessoas com tendência a matar também tem seu impulso homicida controlado.
A conclusão é simples portanto. Quando a violência aumenta, é óbvio que a sociedade está desorganizada e fragilizada em sua capacidade de deter e punir criminosos. O indivíduo com transtorno antissocial sente-se à vontade nesse ambiente para liberar seu instinto assassino.
O que acontece? Pessoas aparentemente "normais" que tem uma vida social, são médicos, jogadores de futebol, advogados, professores, pais ou filhos enfim, aparentemente acima de qualquer suspeita, passam a matar.
Nossas leis precisam se ajustar à ciência. Poucos anos de detenção não eliminam o risco de quem mata friamente.
Do ponto de vista científico qualquer indivíduo que age friamente, calculando a morte de outras pessoas, possui características psicopatas e poderá voltar a matar caso se sinta em segurança, diante de um sistema judicial ineficiente.
No livro "A máscara da sanidade" o psiquiatra Hervey Cleckley analisa quatro tipo de psicopatas que se misturam à população, os primários, que parecem não possuir qualquer emoção genuina (mostram superficialmente o que lhes convém), os secundários, mais passionais e sujeitos a matar em situações de estresse, os descontrolados, que se aborrecem ou perdem a linha mais facilmente que os demais (em geral ligados a pedofilia e outros desvios sexuais e sujeitos ao consumo de drogas) e os carismáticos, mentirosos mas atraentes e charmosos e com poder de persuasão sobre suas vítimas.
Nos tribunais ou na vida social psicopatas mentem com grande facilidade. Não sentem nenhuma angústia pessoal e não tem nenhum problema, já que o problema quem tem são os outros. Sua capacidade para castigar as vítimas se baseia em um comportamento anormal do cérebro, que reage de forma completamente diferente de uma pessoa sã. Jamais assumem qualquer responsabilidade por seus atos, sem crivo da auto-crítica.
Os conflitos sociais liberam a ação desse tipo de indivíduos psicopatas ou sociopatas. As pessoas em geral, no entanto, querem saber como lidar com essa realidade atual. "O pior é que a gente sabe cada vez menos sobre quem pode ser um bandido ou alguém que de repente pode até matar, parece filme americano de terror", escreveu um leitor que comentava o ataque a um cliente de um restaurante no Guarujá, morto a facadas pelo proprietário do lugar ao reclamar do preço cobrado.
Saber, de fato, parece cada vez mais difícil. Os novos agressores nem sempre têm históricos de violência ou aparentam ser assassinos.
Houve tempos em que a palavra tinha o peso da credibilidade. O "fio de barba", que garantia a honestidade de acordos, fazia com que a justiça funcionasse sem a necessidade de tribunais.
Hoje os tribunais nem sempre conseguem prender criminosos, enquanto que o sistema não tem preparo para o sistema prisional exigido. O que na prática torna o cidadão mais responsável pela sua própria segurança, como nos tempos primitivos, quando o meio era absolutamente imprevisível e o risco de se tornar uma presa, constante. (Mirna Monteiro)

Wednesday, March 13, 2013

REALIDADE E IMAGINAÇÃO



Como você vê o mundo, extremamente influenciado pela mídia, ocupado por imagens ficcionais que invadem a realidade? 
E no caso da realidade invadir o virtual?
Bombardeios e fuzilamentos estão sendo noticiados, seja na Palestina, na Líbia ou em qualquer lugar do mundo, mas apesar de causar impacto na vida das pessoas a consciência de sua dimensão fica comprometida  por um processo interessante: quanto maior a vivência da ficção violenta, através de filmes e games, mais a realidade se mescla à fantasia na mente humana!
Essa condição vez por outra se torna bastante evidente. Quando Saddan Hussein foi enforcado, a realidade ou não de sua morte naquele cenário foi contestada por muita gente. Um jornalista egípcio sustentou que o ex-ditador iraquiano não estava ali e sim um sósia dele. Segundo esse jornalista Saddan nunca foi capturado pelos EUA.
O que é realidade? O que seria ilusão?
A linha divisória entre a realidade e a ficção está cada vez mais tênue e experiências demonstram que o cérebro humano anda confundindo o real e imaginário. Para quem cresce em um mundo de imagens, onde a violência virtual é exagerada, a interpretação do terror e destruição no mundo real fica comprometida.
Em um mundo repleto de informação e imagens, reais e ou virtuais (que parecem extremamente reais), não são apenas as pessoas que passam horas imersas em uma tela do computador que sentem seus efeitos.
Também a mídia eletrônica, através da televisão, e a ficção elaborada que vai às telas do cinema parecem provocar mudanças na percepção das pessoas.
Muitos relacionam esse “descontrole” perceptivo também ao tempo. A terra parece girar mais rapidamente, por exemplo. O excesso de imagens e acontecimentos também torna o dia extremamente curto.
Se a percepção humana está sendo afetada por diferentes fatores – como bombardeio de informação, imagens, mundo virtual e confusões com horários elásticos, podemos supor que a capacidade de orientação e o próprio raciocínio ficam comprometidos.
Por isso há pessoas que não acreditam nas próprias previsões da ciência, como as conclusões das pesquisas científicas acerca da temperatura do planeta ou de riscos cataclismicos. Ou embora aceitando a validade das pesquisas, não conseguem imaginar-se dentro da realidade. Pelo menos não desse tipo de realismo ameaçador.
Tragédias reais não são ameaçadoras, até o momento em que algum fator a torne próxima o suficiente para interferir em sua rotina e, portanto, a situação ganhe contornos individuais e pessoais. As informações científicas são interpretadas com o mesmo espanto e terror imediato de um filme tipo “The day after”, ou documentários com rigorosa base científica são interpretados como probabilidade remota que permanece no consciente  até a saída do cinema e a colherada de sorvete.
Esta possibilidade é aterradora, considerando que o hábito à violência ficcional pode ser assimilado pela mente humana como rotina real. Agressões, tiroteios, grosserias, tudo isso passa a ser reconhecido como "natural" ao meio, ganhando certa familiaridade. Os vilões do mal não podem ser tão fortes e charmosos ou vencer os "do Bem", como anda pregando nossa ficção. Há filmes onde o assassino profissional ganha um perfil "humano" e simpático. Mas quem assassina outro ser não pode ter "perfil humano",  pois invade o espaço alheio e destrói uma vida.
Em mentes perturbadas, essa relação pode facilmente desencadear comportamentos antes reprimidos pelo meio. A vida humana torna-se reles e dispensável, como as dos zumbís que tem suas cabeças explodidas pela arma do jogo virtual.
Há quem diga que toda essa violência ficcional tem o objetivo de transtornar as sociedades e implantar o caos, no mais absoluto exemplo teórico das conspirações do mundo moderno. Independente de qualquer exagero ou transtornos, a verdade é que começamos a enfrentar um claro desequilíbrio entre o real e o imaginário, com consequências muitas vezes dramáticas. Misturar realidade e ficção poderia não ser uma influência tão nefasta se houvesse maior atenção a fatores de comportamento que auxiliam a manter uma relação saudável com o meio desde a infância.  (Mirna Monteiro)

Friday, March 08, 2013

A MULHER FRAGMENTADA

Mulheres são sensíveis, inteligentes, agradáveis, desagradáveis, burrinhas, alegres, tristes, humanistas, defensoras da vida e dos filhos, cruéis até com a própria cria, desleixadas, cuidadosas, verdadeiras, mentirosas, geradoras da vida, assassinas, boas, más, ingênuas, maliciosas, políticas, apolíticas, versadas, cultas, ignorantes e analfabetas, coerentes, perplexas, abobalhadas, amorosas, odiosas, conscientes, inconsequentes, com capacidade de compreensão da vida ou completamente ineptas para entender seu semelhante...
Qualidades e defeitos, concepções e realidade. Ao tentar definir a mulher como um ser que foi modelado em uma mesma forma, erramos. Impossível definir a mulher.
Mais do que nunca, a mulher é um ser imprevisível e desconhecido. Nos velhos tempos a mulher era a geradora, a protetora, a "cola" que unia a família, que se equilibrava sob sua sensibilidade e força. Nos novos tempos essa mulher assumiu diferentes personalidades e objetivos, onde os critérios de importância se tornaram flutuantes e indefinidos.
Por isso quando tentamos esteriotipar a mulher de hoje, ficamos confusos. Para quem busca as qualidades que seriam inerentes ao feminino, há risco de encontrar fragmentos  de alguma explosão, que precisam ser pacientemente analisados e reunidos como um quebra-cabeça.
Há mulheres absolutamente dispostas a encarar o mundo sem sequer considerar qualquer limitação do elemento feminino, de maneira radical. Mas temos também mulheres que preferem assumir as funções que seriam exclusivamente femininas, tradicionais. Mas há mais: entre esse e outro aspecto, encontramos variações imensas de comportamento. Por exemplo, há mulheres que trocaram a sensibilidade pela praticidade; a emotividade pela agressividade e egocentrismo, características antes consideradas masculinas; há também quem não queira de forma alguma ser mãe, enquanto mesmo aquela que não tem vocação para a maternidade traz ao mundo novas vidas apenas para livrar-se do risco da solidão, sem consciência da importância do cuidado e da dedicação a um filho.
Como se vê, as mulheres hoje possuem modelo variado e características múltiplas. Não cabem em uma única definição, como insistimos em acreditar.
O que não quer dizer que a mulher hoje tenha menos qualidades do que a de ontem.
Por outro lado, generalizar o elemento feminino como perfeito em seu caráter, também não dá. Afinal temos aí nas estatísticas um aumento de mulheres marginais ou malvadas o suficiente para sufocar a própria prole e para causar indignadas lamentações sobre como o mundo se perde e se auto-destrói na confusão da perda de valores.
Está feita a confusão!
Se a mulher fragmentou-se em sua essência, o Dia da Mulher ficou confuso, politicamente incorreto, culturalmente exagerado, ainda que essa referência ajude a entender o imenso quebra-cabeça social e político que começou com naturalidade na sociedade primitiva, com sufocamento em conhecidas fases históricas e que hoje tenta enquadrar a mulher em moldes que tem tamanhos diferentes, mas são igualmente sufocantes.
Mulheres não são a base da vida por definição. Há mulheres que o são.
Há mulheres que cumprem com tranquilidade o seu papel natural, independente de serem um poço de informação, acumulando títulos universitários ou ignorando a profusão de acontecimentos que convulsionam a sociedade.
Há também mulheres heróicas, que defendem a vida, a paz, a união e o equilíbrio.
Há mulheres que não estão nem aí!
O que talvez valha a comemoração é o fato de que o feminino que gera e defende a vida ainda é maioria neste mundo cheio de conflitos. Seja qual for a atuação dessa mulher ou maneira como ela enfrenta o preconceito subliminar ou direto, ela age positivamente e ajuda a melhorar a vida, proporcionando esperança e ajudando a criar seres - homens e mulheres- conscientes para um futuro menos dramático.
Para estas pessoas o Dia da Mulher deve ser realmente comemorado. Porque não é moleza. Parabéns a você! ( Mirna Monteiro)

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