Friday, May 10, 2013

MÃES DOCES E MÃES MALVADAS

Quando o assunto é "mãe" parece haver uma mágoa profunda com as mudanças na maneira de viver da mulher. "Mãezonas não existem mais, apenas máquinas de procriar", escreveu alguém nos comentários deste blog.
Apenas máquinas de procriação? Referir-se à mulher que é mãe como um ser distante da realidade de sua função, como se os filhos fossem gerados com objetivos práticos, preocupa. Isso porque de fato as estatísticas demonstram que na mesma medida em que as sociedades se desorganizam em valores e ética, com o aumento de ações políticas e econômicas que supervalorizam o supérfluo como fonte de manutenção da vida, também produzem mulheres que rejeitam o conceito da maternidade que provém do instinto.
Estamos, ainda que lentamente, perdendo o instinto maternal que preserva a vida?
A questão parece extremamente grave porque não se trata simplesmente de um aumento gradual de mulheres que não desejam gerar, ou vivenciar toda a responsabilidade materna, que exige mudanças óbvias na vida desde o momento da concepção.
Não é exatamente isso, por mais que a negação da maternidade possa surpreender. Afinal ao assumir funções diferentes na sociedade produtiva, o interesse, e até as condições, para exercer a função de mãe, se tornam reduzidos ou pelo menos mais reticentes.
Mas o fator que surge como ameaça maior é a ausência do instinto de preservação da vida que não impede a concepção, mas se volta contra sua existência de maneira extremamente irresponsável ou violenta. É a mulher que gera e despreza o cuidado com o novo ser. Pior: aquela que se torna assassina, de maneira direta ou indireta, abandonando os filhos ou simplesmente torturando e matando a própria cria.
Casos de tortura e assassinatos de crianças estão acontecendo cada vez mais frequentemente. Quem não se horrorizou com casos como o da americana que assassinou a filhinha de dois anos porque "ela chorava muito", esmagando seu crânio?
Saber que algo tão horrendo está acontecendo a nossa volta, assusta e confunde a ideia da maternidade. Como pode  uma mulher não suportar a criança que gerou, a ponto de cometer atos tão insanos? Essa é uma condição insuportável para o futuro.
Acompanhado ou não de violência, gravíssima ou de sopapos, há exemplos de sobra do desleixo materno para com a cria. A obesidade infantil por exemplo não é de forma alguma exagero de cuidado: crianças que não são orientadas e alimentadas corretamente desenvolvem vícios alimentares que podem prejudicar a sua saúde a ponto de reduzir sua perspectiva de vida!
Crianças não sabem coisa alguma ao nascer. O bebê humano é absolutamente dependente e vulnerável de cuidados. Ao longo da convivência com a família aprendem qual alimento ingerir e quais hábitos desenvolver. A mulher que gera possui a responsabilidade inicial absoluta sobre isso, por força da natureza.
Mães nervosas, que interrompem a amamentação precocemente, que desde muito cedo abdicam do cuidado alimentar  e da relação afetiva com a criança, que passa a maior parte do tempo com uma babá ou em uma escola, certamente não estão cumprindo com uma função importante. Mesmo argumentado que precisam do tempo para o trabalho, acabam causando mais prejuízo do que vantagens financeiras.
Equacionar essa questão - a de desejar filhos, mas não cuidar deles, seja por motivo financeiro, seja por outras razões, é um desafio urgente. A responsabilidade familiar deve ser exigida na prática pela sociedade, pois o custo desse desleixo é muito alto e todos pagam por ele.
Portanto, com essa nova realidade, fazer de conta que mães são seres esplêndidos, é irreal. Mas existem mulheres que levam a maternidade a sério e assumem essa responsabilidade por inteiro. Nesse caso, que sejam aduladas e reverenciadas, porque a tarefa de ser mãe, verdadeiramente, não é fácil. Mas é a maneira mais eficaz de tornar a sociedade menos violenta e desequilibrada.
Um papel e tanto!  (Mirna Monteiro)