Wednesday, July 21, 2010

ONDE ESTÁ A VERDADE?


Por que

as pessoas

mentem

tanto?



Nos velhos tempos dos sofistas, mestres itinerantes do conhecimento politicamente correto, a mentira era utilizada como artifício do poder, ou seja, a verdade era "ligeiramente" deturpada ao sabor das intenções sofistas. Por isso essa palavra ganhou uma conotação perjorativa.
Passados uns 3 mil anos, a mentira parece permanecer inevitável no exercício do poder, seja ele político, econômico, familiar ou social.

E ainda funciona! Velho como a humanidade, pois certamente esse artifício já nasceu com o homem, que para sobreviver precisava enganar seus predadores.
Mas mesmo sendo tão conhecida, é possível reconhecer a mentira? Ou as pessoas disfarçam, aceitando-as como verdade, quando lhes convém, mesmo que reconheçam a sua precariedade?

O problema é que a mentira pode ser extremamente destruidora. Como na política ou nas ciladas criadas pela inveja.Na Filosofia, a mentira é perigosa. É o caso do sofisma.O sofista faz retórica. O filosofo faz dialética.

Na retórica o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas, vão persuadir, convencer, mas sem transmitir conhecimento algum. Já na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo, e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás. O sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal. O filósofo refuta para purificar a alma de sua ignorância

Há quem considere deteminadas verdades destruidoras...Muitos que pedem a franqueza não estão preparados pra poder lidar com a realidade.Há verdades que não precisam ser ditas, assim como há mentiras que são necessárias.













Será que o pensamento livre, crítico, independente poderá prevalecer e a sociedade encontrar e uma forma de convivência baseada na verdade? Admitir a realidade não nos torna mais fortes e preparados para os desafios da vida?

Talvez o problema não seja a franqueza, mas a ausência de isenção ao utilizar a verdade.

Não vamos confundir mentiras com "faz de conta"! Imaginar uma realidade e conduzi-la ao sabor das próprias expectativas, como fazem as crianças nas brincadeiras, faz bem. Tanto é que a criança começa a entrar em choque com a realidade quando ela percebe que o faz-de-conta é muito diferente das mentiras que os adultos começam, logo cedo, a ensinar!

E o pior é que usando de hipocrisia e mentiras, os adultos pretendem que a criança seja absolutamente sincera! Crianças são inexperientes, mas são extremamente sensíveis à toda atitude contrária à natureza.

Da mesma maneira, o faz-de-conta dos adultos, através da ficção, é extremamente salutar. Aliás, é uma mola que impulsiona o mundo! A imaginação humana é premonitória e rica em estímulos para o futuro. Que o diga os grandes escritores de ficção, como Julio Verne!

O mundo seria enfadonho e estático sem a mentira? Os próprios deuses do Olimpo adoravam intrigas e se divertiam com isso. Eu já considero que há um ligeiro engano de interpretação: não é a mentira, mas a falta de imaginação que tornaria o mundo chato.

A mentira é perigosa!

Enfrentar a verdade é a única chance de sobrevivência individual, familiar, comunitária, ou da própria humanidade

Não é possivel concordar com a idéia de que podemos conviver com a hipocrisia e mentirinhas. O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos. Há necessidade de confiar nas coisas e nas pessoas


Por isso, neste terceiro milênio, a sociedade entra em choque constatando uma terrível realidade: a mentira está terminantemente contida nos meios de comunicação e expressão, seja eles quais forem. Tornaram-se instrumentos com alto poder de persuasão e de confusão também!

Mas há o contrapeso: é suficientemente capaz de arrancar a esperança de que o pensamento livre, crítico, independente ainda haverá de prevalecer? Que uma forma de convivência mais baseada na verdade possa vir a ocorrer ?

Cresce em nossa sociedade a exigência da verdade, clara e límpida. É o desejo e a necessidade da busca da verdade. Há um sentimento generalizado e crescente de que os valores éticos devem retornar, sob pena de convulsão social.

Em tempos onde o acesso à destruição é quase prosaico, não se pode fingir que mentiras são inofensivas. Seria utópico imaginar uma sociedade, deformada como a nossa sociedade humana, com a herança que possuímos, feita de seres absolutamente honestos e isentos. Mas sabemos que as pessoas são diferentes e é essa diferença que permite equilibrar o mundo. Há pessoas com valores definidos, as tais do "fio de barba", assim como há aquelas que vivem para a malicia, mentira e hipocrisia.


Tão certo como o anseio
do ser humano pela Verdade.
Como sofremos pela falta dela! (Mirna Monteiro)

Monday, July 19, 2010

O HABITO DA VIOLÊNCIA



Nos tempos primitivos a preservação da vida passava pela violência. A selvageria humana foi de certa maneira justificada em fases de grande dificuldade de sobrevivência.
Em tempos mais modernos Jean-Jacques Rousseau, que merecia o titulo de fundador da etnologia, afirmava que o estado natural do homem é selvagem. E se assim fosse, seria fundamental que houvesse consciência da necessidade da civilidade.
Rousseau, um pensador e pesquisador que pertencia a uma época absolutamente primitiva em termos de tecnologia, pelos idos do século XVIII, já dizia que a sobrevivência humana dependia da sociedade civil. Um pacto com toda a comunidade, o que permitia vantagens para a preservação da vida, da liberdade, da preservação da propriedade, da igualdade, enfim, dos bens e da segurança.
Se ele viajasse no tempo, ficaria surpreendido ao chegar neste terceiro milênio e verificar que o ser humano não mudou nada! Sem dúvida ficaria satisfeito com a precisão de suas observações a respeito da selvageria humana.

Tenta-se há séculos definir regras claras para conscientizar o homem e criar um ambiente de coexistência pacífica e produtiva. Como isso tudo fica dependente do respeito às leis as quais todos devem submeter-se igualmente e a convivência entre os homens está atrelada à responsabilidades mútuas óbvias, parecemos um caranguejo na areia quente.
Agora a intenção é dar um basta à violência a partir de sua raiz! Como? Proibindo que a educação utilize qualquer ato agressivo contra as crianças.



Aí, nesse ponto, costuma-se ouvir uma exclamação indignada: mas como? Nem uma palmada?
Vamos considerar o seguinte: vivemos em tempos mais selvagens do que a natureza de Rousseau poderia imaginar. A selvageria humana não tem espaço em um mundo tecnológico e sem valores. Qualquer animal dos velhos tempos protegia a sua cria para garantir a sobrevivência, mas chegamos ao ponto em que uma genitora coloca seu bebê recém-nascido em um saco e o joga no lixo!
Chocante!
Isso nos leva a pensar como é possível uma sociedade que briga pela vida das baleias e golfinhos e percebe que a natureza é de uma preciosidade inimaginável, abrigar elementos que jogam criancinhas no lixo! Ou as espancam a ponto de matá-las ou aleija-las, ou criando graves problemas psicológicos que afetarão a sua conduta quando adulto!
Logicamente uma palmada não causa necessariamente estragos físicos em uma criança de bom porte. Mas como o ser humano interpreta a vida ao sabor de seus desvios e exageros, o chamado "corretivo" transforma-se em tortura corporal e mental, que causa danos irreparáveis e vai influenciar a vítima ao longo de sua vida adulta.


Por incrível que pareça há pessoas que acreditam que os filhos são sua propriedade. Mas uma criança não é um bem de consumo e não tem dono. Todo ser possui a liberdade individual inata, natural, ainda que o ser humano seja absolutamente dependente de cuidados em sua fase inicial de vida, muito mais do que qualquer outra espécie.
O que a sociedade precisa entender é que ao gerar um filho o casal não "ganha um bem", mas assume uma grande responsabilidade!
A responsabilidade legal e moral de criar e proteger aquele ser, que deverá ser liberado quando for autossuficiente. Quanto maior o cuidado com suas necessidades, melhor ele responderá ao convívio com a família ao longo de sua vida. E melhores condições de enfrentar o meio terá!
É possível educar um filho sem o castigo físico? Obviamente que sim!
Há uma enorme diferença entre educar com firmeza e responsabilidade e ignorar os problemas para tentar corrigi-los depois com uso da violência ou da imposição do medo. Se a criança não responde a uma orientação e à atitude firme dos pais algo está errado! Esse "algo errado" pode estar nos próprios pais.

O ser humano, em sua origem, sempre buscou resolver seus conflitos de interesses através da violência e da superioridade sobre o outro. A superioridade da força muscular, da capacidade inventiva de armas e a superioridade intelectual. Os adultos tem esse grupo de poder sobre a criança. Nada mais justo que não utilize a força física para agredir um ser indefeso.
A agressão não passa de uma maneira de se livrar de um problema sem precisar resolve-lo. A violência gera medo, não educa em absoluto. O que educa é a atenção, a firmeza do caráter dos pais, o interesse pela criança e a afetividade amplamente demonstrada, a disposição de conversar e interagir.

Uma criança que sente segurança e confia nos pais será sempre uma pessoa acessível a educação e fases de maior carga emocional e mudanças são mais facilmente superadas.
Abusos contra crianças devem ser sempre denunciados.
O que é que os outros tem a ver com a educação de nossos filhos?
Tudo!
Como se sabe, pais não são "donos" de seu filhos, mas responsáveis por eles. E por tudo que eles representarão no futuro em sua participação no meio comunitário!
De que maneira isso poderá repercutir no futuro?
Se conseguirmos evitar a violência contra a criança, conseguiremos reduzir drasticamente a violência no meio social, obtendo talvez mais sucesso no controle da "selvageria" que habita o ser humano.(Mirna Monteiro)