Thursday, July 12, 2012

PENSAMENTO ARTIFICIAL

“(...) Todos estão tão agressivos, matando a troco de nada e ainda temos armas tão poderosas(...) Fico imaginando o futuro dos meus filhos e perco o sono (...)Tenho alunos que não me respeitam, levantam na sala e me ofendem. Citam frases feitas e conceitos massificados, não conseguem entender o que falam. As pessoas andam muito irritadas, que acha?” (Ivone)



Vivemos um momento de conflitos e incertezas. Certamente a humanidade sempre passou por apuros, insegurança e ameaças, cada qual com características de sua época. Mas a diferença talvez esteja na disparidade entre o tipo de sociedade que construímos e a expectativa de um mundo mais protegido.
Aparentemente, começamos a vivenciar um processo de extrema confusão, onde a pessoa passa a ter dificuldade em distinguir a realidade da ficção, onde o mundo virtual e a mídia massificada passaram a substituir o pensamento e o questionamento comuns ao ser humano.
Falar em “insegurança” é uma maneira suave de colocar a emoção humana diante do futuro. A palavra certa é medo. Medo do descontrole da emoção, medo das conseqüências da perda de valores e da superficialidade, medo de tornar-se apenas um número em um grande arquivo, que pode ser apagado em um piscar de olhos por mãos invisíveis!
Enfim, medo da perda da consciência e individualidade, com a sensação de impotência que vem do enfrentamento com um poder que não é humano, nem tem corpo físico, mas que domina gradativamente as sociedades através do virtual.
A agressividade humana foi fundamental para a sobrevivência em épocas onde o confronto físico era inevitável. A palavra agressividade significa “Movimento para frente”, ou impulso, uma característica humana não necessariamente destrutiva. Não é portanto o tipo de agressividade que observamos hoje, que cria uma nova patologia gerada pela necessidade de destruir, seja em conceitos na fúria de discussões, em patrimônios nas invasões e outras conturbações da massa ou formas de violência, como assassinatos por motivos fúteis ou por mera vontade de finalizar com algo ou alguém.
Até que ponto as sociedades suportarão a pressão ou onde vamos parar, é uma incógnita. Mesmo porque pode haver uma recuperação de valores surgida da própria necessidade de sobrevivência. Como podemos observar a preocupação leva à tomada de consciência e as discussões podem desencadear um processo de restabelecimento.

A dúvida no entanto ainda permanece. A dificuldade de interagir diretamente no meio social será superada? Ou a tendência ao isolamento físico, substituído por relações impessoais à distância, irá aumentar?
"Será que ao nos fechar nas nossas diferenças, não estaremos nos rebaixando a categoria de consumidores passivos da cultura de massa produzida por uma economia globalizada?” pergunta Alain Touraine, sociólogo francês. Crítico do mundo moderno, Touraine considera  que a globalização destruiu o social.  Ele cobra uma definição da individualidade, contra o universo da instrumentalidade. A grosso modo, significa que a sociedade humana chegou a um impasse, onde o conflito central , que é cultural, tem de um lado o triunfo do mercado e das técnicas e, de outro lado os poderes comunitários autoritários.
Essa confusão entre o real e o virtual, que ameaça a individualidade humana e a sua capacidade de gerenciar a vida pessoal e comunitária, é também muito bem analisada por outro francês, um pensador de nome Baudrillard.
Para ele o sistema tecnológico desenvolvido deve estar inserido em um plano capaz de suportar esta expansão contínua. As redes geram uma quantidade de informações que ultrapassam limites a ponto de influenciar na definição da massa crítica.
Seria o efeito oposto ao pretendido. Todo o ambiente estaria contaminado pela intoxicação midiática que sustenta este sistema. Quer dizer , a grosso modo, que vivemos um “feudalismo tecnológico”.
O resultado seria uma interferência na capacidade humana de pensar “com a própria cabeça”, de maneira abrangente e lógica. “O resultado de um consumo rápido e maciço de idéias só pode ser redutor”, critica Baudrillard , que não poupa críticas aos supostos detentores do pensamento e da razão, no jogo da mídia e do entretenimento. “Hoje o pensamento é tratado de forma irresponsável. Tudo é efeito especial!”
É, existe lógica nessa visão. Hoje tudo é “efeito especial”, como um grande cenário montado para causar impressões ao longe, mas que deixa perceber a quem está no palco que é um impacto feito de papelão. Não possui consistência suficiente para equilibrar o meio real!
Os nossos valores e pensamentos são decididos na mídia eletrônica ou no universo virtual onde a informação caminha lado a lado com a alienação e o engano.
A alternativa?
Fala-se em conscientizar o risco e não permitir que o “cyberspace” ou ciberespaço e a mídia em geral sejam as únicas fontes de informação e formação. A retomada das rédeas da própria vida e a consciência de humanidade são condições para evitar a decadência da convivência sadia que respeita as diferenças e a criatividade inerentes ao ser humano.
Como isso pode ser realmente trabalhado pelo indivíduo, ainda é um mistério...(Mirna Monteiro)

Wednesday, July 11, 2012

MULHERES EM FÚRIA

O sexo frágil possui características óbvias. Feições delicadas, pele macia, ventre preparado para a maternidade e tendência à proteção de sua prole. A mulher, cantada em verso e prosa ao longo da civilização humana, comparada a uma flor e considerada esteio da harmonia familiar e social...
Parece que essa figura está ficando cada vez mais rara. Ou pelo menos anda dividida! O conceito da feminilidade de fato anda rachado ao meio.
Antes de provocar a ferocidade que anda distorcendo o conceito da feminilidade e a ação da mulher no meio social, convém explicar este assunto, que não pretende em absoluto criticar a politização e a ampliação do papel da mulher na sociedade, muito pelo contrário. Mas é preciso pensar e racionalizar o que alguns críticos chamam de "masculinização" da mulher, onde ocorre um fenômeno desagradável que gera descontrole e aumento na violência.
As estatísticas demonstram um aumento surpreendente de mulheres marginais, que no comando de quadrilhas são descritas como muito mais violentas do que os homens. Nas escolas adolescentes rolam pelo chão e não se limitam a puxar o cabelo de suas adversárias: usam instrumentos cortantes e cometem assassinatos.
Bebês indesejados são abandonados em sacos de lixo, córregos e vasos sanitários. Cada vez mais mulheres são usuárias de drogas e dependentes de álcool, prostituindo-se também precocemente.
Para os desavisados, essa seria uma situação enfrentada por mulheres de classes sociais mais baixas. Ainda que a condição sócio-econômica seja importante em parte desse comportamento, ela não explica o aumento da violência entre as mulheres das classes média e alta.
Casos de assassinatos cometidos por mulheres, até a frieza de esquartejamento, não são mais tão raros. Comuns, apesar de surpreendentes, são as mulheres furiosas ao volante de carros econômicos ou importados, que chegam ao cúmulo de perseguir suas vítimas após simples bate-boca no trânsito e tentar atropelá-las ou causar danos materiais.
A pergunta é: esse tipo de mulher, com tendência à violência, sempre existiu ou é uma fruto de alguma disfunção moderna, que criou patologias desconhecidas no temperamento feminino?
Mulheres psicopatas sempre existiram na história humana. Há exemplos de sobra. Não há portanto novidade no fato de acontecimentos terríveis na atualidade ter também mulheres em sua autoria. Ainda que não haja consenso, estudos demonstram que o aumento da violência extrema entre mulheres é compatível com a maior incidência da violência em geral, facilitada por circunstâncias do momento, como a sensação de impunidade.
A novidade fica por conta das mulheres que não são psicopatas e que apesar de serem afetivas e inseridas socialmente  recebem influências do meio que levam à mudanças radicais de comportamento. Como exemplo podemos citar o receio à maternidade, que deixa de ser um acontecimento puramente instintivo para se transformar em uma escolha complicada. Como criar filhos em uma sociedade de difícil sobrevivência, já saturada em seus espaços?
A violência que ocorre ocasionalmente,em momentos imprevisíveis, também é motivada pela pressão do meio, extremamente materialista e descartável, originando um estresse que atinge ambos os sexos, sem distinção. Quem não tem estrutura para lidar com essa nova realidade, desenvolvendo a inteligência emocional, é fatalmente levado a ações de violência verbal ou física.
Outro fator torna a mulher mais suscetível à pressão do meio: a desorganização do próprio organismo, com mudanças hormonais mais frequentes. O organismo feminino manteve um ritmo secular (ou milenar) que está sendo brutalmente modificado através de hábitos alimentares, posturais e emocionais. Tudo isso leva à uma patologia ainda controversa, a tal da bipolaridade, ou da mudança de humor em extremos. Ao invés de corrigir a causa, foca-se no controle da disfunção através de medicamentos psiquiátricos, o que não leva ao retorno da normalidade.
Não é possível falar sobre a fúria feminina sem observar uma grande realidade: nos últimos séculos, principalmente no seculo XX,  a sociedade patriarcal transformou valores éticos em bagaço. De tal  maneira que assistir passivamente a derrocada social e os abusos em detrimento do fator humano tornou-se insustentável. A mulher foi obrigada a assumir seu lado combativo.
Como será o futuro do temperamento feminino ainda não se sabe. Afinal a dúvida vale para o temperamento masculino, também alterado pelo novo ambiente. Mas a figura centrada, maternal e voltada para o equilíbrio familiar ainda é o ideal perseguido, seja no micro ou no macro, seja na família, seja na condução política da humanidade. Avaliar seriamente as alternativas e realizar opções não imediatistas, mas que tragam maior equilíbrio individual, parece ser uma emergência coletiva. É bem provável que dessa tempestade surja uma nova mulher, que não carregue o peso de dogmas do passado, mas que também se liberte da poluição perigosa do presente. (Mirna Monteiro)

leia também   http://artemirna.blogspot.com.br/2012/03/o-desafio-de-ser-mulher.html
                     http://artemirna.blogspot.com.br/2010/05/mae-e-o-terceiro-milenio.html
                     http://artemirna.blogspot.com.br/2011/05/maes-diferentes.html
                     http://artemirna.blogspot.com.br/2012/05/afetividade-e-os-danos-da-omissao.html

Thursday, June 28, 2012

PRATICA E TEORIA DA VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Violência passa a ser tema obrigatório nas escolas, não por mera inclusão de disciplina, mas por força da necessidade social. As estatísticas demonstram que o grau de agressividade no meio escolar aumenta de forma assustadora e cada vez mais atinge faixas etárias mais jovens, fluindo de forma independente das características sócio-econômicas. As motivações dessa violência variam, mas o que impressiona é a agressividade progressiva desencadeada por motivos fúteis.

Perdemos o "freio" no controle de crianças e adolescentes? Muitas pessoas procuram simplificar a questão, afirmando que falta a imposição de ordem e certa dose de repressão na relação dos pais com os filhos. Sob essa visão a tolerância excessiva ou o "mimo" exagerado estaria prejudicando a capacidade da criança em entender os limites das relações e de responsabilidade individual.

Se esse fosse o problema desencadeante da progressão da violência nas escolas, a solução seria simples? Não! Considerando que tolerância excessiva e "mimos" prejudicam, pois são a tradução da ausência dos pais e permissividade por omissão de atenção à criança, que tem acesso a informações e ações que não tem condições de assimilar e "digerir" cada vez mais precocemente, outros fatores perniciosos do meio ganham maior poder.

Há quem acredite que a violência na ficção, filmes, games ou até mesmo nos desenhos animados, seria assimilada de maneira diferente pela criança, pois ela não teria experiência prática para entender a violência tal como ela se processa a ponto de ser influenciada. É esse o maior engano! Da mesma forma que uma educação direta dos pais em conversas com os filhos e doutrinas religiosas fornecem a noção da ética e da moral ( o que seria indispensável para que a relação com o mundo seja processada) o contato com games que estouram cabeças ensanguentadas de zumbis também criam um parâmetro pessoal em relação à violência, que deixa de ser considerada uma invasora que deve ser dominada e excluída, para se tornar parte da rotina do ambiente. Transportar essa violência da ficção para a realidade, em um mundo onde cada vez mais o espaço virtual se confunde com a realidade física, é questão de tempo.

Crianças e jovens estão cada vez mais familiarizados com a violência, pois ela está presente em todos os lugares, na ameaça real da criminalidade, mas também dentro do ambiente familiar, onde encontramos pais impacientes e irritados, que quando estão presentes usam de violência, e o estímulo das imagens dos games, dos filmes e dos desenhos (que cada vez mais usam violência, subliminar ou diretamente) dos pais que vivem ausentes por questões profissionais ou outras.
É preciso, sem dúvida, que a família seja repensada. Filhos não são um pé de alface, que basta ser plantado e regado. É urgente resgatar a responsabilidade da relação entre pais e filhos, desde a gestação, para romper o círculo vicioso do desajuste que leva crianças e adolescentes a uma situação de tanta vulnerabilidade a drogas e violência.

Como se vê, restam poucas alternativas para as novas gerações no que se refere a orientação e formação basicas para desenvolver a capacidade de interagir com o meio de forma positiva. A mais importante delas é a escola, ambiente que representa para muitos pais a alternativa da educação não apenas curricular, mas ética, moral e emocional...No entanto a esmagadora maioria das escolas, mesmo as mais caras, não têm condições de substituir o papel da família na formação do caráter e no desenvolvimento harmonioso da personalidade da criança.

Manter uma situação tão desajustada poderá trazer consequências inesperadas não a longo, mas a médio prazo, pois já é possível detectar os sinais de alerta no meio escolar e social. Como não se pode reformular uma sociedade onde gerações de duas a três décadas perderam gradativamente a capacidade de definir valores sociais e éticos (nem falamos aqui em moral), a única alternativa para desfazer o enorme nó no novelo  da relação social e individual é tornar as escolas mais atuantes nesse processo.

Violência, agressividade e noções de ética e cidadania são problemas que devem se tornar discussão obrigatória nas escolas, em todas as faixas etárias, não como temas a serem doutrinados, mas apresentados e abordados de maneira a resgatar a capacidade de auto-suficiência do pensamento - uma simplificação do ensino da filosofia que vem sendo tão discutido e que corre o risco de se tornar uma disciplina morta - que compense a ausência da formação de valores e interpretação do mundo na relação familiar. A criança precisa aprender a refletir e entender que as imagens da mídia, que a influenciam direta ou indiretamente, precisam ser pensadas, repensadas e digeridas antes de tornarem-se uma verdade a ser adotada em suas vidas.
(Mirna Monteiro)

Tuesday, June 26, 2012

POLÍTICA E PODER

Campanha política é sinônimo de briga? A pergunta não foi feita por algum colegial, está na boca de todos que tentam acompanhar as propostas dos candidatos nas campanhas eleitorais. Fisionomias ameaçadoras, colocando a responsabilidade de todas as desgraças humanas nos opositores...sem propostas concretas para tornar a escolha do voto mais confortável.
Não é nenhuma novidade. Desde sempre o homem tentou entender a voracidade do poder político. Talvez tenha sido justamente isso – a insanidade que marcou a briga política ao longo de séculos e séculos de organização da sociedade humana, que tenha levado à necessidade de pensar suas origens, seu presente e seu futuro.
É bom lembrar que política traduz a necessidade de entendimento, capacidade de adequar as necessidades administrativas e sociais de maneira a criar o máximo de equilíbrio para a comunidade, sempre respeitando a lei...
Sob esse ponto de vista, campanha política deveria ser baseada no bom senso e na capacidade de comprovar o talento logístico e administrativo para exercício do cargo pretendido. Mas o problema é que a política exerce não apenas a vocação para o trabalho de liderança, mas uma atração fatal para o abuso do poder.
Por toda a história, quem ousasse pensar e desafiar a engrenagem, por mais enferrujada ou esburacada que se mostrasse, entrava pelo cano. Fosse na fase da Inquisição, com todo o poder centralizado na igreja e em papas escolhidos não pela santidade, mas pelo oportunismo, fosse nos tempos modernos, onde a perseguição contra quem reclamava do abuso político e apontava as falhas de ideologias massificadas não era menos cruel ou absurda!
E agora, no Terceiro Milênio, a “Idade da Informação”, do apogeu da mídia e do confronto com a maior comunicação popular da história da humanidade?
Bem, agora, sofisticaram-se os meios, mas o recheio do bolo continua o mesmo. O cenário em que vivemos é magnífico: naves espaciais orbitando a terra, satélites que mandam imagens do sujeito que passeia na Patagônia para a “Concinchina”, chips que substituem funções do cérebro humano, enfim!
Mas na TV lá estão caras ameaçadoras, xingando e cultivando o ambiente do caos. A briga pelo poder é tão mesquinha e perigosa como nos tempos primitivos!
Mas e a nossa democracia, a nossa campanha política, o nosso voto popular?
Pois é, metade do caminho já andamos. O problema fica com quem quer reverter a antiga estrutura e pretende manter um tipo de política que já não se encaixa no novo cenário. O jogo é se torna pouco saudável, baseado em denúncias vazias, que pretendem denunciar o que não existe na realidade, ou mascarar o bolor das engrenagens. É só bagunça!
É uma maneira de continuar confundindo a ideia popular, como nos tempos primitivos. O poder político assume a figura de comadres barulhentas, que fazem da intriga e fofoca a manchete do dia!
Não é um problema brasileiro. É um problema dos países comprometidos com interesses de grupos econômicos, habituados a imperar. A corrupção é endêmica, mas é principalmente mascarada. A tendência de vestir a intenção de coletar lucros com a capa das boas intenções confunde realmente. O lobo que se esconde sob a capa da indignação ou o complexo do conto da chapeuzinho vermelho não são personagens fictícios.
Corrupção endêmica significa corrupção enfronhada, absorvida pelo sistema. As pessoas confundem e imaginam que é novidade, sendo manipuladas pelo frenesi político, que propaga os próprios pecados, senão de profundo conhecimento de falcatruas, pelo menos no de omissão para punir e banir a corrupção de fato. A mídia infelizmente não escapa desse cerco e leva informação distorcida. No tempo das trevas, os livros eram raros e o conhecimento empírico. Mesmo assim a sociedade humana rompeu as barreiras da falta de informação.
Hoje temos de admitir que somos obrigados a derrubar as barreiras da ignorância, fruto de informação distorcida, comum na política quando se briga pela imposição de projetos e supremacia partidária. Talvez se o velho filósofo da cicuta se atrevesse a discursar sobre democracia e respeito nos dias de hoje, seria rechaçado por um volume de ofensas verbais, que não envenenam o corpo, mas o espírito da política.

LEIA TAMBÉM
http://artemirna.blogspot.com.br/2012/01/arte-de-acreditarsem-enganar-se.html
http://artemirna.blogspot.com.br/2011/08/respeito-do-omitir-se.html

Tuesday, June 12, 2012

ONDE ESTÁ A VERDADE?

PORQUE AS PESSOAS MENTEM TANTO?


Nos velhos tempos dos sofistas, mestres itinerantes do conhecimento politicamente correto, a mentira era utilizada como artifício do poder, ou seja, a verdade era "ligeiramente" deturpada ao sabor das intenções sofistas. Por isso essa palavra ganhou uma conotação pejorativa.
Passados uns 3 mil anos, a mentira parece permanecer inevitável n exercício do poder, seja ele político, econômico, familiar ou social.
E ainda funciona! Velho como a humanidade, pois certamente esse artifício já nasceu com o homem, que para sobreviver precisava enganar seus predadores.
Mas mesmo sendo tão conhecida, é possível reconhecer a mentira? Ou as pessoas disfarçam, aceitando-as como verdade, quando lhes convém, mesmo que reconheçam a sua precariedade?
O problema é que a mentira pode ser extremamente destruidora. Como na política ou nas ciladas criadas pela inveja.Na Filosofia, a mentira é perigosa. É o caso do sofisma.O sofista faz retórica. O filosofo faz dialética.
Na retórica o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas, vão persuadir, convencer, mas sem transmitir conhecimento algum. Já na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo, e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás. O sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal. O filósofo refuta para purificar a alma de sua ignorância
Há quem considere deteminadas verdades destruidoras...Muitos que pedem a franqueza não estão preparados pra poder lidar com a realidade.Há verdades que não precisam ser ditas, assim como há mentiras que são necessárias.
Será que o pensamento livre, crítico, independente poderá prevalecer e a sociedade encontrar e uma forma de convivência baseada na verdade? Admitir a realidade não nos torna mais fortes e preparados para os desafios da vida?
Talvez o problema não seja a franqueza, mas a ausência de isenção ao utilizar a verdade.

Não vamos confundir mentiras com "faz de conta"! Imaginar uma realidade e conduzi-la ao sabor das próprias expectativas, como fazem as crianças nas brincadeiras, faz bem. Tanto é que a criança começa a entrar em choque com a realidade quando ela percebe que o faz-de-conta é muito diferente das mentiras que os adultos começam, logo cedo, a ensinar!

E o pior é que usando de hipocrisia e mentiras, os adultos pretendem que a criança seja absolutamente sincera! Crianças são inexperientes, mas são extremamente sensíveis à toda atitude contrária à natureza.

Da mesma maneira, o faz-de-conta dos adultos, através da ficção, é extremamente salutar. Aliás, é uma mola que impulsiona o mundo! A imaginação humana é premonitória e rica em estímulos para o futuro. Que o diga os grandes escritores de ficção, como Julio Verne!

O mundo seria enfadonho e estático sem a mentira? Os próprios deuses do Olimpo adoravam intrigas e se divertiam com isso. Eu já considero que há um ligeiro engano de interpretação: não é a mentira, mas a falta de imaginação que tornaria o mundo chato.
A mentira é perigosa!
Enfrentar a verdade é a única chance de sobrevivência individual, familiar, comunitária, ou da própria humanidade
Não é possÍvel concordar com a idéia de que podemos conviver com a hipocrisia e mentirinhas. O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos. Há necessidade de confiar nas coisas e nas pessoas
Por isso, neste terceiro milênio, a sociedade entra em choque constatando uma terrível realidade: a mentira está terminantemente contida nos meios de comunicação e expressão, seja eles quais forem. Tornaram-se instrumentos com alto poder de persuasão e de confusão também!
Mas há o contrapeso: é suficientemente capaz de arrancar a esperança de que o pensamento livre, crítico, independente ainda haverá de prevalecer? Que uma forma de convivência mais baseada na verdade possa vir a ocorrer ?
Cresce em nossa sociedade a exigência da verdade, clara e límpida. É o desejo e a necessidade da busca da verdade. Há um sentimento generalizado e crescente de que os valores éticos devem retornar, sob pena de convulsão social.
Em tempos onde o acesso à destruição é quase prosaico, não se pode fingir que mentiras são inofensivas. Seria utópico imaginar uma sociedade, deformada como a nossa sociedade humana, com a herança que possuímos, feita de seres absolutamente honestos e isentos. Mas sabemos que as pessoas são diferentes e é essa diferença que permite equilibrar o mundo. Há pessoas com valores definidos, as tais do "fio de barba", assim como há aquelas que vivem para a malicia, mentira e hipocrisia.Tão certo como o anseio
do ser humano pela Verdade.

Sunday, June 03, 2012

CONSCIÊNCIA E CORES

O "Abaporu", uma das obras mais
populares de Tarsila do Amaral

Inquieta e criativa, Tarsila do Amaral foi uma mulher à frente de seu tempo. Nascida em 1886, participou de novas fases da arte, como o modernismo e deu início à pintura social no Brasil.
Como mulher, rompeu barreiras de preconceito. Casou-se três vezes. Seu segundo marido foi Oswald de Andrade.
Tarsila estudou com Albert Gleizes e Fernand Léger, grandes mestres cubistas e manteve estreita amizade com Blaise Cendrars, poeta franco-suíço.
Iniciou sua pintura “pau brasil” dotada de cores e temas acentuadamente brasileiros. A maneira como lidava com os temas, buscando a essência natural e política das formas, encantou críticos de outros países. Em 1926 expôs em Paris. Fez grande sucesso na época.
Mamoeiro: evidenciando a natureza
A sua obra mais conhecida, o “Abaporu”, foi pintada em 1928, como um presente à Oswald de Andrade, que se emplogou com a tela e criou o Movimento Antropofágico.
De 1936 à 1952, Tarsila trabalhou como colunista nos Diários Associados. Nos anos 50 voltou ao tema “pau brasil” e em 1951 participou da I Bienal de São Paulo. Em 1963, em uma sala especial, expôs na VII Bienal de São Paulo e no ano seguinte na XXXII Bienal de Veneza. Faleceu em São Paulo, em 1973.

"A Cuca": folclore brasileiro
"Nú": sob influência do cubismo
"Operários" (acima) e "Segunda Classe" (abaixo) : preocupação
com a vida do brasileiro e consciência política estão claras
nas pinturas da fase social de Tarsila

Thursday, May 31, 2012

A CRIANÇA, A OMISSÃO E A MORTE

obra de  Marusz Levandowsk

Uma criança pequena é atropelada na rua e fica no chão, enquanto as pessoas passam por ela, como se ela fosse invisível, apesar do sangue que escorre pela rua. Um segundo veículo passa sobre a criancinha. Até que alguém para e puxa o pequeno corpo para o meio fio. Ainda assim vai embora e o socorro demora!
Cena de um filme de terror? Alguma ficção de zumbís que comem cabeças humanas? Não!
Isso aconteceu em uma rua de grande movimento na China!
O horror da cena leva obrigatoriamente a uma revisão de nossos valores e conceitos, em um mundo onde as culturas se misturam e onde, mais cedo ou mais tarde, seremos obrigados a definir questões éticas e legais de maneira global, sem interferir na soberania de cada país, mas de maneira a preservar a sobrevivência futura.
Cenas como esta - que acontecem impunemente em cenários de guerra, mas que parecem ficção de mau gosto no cotidiano de uma área urbana - representam não apenas a morte de um indivíduo, mas de valores humanos fundamentais à sobrevivência futura do coletivo. 
O surgimento de um padrão cultural unificado vem acontecendo não exatamente pelos acordos econômicos, mas às custas do intercâmbio cultural crescente, através da informação veiculada principalmente através da internet, que mostra a semelhança entre pessoas de todo o mundo. Mas com limites óbvios: até que ponto essa relação pode mudar hábitos e culturas que menosprezam o direito individual do homem?
A China tornou-se uma potência econômica, espalhando seus produtos pelo mundo todo. Tem uma cultura antiga, de uma filosofia surpreendente. É de Confúcio, um de seus filósofos eternos, o dizer "Se queres prever o teu futuro, estuda o teu passado".
Hoje  Confúcio é apenas história, não mentalidade. Com 1,3 bilhões de habitantes, a China é apenas um retrato moderno da mentalidade do consumo, onde a vida perde a importância diante da necessidade do poderio econômico. Que ao contrário da expectativa dos países superindustrializados não oferece segurança alguma de futuro. É como uma armação enorme, erguida sobre escombros e recoberta de ouro, mas que pode a qualquer momento desmoronar e tornar a fartura em um perigoso jogo de sobrevivência.
É claro que a China não é um exemplo isolado. A "corrida pelo ouro" na busca da expansão da economia do consumo já afetou os EUA, a Europa e surpreende o mundo neste momento com grande queda no crescimento  da India, que registra o menor índice em dez anos.
Com a economia mundial em crise, a desaceleração da economia na India soa ameaçadora, mas demonstra como o sistema mundial é frágil.
Frágil em economia, que por sua vez utiliza um sistema que fragiliza a sociedade, reduzindo a importância do fator humano e criando uma mentalidade pragmática que não funciona justamente por exaurir indiscriminadamente a vida natural. 
A imagem da criança atropelada a ali deitada enquanto pedestres passam por ela é apenas um exemplo desse risco. Essa cena se repete no mundo todo, não apenas nas áreas de guerra - onde o sofrimento e a destruição possuem a mesma intenção econômica - mas em países que se vangloriam de manter os direitos humanos em dia, assim como o respeito ao meio, mas que terminam por criar regras que também rebaixam os direitos do indivíduo diante da necessidade do consumo.
É um indício perigoso da asfixia e morte de valores éticos fundamentais para a vida e sobrevida no planeta.(Mirna Monteiro)


Leia também
http://artemirna.blogspot.com.br/2012/05/o-que-pretendemos-da-vida.html


  http://artemirna.blogspot.com.br/2012/04/consumir-ou-nao-consumir-eis-questao.html

http://www.youtube.com/watch?v=k7drtDdKxcE

Tuesday, May 22, 2012

XUXA, OPRAH E A PEDOFILIA

É preciso coragem para tornar pública uma situação de abuso na infância. Pessoas costumam soterrar em algum espaço perdido essa memória dolorida, terrível, que é subestimada pelo nosso sistema, pela nossa cultura, pela nossa incapacidade de perceber o peso da confusão, da humilhação, da atrocidade de um ato que mesmo sublimado, permanece corroendo as vítimas até a idade adulta, a maturidade, a velhice.
Quando uma pessoa atinge grande notoriedade e admiração da massa, sua responsabilidade aumenta na denúncia desse crime. O que não quer dizer que seja mais fácil para alguma celebridade admitir que foi vítima de pedofilia do que para uma criança ainda confusa ou para um adulto anônimo. 
Por isso quando pessoas como a apresentadora americana Oprah Winfrey ou a brasileira Xuxa Meneghel resolvem abrir em detalhes essa experiência traumática e proibida,  é preciso admitir que é um fato surpreendente. 
É uma denúncia de um crime hediondo, inaceitável e, portanto, acima de qualquer crítica vazia ou piadismo barato. 
O problema da pedofilia é grave no mundo todo. Está presente na maioria dos paises porque não é uma questão cultural, mas um desvio da personalidade e atinge crianças de ambos os sexos. A pessoa que abusa de crianças, seja de um bebê, seja de um adolescente, é em geral dotada de baixa auto-crítica e age da mesma maneira que um psicopata. Psicopatas sabem que cometem um crime, mas não sentem piedade de suas vítimas.
Ao comentar seu próprio drama, Oprah, Xuxa e todas as pessoas que denunciam o abuso, estão alertando a sociedade de maneira direta e corajosa, evitando que a pedofilia ocupe um espaço fictício na preocupação da sociedade humana.
Abuso de crianças causam danos físicos, morais e psicologicos para toda a vida. E tudo isso se volta contra a própria sociedade.
Se não houver respeito à dor das vítimas, que haja consciência do desequilíbrio que essa agressão pode provocar ao meio. Não importa a maneira como esse abuso acontece, sua frequência ou a medida de sua violência: o cérebro humano capta essa agressão e jamais apaga a experiência, mesmo que ela aconteça na primeira infância. Permanece em geral no inconsciente, reprimida pela confusão, pela vergonha, pelo constrangimento e decepção!
É triste ver como a pedofilia faz estragos! Mas é bom ver pessoas que estão lutando para que a pedofilia seja finalmente encarada com a seriedade merecida, denunciada e punida com rigorosidade!

Thursday, May 17, 2012

AFETIVIDADE E OS DANOS DA OMISSÃO

Há coisas que não esquecemos. O cérebro humano registra absolutamente tudo que acontece, na impressão física ou emocional. Nem sempre esta memória pode ser "acessada" pelo simples fato de que o cérebro humano possui um mecanismo biológico que bloqueia memórias indesejáveis ou desconfortáveis, como uma forma de defesa emocional.
O que não quer dizer que que a ação de experiências traumáticas ou desagradáveis sejam neutralizadas. A ausência da consciência do fato não impede que determinadas patologias possam instalar-se e interferir no comportamento de uma pessoa. Freud observou bem a existência de mecanismos de supressão de memórias, hoje reconhecida como um mecanismo biológico, e não simplesmente mental.

Recentemente a Justiça condenou um pai ao pagamento de uma indenização de R$ 200 mil  por abandono afetivo da filha, hoje adulta. Ainda que a matéria seja controvertida, não deixa de ser uma vitória do bom senso, diante de uma realidade crescente - a irresponsabilidade na criação dos filhos - que afeta a base social de maneira progressiva, tornando a sobrevivência coletiva um risco.
Seria esta uma afirmação exagerada? Não há exagero. O ser humano é absolutamente vulnerável às sensações do mundo externo, sejam elas construtivas ou destrutivas, mas determinantes em comportamentos futuros e estados emocionais. Ou seja, não precisamos de qualquer mecanismo para criar equilíbrio ou desequilíbrio em um ser humano além daquele que determina a afetividade ou a ausência da afetividade.

O que seria o abandono afetivo dos pais? Seria a usurpação da afetividade, ou seja, a omissão não apenas do contato, mas da expressão de cuidados e emoção construtiva, como o amor. No caso da criança e do adolescente essa omissão pode ter efeito catastróficos, comprometendo o equilíbrio emocional e "empurrando" a criança para desequilíbrios e conflitos emocionais, que podem ir desde a má formação do caráter, até problemas físicos e emocionais, que não raro acabam desembocando no uso de drogas ou comportamentos anti-sociais.
A questão da afetividade é reconhecida juridicamente há poucos anos, com o aumento da irresponsabilidade familiar e a obviedade dos danos individuais e coletivos dessa ação. Estudos científicos comprovam esta relação. Um dos exemplos mais interessantes é a influência da afetividade no controle de patologias como a psicopatia. Estudos demonstram que a predisposição genética a comportamentos psicopatas pode ser atenuada quando a criança é criada em ambiente afetivo, enquanto que o contrário também ocorre, ou seja, a tendência a comportamentos violentos ou anti-sociais pode ser estimulada quando a criança é vítima de violência e ambiente hostil.

Exigir responsabilidade materna e paterna é uma urgência não apenas em respeito ao indivíduo, mas à coletividade. Ao abandonar o lar, um pai ou uma mãe causam profundas feridas emocionais ao filho, seja uma criança ou adolescente. Negar o contato e a afetividade aos filhos após romper a relação com o cônjuge é cruel e irresponsável.
A questão é prática, ainda que pareça ser emotiva. Cuidar exige atenção às necessidades materiais, mas também, psicológicas. A ausência de amor não elimina, necessariamente, a questão da afetividade. Ou seja, alegar impossibilidade de amar um filho não é argumento para o abandono material e emocional, conforme entendeu a Justiça nos raros casos de processo. (Mirna Monteiro)

Wednesday, May 16, 2012

O QUE EXIGIMOS DA VIDA

...Estamos perdendo o rumo?


Volta e meia encontramos alguém que desabafa, aflito: “estão todos loucos!  As pessoas estão perdendo a lucidez”

Por que? Os motivos são vários – irritação excessiva, ausência de auto-controle, falta de afetividade e tendência à destruição. Dentro da própria família os sintomas são cada vez mais óbvios – desagregação, egocentrismo, disputa interna, clima inamistoso.
Mas o que mais se ouve e impressiona é a afirmação de que as pessoas estão perdendo a capacidade crítica e qualquer freio moral.
A ausência de capacidade crítica torna a pessoa extremamente vulnerável ao erro e engano. A falta de “freios morais” a torna potencialmente perigosa, sujeita a achar natural a invasão da privacidade alheia ou apropriação de bens que não lhe pertencem ou ainda a atos violentos.

Seria um sintoma de loucura? Ou de histeria coletiva, um fator que desagrega a sociedade da racionalidade que permite uma convivência produtiva e pacífica?
Perguntas e perguntas. Que parece haver uma gradativa perda de identidade e um processo de histeria coletiva - onde se age pela emoção, sem um racicínio independente e lógica individual - isso parece! Há quem afirme que a sociedade moderna  está cada vez mais integrada por pessoas que confundem a realidade com a ilusão criada pela ficção ou pela mídia, farta em mensagens subliminares

Somos seres racionais e a nossa vontade é racional. Assim nos percebemos lúcidos e com capacidade de definir a realidade. Qualquer pensamento ou emoção que extrapolem determinados limites podem ser interpretados como uma ficção ou uma ilusão sob controle.
Mas é preciso considerar a capacidade humana de reintegrar-se em seu isolamento mental. No momento em que divagamos dentro de nós mesmos, a concepção do certo, errado ou do que é real pode mudar. Podemos permitir que haja maior abertura para a irracionalidade, a fantasia e a ilusão. Ou permitir uma reestruturação do pensamento diante de uma nova realidade, que permitirá maior segurança de sobrevivência.

Assim como nos sentimos seguros quando percebemos a realidade fora de nós, onde podemos ter a percepção sobre ela e diferenciar o que de fato é consistente e o que é ilusão, também a incapacidade de lidar com as duas realidades pode ser perigosa.
Tornar-se excessivamente pragmático portanto é colocar em risco a própria sanidade, uma vez que a pessoa que vive exclusivamente para uma realidade imediata e material – aquela que considera única – é facilmente dominada pelas regras desse mundo plastificado.
Ficará, por exemplo, mais sujeita à pressões de uma sociedade imediatista e superficial e mais sensível ao processo de histeria que se instala coletivamente.

O estudo da psicanálise demonstra a importância de nosso inconsciente. Considerando a Filosofia, esse mundo interior se torna muito mais amplo e capacitado para conduzir-se conscientemente e não consistir-se simplesmente em um reflexo do mundo exterior.

Deveríamos conscientizar a importância de nosso mundo mental, ou de nossa alma. No entanto, estamos sempre na dúvida sobre quais das sensações devem ser priorizadas em determinado momento: a liberdade do pensamento livre e da imaginação solta em nosso mundo interior, onde as percepções são tão ilimitadas, e a percepção da realidade externa, comunitária, que divide-se no mundo material.
Quando estamos sonhando, vivemos uma realidade ou uma ilusão? Para os mais pragmáticos, essa é uma pergunta absurda. Ora, o excesso de racionalidade leva à falta de criatividade e crescimento mental e portanto limita a capacidade de compreensão de um mundo lúdico ou mental.
Se nosso mundo interior, formado de sonhos, pensamentos e imagens, é perfeitamente estabelecido e desperta sensações, inclusive físicas, apesar da imaterialidade do mundo interior, por que não seria também uma realidade, em outro nível de percepção?
O que se pretende portanto é o equilíbrio entre a realidade imediata e a capacidade de percepção e criatividade humana. Atingir a medida certa não é tão importante quanto pensar sobre sua própria capacidade de integrar-se ao pensamento exocêntrico... que afinal representa a consciência do "uno" ou da relação entre todas as coisas. (Mirna Monteiro)