Violência passa a ser tema obrigatório nas escolas, não por mera inclusão de disciplina, mas por força da necessidade social. As estatísticas demonstram que o grau de agressividade no meio escolar aumenta de forma assustadora e cada vez mais atinge faixas etárias mais jovens, fluindo de forma independente das características sócio-econômicas. As motivações dessa violência variam, mas o que impressiona é a agressividade progressiva desencadeada por motivos fúteis.
Perdemos o "freio" no controle de crianças e adolescentes? Muitas pessoas procuram simplificar a questão, afirmando que falta a imposição de ordem e certa dose de repressão na relação dos pais com os filhos. Sob essa visão a tolerância excessiva ou o "mimo" exagerado estaria prejudicando a capacidade da criança em entender os limites das relações e de responsabilidade individual.
Se esse fosse o problema desencadeante da progressão da violência nas escolas, a solução seria simples? Não! Considerando que tolerância excessiva e "mimos" prejudicam, pois são a tradução da ausência dos pais e permissividade por omissão de atenção à criança, que tem acesso a informações e ações que não tem condições de assimilar e "digerir" cada vez mais precocemente, outros fatores perniciosos do meio ganham maior poder.
Há quem acredite que a violência na ficção, filmes, games ou até mesmo nos desenhos animados, seria assimilada de maneira diferente pela criança, pois ela não teria experiência prática para entender a violência tal como ela se processa a ponto de ser influenciada. É esse o maior engano! Da mesma forma que uma educação direta dos pais em conversas com os filhos e doutrinas religiosas fornecem a noção da ética e da moral ( o que seria indispensável para que a relação com o mundo seja processada) o contato com games que estouram cabeças ensanguentadas de zumbis também criam um parâmetro pessoal em relação à violência, que deixa de ser considerada uma invasora que deve ser dominada e excluída, para se tornar parte da rotina do ambiente. Transportar essa violência da ficção para a realidade, em um mundo onde cada vez mais o espaço virtual se confunde com a realidade física, é questão de tempo.
Crianças e jovens estão cada vez mais familiarizados com a violência, pois ela está presente em todos os lugares, na ameaça real da criminalidade, mas também dentro do ambiente familiar, onde encontramos pais impacientes e irritados, que quando estão presentes usam de violência, e o estímulo das imagens dos games, dos filmes e dos desenhos (que cada vez mais usam violência, subliminar ou diretamente) dos pais que vivem ausentes por questões profissionais ou outras.
É preciso, sem dúvida, que a família seja repensada. Filhos não são um pé de alface, que basta ser plantado e regado. É urgente resgatar a responsabilidade da relação entre pais e filhos, desde a gestação, para romper o círculo vicioso do desajuste que leva crianças e adolescentes a uma situação de tanta vulnerabilidade a drogas e violência.
Como se vê, restam poucas alternativas para as novas gerações no que se refere a orientação e formação basicas para desenvolver a capacidade de interagir com o meio de forma positiva. A mais importante delas é a escola, ambiente que representa para muitos pais a alternativa da educação não apenas curricular, mas ética, moral e emocional...No entanto a esmagadora maioria das escolas, mesmo as mais caras, não têm condições de substituir o papel da família na formação do caráter e no desenvolvimento harmonioso da personalidade da criança.
Manter uma situação tão desajustada poderá trazer consequências inesperadas não a longo, mas a médio prazo, pois já é possível detectar os sinais de alerta no meio escolar e social. Como não se pode reformular uma sociedade onde gerações de duas a três décadas perderam gradativamente a capacidade de definir valores sociais e éticos (nem falamos aqui em moral), a única alternativa para desfazer o enorme nó no novelo da relação social e individual é tornar as escolas mais atuantes nesse processo.
Violência, agressividade e noções de ética e cidadania são problemas que devem se tornar discussão obrigatória nas escolas, em todas as faixas etárias, não como temas a serem doutrinados, mas apresentados e abordados de maneira a resgatar a capacidade de auto-suficiência do pensamento - uma simplificação do ensino da filosofia que vem sendo tão discutido e que corre o risco de se tornar uma disciplina morta - que compense a ausência da formação de valores e interpretação do mundo na relação familiar. A criança precisa aprender a refletir e entender que as imagens da mídia, que a influenciam direta ou indiretamente, precisam ser pensadas, repensadas e digeridas antes de tornarem-se uma verdade a ser adotada em suas vidas.
(Mirna Monteiro)
Acontece que as crianças crescem ao deus dará "educadas" pelo computador e televisão e os pais são sempre ausentes cada vez mais!!!!!!!!!!
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