Parece uma abordagem extremamente dramática, exagerada. Mas é simples representação da verdade. Simplesmente está sumindo, desaparecendo do cenário moderno, a virtude. Talvez por pura ignorância de seu conceito. Há quem considere que virtude é a manifestação de alguma pureza pré-fabricada, ou algum molde de uma peça artificial ou ainda fruto de alguma moral desatualizada e sem encaixe na vida urbana e prevísivel da sociedade de consumo.
Uma tristeza, essa impobridade de pensamento... de tal maneira que qualquer evocação à virtudes perdidas ou soterradas em alguns espaços das cidades é logo condenada como atitude piegas! Nos habituamos cada vez mais com o tratamento impessoal, com a frieza e distanciamento que substituiu a cordialidade e a comunicação "olho no olho".
Ninguém se atreve a observar os olhos alheios, tamanha é a preocupação em disfarçar os próprios sentimentos e impessoalizar qualquer encontro. Não há mais razão para a confiança: todos são, potencialmente, possíveis inimigos, predadores ou safados que preparam o bote sobre suas vítimas.
Recentemente, durante uma discussão, alguém disse que a sensação de viver com o inimigo a espreita não é novidade. Seria um recuo no tempo ou a vivência de algo que nunca poderia ser passado, pois integraria acontecimentos cíclicos. Não estaríamos retornando aos tempos das cavernas mas sim retomando uma condição natural de desintegração moral que cederá espaço para uma reorganização da natureza humana no futuro.
Será mesmo? Ou estamos em tal crise de identidade coletiva que esquecemos de estabelecer as prioridades para uma convivência civilizada? Lições antigas parecem ser ainda a melhor resposta. Aristóteles dizia que as virtudes poderiam ser conceituadas de duas formas diferentes, a intelectual e a moral. Ora, virtude moral não nasceria com o sujeito, seria dependente do meio, que vai carimbando no cidadão noções de ética e comportamento. Isso permite que todos tenhamos uma idéia do que é justo e é com base nesse processo que moldamos o caráter.
Neste caso, a falência da virtude nada mais é do que a falência da ética humana no meio. Pensando bem, é verdade. A sociedade está preocupada demais em consumir e isso signfica necessidade de amealhar recursos para esse consumo. Não há tempo para criar ambientes que promovam o caráter humano. Os pais trabalham fora o dia todo, os filhos ficam à deriva, sendo educados por terceiros que, por sua vez, também não tem condições de preencher as lacunas da formação ética de quem quer que seja.
Estamos criando uma sociedade despida de noções éticas. Existe alguma teoria, sussurrada aqui e ali, mas a base da rotina da sociedade humana é uma mescla de anseio e frustração, de medo e depressão. Uma tristeza, pois a suposta "liberdade" é pura escravidão dos desejos e o "sonho" perseguido é feito artifícios, de gordura saturada e pontes de safena!
Bem, sabemos onde está indo parar a nossa virtude moral. E quanto a nossa virtude intelectual? Aquela que nasce e progride do pensamento, do aprendizado constante, da experiência de vida?
Também está indo para o ralo, lamentavelmente. Não há tempo para pensar, pois a mente está ocupada por imagens e preocupações e o corpo não obedece aos sinais de alerta. O sujeito que se atreve a abrir um livro para ler antes de duas páginas já caiu no sono. Ninguém suporta textos longos pois o dia é muito curto! A simples idéia de parar para estabelecer prioridades e valores ou abrir mão da mentalidade artificial é imediatamente rejeitada. O que parece predominar é a inércia mental diante de um ambiente hostil travestido de seduções. A observação do mundo portanto, inexiste e o pensamento torna-se rápido para cálculos, mas lento demais para entender o que é a vida e de que material ela é feita. (Mirna Monteiro)
Recentemente, durante uma discussão, alguém disse que a sensação de viver com o inimigo a espreita não é novidade. Seria um recuo no tempo ou a vivência de algo que nunca poderia ser passado, pois integraria acontecimentos cíclicos. Não estaríamos retornando aos tempos das cavernas mas sim retomando uma condição natural de desintegração moral que cederá espaço para uma reorganização da natureza humana no futuro.
Será mesmo? Ou estamos em tal crise de identidade coletiva que esquecemos de estabelecer as prioridades para uma convivência civilizada? Lições antigas parecem ser ainda a melhor resposta. Aristóteles dizia que as virtudes poderiam ser conceituadas de duas formas diferentes, a intelectual e a moral. Ora, virtude moral não nasceria com o sujeito, seria dependente do meio, que vai carimbando no cidadão noções de ética e comportamento. Isso permite que todos tenhamos uma idéia do que é justo e é com base nesse processo que moldamos o caráter.
Neste caso, a falência da virtude nada mais é do que a falência da ética humana no meio. Pensando bem, é verdade. A sociedade está preocupada demais em consumir e isso signfica necessidade de amealhar recursos para esse consumo. Não há tempo para criar ambientes que promovam o caráter humano. Os pais trabalham fora o dia todo, os filhos ficam à deriva, sendo educados por terceiros que, por sua vez, também não tem condições de preencher as lacunas da formação ética de quem quer que seja.

Bem, sabemos onde está indo parar a nossa virtude moral. E quanto a nossa virtude intelectual? Aquela que nasce e progride do pensamento, do aprendizado constante, da experiência de vida?
Também está indo para o ralo, lamentavelmente. Não há tempo para pensar, pois a mente está ocupada por imagens e preocupações e o corpo não obedece aos sinais de alerta. O sujeito que se atreve a abrir um livro para ler antes de duas páginas já caiu no sono. Ninguém suporta textos longos pois o dia é muito curto! A simples idéia de parar para estabelecer prioridades e valores ou abrir mão da mentalidade artificial é imediatamente rejeitada. O que parece predominar é a inércia mental diante de um ambiente hostil travestido de seduções. A observação do mundo portanto, inexiste e o pensamento torna-se rápido para cálculos, mas lento demais para entender o que é a vida e de que material ela é feita. (Mirna Monteiro)