Mas Confúcio certamente não poderia imaginar que 1.500 anos depois essa consideração sábia seria utópica, por dois motivos. Um deles é o fato de que a vocação, por mais importante que ainda seja no mundo do trabalho, é sucateada pela confusão de interpretações a respeito da alternativa de sobrevivência nas novas exigências da sociedade. Outro é a oportunidade de sobreviver, simplesmente, em um momento onde a tecnologia substitui cada vez mais a a mão de obra humana.
É claro que não se pode ser pessimista. Por toda história da civilização humana, as sociedades sempre procuraram superar as armadilhas armadas por ela mesma e contra ela mesma, na busca de novos horizontes da sobrevivência e na facilitação de seu trabalho.
Isso, desde a invenção dos instrumentos cortantes e da roda, que foi a maior criação humana em direção às maravilhas tecnológicas do futuro. Maravilhas que hoje ameaçam os postos de trabalho.
Trabalho é fundamental para a vida. Hoje a União Européia quebra a cabeça para resolver o que fazer com seus 26 milhões de desempregados - o que mostra que os países mais civilizados e culturalmente invejáveis não conseguiram evitar o peso do girar da velha roda neolítica transformada em um chip microscópico.
O pragmatismo que envolveu o mundo no século XX parece não se encaixar na capacidade humana quando o assunto é criatividade da sobrevivência. Que o digam os EUA, que sofrem com o desemprego e a dificuldade de acertar soluções, enquanto mantém as ações externas em modelos que não funcionam mais.
No Brasil o processo é oposto e as taxas de desemprego diminuem e 2012 foi fechado com a menor taxa de desemprego de sua história. O brasileiro, apesar das dificuldades enfrentadas pela sociedade mundial, possui um talento inato para "dar um jeitinho" quando a situação aperta: é intuitivo e empreendedor. Mergulha de cabeça em novos empreendimentos, buscando seu lugar ao sol. As vezes até mesmo sem verificar a profundidade de seu mergulho.
Ainda existe espaço para a vocação e o exercício prazeroso do trabalho? Sim, sem dúvida. Mas parece que isso exige boa dose de criatividade e novos caminhos, a exemplo dos antigos desbravadores, mas com nova mentalidade. Se antes as florestas eram derrubadas à força dos braços, hoje devem ser preservadas com inteligência justamente para garantir a força do trabalho futuro, que muda de formato. Se as cidades incharam e lotaram as alternativas de colocação profissional, que novos negócios sejam criados para corrigir as disfunções provocadas.
De uma maneira geral a mentalidade sobre emprego, trabalho e negócios precisa ser arejada com novas alternativas, algumas ainda não inventadas, quem sabe? A única certeza é que não se pode projetar futuro sobre escombros e sim de maneira produtiva e consciente. (MM)
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