![]() |
Por que falamos da relação ficção e vida real?
Porque a ficção, em primeira análise, é a representação criativa do ser humano, em sua vivência real do passado e dos seus anseios, medos e expectativas do futuro.
Por esse motivo a ficção é transformara da sociedade sob diferentes aspectos. "Acorda" desavisados sobre o risco de certas ações, mas estimula os mais violentos a liberar os instintos mais baixos. Principalmente nos filmes, onde o crivo crítico fica mais comprometido do que na literatura escrita pelo poder da imagem, do som e das mensagens subliminares,onde a imaginação humana pode misturar-se e gerar verdadeiros atentados à sanidade de expectadores.
A ficção portanto, é poderosa formadora de opinião e conceitos sobre a vida. Pode despertar a filosofia ou, em oposto, o descaso com a vida. Pode ensinar a trajetória do ser na sociedade e orienta-lo no percurso ou tornar a vida humana tão fútil como um sanduíche de vento ou ainda dar a entender que a vida é apenas uma mera condições individual e que o coletivo é ameaçador e inimigo, destruindo a civilidade.
Esse poder não é novidade. Novidade é o potencial destruidor que tomou conta da ficção. Nos séculos passados a literatura inicia com contos da carochinha, que mostravam no teatro da linguagem a realidade da vida, dividida entre o bem e o mal. Por ai seguiam, tornam-se picante e estimulando mudanças de comportamento sexual que transformaria a moral do futuro. Agora pisoteiam a ética e civilidade, com tal ênfase que mesmo o "Bem e o Mal" tornam-se mesclados e confusos.
É essa nova sociedade que transferiu para a vida real a inconsistência da ficção americana dos seus filmes sanguinolentos e compostos de seres ensandecidos, em uma sucessão de imagens e barulho que elimina a possibilidade crítica do expectador. Tendência que passou a ser adotada na produção de filmes por outros países e que, no final das contas, com o passar de poucas décadas, aproxima-se do retrato de uma nova realidade social. A ponto de depararmos cada vez mais frequentemente com denúncias de que tudo
conspira contra a sanidade humana, ultrapassando as telas da TV e do cinema e atingindo programas de computadores, sites e até telefones celulares, que utilizariam recursos subliminares, captados pelo inconsciente humano e não percebidos visualmente.
Se chegamos a esse ponto, não sabemos ainda. Mas que a transformação do homem como ser social é pouco segura, isso é inegável.
Por esse motivo quando médicos e outros funcionários de hospitais ou pronto-atendimentos deixam seres humanos morrer na calçada ou em alguma cadeira na sala de espera, pensamos: parece coisa de ficção!

O desleixo com a vida no entanto é responsabilidade da própria sociedade. Talvez seja o momento de reconhecer que estourar cabeças de zumbis e espirrar sangue para todos os lados não favorece a sobrevivência coletiva e nem individual e que a vida não precisa necessariamente imitar a arte, que nem sempre é criação válida. O que falta é o outro lado da balança, demonstrando que a vida é preciosa, seja ela de quem for e onde estiver, seja a de uma árvore secular, um animal ou o ser humano. Pensar sobre o assunto não é sonho ou utopia. É alternativa. (Mirna Monteiro)
No comments:
Post a Comment
Comente os textos ou adicione suas impressões sobre os temas abordados. Clique duas vezes para garantir a postagem.