"(...) Um dos testes para a obtenção do emprego que eu queria era de QI (...) Mas achei absurdo(...) Testes de QI deveriam ser proibidos, você não acha?"
Nesse caso é preciso saber os critérios da empresa na avaliação de seus candidatos. Mas medir a inteligência realmente é complicado. Será mesmo que podemos fazer isso através de algum sistema padrão? Que a inteligência pode ser "alimentada" e aumentada e que existe um conjunto de fatores que auxiliam seu desenvolvimento desde o berço, não há dúvida.
Mas quando se fala em testes e medição de QI (Quociente de Inteligência), há amplas discussões. Esses testes, fundamentados ou não, deixam para fora do mercado de trabalho muitos candidatos, além de colocar em dúvida a eficiência de crianças e jovens nas escolas que oferecem alguma oportunidade especial.
Quem não concorda com testes de QI argumenta que avaliações assim não podem ser uniformizadas ou feitas em grupo. Os pontos deveriam ser avaliados individualmente e de maneira rigorosa por um profissional especializado, atento à diferenças na manifestação de cada um de suas capacidades.
Quer outra constatação de falha? Muitas vezes uma pessoa que realiza o teste pode ter variações que vão além de 40 pontos em fases distintas de sua vida, para mais ou para menos!
Há muitos outros problemas citados, como a influência do meio cultural. Até mesmo uma educação comportamental pode ser confundida com inteligência.
De certa maneira testes de QI ajudam a ter uma idéia geral da capacidade da pessoa em lidar com desafios básicos profissionais. Mas não pode ser considerado definitivo quanto à capacidade mental do indivíduo em inúmeros outros campos de ação e tipos de inteligência, como a emocional, considerada nos dias de hoje tão ou mais importante do que a inteligência prática.
O que se procura entender é o desenvolvimento do equilibrio entre os "tipos de inteligência". O que contradiz o conceito de genialidade, que na verdade limita a pessoa a uma poderosa característica de talento, em detrimento de outras capacitações ou do uso do cérebro de maneira mais ampla e diversificada. O gênio pode ser um talento inigualável na música ou na física, não possuindo entretanto ou necessariamente a inteligência emocional e a capacidade de interagir com a vida.
Cada vez mais o conceito da genialidade se transforma e poderia ser interpretado como "a inteligência eclética", que não se resume ao armazenamento de informações, ou ao desempenho de um único talento em detrimento de outros igualmente importantes, mas a capacidades múltiplas, como aquela que permite desenvolver a informação além de seu mero armazenamento, por exemplo aliando memória, interpretação dos fatos e criatividade.
Fala-se muito em "ginástica cerebral!", que poderia auxiliar o processo de desenvolvimento de áreas potenciais do cérebro. No caso, não bastaria ler, mas aprender a concluir e a argumentar toda a informação processada. Não bastaria empenhar-se apenas nisso, mas praticar um esporte, lavar uma louça ou desenvolver algum artesanato ou arte, além de aprender a lidar com emoções e a solucionar conflitos, porque o fundamento do "exercício cerebral" exige funções variadas e, adivinhe, as mais prosaicas!
Se assim é, um bom começo para exercitar a inteligência - e isso pode acontecer desde o berço - é deixar o pensamento livre, cantar e inventar, ler e imaginar, permitindo que haja estímulo diferenciados e variados ao cérebro. (Mirna Monteiro)