Monday, April 29, 2013

A HIPOCRISIA, PODER E CORRUPÇÃO


Durante toda história da humanidade o homem tentou entender a voracidade do poder político. Talvez tenha sido justamente isso – a insanidade que marcava a briga política ao longo de séculos e séculos de organização da sociedade humana, que tenha levado à necessidade de pensar suas origens, seu presente e seu futuro.

A contradição sempre foi tamanha, entre aquilo que se propagava e a realidade do poder, que até mesmo o berço da democracia, a Grécia, começou a imaginar igualdade entre os homens de maneira a preservar a desigualdade, ou seja a garantia do poder. Que o diga o velho Sócrates, obrigado a beber cicuta porque cometeu a heresia de ensinar os jovens a pensar, ao contrário dos sofistas, que costumavam levar o conhecimento controlado e medido de acordo com os desejos do poder constituído.

Sócrates, naturalmente, não foi o único homem com pretensão de discutir o poder político e suas artimanhas que se deu mal. Por toda a história, quem ousasse pensar e desafiar o poder, entrava pelo cano. Fosse na fase da Inquisição, com todo o poder centralizado na igreja e em papas escolhidos não pela santidade, mas pelo oportunismo, fosse nos tempos modernos, onde a perseguição contra quem reclamava do abuso político e apontava as falhas de ideologias massificadas não foi menos cruel ou absurda!

E agora, no Terceiro Milênio, a “Idade da Informação”, do apogeu da mídia e do confronto com a maior comunicação popular da história da humanidade?

Bem, agora, sofisticaram-se os meios, mas o recheio do bolo continua o mesmo. O cenário em que vivemos é magnífico: naves espaciais orbitando a terra, satélites que mandam imagens do sujeito que passeia na Patagônia para a “Concinchina”, chips que substituem funções do cérebro humano, enfim!
Mas a briga pelo poder é tão mesquinha e perigosa como nos tempos de Calígula!
Mas e a nossa democracia, a nossa campanha política, o nosso voto popular?
Pois é, metade do caminho já andamos. O problema fica com a outra metade, pressionada por quem não quem “perder” o poder de tantas décadas e que utiliza os mesmos recursos do “bem” para o “mal”. O jogo é sujo: denúncias vazias, que pretendem denunciar o que não existe na realidade. É só bagunça!
Não é um problema brasileiro. É um problema dos países comprometidos com interesses de grupos econômicos, habituados a imperar. A corrupção é endêmica, dizem os analistas brasileiros e (que vexame!) de outros países. A tendência de vestir a intenção de coletar lucros com a capa das boas intenções  confunde realmente o cidadão comum. O lobo que se esconde sob a capa do cordeiro ou o complexo do conto da chapeuzinho vermelho.

Corrupção endêmica significa corrupção enfronhada, absorvida pelo sistema. As pessoas confundem e imaginam que é novidade, sendo manipuladas pelo frenesi político, que propaga os próprios pecados, senão de profundo conhecimento de falcatruas, pelo menos no de omissão para punir e banir a corrupção de fato. A mídia infelizmente não escapa desse cerco e leva informação distorcida. No tempo das trevas, os livros eram raros, e o conhecimento empírico. Mesmo assim a sociedade humana rompeu as barreiras da falta de informação.
Hoje temos de admitir que somos obrigados a romper as barreiras da ignorância, fruto de informação distorcida, comum na política quando se briga pela imposição de projetos e supremacia partidária. O mesmo projeto que parece beneficiar a população nas acaloradas discussões em tribunas dos plenários pode ser aquele que no futuro será responsável por perdas irrecuperáveis. É preciso se perguntar: qual o interesse do poder político e econômico nas bandeiras de nossos legisladores.

Wednesday, April 24, 2013

FILOSOFANDO O ÓCULOS


Já virou clichê o sujeito desesperado, procurando o óculos, que na verdade está no próprio nariz! Ser distraído pode não ser tão ruim assim. Há novos estudos que comprovam que as pessoas distraídas são mais criativas. Considerando que outras pesquisas dão conta de que as pessoas criativas são mais felizes, podemos concluir que pessoas distraídas tem maiores chances de ser felizes.
Distração até certo ponto. Aquela que permite divagar sobre as coisas que estão ocorrendo em torno. Se passar da medida desequilibra. É o caso da esquizofrenia, que mostra o indivíduo tão atento a tudo que acontece, de maneira tão simultânea, que acaba fugindo da realidade.
Mas uma certa distração, na medida certa, para buscar detalhes em torno de sua vida, é interessante. Ajuda a resolver problemas mais complexos. Deve ser algo semelhante quando um problema ou situação parece insolúvel e acabamos encontrando uma excelente alternativa de solução depois que desistimos de espremer os miolos sobre o assunto, pensamos em outras coisas ou nos desligamos no sono. Há quem jure que não há melhor maneira de lidar com problemas do que deixar o inconsciente resolve-los sem a interferência de nossa razão consciente quando ela está falhando.
Não vamos confundir esse tipo de distração com a falta de concentração. Temos uma mania irresistível de simplificar as coisas. Saber distrair-se positivamente é uma espécie de arte, assim como conseguir concentrar-se é uma questão de sobrevivência e certa garantia de equilíbrio emocional do indivíduo.
Como tudo na vida, distração e atenção, sem extremos, podem ser o recurso para manter o equilíbrio emocional. (Mirna Monteiro)

Tuesday, April 23, 2013

LIVRO, PARA QUE TE QUERO...


O livro já foi a atração principal na vida das pessoas que desejavam alguma emoção, aprendizado, passatempo e diversão ou simplesmente sonhar. Privilégio de uma elite e objeto de desejo de quem possuía pouco acesso à leitura.
Hoje, quem lê?
As cotações da leitura mostram que a Bíblia foi e continua sendo o livro mais lido do mundo, apesar das traduções, erros e adulterações apontadas por teólogos e críticos.
Curiosamente, em segundo plano vem o Citações do presidente Mao Tsé-Tung, que revela-se um poeta e também um pensador pragmático. "A bosta de boi é mais útil que os dogmas; serve para fazer estrume"..., afirma, entre outras coisas.
Livros políticos, como o Livro Vermelho e religiosos, como o Alcorão, estão sempre sendo procurados e lidos. Mas a ficção fantasiosa é a que vem ganhando os novos leitores.
O universo da leitura muda bastante. O numero de leitores parece grande se considerarmos que Harry Potter conseguiu movimentar a busca da literatura no mundo todo, mas a verdade é que lia-se muito mais nos tempos em que o cinema ainda não existia e onde sequer se imaginava que o mundo seria um dia  encaixotado em uma tela doméstica de 56 polegadas...
A façanha de Harry Potter é seguida pelo "O Senhor dos Anéis", que com a ajuda do cinema e de efeitos incríveis ressuscitou a obra de Tolkien e vendeu mais de 100 milhões de cópias de sua obra.
A procura por essa literatura impressiona pela velocidade das vendas. É claro que é difícil chegar à quantidade de obras vendidas de escritores clássicos, que estão há alguns séculos no dia a dia da leitura, como por exemplo Willian Shakespeare, que vendeu em torno de 4 milhões de exemplares. Aliás, vamos abrir exceção para Agatha Christie, que também atingiu a marca dos 4 milhões em suas 85 obras escritas no século XX.
Dizer que não se lê seria inverdade. Mas a maioria das pessoas lê muito pouco ou é apenas impulsionada para a leitura de livros que motivaram seu interesse em filmes, caso também de "Crepúsculo" e dos "filhotes" dessa obra, no desdobramento da história de vampiros modernos e lobisomens charmosos.
Tudo bem. Assim como grandes obras foram adaptadas para o cinema, o cinema incentiva a continuidade da temática e a repetição dos personagens novas obras (não importa muito o oportunismo comercial, afinal) e o consumo da leitura. A imaginação origina um livro, assim como efeitos especiais e criatividade mostram as delícias de uma boa história.
Mas nada seria melhor do que incentivar a leitura desde muito cedo. A criança que lê parece desenvolver um equilíbrio emocional que outras atividades não conseguem, exercitando o raciocínio e aumentando a capacidade do aprendizado.
Há quanto tempo você não pega um bom livro e relaxa, afundando em sua leitura?  É bom, hein? (MM)

Monday, April 08, 2013

FILOSOFIA (IRREVERENTE) DOS ANOS 20




Ingênuo, mas nem por isso menos mordaz, o humor de 1920 mostra muito da maneira de pensar e ser da época. Aqui temos um pedaço da sociedade que preparava-se para começar a viver a grande revolução de valores do século XX. O tema, alías, é "Verdade ou Mentira", publicado na revista "O Careta":

*** O alfinete é o único cavalheiro que, vivendo na intimidade das mulheres, nunca perde a cabeça...

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***A franqueza é a nudez do pensamento. Dizer a verdade é tão indecente quanto andar nu.

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***Não emprestemos dinheiro aos nossos amigos, nem digamos a verdade à mulher a quem queremos bem: será a melhor forma de conservarmos a mulher, os amigos e...o dinheiro.

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*** A honestidade é como o perfume, aproveita-a mais os outros do que quem a tem.

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***O casamento nasce de uma ilusão,vive de uma esperança e morre, quasi(sic) sempre, de um mal entendido.

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***Para que o casamento constituísse a fórmula ideal da felicidade affectiva (sic)era preciso que os homens fossem menos egoistas ou que as mulheres tivessem o dom de se renovarem constantemente como Protheu. O que mata o amor é a monotonia, que é inimiga da arte e da sensibilidade. A mesma paisagem, por mais linda que seja, acaba enfarando si (sic) não acode alguem a dar-lhe aspectos novos...

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***Beijos são bonbons (sic) que se guardam na caixinha de segredos da bocca (sic). Mas é curioso notar que comido o primeiro bonbon (sic)nunca mais se encontra, na caixinha, outro com o mesmo sabor...

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***O erro está para a verdade assim como a noite está para o dia. Se não fosse a noite o dia não seria tão lindo...

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O PENSAMENTO NA ARTE DOS ANOS 20
"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema" (Pablo Picasso)


MODA CHARMOSA DO COMEÇO DO SÉCULO XX










Thursday, April 04, 2013

DEIXANDO A VIDA MORRER


Um dos modismos na ficção é a eliminação da solidariedade e do amor ao próximo. O mundo se transforma em um lugar solitário, onde o que vale é a sobrevivência individual e não coletiva. No cenário urbano tradicional vale tudo em nome do poder e do dinheiro, não importa quantos sejam imolados para que um indivíduo atinja seu objetivo. Em cenários futuristas, quando vírus desconhecidos invadem a terra, é melhor cuidar da própria pele e atropelar o semelhante nas ruas e estradas  mesmo que sejam sadios, para evitar que um dia se transformem em potencial transmissores de alguma doença exterminadora...
Por que falamos da relação ficção e vida real?
Porque a ficção, em primeira análise, é a representação criativa do ser humano, em sua vivência real do passado e dos seus anseios, medos e expectativas do futuro.
Por esse motivo a ficção é transformara da sociedade sob diferentes aspectos. "Acorda" desavisados sobre o risco de certas ações, mas estimula os mais violentos a liberar os instintos mais baixos. Principalmente nos filmes, onde o crivo crítico fica mais comprometido do que na literatura escrita pelo poder da imagem, do som e das mensagens subliminares,onde a imaginação humana pode misturar-se e gerar verdadeiros atentados à sanidade de expectadores.
A ficção portanto, é poderosa formadora de opinião e conceitos sobre a vida. Pode despertar a filosofia ou, em oposto, o descaso com a vida. Pode ensinar a trajetória do ser na sociedade e orienta-lo no percurso ou tornar a vida humana tão fútil como um sanduíche de vento ou ainda dar a entender que a vida é apenas uma mera condições individual e que o coletivo é ameaçador e inimigo, destruindo a civilidade.
Esse poder não é novidade. Novidade é o potencial destruidor que tomou conta da ficção. Nos séculos passados a literatura inicia com contos da carochinha, que mostravam no teatro da linguagem a realidade da vida, dividida entre o bem e o mal. Por ai seguiam, tornam-se picante e estimulando mudanças de comportamento sexual que transformaria a moral do futuro. Agora pisoteiam a ética e civilidade, com tal ênfase que mesmo o "Bem e o Mal"  tornam-se mesclados e confusos.
É essa nova sociedade que transferiu para a vida real a inconsistência da ficção americana dos seus filmes sanguinolentos e compostos de seres ensandecidos, em uma sucessão de imagens  e barulho que elimina a possibilidade crítica do expectador. Tendência que passou a ser adotada na produção de filmes por outros países e que, no final das contas, com o passar de poucas décadas, aproxima-se do retrato de uma nova realidade social. A ponto de depararmos cada vez mais frequentemente com denúncias de que tudo
conspira contra a sanidade humana, ultrapassando as telas da TV e do cinema e atingindo programas de computadores, sites e até telefones celulares, que utilizariam recursos subliminares, captados pelo inconsciente humano e não percebidos visualmente.
Se chegamos a esse ponto, não sabemos ainda. Mas que a transformação do homem como ser social é pouco segura, isso é inegável.
Por esse motivo quando médicos e outros funcionários de hospitais ou pronto-atendimentos deixam seres humanos morrer na calçada ou em alguma cadeira na sala de espera, pensamos: parece coisa de ficção!
Da mesma forma quando observamos a necessidade de vigiar nosso sistema judiciário, denunciar sentenças absurdas e contrárias à ética, processar advogados que roubam seus clientes na tranquilidade das procurações ou defendem assassinos confessos como "pessoas normais"...parece coisa de cinema! Situações surgidas de mentes que desejam grandes bilheterias pelo choque da displicência e da maldade do sistema começam a se tornar parte da rotina da vida real.
O desleixo com a vida no entanto é responsabilidade da própria sociedade. Talvez seja o momento de reconhecer que estourar cabeças de zumbis e espirrar sangue para todos os lados não favorece a sobrevivência coletiva e nem individual e que a vida não precisa necessariamente imitar a arte, que nem sempre é criação válida. O que falta é o outro lado da balança, demonstrando que a vida é preciosa, seja ela de quem for e onde estiver, seja a de uma árvore secular, um animal ou o ser humano. Pensar sobre o assunto não é sonho ou utopia. É alternativa. (Mirna Monteiro)

Tuesday, March 26, 2013

SERÁ O FIM DA EMPREGADA DOMÉSTICA?

Emprego doméstico, ao contrário de outras profissões, está sempre perigosamente envolvido por uma espécie de "manto" da improvisação. Por isso é complicado.
A regulamentação da profissão foi sem duvida um avanço, que continua adiante com as novas exigências, como o FGTS, que no final das contas veio na rasteira de uma sugestão de dedução no imposto de renda dos pagamentos do INSS pelo empregador.
Direitos que corrigem distorções trabalhistas, mas que por outro lado podem transformar definitivamente caracteristicas da profissão de empregado doméstico.
Há muita celeuma em torno desse tipo de atividade profissional. Como o trabalhador - ou trabalhadora, pois historicamente a mulher é maioria nesse tipo de serviço -  em residências, o profissional não precisa de escolaridade ou prova de competência para a função. Geralmente isso só pode ser observado na prática e ao longo do tempo, o que dificulta a rigorosidade da contratação.
Talvez o aspecto mais importante seja o fato de que os empregadores são pessoas físicas. Quase sempre mulheres que precisam trabalhar fora e não tem tempo ou energia suficiente para arcar com o serviço doméstico.
Isso já dificulta o piso salarial. Quando legalmente esse piso é de um salário-mínimo, como prevê a lesgislação, grande parte da oferta desse trabalho fica fora do mercado. Afinal, aumenta o numero de mulheres provedoras do lar e a maioria trabalha com ganhos médios de dois a três salários, enquanto que a média de salário em sua admissão é de apenas R$ 917,87. Os homens tem um patamar de R$ 1067,66. Mulheres ainda ganham menos do que os homens para o exercício de funções semelhantes , em torno de 30%.
Aí está o grande problema!
A demanda por empregadas domésticas cresceu na mesma proporção do crescimento da mulher no campo profissional. Ou seja, a mulher, ao trabalhar fora de casa, depende de uma profissional para os serviços que não tem  tempo de realizar.
A casa é um organismo vivo, dinâmico. Todos os dias há trabalho a fazer, roupas para lavar e passar, limpeza dos ambientes, organização dos espaços, refeições e manutenção de serviços relacionados
Outro grande problema: profissionais domésticos interagem obrigatoriamente com a intimidade de seus empregadores.
É quase impossível evitar essa situação, já que a casa é um ambiente de intimidade familiar. É possivel manter o profissionalismo, mas certamente o abuso da condição dessa intimidade vai depender do caráter do profissional doméstico. E essa questão ética não está prevista em nossas leis!
Outra questão citada pelos empregadores: o acesso da empregada ou empregado aos bens da familia. Há relatos de sobra de donas de casa reclamando que a mesma funcionária que limpa a casa, "limpa" também seus potes de creme caros, iogurtes, chocolates e outros produtos de consumo mais onerosos.
Nos velhos tempos isso não era problema, havia poucos supérfluos e baixo investimento nas refeições do dia. Hoje é diferente, há muitos supérfluos e pouco tempo para repor a despensa e manter a geladeira cheia. Uma funcionária custa o mesmo que qualquer outro membro da familia no ítém alimentação, o que não acontece em em empresa alguma!

NOVO CONCEITO 

Talvez seja o momento de admitir que estamos vivendo o fim da empregada doméstica...da forma como esse tipo de trabalho sempre foi encarado, também improvisadamente e considerando as limitações do empregado.
As novas exigência eliminam a possibilidade de manter a tradição de contratar o serviço doméstico de acordo com o salário do empregador ou as condições financeiras da familia.
Isso é novo no Brasil, mas não em  outros paises, onde mesmo de maneira informal o trabalho doméstico é caro e mais especializado.
Tudo leva a crer que com os direitos de qualquer trabalhador, o empregado doméstico perde também o direito as falhas no desempenho das funções, que devem ser igualmente relacionadas como obrigações, assim como os direitos trabalhistas.
Isso quer dizer que as novas leis que protegem o empregado doméstico também devem considerar aspectos do direito do empregador, que não estão bem claros.
Se houver esse equilíbrio, talvez os empregados domésticos possam comemorar um avanço e os empregadores domésticos comemorar maior qualificação e garantia de segurança quanto ao funcionário que trabalhará na intimidade de sua casa.
Quando isso acontecer é também bastante provável que a imagem dos empregados domésticos mude por completo. Hoje essa profissão é opção para quem está desempregado ou aguarda melhores colocações no mercado. No futuro, será uma atividade profissional que exigirá cursos e aprendizado para qualidade compatível com os serviços exigidos, como a de qualquer outro trabalhador salvaguardado pelas leis trabalhistas. (Mirna Monteiro)


Monday, March 25, 2013

SOCIEDADE PERIGOSA


Há inúmeras situações que podem levar alguém a tirar a vida de outra pessoa. Especialistas desdobram-se na análise de desvios de conduta, ambiente, circunstâncias ou patologias, tentando explicar uma ação que pode ser passional ou planejada friamente.
No final das contas há apenas um consenso comum e coincidente em todas história humana de violência: o receio da punição é a principal forma de controle da incidência de assassinatos, sejam eles motivados por qualquer circunstância ou mesmo tendo origem na psicopatia.
Indivíduos psicopatas não são minoria, como pensamos. Sabe-se hoje que grande parte das pessoas carrega consigo a tendência desse tipo de anomalia, em maior ou menor grau e em dependência do meio em que vivem.
O que significa que apesar de ser um indivíduo frio e calculista, o psiocopata também controla suas ações com inteligência.
Em comunidades onde existe organização social e controle da violência, esse tipo de pessoas com tendência a matar também tem seu impulso homicida controlado.
A conclusão é simples portanto. Quando a violência aumenta, é óbvio que a sociedade está desorganizada e fragilizada em sua capacidade de deter e punir criminosos. O indivíduo com transtorno antissocial sente-se à vontade nesse ambiente para liberar seu instinto assassino.
O que acontece? Pessoas aparentemente "normais" que tem uma vida social, são médicos, jogadores de futebol, advogados, professores, pais ou filhos enfim, aparentemente acima de qualquer suspeita, passam a matar.
Nossas leis precisam se ajustar à ciência. Poucos anos de detenção não eliminam o risco de quem mata friamente.
Do ponto de vista científico qualquer indivíduo que age friamente, calculando a morte de outras pessoas, possui características psicopatas e poderá voltar a matar caso se sinta em segurança, diante de um sistema judicial ineficiente.
No livro "A máscara da sanidade" o psiquiatra Hervey Cleckley analisa quatro tipo de psicopatas que se misturam à população, os primários, que parecem não possuir qualquer emoção genuina (mostram superficialmente o que lhes convém), os secundários, mais passionais e sujeitos a matar em situações de estresse, os descontrolados, que se aborrecem ou perdem a linha mais facilmente que os demais (em geral ligados a pedofilia e outros desvios sexuais e sujeitos ao consumo de drogas) e os carismáticos, mentirosos mas atraentes e charmosos e com poder de persuasão sobre suas vítimas.
Nos tribunais ou na vida social psicopatas mentem com grande facilidade. Não sentem nenhuma angústia pessoal e não tem nenhum problema, já que o problema quem tem são os outros. Sua capacidade para castigar as vítimas se baseia em um comportamento anormal do cérebro, que reage de forma completamente diferente de uma pessoa sã. Jamais assumem qualquer responsabilidade por seus atos, sem crivo da auto-crítica.
Os conflitos sociais liberam a ação desse tipo de indivíduos psicopatas ou sociopatas. As pessoas em geral, no entanto, querem saber como lidar com essa realidade atual. "O pior é que a gente sabe cada vez menos sobre quem pode ser um bandido ou alguém que de repente pode até matar, parece filme americano de terror", escreveu um leitor que comentava o ataque a um cliente de um restaurante no Guarujá, morto a facadas pelo proprietário do lugar ao reclamar do preço cobrado.
Saber, de fato, parece cada vez mais difícil. Os novos agressores nem sempre têm históricos de violência ou aparentam ser assassinos.
Houve tempos em que a palavra tinha o peso da credibilidade. O "fio de barba", que garantia a honestidade de acordos, fazia com que a justiça funcionasse sem a necessidade de tribunais.
Hoje os tribunais nem sempre conseguem prender criminosos, enquanto que o sistema não tem preparo para o sistema prisional exigido. O que na prática torna o cidadão mais responsável pela sua própria segurança, como nos tempos primitivos, quando o meio era absolutamente imprevisível e o risco de se tornar uma presa, constante. (Mirna Monteiro)

Wednesday, March 13, 2013

REALIDADE E IMAGINAÇÃO



Como você vê o mundo, extremamente influenciado pela mídia, ocupado por imagens ficcionais que invadem a realidade? 
E no caso da realidade invadir o virtual?
Bombardeios e fuzilamentos estão sendo noticiados, seja na Palestina, na Líbia ou em qualquer lugar do mundo, mas apesar de causar impacto na vida das pessoas a consciência de sua dimensão fica comprometida  por um processo interessante: quanto maior a vivência da ficção violenta, através de filmes e games, mais a realidade se mescla à fantasia na mente humana!
Essa condição vez por outra se torna bastante evidente. Quando Saddan Hussein foi enforcado, a realidade ou não de sua morte naquele cenário foi contestada por muita gente. Um jornalista egípcio sustentou que o ex-ditador iraquiano não estava ali e sim um sósia dele. Segundo esse jornalista Saddan nunca foi capturado pelos EUA.
O que é realidade? O que seria ilusão?
A linha divisória entre a realidade e a ficção está cada vez mais tênue e experiências demonstram que o cérebro humano anda confundindo o real e imaginário. Para quem cresce em um mundo de imagens, onde a violência virtual é exagerada, a interpretação do terror e destruição no mundo real fica comprometida.
Em um mundo repleto de informação e imagens, reais e ou virtuais (que parecem extremamente reais), não são apenas as pessoas que passam horas imersas em uma tela do computador que sentem seus efeitos.
Também a mídia eletrônica, através da televisão, e a ficção elaborada que vai às telas do cinema parecem provocar mudanças na percepção das pessoas.
Muitos relacionam esse “descontrole” perceptivo também ao tempo. A terra parece girar mais rapidamente, por exemplo. O excesso de imagens e acontecimentos também torna o dia extremamente curto.
Se a percepção humana está sendo afetada por diferentes fatores – como bombardeio de informação, imagens, mundo virtual e confusões com horários elásticos, podemos supor que a capacidade de orientação e o próprio raciocínio ficam comprometidos.
Por isso há pessoas que não acreditam nas próprias previsões da ciência, como as conclusões das pesquisas científicas acerca da temperatura do planeta ou de riscos cataclismicos. Ou embora aceitando a validade das pesquisas, não conseguem imaginar-se dentro da realidade. Pelo menos não desse tipo de realismo ameaçador.
Tragédias reais não são ameaçadoras, até o momento em que algum fator a torne próxima o suficiente para interferir em sua rotina e, portanto, a situação ganhe contornos individuais e pessoais. As informações científicas são interpretadas com o mesmo espanto e terror imediato de um filme tipo “The day after”, ou documentários com rigorosa base científica são interpretados como probabilidade remota que permanece no consciente  até a saída do cinema e a colherada de sorvete.
Esta possibilidade é aterradora, considerando que o hábito à violência ficcional pode ser assimilado pela mente humana como rotina real. Agressões, tiroteios, grosserias, tudo isso passa a ser reconhecido como "natural" ao meio, ganhando certa familiaridade. Os vilões do mal não podem ser tão fortes e charmosos ou vencer os "do Bem", como anda pregando nossa ficção. Há filmes onde o assassino profissional ganha um perfil "humano" e simpático. Mas quem assassina outro ser não pode ter "perfil humano",  pois invade o espaço alheio e destrói uma vida.
Em mentes perturbadas, essa relação pode facilmente desencadear comportamentos antes reprimidos pelo meio. A vida humana torna-se reles e dispensável, como as dos zumbís que tem suas cabeças explodidas pela arma do jogo virtual.
Há quem diga que toda essa violência ficcional tem o objetivo de transtornar as sociedades e implantar o caos, no mais absoluto exemplo teórico das conspirações do mundo moderno. Independente de qualquer exagero ou transtornos, a verdade é que começamos a enfrentar um claro desequilíbrio entre o real e o imaginário, com consequências muitas vezes dramáticas. Misturar realidade e ficção poderia não ser uma influência tão nefasta se houvesse maior atenção a fatores de comportamento que auxiliam a manter uma relação saudável com o meio desde a infância.  (Mirna Monteiro)

Friday, March 08, 2013

A MULHER FRAGMENTADA

Mulheres são sensíveis, inteligentes, agradáveis, desagradáveis, burrinhas, alegres, tristes, humanistas, defensoras da vida e dos filhos, cruéis até com a própria cria, desleixadas, cuidadosas, verdadeiras, mentirosas, geradoras da vida, assassinas, boas, más, ingênuas, maliciosas, políticas, apolíticas, versadas, cultas, ignorantes e analfabetas, coerentes, perplexas, abobalhadas, amorosas, odiosas, conscientes, inconsequentes, com capacidade de compreensão da vida ou completamente ineptas para entender seu semelhante...
Qualidades e defeitos, concepções e realidade. Ao tentar definir a mulher como um ser que foi modelado em uma mesma forma, erramos. Impossível definir a mulher.
Mais do que nunca, a mulher é um ser imprevisível e desconhecido. Nos velhos tempos a mulher era a geradora, a protetora, a "cola" que unia a família, que se equilibrava sob sua sensibilidade e força. Nos novos tempos essa mulher assumiu diferentes personalidades e objetivos, onde os critérios de importância se tornaram flutuantes e indefinidos.
Por isso quando tentamos esteriotipar a mulher de hoje, ficamos confusos. Para quem busca as qualidades que seriam inerentes ao feminino, há risco de encontrar fragmentos  de alguma explosão, que precisam ser pacientemente analisados e reunidos como um quebra-cabeça.
Há mulheres absolutamente dispostas a encarar o mundo sem sequer considerar qualquer limitação do elemento feminino, de maneira radical. Mas temos também mulheres que preferem assumir as funções que seriam exclusivamente femininas, tradicionais. Mas há mais: entre esse e outro aspecto, encontramos variações imensas de comportamento. Por exemplo, há mulheres que trocaram a sensibilidade pela praticidade; a emotividade pela agressividade e egocentrismo, características antes consideradas masculinas; há também quem não queira de forma alguma ser mãe, enquanto mesmo aquela que não tem vocação para a maternidade traz ao mundo novas vidas apenas para livrar-se do risco da solidão, sem consciência da importância do cuidado e da dedicação a um filho.
Como se vê, as mulheres hoje possuem modelo variado e características múltiplas. Não cabem em uma única definição, como insistimos em acreditar.
O que não quer dizer que a mulher hoje tenha menos qualidades do que a de ontem.
Por outro lado, generalizar o elemento feminino como perfeito em seu caráter, também não dá. Afinal temos aí nas estatísticas um aumento de mulheres marginais ou malvadas o suficiente para sufocar a própria prole e para causar indignadas lamentações sobre como o mundo se perde e se auto-destrói na confusão da perda de valores.
Está feita a confusão!
Se a mulher fragmentou-se em sua essência, o Dia da Mulher ficou confuso, politicamente incorreto, culturalmente exagerado, ainda que essa referência ajude a entender o imenso quebra-cabeça social e político que começou com naturalidade na sociedade primitiva, com sufocamento em conhecidas fases históricas e que hoje tenta enquadrar a mulher em moldes que tem tamanhos diferentes, mas são igualmente sufocantes.
Mulheres não são a base da vida por definição. Há mulheres que o são.
Há mulheres que cumprem com tranquilidade o seu papel natural, independente de serem um poço de informação, acumulando títulos universitários ou ignorando a profusão de acontecimentos que convulsionam a sociedade.
Há também mulheres heróicas, que defendem a vida, a paz, a união e o equilíbrio.
Há mulheres que não estão nem aí!
O que talvez valha a comemoração é o fato de que o feminino que gera e defende a vida ainda é maioria neste mundo cheio de conflitos. Seja qual for a atuação dessa mulher ou maneira como ela enfrenta o preconceito subliminar ou direto, ela age positivamente e ajuda a melhorar a vida, proporcionando esperança e ajudando a criar seres - homens e mulheres- conscientes para um futuro menos dramático.
Para estas pessoas o Dia da Mulher deve ser realmente comemorado. Porque não é moleza. Parabéns a você! ( Mirna Monteiro)

LEIA TAMBÉM

http://artemirna.blogspot.com.br/2012/03/o-desafio-de-ser-mulher.html