Por que motivo somos tão influenciados por palavras e imagens? Será que possuímos capacidade crítica suficiente para "filtrar" as informações captadas e seleciona-las de acordo com a realidade?
O domínio e controle sobre os seres acontece mediante as técnicas de manipulação. O que seria isso? Seria a capacidade de manejar, impondo pensamentos e comportamentos que são absorvidos como uma esponja pela mente humana.
Há várias formas de manipulação. Na verdade todos nascemos com a capacidade de conduzir o mundo externo às nossas necessidades, até mesmo por uma questão de sobrevivência. Até mesmo um bebê depende dessa capacidade para sobreviver.
A questão é a utilização desse poder para manipulação abusiva ou da massa. Isso corresponde, em geral, à vontade de dominar pessoas e grupos em algum aspecto da vida e dirigir sua conduta. Afonso López Quintás, em "A manipulação do homem através da linguagem", exemplifica alguns tipos de "convencimento" ao qual somos submetidos sem que haja um controle consciente do processo.
Ele comenta a manipulação comercial, "que quer converter-nos em clientes, com o simples objetivo de que adquiramos um determinado produto, compremos entradas para certos espetáculos, nos associemos ao clube tal...". Já o manipulador ideólogo pretende modelar o espírito de pessoas e povos a fim de adquirir domínio sobre eles de forma rápida, contundente, massiva e fácil.
A manipulação, lembra López, corresponde à vontade de dominar pessoas e grupos. Em geral deprecia tudo que existe de real e supervaloriza idéias, mesmo que não possam ser realizadas na prática. Também não há limite nem ética para atingir seu objetivo e a mentira passa a ser uma questão de sobrevivência de sua manipulação.
Técnicas que lidam com o inconsciente também são utilizadas na manipulação da massa. É uma maneira de fazer a pessoa acreditar que mesmo algo ruim pode ser bom. Ou seja, a vontade e a interpretação dos fatos são controlados pela manipulação do inconsciente, que acredita que aquilo que deseja está na imagem que foi projetada.
Esse tipo de técnica integra o que se chama de mensagem subliminar, que age diretamente no inconsciente de quem assiste. Somos constantemente submetidos a ela em propagandas, filmes, programas, sendo influenciados por marcas e produtos - ou mesmo comportamentos - sem percebermos.
Será impossível evitar esse tipo de manipulação? Para Lopéz, existem algumas alternativas de obter um "antídoto"para a maliciosa e maniqueísta ação sobre o nosso subconsciente. Estar alerta e pensar com rigor são condições indispensáveis! Viver criativamente, ou seja, procurar enxergar além das aparências também. Lembrar que as coisas não são tão óbvias. Ou, como popularmente se diz, verificar se o "buraco é mais embaixo"... (Mirna Monteiro)
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Saturday, October 30, 2010
Wednesday, October 27, 2010
TEORIA DA CONSPIRAÇÃO
Por trás de todas as coisas podem estar operando forças misteriosas e manipuladoras...pelo menos esta parece ser uma preocupação crescente, uma espécie de síndrome da conspiração! Ainda não reconhecida, é claro, mas claramente detectada na preocupação popular, que corre o risco de transformar-se em angústia: a sensação de perda da individualidade, da privacidade e da liberdade.
Orwell, em seu romance "1984", imaginou um mundo futuro onde todos esses valores estavam irremediavelmente perdidos e onde a mesma televisão que não podia ser desligada transformava-se em câmera sem que os indivíduos soubessem. As pessoas viviam em castas, onde o domínio principal vigiava e usufruía, enquanto a casta seguinte era vigiada e obedecia ordens. A massa, por sua vez, vivia sem rumo, absolutamente robotizada e sem ação.
Hoje, tantas décadas depois, as pessoas falam sobre os mesmos receios, que recebem outra roupagem. Os valores perdidos são a violência emergindo em diferentes momentos, de crianças em escolas e adultos que se engalfinham em estádios de futebol ou no trânsito de avenidas, a uma criminalidade tão imiscuída no meio que se torna imbatível!
Ao invés da televisão espiã, satélites poderosos e câmeras tão minúsculas que se tornam invisíveis e uma rede de informações obtidas no universo informatizado. Os novos teóricos da conspiração também falam de castas, nem tanto sociais, mas castas com domínio da informação e do conhecimento, que seriam portanto o principal alvo da espionagem, enquanto a massa se perde nos jogos da manipulação, que a ocupam com o caos e a diversão.
A listagem das teorias é enorme! Algumas complexas - como a afirmação de que o "11 de setembro" foi planejado para justificar novas guerras contra o Iraque e que os aviões que derrubaram as torres gêmeas não continham pilotos de verdade, mas automáticos, e que a operação já havia determinado os melhores ângulos para filmar e fotografar o momento da implosão do prédio!
Outras fantasiosas, como a existência de extra-terrestres que comandam parte da humanidade. Aliás, os "reptilianos" seriam os grandes vilões da humanidade, os incentivadores das guerras e da desordem ...
Algumas teorias são curiosas e engraçadas. Como a das canetas "Bic": "São fáceis de encontrar para comprar, mas depois que você as possui elas desaparecem ou surgem em lugares onde você jamais as deixaria"!...Palavras de um teórico da conspiração, que afirma ainda que mesmo que você tenha uma única caneta, encontrará várias no lugar onde a deixar, porque elas se multiplicam rapidamente e nossa visão não consegue perceber esse movimento...Bem, o bom humor permite teorias infinitas!
Se canetas podem ser sondas extra-terrestres, a tecnologia alienígena é bastante rudimentar, diante de outra teoria, esta fruto da insanidade pelo poder: a de que os alimentos estão sendo modificados para afetar genéticamente a humanidade. Bem, considerando a quantidade de hormônios em frangos e de anabolizantes em carnes vermelhas, metal pesado em peixes e venenos nas plantações, esse receio não é teórico, mas real!
Nesse pontos chegamos ao cerne da questão: as teorias da conspiração, com toda a sua dramaticidade e exageros (e humor também ) parecem eclodir no inconsciente humano, que percebe a precariedade da vida e os riscos que estamos acumulando em nosso meio por ações reais e bastante devastadoras. Não são portanto piadas ou fantasias, embora sejam alegorias e símbolos, como realidades ainda não desnudadas!
Se o poder da imaginação move o mundo, essa mania de conspirações contra a sociedade humana pode até ajudar a evitar alguns desastres. Além disso, a discussão das possibilidades várias dos acontecimentos são a demonstração da liberdade do pensamento e da especulação e atuam no imaginário social de maneira construtiva! Nesse caso, que sejam criadas as teorias!...(Mirna Monteiro)
Orwell, em seu romance "1984", imaginou um mundo futuro onde todos esses valores estavam irremediavelmente perdidos e onde a mesma televisão que não podia ser desligada transformava-se em câmera sem que os indivíduos soubessem. As pessoas viviam em castas, onde o domínio principal vigiava e usufruía, enquanto a casta seguinte era vigiada e obedecia ordens. A massa, por sua vez, vivia sem rumo, absolutamente robotizada e sem ação.
Hoje, tantas décadas depois, as pessoas falam sobre os mesmos receios, que recebem outra roupagem. Os valores perdidos são a violência emergindo em diferentes momentos, de crianças em escolas e adultos que se engalfinham em estádios de futebol ou no trânsito de avenidas, a uma criminalidade tão imiscuída no meio que se torna imbatível!
Ao invés da televisão espiã, satélites poderosos e câmeras tão minúsculas que se tornam invisíveis e uma rede de informações obtidas no universo informatizado. Os novos teóricos da conspiração também falam de castas, nem tanto sociais, mas castas com domínio da informação e do conhecimento, que seriam portanto o principal alvo da espionagem, enquanto a massa se perde nos jogos da manipulação, que a ocupam com o caos e a diversão.
A listagem das teorias é enorme! Algumas complexas - como a afirmação de que o "11 de setembro" foi planejado para justificar novas guerras contra o Iraque e que os aviões que derrubaram as torres gêmeas não continham pilotos de verdade, mas automáticos, e que a operação já havia determinado os melhores ângulos para filmar e fotografar o momento da implosão do prédio!
Outras fantasiosas, como a existência de extra-terrestres que comandam parte da humanidade. Aliás, os "reptilianos" seriam os grandes vilões da humanidade, os incentivadores das guerras e da desordem ...
Algumas teorias são curiosas e engraçadas. Como a das canetas "Bic": "São fáceis de encontrar para comprar, mas depois que você as possui elas desaparecem ou surgem em lugares onde você jamais as deixaria"!...Palavras de um teórico da conspiração, que afirma ainda que mesmo que você tenha uma única caneta, encontrará várias no lugar onde a deixar, porque elas se multiplicam rapidamente e nossa visão não consegue perceber esse movimento...Bem, o bom humor permite teorias infinitas!
Se canetas podem ser sondas extra-terrestres, a tecnologia alienígena é bastante rudimentar, diante de outra teoria, esta fruto da insanidade pelo poder: a de que os alimentos estão sendo modificados para afetar genéticamente a humanidade. Bem, considerando a quantidade de hormônios em frangos e de anabolizantes em carnes vermelhas, metal pesado em peixes e venenos nas plantações, esse receio não é teórico, mas real!
Nesse pontos chegamos ao cerne da questão: as teorias da conspiração, com toda a sua dramaticidade e exageros (e humor também ) parecem eclodir no inconsciente humano, que percebe a precariedade da vida e os riscos que estamos acumulando em nosso meio por ações reais e bastante devastadoras. Não são portanto piadas ou fantasias, embora sejam alegorias e símbolos, como realidades ainda não desnudadas!
Se o poder da imaginação move o mundo, essa mania de conspirações contra a sociedade humana pode até ajudar a evitar alguns desastres. Além disso, a discussão das possibilidades várias dos acontecimentos são a demonstração da liberdade do pensamento e da especulação e atuam no imaginário social de maneira construtiva! Nesse caso, que sejam criadas as teorias!...(Mirna Monteiro)
Monday, October 25, 2010
IMAGINAÇÃO DO EQUILÍBRIO
Por isso é possível entender porque as pessoas de "mente fértil" valorizam a capacidade imaginativa. O físico alemão Einstein considerou que a imaginação é mais importante do que o conhecimento. Afirmação que deixa até hoje muita gente confusa, porque pressupõe-se que imaginação solta é criar fantasia, boiando em um canto ficcional da mente, enquanto que imaginação reprodutora é racionalizar a realidade e criar teorias...algo que resume o pensamento humano!
Einstein comparou bem a equivalência entre imaginação e conhecimento. Imaginação é a base de tudo e é de seu fluxo, inclusive fantasioso ao extremo, que se origina o conhecimento. O conhecimento, por sua vez estimula a imaginação, em um círculo criativo que faz a evolução da sociedade humana.
A matemática perfeita! Heráclitos de Ëfeso dizia que a falta de imaginação atua como geradora de conflitos. Ora, se eu sou estéril e não consigo imaginar, não poderei saber o que se passa com meu semelhante ou com o que quer seja. Vou basear-me inteiramente no meu mundo ou no meu ponto de vista!
Com a incapacidade de imaginar, as pessoas agem como se não houvesse diferenças. O mundo seria a sua própria cabeça e, portanto, limitado a esse espaço! Heráclitos acreditava que a oposição dos contrários é condição para a transformação das coisas e isso quer dizer que sem imaginação não há evolução!
A imaginação é uma força que leva ao raciocínio com a mesma potência com que estimula a criatividade e a intuição! Ora, se eu penso, penso sobre o que? A diferença entre a imaginação que leva ao conhecimento e a imaginação reprodutiva é a mesma de um filme onde não se sabe o que vai acontecer e outro que repete a mesma imagem!
A mesma imaginação que levou o homem primitivo a olhar além de si mesmo, para poder sobreviver em um mundo inóspito e repleto de perigos. A imaginação que permitiu captar os recursos, criar mecanismos, manter um meio social e chegar ao início do conhecimento!
Por isso podemos observar que se ao longo da história política o mundo estacionou em mera aceitação e rotina do pensamento, agora passa a ser mais imaginativo! Atinge também um maior interesse no conhecimento e portanto na evolução da informação e dos costumes. Não é preciso ser um inventor ou um precursor do pensamento, mas simplesmente aprender a relacionar-se e interagir com o meio de maneira mais ampla e participante, reconhecendo as diferenças e equacionando a relação humana nos novos tempos.(Mirna Monteiro)
Tuesday, October 19, 2010
A ARTE DE ACREDITAR...SEM ENGANAR-SE
Volta e meia aparece a dúvida: em quem acreditar? No que acreditar? A insegurança sobre a verdade não é característica de pessoas jovens, assim como a certeza não é privilégio de quem viveu muitas décadas.
Sob essa ótica (verdadeira?) estamos todos no mesmo barco, o da incerteza sobre as coisas e isso pode ser angustiante! Nietzsche, ele próprio exasperado com as próprias dúvidas em uma época onde tudo era contestado de maneira extremamente econômica, concluiu que a busca da verdade não passava de simples necessidade humana de se sentir em segurança. Um mundo que "não se contradiz", seria um mundo mais confiável, com conceitos baseados na crença de valores imutáveis e, portanto, aceitos como verdade universal.
Bem, de qualquer forma nós temos nossas verdades universais. Por exemplo a igualdade entre os homens e o respeito à natureza. Naturalmente são verdades óbvias oriundas da necessidade de sobrevivência, entre outras que surgem da relação histórica do homem com o meio.
O que sabemos é que o reconhecimento da verdade, ou de alguma realidade que possamos assumir como determinante, parte de nossa capacidade de sentir a vida. O conhecimento sobre si mesmo modifica o reconhecimento da verdade. E como acreditava Sócrates, só age erradamente aquele que desconhece a verdade e, por extensão, o bem. Nesse caso permanece boiando na incerteza, ou esperneando se assim lhe ditar o temperamento, mas em ambos os casos provocando desequilíbrio e caos ao meio.
Como mestre que pretendia ensinar a pensar, sem impor uma verdade do próprio punho...ou do próprio pensamento, Sócrates colocava a busca do saber como o caminho para a perfeição humana e, por tabela, para obter a sensação de segurança que permite um enfrentamento mais tranqüilo de nossas dúvidas a respeito do que seria a verdade e a mentira.
Bem, 400 anos antes de Cristo e já se sabia o que hoje ainda constatamos. Por mais que seja teorizado o assunto e por mais que os pensadores sejam rebuscados e retóricos, realistas, fatalistas ou neuróticos, a verdade é que o drama do "onde está a verdade", resume-se a esta simples lógica socrática: observe, pense, aprenda e deduza!
Se a verdade necessita de sabedoria para ser detectada, a mentira basta a si própria, infelizmente. A sorte da humanidade é que seu tempo de vida é curto. Por isso devemos considerar a sabedoria popular, quando diz que "toda mentira tem perna curta". Aliás todos temos sempre uma boa interpretação da mentira. Rápida como o bote de uma cobra (uma mentira dá a volta ao mundo antes mesmo de a verdade ter a oportunidade de se vestir, ironizou Churchill) ou vital para a sobrevivência de alguns (A mentira é muitas vezes tão involuntária quanto a respiração, observou acertadamente o escritor Machado de Assis) a mentira é o avesso do conhecimento sem deixar de ser ilustradora da verdade (não ser descoberto em uma mentira equivale a dizer uma verdade...)
É nessa relatividade que se apoiam os grandes mentirosos da humanidade, antigos e atuais. Hitler achava que para convencer a massa era preciso uma grande mentira, cercada de muita bagunça e atritos, pois assim o caos formado esconderia ainda mais a verdade. Tinha razão, sem dúvida! É óbvio que para se conseguir impor uma mentira há necessidade de se impor o caos e a insegurança...aquele estado citado por Nietzsche, onde as convicções podem ser mais perigosas para a verdade do que a própria afirmação mentirosa!
Acreditar, portanto, parece ser a arte de desvendar o que se passa atrás das grandes afirmações, das grandes mentiras e das supostas verdades. Uma arte que começa com o conhecimento do temperamento humano que habita em todos nós e o reconhecimento de nossas fraquezas. (Mirna Monteiro)
Monday, October 18, 2010
ARTE EM PRETO E BRANCO
Mais raramente permanecia tal como o artista havia concebido. Elegante e atraente, a arte em duas cores parece mostrar muito da emoção retratada, concentrando as formas e ressaltando os mínimos detalhes.
Thursday, October 14, 2010
CONTRADIÇÕES DA ALMA HUMANA
O resgate dos 33 mineiros no Chile emocionou e fez chorar as pessoas que trabalhavam ou assistiam ao esforço, inclusive jornalístas que faziam a cobertura no local. O drama representou um tributo à vida! Um momento contrastante com perda de vidas nas guerras do Oriente Médio, a exploração e violência na África e a intolerância de Israel na Palestina.
A mundo se divide nas emoções, mas a dureza da realidade da violência não consegue matar no ser humano a justa medida da solidariedade e do respeito à dor do semelhante. Entre heróis e vilões, vivemos nos dias de hoje a dualidade do pensamento humano: vencer a todo custo, mesmo que isso represente sofrimento e perdas, ou retomar as rédeas para impedir genocídios e abusos, tornando o mundo mais seguro!
A questão é: qual das opções permitirá a sobrevivência natural? A ação do homem predador parece não se encaixar em uma sociedade mundial que miscigenou culturas e divide expectativas semelhantes em relação ao ambiente que todos desejam. Tudo indica que a postura do futuro é a do homem sensitivo e sensível ao meio, no respeito ao equilíbrio natural.
Foram 33 homens, presos a 700 metros do solo, enfrentando durante 69 dias a possibilidade de morrer na mina de cobre, enquanto pessoas do lado de fora tentavam resgatá-los. Um espaço adormecido foi ativado, o da relação humana que se identifica e aproxima, como se todas as pessoas que pisam esta terra integrassem um grande organismo, ao invés do isolamento egoísta que não consegue entender a importância da inteiração humana.
Um duro exercício que relembrou o fato de que vidas humanas não tem preço e estão acima de de vaidades ou ansiedade de lucro de grupos de
indivíduos. Estranha essa afirmação? Não, pois a mesma política que salva vidas pode ser usada para causar a destruição. Só há um problema: hoje estamos todos entrelaçados e a idéia de que é possível varrer o mundo descartando os valores éticos, soa absurda. Ainda que a briga pelos direitos de divulgação da aventura na mina do Chile deva ser acirrada, a idéia de que a vida deve ser respeitada acima de tudo renovou-se. (Mirna Monteiro)
Monday, October 11, 2010
A LEI DE MURPHY E O ACASO
Quando um sujeito chamado Edward Murphy irritou-se com a falha no funcionamento de um mecanismo no momento de uma exposição importante, "jogou" a culpa em seu assistente dizendo : "Se há mais de um modo de fazer um trabalho e um deles resulta em desastre, então alguém irá escolher esse"! Não sabia o quanto esse desabafo faria sucesso. E, dentro desse clima, o quanto contribuiria para uma confusa interpretação do destino, justificando erros e comodismos.
A "Lei de Murphy" tem sido interpretada como uma comprovação de limitação do homem sobre seu futuro. É fatalista, pois de alguma forma torna as pessoas passivas em relação a acontecimentos, que são considerados inevitáveis!
O mais curioso é que antes dele outro Murphy, Joseph, passou a vida pregando justamente o contrário em uma ampla literatura onde sobressaia a importância da motivação para a transformação. Na verdade um início da poderosa indústria literária da "auto-ajuda", que tomaria o mercado algumas décadas depois com as receitas miraculosas de transformação do meio e das condições individuais transformadoras do destino!
Mas será mesmo que são posições opostas? Ou há um erro de interpretação no que convencionamos chamar de Lei de Murphy, esta curiosa faceta do comportamento humano?
Essa postura de pensamento, aliás, serve como uma luva para quem quer acreditar que a vida já vem pronta e embalada em papel pré-determinado, com acontecimentos imutáveis que são regidos por um conjunto de acontecimentos muito mais poderosos do que o indivíduo. Lembra outra "lei" (ah, os homens e suas máximas crenças) conhecida como Finagle e popularizada em romances de ficção, que afirma que quando alguma coisa ruim acontecer, acontecerá no pior momento...o que é óbvio! Vem na extensão da famosa postura do "pior do que está não fica".
Nesse caso somos apenas mero acaso não apenas no universo, mas em nossa razão existencial!
Será mesmo que o destino está definido? Ou lidamos meramente com a leviandade humana e comodismo existencial? Por que é fácil acreditar que não se pode mudar o mundo ou as pessoas, sem assumir riscos de novas ações e decisões, no mais puro estilo "lavo minhas mãos"?
Dúvida dramática. No entanto até hoje a humanidade critica a decisão de Pilatos! O que teria acontecido se ao invés de fugir à responsabilidade de uma decisão, ele fosse dotado de consciência comunitária e tivesse enfrentado os riscos?...Ou o destino tornaria as coisas tal como são?
Provavelmente não! Uma ação sempre vai causar uma reação e modificar o futuro. Anular uma interferência consciente é permitir que outras ações determinem os acontecimentos...ações nem sempre muito éticas ou construtivas!
No entanto a fatalidade do destino pode ser confundida. Uma fatia de pão com manteiga vai sempre cair do lado da manteiga...por questões de gravidade, não de fatalidade.
A fila do lado sempre anda mais rápido...O que quer dizer que não adianta mudar de fila, pois aquela que você escolher vai andar mais devagar...por uma questão de ansiedade que muda a sua percepção do meio. Se você for contestar isso, lembre-se que se é a sua fila que sempre anda mais devagar, as outras andam depressa.. do seu ângulo de visão!
Se você está se sentindo bem não se preocupe: isso passa...para se sentir bem é preciso saber o que é sentir-se mal. Não é fatalidade, é lógica!
O gato sempre cai em pé...sem comentários! E por aí vai. Você sai de casa sem guarda-chuva e pensa: só falta chover justamente hoje! E chove, porque se você pensou, deve ter percebido inconscientemente indícios de que isso poderia acontecer. Mas negligenciou a idéia porque não queria sair de guarda-chuva...
Nesse ponto devemos considerar o fator "negligência". É ele o alimento do fatalismo e a fama da tal "lei de murphy". Suponhamos que estamos andando na rua, em calçadas irregulares e esburacadas. Caimos em um buraco ou tropeçamos no piso irregular. Caídos no chão pensamos: ai, ai, ai, eu sabia que hoje não era meu dia!...
Quer dizer, era um dia em que você não estava bem e portanto deveria ter prestado atenção aos detalhes em seu caminho, como os buracos! A culpa não é do destino, mas de sua negligência! Um acidente de carro seria evitado se antes fossem observados problemas mecânicos ou maior cuidado e atenção à direção; um assalto poderia ser evitado se as possíveis vítimas observassem melhor ao redor e dificultassem o acesso.
Se observamos por esse angulo, chegaremos a conclusão que o destino jamais poderia estar previamente traçado, mas é produto do meio, de seus acertos e erros. E portanto não é inevitável e pode ser transformado a qualquer instante, a todo momento. Podemos exagerar e imaginar que um asteróide enorme caminha para o planeta Terra anunciando o apocalipse,mas que ainda assim podemos tentar alternativas para mudar a sua trajetória ou reduzir seu impacto.
Claro que o poder de transformar o destino depende de nós, mas não apenas do indivíduo. O meio tem o grande poder transformador e talvez seja por esse motivo que um indivíduo tem a sensação de impotência para transformar o destino e sente-se uma folha na correnteza, preferindo consolar-se com a ideia da fatalidade!
Mas a ação coletiva nasce, obrigatoriamente, do indivíduo! O que nos leva a conclusão de que a omissão não é interessante para o destino de ninguém!
Preste atenção ao seu redor!... (Mirna Monteiro)
A "Lei de Murphy" tem sido interpretada como uma comprovação de limitação do homem sobre seu futuro. É fatalista, pois de alguma forma torna as pessoas passivas em relação a acontecimentos, que são considerados inevitáveis!
O mais curioso é que antes dele outro Murphy, Joseph, passou a vida pregando justamente o contrário em uma ampla literatura onde sobressaia a importância da motivação para a transformação. Na verdade um início da poderosa indústria literária da "auto-ajuda", que tomaria o mercado algumas décadas depois com as receitas miraculosas de transformação do meio e das condições individuais transformadoras do destino!
Mas será mesmo que são posições opostas? Ou há um erro de interpretação no que convencionamos chamar de Lei de Murphy, esta curiosa faceta do comportamento humano?
Essa postura de pensamento, aliás, serve como uma luva para quem quer acreditar que a vida já vem pronta e embalada em papel pré-determinado, com acontecimentos imutáveis que são regidos por um conjunto de acontecimentos muito mais poderosos do que o indivíduo. Lembra outra "lei" (ah, os homens e suas máximas crenças) conhecida como Finagle e popularizada em romances de ficção, que afirma que quando alguma coisa ruim acontecer, acontecerá no pior momento...o que é óbvio! Vem na extensão da famosa postura do "pior do que está não fica".
Nesse caso somos apenas mero acaso não apenas no universo, mas em nossa razão existencial!
Será mesmo que o destino está definido? Ou lidamos meramente com a leviandade humana e comodismo existencial? Por que é fácil acreditar que não se pode mudar o mundo ou as pessoas, sem assumir riscos de novas ações e decisões, no mais puro estilo "lavo minhas mãos"?
Dúvida dramática. No entanto até hoje a humanidade critica a decisão de Pilatos! O que teria acontecido se ao invés de fugir à responsabilidade de uma decisão, ele fosse dotado de consciência comunitária e tivesse enfrentado os riscos?...Ou o destino tornaria as coisas tal como são?
Provavelmente não! Uma ação sempre vai causar uma reação e modificar o futuro. Anular uma interferência consciente é permitir que outras ações determinem os acontecimentos...ações nem sempre muito éticas ou construtivas!
No entanto a fatalidade do destino pode ser confundida. Uma fatia de pão com manteiga vai sempre cair do lado da manteiga...por questões de gravidade, não de fatalidade.
A fila do lado sempre anda mais rápido...O que quer dizer que não adianta mudar de fila, pois aquela que você escolher vai andar mais devagar...por uma questão de ansiedade que muda a sua percepção do meio. Se você for contestar isso, lembre-se que se é a sua fila que sempre anda mais devagar, as outras andam depressa.. do seu ângulo de visão!
Se você está se sentindo bem não se preocupe: isso passa...para se sentir bem é preciso saber o que é sentir-se mal. Não é fatalidade, é lógica!
O gato sempre cai em pé...sem comentários! E por aí vai. Você sai de casa sem guarda-chuva e pensa: só falta chover justamente hoje! E chove, porque se você pensou, deve ter percebido inconscientemente indícios de que isso poderia acontecer. Mas negligenciou a idéia porque não queria sair de guarda-chuva...
Nesse ponto devemos considerar o fator "negligência". É ele o alimento do fatalismo e a fama da tal "lei de murphy". Suponhamos que estamos andando na rua, em calçadas irregulares e esburacadas. Caimos em um buraco ou tropeçamos no piso irregular. Caídos no chão pensamos: ai, ai, ai, eu sabia que hoje não era meu dia!...
Quer dizer, era um dia em que você não estava bem e portanto deveria ter prestado atenção aos detalhes em seu caminho, como os buracos! A culpa não é do destino, mas de sua negligência! Um acidente de carro seria evitado se antes fossem observados problemas mecânicos ou maior cuidado e atenção à direção; um assalto poderia ser evitado se as possíveis vítimas observassem melhor ao redor e dificultassem o acesso.
Se observamos por esse angulo, chegaremos a conclusão que o destino jamais poderia estar previamente traçado, mas é produto do meio, de seus acertos e erros. E portanto não é inevitável e pode ser transformado a qualquer instante, a todo momento. Podemos exagerar e imaginar que um asteróide enorme caminha para o planeta Terra anunciando o apocalipse,mas que ainda assim podemos tentar alternativas para mudar a sua trajetória ou reduzir seu impacto.
Claro que o poder de transformar o destino depende de nós, mas não apenas do indivíduo. O meio tem o grande poder transformador e talvez seja por esse motivo que um indivíduo tem a sensação de impotência para transformar o destino e sente-se uma folha na correnteza, preferindo consolar-se com a ideia da fatalidade!
Mas a ação coletiva nasce, obrigatoriamente, do indivíduo! O que nos leva a conclusão de que a omissão não é interessante para o destino de ninguém!
Bom dia! Que dia lindo, a vida é maravilhosa! |
Friday, October 08, 2010
Anomias da campanha eleitoral
Os últimos acontecimentos - como a denúncia de que panfletos "ensinando" a denegrir a imagem de candidatos usando artifícios e acusações vazias - trazem à tona uma questão crucial: de que maneira a sociedade pode enfrentar um pleito que decide o futuro de um país em meio a balbúrdia moral?
Sabe-se o motivo que leva as disputas políticas a se desenvolvem em meio a acusações vazias, com a intenção de confundir o eleitor. Mas como a sociedade pode admitir em pleitos eleitorais ações que seriam severamente punidas em outras circunstâncias, por ferirem princípios éticos e legais?
Parece extremamente contraditório exigir ética na vida pública, sem estabelecer os mesmos limites na apresentação e disputa daqueles que pretendem o exercício dos cargos eletivos. Naturalmente denúncias fazem parte de um processo de campanha, mas o período de propaganda eleitoral não "perdoa" os abusos ou mentiras que pretendem uma contra-propaganda do adversário. Há possibilidade de processos e retratações, mas certamente o objetivo de confundir o eleitor já foi obtido e, portanto, a punição se torna meramente retórica.
Por esse motivo - o poder do estrago mesmo que posteriormente seja esclarecida a verdade - é que criar denúncias vazias tornou-se um hábito nas campanhas eleitorais, fora e dentro das instituições. Há alguns anos, por exemplo, o Congresso Nacional transformou-se em piada para o mundo, com a profusão de CPIs e CPMIs pré-fabricadas com o objetivo eleitoreiro e não de um combate à corrupção sério e eficiente.
Não podemos permanecer em estado de anomia na campanha política, que carrega a conotação de mentiras, intrigas e fofocas e não a apresentação de planos de governo e demonstração de capacidade para o cargo pretendido. Assistir ao programa eleitoral gratuito pode ser cômico, mas também é trágico, considerando que ali estão opções de pessoas que irão legislar e governar.
Wednesday, October 06, 2010
Conhecendo a solidão
Há quem afirme que o mal do século é a solidão! Em um mundo cada vez mais povoado, as pessoas estão sós! Quase sete bilhões de seres humanos!
Por que isso acontece? Talvez pela impessoalidade e distanciamento que a superpopulação pode trazer. Há mais pessoas e menos contato. As multidões esbarram-se nas ruas, mas não existe o reconhecimento do indivíduo como companhia.
De acordo com a OMS todos os dias perto de 3 mil pessoas cometem suicídio no mundo. Claro que as causas são várias, mas há um fator comum, a solidão. Pessoas buscam a morte a cada três segundos em países organizados, como a Suécia ou Japão, assim como em áreas de menor desenvolvimento econômico.
O que é solidão? No caso daqueles que vivem em grandes cidades, solidão não corresponde exatamente ao isolamento físico. Pelo contrário, pessoas que trabalham em lugares agitados, andam em ruas congestionadas, também podem sentir o peso da solidão.
No entanto a solidão em si não é negativa, mas construtora. Descartes a considerava com propriedade uma oportunidade de aprofundar-se em si mesmo. Não se pode viver sem sentir e conhecer o próprio interior. Mas a mesma visão pode ser invertida: para Hegel, solidão consistia em não poder sair de si mesmo, o que pode causar uma espécie de angustia para alguns e alívio para outros.
O que não se pode negar é isso: cada pessoa interpreta de maneira diferente a solidão, por isso a sua conotação também pode ser extremamente positiva. Na linha do existencialismo, podemos transformar a in certeza em estímulo: ao longo da nossa experiência redefinimos nosso pensamento e adquirimos novos conhecimentos a respeito do que somos ou podemos vir a ser!
A solidão é inata ao homem, escreveu Heidegger. O que não obriga ao pensamento de que, se assim for, cada ser está por si só no mundo. Se assim fosse, o evidente equilíbrio do universo em suas diferentes formas e permanencias não funcionaria com tamanha sincronia!
Talvez tenhamos a impressão de que cada ser está por si só na morte, pois aparentemente partimos sem amarras, como um barco que desaparece no horizonte para nunca mais ser encontrado. "Os mártires penetram na arena de mãos dadas, mas são crucificados sózinhos", lembrou Huxley.
Mas mesmo após a transformação da morte, a vida segue em perfeita harmonia.
A nossa identidade, porém, fica ameaçada. O que sou? Mais um ponto favorável à existência da solidão, que nos prepara para a dúvida.
A solidão é produtiva. Quando se trabalha, se está forçosamente na mais absoluta solidão, arriscava Deleuze. Será? Quando nos afundamos em alguma tarefa, partilhamos algo. Pode ser o raciocínio de cálculos, a criação de um texto, a formulação de pensamentos, a observação do mundo. Estamos na solidão, mas não absoluta, pois partilhamos a todo instante de imagens mentais ou visuais que interferem na neutralidade do momento.
A solidão, portanto, parece ser bastante relativa e não pode ser descrita ou determinada. Não é a ausência de pessoas ao nosso redor ou a inexistência de qualquer movimento, o nascimento ou a morte, mas sim a capacidade ou incapacidade de percepção momentânea!
A não ser que estejamos falando da solidão fisica de algo que desejamos, como escreveu Simone de Beauvoir: "No meio da madrugada a solidão vem me falar de você. A noite está fria, o quarto está frio, a minha cama também está fria. Me rolo na cama...Já quase amanhece....Cadê você?
O que demonstra que este é um tipo de ansiedade que não culminará com a vitória contra a solidão, causando outra decepção comum aos seres.
"Abraçados, os amantes buscam desesperadamente fundir seus êxtases isolados em uma única autotranscedência; debalde. Por sua própria natureza, cada espírito, em sua prisão corpórea, está condenado a sofrer e gozar em solidão", escreveu Aldous Huxley.
De qualquer maneira, por mais que se esforce, o ser humano sempre recai sobre o mesmo erro de interpretação da cura para a sensação do vazio interior. Nietzsche, cujo olhar crítico parecia menosprezar o meio e estar acima das idiotices humanas, não sabia lidar com seu próprio vazio, apegando-se a momentos fugazes que jamais o libertaram da sensação de solidão.
Em 1885 escreve a Peter Gast: "Ah, se soubesse como estou agora tão só no mundo! E como me é preciso representar uma comédia para não cuspir, as vezes, de pura sociedade, no rosto de alguém! (...) Quando estiver com você em Veneza, cessara, então, por algum tempo, toda a "cortesia"e a "comédia", e a "sociedade" e todas as maldições nicenses...não é verdade, meu caro amigo?"... De maneira fugaz, talvez...(Mirna Monteiro)
Tuesday, October 05, 2010
A INTOLERÂNCIA AMEAÇA A VIDA
A ação de Israel ao expulsar a pacifista Mairead Corrigan Maguire, premio Nobel da Paz, espantou pessoas de todos os países e resumiu tudo aquilo que mais ameaça o mundo atual: a incapacidade de entender que o direito de soberania de um país caminha juntamente com o direito do indivíduo e que não existe mais uma ação isolada que não repercuta política e economicamente com o restante do mundo.
Por isso temos leis internacionais, baseadas em direitos universais e insofismáveis. Questão de sobrevivência do planeta! Hoje a dependência entre os países impõe uma política integrada.
Maguire é uma pacifista. Como é possível exercer a intolerância sobre alguém que defende a paz? Isso nos lembra a repetição histórica de atos obscuros e intolerantes, que pretendiam diminuir o contato das pessoas com o mundo e o conhecimento. Giordano Bruno foi queimado vivo na Idade Média porque percebeu que o universo é infinito em de transformação contínua, o que contrariava as verdades estabelecidas na época.
O próprio Sócrates, como relata Platão, foi condenado pelo poder político por opor-se às idéias dos dirigentes. Não concordava em cultuar personalidades ou divindades, porque não tinha cabimento o conhecimento ou o poder divino ser de posse de algum grupo, fosse político ou religioso! Deus e o conhecimento não poderiam ser privilégio de ninguém, pela própria condição de imanentes!
Pessoas não são produto e não podem ter proprietários. Portanto o indivíduo, esteja onde estiver, é livre, limitado pelo igual direito do semelhante. Não há cultura que possa anular essa condição. Israel dificulta o contato da ajuda humanitária e dos palestinos isolados na faixa de Gaza e essa é uma forma de autoritarismo sobre essa população.
A intolerância é inimiga do convívio, renega o contato, a troca de informações para o desenvolvimento humano e é absolutamente isolante: separa da realidade aqueles que a exercem! E assim como nos tempos do obscurantismo, prejudicam o meio e atrasam a evolução da vida. (*A.A)
Por isso temos leis internacionais, baseadas em direitos universais e insofismáveis. Questão de sobrevivência do planeta! Hoje a dependência entre os países impõe uma política integrada.
Maguire é uma pacifista. Como é possível exercer a intolerância sobre alguém que defende a paz? Isso nos lembra a repetição histórica de atos obscuros e intolerantes, que pretendiam diminuir o contato das pessoas com o mundo e o conhecimento. Giordano Bruno foi queimado vivo na Idade Média porque percebeu que o universo é infinito em de transformação contínua, o que contrariava as verdades estabelecidas na época.
O próprio Sócrates, como relata Platão, foi condenado pelo poder político por opor-se às idéias dos dirigentes. Não concordava em cultuar personalidades ou divindades, porque não tinha cabimento o conhecimento ou o poder divino ser de posse de algum grupo, fosse político ou religioso! Deus e o conhecimento não poderiam ser privilégio de ninguém, pela própria condição de imanentes!
Pessoas não são produto e não podem ter proprietários. Portanto o indivíduo, esteja onde estiver, é livre, limitado pelo igual direito do semelhante. Não há cultura que possa anular essa condição. Israel dificulta o contato da ajuda humanitária e dos palestinos isolados na faixa de Gaza e essa é uma forma de autoritarismo sobre essa população.
A intolerância é inimiga do convívio, renega o contato, a troca de informações para o desenvolvimento humano e é absolutamente isolante: separa da realidade aqueles que a exercem! E assim como nos tempos do obscurantismo, prejudicam o meio e atrasam a evolução da vida. (*A.A)
Monday, October 04, 2010
A velha etiqueta no novo mundo
Vamos ser práticos: etiqueta é bom ou ruim? Afinal as boas maneiras e o relacionamento social nunca saem de moda...Talvez estejam por baixo, é verdade...mas regras ainda valem, não é?
Talvez não. Para a maioria dos jovens, falar em etiqueta é coisa do século passado. Adolescentes adoram desafiar os costumes (...O que são costumes hoje?) e desafiar tradições...sem bem que achar alguma tradição atualmente também é complicado. A cultura de massa nivelou as pessoas e democratizou hábitos, vestimentas e comportamentos.
Isso não é ruim. Mas a ausência do interesse em conhecer regras básicas de comportamento profissional ou social extrapolou a descontração e atingiu em cheio a consideração pelo semelhante. Passa a ser não uma questão de ditadura de costumes, mas de respeito a leis e a cidadania!
Digamos que não é vergonha desconhecer os talheres de peixe, mas prestar atenção ao mundo ao seu redor é importante. Assentos dianteiros de veículos coletivos são destinados a pessoas idosas. Quantas vezes um marmanjo ainda imberbe ou até barbudo, esparrama-se pelo banco, deixando de pé uma senhora de 80 anos?...Ou o que dizer de alguém que tosse na mesa da refeição sem se preocupar com a carga de sua tossida? E aqueles que espirram na cara do interlocutor?
Não, não é exagero. Podemos mudar o nome, mas não rejeitar todas as regras do que chamamos etiqueta. Associada injustamente a uma atitude anti-natural e afetada, a arte das boas maneiras acabou soterrada em algum espaço deste novo século, sofrendo avarias desde a revolução cultural das ultimas décadas do século XX. No entanto saber os limites da ação individual no meio coletivo não sai de moda: é regra básica da cidadania mesmo na ficção futurista!
Digamos que refeições à moda francesa podem ser inoperantes diante dos fast-foods de hoje. No entanto saber que as mãos devem estar limpas e o alimento deve ser bem mastigado...é regra atemporal...
Algumas regras básicas da velha etiqueta "moderna", de meados do século XX podem ser atualizadas de maneira a agradar "gregos"e "troianos", enquadrando-se perfeitamente na nossa cultura global de hoje. Mais do que simples convenção, o comportamento hoje é questão de sobrevivência!
Um exemplo: a etiqueta tradicional defendia o seguinte: "Sua casa é seu campo de experiências sociais: seja cortês com todos que residem nela" . Isso não tem como sair de moda. Sem consideração pelo outro, não há convivência possível! A gentileza deve começar dentro de sua casa! Não se transformar em um campo de batalha e desgaste, como vemos atualmente!
Outro: "as pessoas mais novas devem ser apresentadas as mais velhas e as solteiras às casadas"...esse tipo de convenção é absolutamente dispensável. No entanto cumprimentar as pessoas de maneira gentil e não atropelar pedestres na calçada é algo que, definitivamente, não sai de moda e deve ser rigorosamente observado.
Vamos a algumas atitudes que diferenciam hoje as pessoas e as colocam em um patamar respeitável:
RESPEITAR O MEIO AMBIENTE - Não jogar lixo nas ruas, nas praias e jardins, recolher o cocô do cachorro em via pública a (quando passear com o cachorro, leve uma pazinha e saco de lixo), não desperdiçar água, cuidar para que o lixo tóxico seja devidamente coletado (pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, oleo de cozinha, etc)
RESPEITAR O SEMELHANTE - lembrar que todos dividem o mesmo espaço é a regra numero 1! Isso inclui respeitar as filas (que são torturantes para todos), observar a lei ( preferência para idosos, por exemplo), atender ou ser atendido com educação ( você tem o direito de reclamar, mas lembra-se de usar argumentos e firmeza e não estupidez) , não abusar do barulho depois de determinado horário ( os vizinhos tem direito de dormir) entre outras coisas (a lista é enorme)
NÃO SENTIR-SE O DONO DE RUAS E ESTRADAS - Essa é crucial: algumas pessoas quando estão na direção de um veículo perdem o senso da realidade. É fundamental lembrar que ruas e estradas são um espaço comunitário e possuem regras que devem ser cumpridas para evitar o caos. É o caso das filas! Todos tem pressa! Portanto se você não conseguir parar na faixa e respeitar os pedestres, evitar velocidade excessiva e ficar costurando e bordando nas rodovias, você é sujeito marginal e não um alguém que respeita o meio!
RESPEITAR ANIMAIS E PLANTAS - Quem diria, não é, mas até as plantas devem ser tratadas com respeito, já que são fonte de sobrevivência. Os animais são organismos com necessidades e sensações semelhantes aos humanos, Assim quando você bate em um animal, o erro é tão grande quanto o de torturar um ser humano! Por uma questão de dignidade, essa regra é inviolável: trate com respeito a natureza. Isso está na moda porque a ciência descobriu que somos todos interdependentes e para sobreviver dependemos do equilibrio natural.
Talvez não. Para a maioria dos jovens, falar em etiqueta é coisa do século passado. Adolescentes adoram desafiar os costumes (...O que são costumes hoje?) e desafiar tradições...sem bem que achar alguma tradição atualmente também é complicado. A cultura de massa nivelou as pessoas e democratizou hábitos, vestimentas e comportamentos.
Isso não é ruim. Mas a ausência do interesse em conhecer regras básicas de comportamento profissional ou social extrapolou a descontração e atingiu em cheio a consideração pelo semelhante. Passa a ser não uma questão de ditadura de costumes, mas de respeito a leis e a cidadania!
Digamos que não é vergonha desconhecer os talheres de peixe, mas prestar atenção ao mundo ao seu redor é importante. Assentos dianteiros de veículos coletivos são destinados a pessoas idosas. Quantas vezes um marmanjo ainda imberbe ou até barbudo, esparrama-se pelo banco, deixando de pé uma senhora de 80 anos?...Ou o que dizer de alguém que tosse na mesa da refeição sem se preocupar com a carga de sua tossida? E aqueles que espirram na cara do interlocutor?
Não, não é exagero. Podemos mudar o nome, mas não rejeitar todas as regras do que chamamos etiqueta. Associada injustamente a uma atitude anti-natural e afetada, a arte das boas maneiras acabou soterrada em algum espaço deste novo século, sofrendo avarias desde a revolução cultural das ultimas décadas do século XX. No entanto saber os limites da ação individual no meio coletivo não sai de moda: é regra básica da cidadania mesmo na ficção futurista!
Regras de comportamento são uma questão de sobrevivência... |
Digamos que refeições à moda francesa podem ser inoperantes diante dos fast-foods de hoje. No entanto saber que as mãos devem estar limpas e o alimento deve ser bem mastigado...é regra atemporal...
Algumas regras básicas da velha etiqueta "moderna", de meados do século XX podem ser atualizadas de maneira a agradar "gregos"e "troianos", enquadrando-se perfeitamente na nossa cultura global de hoje. Mais do que simples convenção, o comportamento hoje é questão de sobrevivência!
Um exemplo: a etiqueta tradicional defendia o seguinte: "Sua casa é seu campo de experiências sociais: seja cortês com todos que residem nela" . Isso não tem como sair de moda. Sem consideração pelo outro, não há convivência possível! A gentileza deve começar dentro de sua casa! Não se transformar em um campo de batalha e desgaste, como vemos atualmente!
Outro: "as pessoas mais novas devem ser apresentadas as mais velhas e as solteiras às casadas"...esse tipo de convenção é absolutamente dispensável. No entanto cumprimentar as pessoas de maneira gentil e não atropelar pedestres na calçada é algo que, definitivamente, não sai de moda e deve ser rigorosamente observado.
Vamos a algumas atitudes que diferenciam hoje as pessoas e as colocam em um patamar respeitável:
RESPEITAR O MEIO AMBIENTE - Não jogar lixo nas ruas, nas praias e jardins, recolher o cocô do cachorro em via pública a (quando passear com o cachorro, leve uma pazinha e saco de lixo), não desperdiçar água, cuidar para que o lixo tóxico seja devidamente coletado (pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, oleo de cozinha, etc)
RESPEITAR O SEMELHANTE - lembrar que todos dividem o mesmo espaço é a regra numero 1! Isso inclui respeitar as filas (que são torturantes para todos), observar a lei ( preferência para idosos, por exemplo), atender ou ser atendido com educação ( você tem o direito de reclamar, mas lembra-se de usar argumentos e firmeza e não estupidez) , não abusar do barulho depois de determinado horário ( os vizinhos tem direito de dormir) entre outras coisas (a lista é enorme)
NÃO SENTIR-SE O DONO DE RUAS E ESTRADAS - Essa é crucial: algumas pessoas quando estão na direção de um veículo perdem o senso da realidade. É fundamental lembrar que ruas e estradas são um espaço comunitário e possuem regras que devem ser cumpridas para evitar o caos. É o caso das filas! Todos tem pressa! Portanto se você não conseguir parar na faixa e respeitar os pedestres, evitar velocidade excessiva e ficar costurando e bordando nas rodovias, você é sujeito marginal e não um alguém que respeita o meio!
RESPEITAR ANIMAIS E PLANTAS - Quem diria, não é, mas até as plantas devem ser tratadas com respeito, já que são fonte de sobrevivência. Os animais são organismos com necessidades e sensações semelhantes aos humanos, Assim quando você bate em um animal, o erro é tão grande quanto o de torturar um ser humano! Por uma questão de dignidade, essa regra é inviolável: trate com respeito a natureza. Isso está na moda porque a ciência descobriu que somos todos interdependentes e para sobreviver dependemos do equilibrio natural.
Friday, October 01, 2010
Justiça Primitiva
Um dia o homem descobriu que o atrito podia gerar faíscas e essas faíscas queimar o mato seco. Estava descoberto o fogo, que começou a impulsionar a mente humana para o raciocínio, proporcionando assim maior aproveitamento da inteligência.
Muito bem! E então? O que aconteceu?
Bem, a sociedade humana começou a delinear-se. Descobriu-se que fixar-se em um lugar facilitava o objetivo de sobrevivência diante do novo poder. Através do fogo obtinha-se não apenas calor, mas progresso: o fogo derretia, transformava, protegia! Fogo era poder de sobrevivência!
Pois bem, foi por volta dessa fase que o ser humano, que já possuía regras de convivência ditadas pelo instinto de sobrevivência, começou a "clarear" a mente. É bem provável que a ideia de que as regras devem ser conscientizadas e obedecidas por um grupo que divide o mesmo espaço tenha começado a desenvolver-se lado a lado com o instinto e assim o conceito primitivo de Justiça foi moldado.
Podemos dizer, portanto, que Justiça e seu conceito, de forma racional e não apenas instintiva, são tão antigos quanto a sociedade humana. Mesmo porque sem regras, não haveria sobrevivência, ainda que o cenário fosse uma caverna e a ameaça tigres de dentes de sabre.
No decorrer da história as sociedades humanas foram aprimorando o pensamento e por fim complicando a vida. Por que? Ora, juntamente com a evolução das sociedades e do pensamento, como na fase dourada dos grandes filósofos gregos (filosofia e ética são inseparáveis e, portanto, os conceitos da Justiça que desencadeiam as leis do Direito, derivam de ambas), surgiu a necessidade de "elitizar" o conhecimento.
Precisa explicar? Tudo bem: uma palavrinha só resume tudo: poder político. Esse sempre foi o fator complicador da sociedade humana. Por causa disso e mesmo sem parar para pensar (isso era complicado na época) o homem das cavernas se engalfinhava com outros grupos e no decorrer da história a vida consistia em guerrear, conquistar e submeter.
Poder político, nos tempos primitivos, equivalia à sobrevivência rústica, centrada na própria identidade. Depois, com a fixação na terra e a necessidade de multiplicação, adicionou-se a isso a defesa do espaço e da comunidade.
Mas a mentalidade de domínio coletivo para sobrevivência individual, foi se aguçando no decorrer dos séculos. E quando o homem começou a organizar o pensamento, em uma das sociedades mais interessantes da história, com o florescimento da filosofia, a briga tornou-se mais sofisticada.
Foi quando as pessoas tiveram de enfrentar o antagonismo, a hipocrisia, a distorção das palavras e dos fatos. Veja bem, de um lado os filósofos tentavam explicar, com a maior boa vontade e interesse genuíno, por que as coisas são ou parecem ser; de outro os chamados sofistas ( que de início eram pessoas que andavam pelas cidades da Grécia ministrando aulas "particulares") tentavam ganhar notoriedade contestando e distorcendo as conclusões dos filósofos, ao sabor do poder dominante.
Essa historinha resume muito bem a dificuldade que sempre acompanhou a interpretação da Justiça e a definição das leis - assim como a sua aplicação pelos tribunais.
A tal ponto que existe um consenso terrível entre juristas de diferentes épocas, no nosso mundo civilizado: o nosso sistema judicial não consegue atingir a plenitude da Justiça!
Por esse motivo, você já deve ter ouvido esta frase de algum advogado: "Não é justo, mas é assim que o sistema funciona". Ora, pinhões, o que estamos esperando para tornar nosso sistema judiciário mais eficiente e fazer com que os tribunais cumpram plenamente com seu objetivo de fazer Justiça? ( do livro "A geração de Eva", de Mirna Monteiro)
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