Friday, July 14, 2006

A Vergonha!


Quando o conceito de cidadania é mutilado, acontece a confusão de sentimentos na comunidade. Um dos resultados é a sensação de vergonha por erros que não cometemos, mas com os quais somos coniventes de maneira indireta!
Segundo os estudiosos de psicologia, vergonha tem a ver "com incapacidade de algum tipo". É um estado que estaria diretamente relacionado à auto-estima.
Dessa forma podemos "morrer de vergonha" de certos atos, fatos, circunstâncias das quais ninguém jamais nos culparia. Por exemplo, podemos sentir vergonha quando pessoas que possuem relevância social ou política cometem atos que colocam em xeque toda uma sociedade ou uma nação.
São situações constrangedoras, que apesar de envolverem aparente disputa individual, acabam por atingir toda a sociedade, como no caso dos últimos acontecimentos políticos, onde acusações passaram a ser banais.
Nesse momento, a banalidade das acusações, quando chega à imprensa e, portanto, à opinião mundial, não agride apenas ao indivíduo ou partido ao qual se destina, mas à todo conjunto social. Um exemplo: dizer que um determinado partido político esconde uma facção criminosa é algo muito grave! Coloca em questão toda a estrutura existente e generaliza o comprometimento a uma situação irregular!
A partir do momento que alguém faz uma acusação ou uma alusão a isso, para depois "sair de fininho" e "esquecer" algo de tamanha importância política, social e legal, está sendo absolutamente irresponsável. Ou seja, lança a intriga no ar, e depois se omite.

A sensação de vergonha e de humilhação, neste caso, atinge todas as pessoas que integram a comunidade. A intriga pode ser poderosa e desastrosa. E neste caso, acaba envolvendo todo mundo, ou seja: a partir do momento em que uma declaração dessas foi feita, assume-se publicamente a responsabilidade de acabar com tal desvario.
Caso contrário, vamos sufocar na vergonha! Afinal, o que somos nós e que tipo de convivência responsável podemos manter, aem considerar a dignidade de nossa sociedade?
Se nos envolvemos na hipocrisia ou na mentira, manipulados por meras palavras, somos intensamente humilhados!
Quando nos envergonhamos, o olhar do outro somado ao nosso desprezo por nós mesmos, torna viver o momento insuportável. Todos existem, todos estão ali, mas o envergonhado gostaria de desaparecer para que a falha que o envergonha não seja percebida. A vergonha coletiva é terrível porque cada cidadão tem de encarar os demais paises do mundo como ser individual e, portanto, como se participasse diretamente do objeto da vergonha!
Tem a ver, a vergonha, com uma depreciação fatal, instantânea de nós mesmos. Para isto não há nem condenação, nem perdão. Portanto, não há absolvição.
Muitas situações constrangedoras são regradas por leis e mandamentos cuja função é nos proteger de passar vergonha. Roubar nos torna culpados, ser pilhado roubando nos faz morrer de vergonha – além da culpa.
Vergonha é paralisante, pode impedir nossa participação em certos eventos. A vergonha é inesperada, desconcertante. Todos desejamos uma sociedade justa e equilibrada, da qual possamos nos orgulhar e a figura de nossos políticos, assim como suas ações, é o nosso espelho!
Dizem que narcisismo e vergonha caminham em paralelo. Quanto maior a vaidade maior o medo da vergonha. Será que nossos políticos e nossa imprensa estão perdendo a vaidade? Por que há tanta leviandade nas declarações, a ponto de comprometer a inteligência e honestidade de toda a comunidade?

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