Saturday, July 15, 2006

Filosofia no Apocalipse II


Afinal, reativar o aprendizado e a discussão da Filosofia pode restabelecer o equilíbrio da sociedade humana?

O que está faltando?

Respostas à perguntas que representam a essência humana!

A mentalidade individualista e centrada no capital, que espalhou-se rapidamente após a revolução industrial e a corrida da tecnologia e informação no século XX, não foi "adotada", ou seja, não passou por um processo de consciência e adaptação. Simplesmente foi sendo absorvida e ganhou espaço. Em um único século aconteceram mais mudanças práticas do que em séculos seguidos.

Mas a mudança ficou na superfície.

Qual o motivo da frustação humana?

- Solidão crescente.
- Sensação de vulnerabilidade e de impotência
- Incerteza quanto ao futuro
- Medo e constante ameaça da violência
- Esvaziamento dos valores espirituais
- Descrença e ausência de referência
- Insatisfação pessoal
- Perda da identidade cultural, religiosa e moral

Há problemas de sobra! Se estamos em uma situação tão delicada, é claro que o sistema de saúde acaba soterrado pela demanda.

Insatisfação emocional leva a doenças. É o que se chama de "males da alma". Da mesma forma que a ciência descobre que um chip implantado no cérebro permite que uma pessoa paralisada obtenha resposta de movimento em membros artificiais ou comando em computadores, a depressão e o desânimo desperta mecanismos desconhecidos que levam o próprio cérebro a emitir ordens de desarmonia no organismo.

Então adoecemos!

Cuidar"da cabeça", portanto é a principal ansiedade no momento atual. O problema é que, no desespero de se obter respostas rápidas a essa necessidade, as pessoas acabam se afundando mais, utilizando processos químicos, como anti-depressivos e outras drogas, sem exercitar a mente e treinar "o espírito" para "curar a alma".

O mundo aparenta ser, então, uma grande armadilha para a vida! E o processo de degradação não é contido, pois não foi entendido para ser modificado de forma positiva.

Pensar sobre a vida, discutir suas sensações, ansiedades, medos e angústias, tentar explicar o inexplicável, tudo isso integra o ser humano da era cibernética com a mesma intensidade do homem primitivo.

Não mudamos a nossa essência, embora o cenário tenha se modificado de forma impressionante, mostrando um mundo absolutamente diferente da antiguidade...em sua crosta!

O interior humano é tão frágil e confuso quanto o foi nos tempos da organização do pensamento, durante os primeiros passos na discussão da filosofia.

É bem provável que esta última afirmação seja otimista demais. A nossa fragilidade pode ter aumentado. Quando Sócrates discursava seus pensamentos e, por exemplo, um dos seus discípulos mais conhecidos, como Platão, tentava ordenar o próprio pensamento para expandir o conhecimento que recebia, a sociedade da época era simplificada, as regras de sobrevivência eram muito claras.

Hoje um adolescente não sabe onde está "localizada" a sua capacidade de pensamento. Quer dizer, aprendeu que o mundo é feito de imagens e acontecimentos ágeis, de individualidade (o egocentrismo cresce, como auto-defesa em um meio onde vale tudo e o mais esperto sobrevive) e confusão. Não encontra respostas para suas perguntas, não consegue equilibrar-se sem a base dos valores morais e espirituais, que foram substituídos pela mídia.

Mas intuitivamente ele sabe que o "vale-tudo" não é compatível com família, com comunidade, com sociedade e, portanto, com a sobrevivência humana. Sabe que a diferença entre ele e o computador que manipula, é justamente a capacidade de pensar, criar, transformar, amar, construir, ter fé e sonhar!



QUEM SOU EU?

ONDE ESTOU?

PARA ONDE VOU?


Perguntas que o mundo feito de tecnologia, imagens e pensamentos artificiais não consegue responder. Será que a criança que tiver oportunidade discutir essas respostas não estará fortalecida e terá sua potencialidade emocional, física e intelectual desenvolvida, de maneira a reduzir a enorme distância que se formou entre o mundo onde vivemos e o mundo de que necessitamos para sobreviver?
(Continua)

Participe da discussão!

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