Wednesday, July 21, 2010

ONDE ESTÁ A VERDADE?


Por que

as pessoas

mentem

tanto?



Nos velhos tempos dos sofistas, mestres itinerantes do conhecimento politicamente correto, a mentira era utilizada como artifício do poder, ou seja, a verdade era "ligeiramente" deturpada ao sabor das intenções sofistas. Por isso essa palavra ganhou uma conotação perjorativa.
Passados uns 3 mil anos, a mentira parece permanecer inevitável no exercício do poder, seja ele político, econômico, familiar ou social.

E ainda funciona! Velho como a humanidade, pois certamente esse artifício já nasceu com o homem, que para sobreviver precisava enganar seus predadores.
Mas mesmo sendo tão conhecida, é possível reconhecer a mentira? Ou as pessoas disfarçam, aceitando-as como verdade, quando lhes convém, mesmo que reconheçam a sua precariedade?

O problema é que a mentira pode ser extremamente destruidora. Como na política ou nas ciladas criadas pela inveja.Na Filosofia, a mentira é perigosa. É o caso do sofisma.O sofista faz retórica. O filosofo faz dialética.

Na retórica o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas, vão persuadir, convencer, mas sem transmitir conhecimento algum. Já na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo, e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás. O sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal. O filósofo refuta para purificar a alma de sua ignorância

Há quem considere deteminadas verdades destruidoras...Muitos que pedem a franqueza não estão preparados pra poder lidar com a realidade.Há verdades que não precisam ser ditas, assim como há mentiras que são necessárias.













Será que o pensamento livre, crítico, independente poderá prevalecer e a sociedade encontrar e uma forma de convivência baseada na verdade? Admitir a realidade não nos torna mais fortes e preparados para os desafios da vida?

Talvez o problema não seja a franqueza, mas a ausência de isenção ao utilizar a verdade.

Não vamos confundir mentiras com "faz de conta"! Imaginar uma realidade e conduzi-la ao sabor das próprias expectativas, como fazem as crianças nas brincadeiras, faz bem. Tanto é que a criança começa a entrar em choque com a realidade quando ela percebe que o faz-de-conta é muito diferente das mentiras que os adultos começam, logo cedo, a ensinar!

E o pior é que usando de hipocrisia e mentiras, os adultos pretendem que a criança seja absolutamente sincera! Crianças são inexperientes, mas são extremamente sensíveis à toda atitude contrária à natureza.

Da mesma maneira, o faz-de-conta dos adultos, através da ficção, é extremamente salutar. Aliás, é uma mola que impulsiona o mundo! A imaginação humana é premonitória e rica em estímulos para o futuro. Que o diga os grandes escritores de ficção, como Julio Verne!

O mundo seria enfadonho e estático sem a mentira? Os próprios deuses do Olimpo adoravam intrigas e se divertiam com isso. Eu já considero que há um ligeiro engano de interpretação: não é a mentira, mas a falta de imaginação que tornaria o mundo chato.

A mentira é perigosa!

Enfrentar a verdade é a única chance de sobrevivência individual, familiar, comunitária, ou da própria humanidade

Não é possivel concordar com a idéia de que podemos conviver com a hipocrisia e mentirinhas. O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos. Há necessidade de confiar nas coisas e nas pessoas


Por isso, neste terceiro milênio, a sociedade entra em choque constatando uma terrível realidade: a mentira está terminantemente contida nos meios de comunicação e expressão, seja eles quais forem. Tornaram-se instrumentos com alto poder de persuasão e de confusão também!

Mas há o contrapeso: é suficientemente capaz de arrancar a esperança de que o pensamento livre, crítico, independente ainda haverá de prevalecer? Que uma forma de convivência mais baseada na verdade possa vir a ocorrer ?

Cresce em nossa sociedade a exigência da verdade, clara e límpida. É o desejo e a necessidade da busca da verdade. Há um sentimento generalizado e crescente de que os valores éticos devem retornar, sob pena de convulsão social.

Em tempos onde o acesso à destruição é quase prosaico, não se pode fingir que mentiras são inofensivas. Seria utópico imaginar uma sociedade, deformada como a nossa sociedade humana, com a herança que possuímos, feita de seres absolutamente honestos e isentos. Mas sabemos que as pessoas são diferentes e é essa diferença que permite equilibrar o mundo. Há pessoas com valores definidos, as tais do "fio de barba", assim como há aquelas que vivem para a malicia, mentira e hipocrisia.


Tão certo como o anseio
do ser humano pela Verdade.
Como sofremos pela falta dela! (Mirna Monteiro)

Monday, July 19, 2010

O HABITO DA VIOLÊNCIA



Nos tempos primitivos a preservação da vida passava pela violência. A selvageria humana foi de certa maneira justificada em fases de grande dificuldade de sobrevivência.
Em tempos mais modernos Jean-Jacques Rousseau, que merecia o titulo de fundador da etnologia, afirmava que o estado natural do homem é selvagem. E se assim fosse, seria fundamental que houvesse consciência da necessidade da civilidade.
Rousseau, um pensador e pesquisador que pertencia a uma época absolutamente primitiva em termos de tecnologia, pelos idos do século XVIII, já dizia que a sobrevivência humana dependia da sociedade civil. Um pacto com toda a comunidade, o que permitia vantagens para a preservação da vida, da liberdade, da preservação da propriedade, da igualdade, enfim, dos bens e da segurança.
Se ele viajasse no tempo, ficaria surpreendido ao chegar neste terceiro milênio e verificar que o ser humano não mudou nada! Sem dúvida ficaria satisfeito com a precisão de suas observações a respeito da selvageria humana.

Tenta-se há séculos definir regras claras para conscientizar o homem e criar um ambiente de coexistência pacífica e produtiva. Como isso tudo fica dependente do respeito às leis as quais todos devem submeter-se igualmente e a convivência entre os homens está atrelada à responsabilidades mútuas óbvias, parecemos um caranguejo na areia quente.
Agora a intenção é dar um basta à violência a partir de sua raiz! Como? Proibindo que a educação utilize qualquer ato agressivo contra as crianças.



Aí, nesse ponto, costuma-se ouvir uma exclamação indignada: mas como? Nem uma palmada?
Vamos considerar o seguinte: vivemos em tempos mais selvagens do que a natureza de Rousseau poderia imaginar. A selvageria humana não tem espaço em um mundo tecnológico e sem valores. Qualquer animal dos velhos tempos protegia a sua cria para garantir a sobrevivência, mas chegamos ao ponto em que uma genitora coloca seu bebê recém-nascido em um saco e o joga no lixo!
Chocante!
Isso nos leva a pensar como é possível uma sociedade que briga pela vida das baleias e golfinhos e percebe que a natureza é de uma preciosidade inimaginável, abrigar elementos que jogam criancinhas no lixo! Ou as espancam a ponto de matá-las ou aleija-las, ou criando graves problemas psicológicos que afetarão a sua conduta quando adulto!
Logicamente uma palmada não causa necessariamente estragos físicos em uma criança de bom porte. Mas como o ser humano interpreta a vida ao sabor de seus desvios e exageros, o chamado "corretivo" transforma-se em tortura corporal e mental, que causa danos irreparáveis e vai influenciar a vítima ao longo de sua vida adulta.


Por incrível que pareça há pessoas que acreditam que os filhos são sua propriedade. Mas uma criança não é um bem de consumo e não tem dono. Todo ser possui a liberdade individual inata, natural, ainda que o ser humano seja absolutamente dependente de cuidados em sua fase inicial de vida, muito mais do que qualquer outra espécie.
O que a sociedade precisa entender é que ao gerar um filho o casal não "ganha um bem", mas assume uma grande responsabilidade!
A responsabilidade legal e moral de criar e proteger aquele ser, que deverá ser liberado quando for autossuficiente. Quanto maior o cuidado com suas necessidades, melhor ele responderá ao convívio com a família ao longo de sua vida. E melhores condições de enfrentar o meio terá!
É possível educar um filho sem o castigo físico? Obviamente que sim!
Há uma enorme diferença entre educar com firmeza e responsabilidade e ignorar os problemas para tentar corrigi-los depois com uso da violência ou da imposição do medo. Se a criança não responde a uma orientação e à atitude firme dos pais algo está errado! Esse "algo errado" pode estar nos próprios pais.

O ser humano, em sua origem, sempre buscou resolver seus conflitos de interesses através da violência e da superioridade sobre o outro. A superioridade da força muscular, da capacidade inventiva de armas e a superioridade intelectual. Os adultos tem esse grupo de poder sobre a criança. Nada mais justo que não utilize a força física para agredir um ser indefeso.
A agressão não passa de uma maneira de se livrar de um problema sem precisar resolve-lo. A violência gera medo, não educa em absoluto. O que educa é a atenção, a firmeza do caráter dos pais, o interesse pela criança e a afetividade amplamente demonstrada, a disposição de conversar e interagir.

Uma criança que sente segurança e confia nos pais será sempre uma pessoa acessível a educação e fases de maior carga emocional e mudanças são mais facilmente superadas.
Abusos contra crianças devem ser sempre denunciados.
O que é que os outros tem a ver com a educação de nossos filhos?
Tudo!
Como se sabe, pais não são "donos" de seu filhos, mas responsáveis por eles. E por tudo que eles representarão no futuro em sua participação no meio comunitário!
De que maneira isso poderá repercutir no futuro?
Se conseguirmos evitar a violência contra a criança, conseguiremos reduzir drasticamente a violência no meio social, obtendo talvez mais sucesso no controle da "selvageria" que habita o ser humano.(Mirna Monteiro)


Thursday, June 24, 2010

Salve, salve, disco voador...




Os discos voadores também tem seu dia: exatamente neste 24 de junho! Sim, Dia Mundial do Disco Voador!

Apesar de soar estranho, ele consta no calendário anual e a explicação é a data (24 de junho de 1947) do que se considera o primeiro caso oficial de aparição de OVNIs ou Objetos Voadores Não-Identificados do século 20, quando o piloto norte-americado Keneth Arnold convocou a imprensa para relatar com assombro a presença de nove objetos coloridos voando em alta velocidade nas proximidades de seu avião.

Bem, dia do disco voador soa estranho...mas o ano tem comemoração em todos os dias e algumas são surpreendentes. Por exemplo, o Dia Nacional do Fusca, comemorado em 20 de janeiro!Logo depois, no dia 30 é comemorado o Dia da Saudade...
Muitas vezes a comemoração é um mistério para a maioria da população. Todo mundo sabe o que é disco voador, mas você sabe que 5 de fevereiro é o Dia do Dactiloscopista?

Não é extraterrestre, é o profissional que trabalha com a identificação de pessoas e cadáveres, coleta impressões digitais, essas coisas. O dactiloscopista deve preservar o local do crime e colher provas, é um perito em impressões digitais; mas pode ser também o responsável pela expedição de carteiras de identidade.



Pois é, no calendário anual, tudo e todos tem o seu dia...ou quase. Temos o dia do jovem, do velho, da criança, da mulher, do pai, da mãe, dos avós, da sogra...tem até o dia internacional do café, da voz,do silêncio!


O Dia do Sol é 3 de maio. O Dia do Tintureiro e o Dia do Padre são próximos, 3 e 4 de agosto. Ninguém explica porque o Dia Mundial dos Canhotos é 13 de agosto, comemorado junto com o Dia do Azar, Dia dos Encarcerados e, pasmem, Dia do Economista!

Temos o Dia do Macarrão (25 de outubro) e o Dia da Banana (22 de setembro)!

Pois é, em meio a tudo isso, parece natural que haja um dia para comemorar discos voadores, como não? Mesmo que apenas alguns pouco privilegiados, entre bilhões de moradores do planeta terra tenham avistado Ovnis. De uma maneira indireta, o dia de hoje comemora os ufólogos, que pesquisam arduamente a aparição de extra-terrestre e suas intenções nessas visitações misteriosas e discretas!

Mesmo porque até Stephen Hawking, premiado cientista inglês de Cambridge e da Royal Society de Londres admite a possibilidade de encontrarmos vida extraterrestre inteligente nos próximos anos. Parece racional essa possibilidade, ainda que a forma de vida não seja exatamente como imaginamos.

Claro que as dúvidas são torturantes. Se existem seres com essa tecnologia, o que eles pretendem passeando por aqui incógnitamente e gerando histórias de arrepiar, como a primeira adaptação para o cinema de Guerra dos Mundos, em 1953, que acabou provocando pânico real na população americana quando Orson Welles transmitiu na rádio a invasão alienígena com tamanha convicção que parecia real?

É, a possibilidade de vida extraterrestre instiga a imaginação humana, estimula a ficção criativa e promove a ufologia, um campo de pesquisa que até alguns anos atrás era negado como ciência, mas que hoje presta importante contribuição para a definição de visões de objetos estranhos ou alterações no meio ambiente.

E deixa no ar uma dúvida: como é que vai ser isso? Será que a ficção funcionará como uma espécie de premonição terráquea de seres que pretendem invadir a Terra porque a tecnologia ou algum acidente cósmico ameaça seu planeta de origem? Ou existe uma confusão temporal e os ovnis são apenas flash do próprio futuro humano? Ou quem sabe sejam realmente de outro sistema solar e estão esperando uma oportunidade de ser convidados para um cafézinho?

Bem...dizem que a ficção é sempre uma realidade próxima. Que os escritores encarnam pitonisas de mente fertil...algo assim como o submarino e o escafrando de Júlio Verne! Ou seu romance "Da Terra à Lua", de 1865?





Em todo caso, em homenagem aos ufólogos e a essa possibilidade futura, bom Dia do Disco Voador! (Mirna Monteiro)



Thursday, May 20, 2010

A ARTE COBIÇADA

Todos se surpreenderam com a notícia de que cinco quadros, avaliados em 500 milhões de euros, desapareceram na noite da última quarta-feira do Museu de Arte Moderna de Paris.

Foi uma espécie de "coleta" preciosa:desapareceram a obra "Le Pigeon aux Petits Pois", do espanhol Pablo Picasso, "La Pastorale", de Henri Matisse,"L’Olivier de l’Estaque", de Georges Braque, "La Femme à l’Éventail", de Amédéo Modigliani, e "Nature Morte aux Chandeliers", de Fernand Léger.



"Le Pigeon aux Petits Pois", do espanhol Pablo Picasso



"La Pastorale", de Henri Matisse



"L’Olivier de l’Estaque", de Georges Braque



"La Femme à l’Éventail", de Amédéo Modigliani




"Nature Morte aux Chandeliers", de Fernand Léger.


Muitas vezes imaginamos que uma arte tão diferenciada, rara e cara, como a desses pintores, têm um mercado difícil. O que não corresponde ä verdade:entre a Interpol e o FBI existe quem arrisque afirmar que o tráfico de arte é um dos maiores do mundo, ficando logo atrás das drogas, jóias e humanos...

As mesmas fontes concluem que aquela imagem romanceada do milionário sedento por arte e que paga caro preciosidades no mercado negro não se destaca mais. Também outra idéia comum, incentivada pela ficção, de planejamentos sofisticadíssimos de grupo de ladrões incrivelmente bem equipados, também fica comprometida.

Em dezembro de 2007, o Museu de Arte de São Paulo (MASP) perdeu, em menos de três minutos, duas importantes obras, um Picasso avaliado em US$ 50 milhões e um Portinari avaliado em US$ 5,5 milhões).

Os ladrões usaram macaco hidráulico, pé-de-cabra e marreta...

Não foi o primeiro roubo de arte que surpreende pela facilidade. O recém-ocorrido no Museu de Arte de Paris também. Costuma acontecer e os ladrões as vezes são muito irônicos com a segurança de museus. Conta-se que quando furtaram "O Grito", de Munch, deixaram um bilhete no Museu de Oslo: Öbrigada pela falta de segurança"...

Há muitos roubos famosos. Em Paris, em 1911, a Mona Lisa desapareceu, cotada então em US$ 100 milhões. Dois anos depois foi encontrada, quando o ladrão, funcionário do museu, tentava vende-la a um comerciante de arte em Florença.

Esse é um grande problema, que desestimula ladrões eventuais. Comercializar obras-primas milionárias furtadas de museu é bastante complicado. Mas outros interesses, como pedidos de resgate, acompanham grandes roubos.

Muitas vezes as obras porém desaparecem. Ninguém é preso, como ocorreu em 1990, em Boston, quando três homens vestidos de policiais burlaram a vigilância doi Museu Isabella Stewart de manhãzinha, levando um Rembrandt, Storm on the Sea of Galilee, The Concert de Vermeer, Chez Tortoni de Manet e outros trabalhos. As telas valiam US$ 300 milhões!

Sunday, May 09, 2010

MÃE E O TERCEIRO MILÊNIO




As mulheres mudaram, obviamente as mães mudaram também. E com isso toda a sociedade, já que é o principal papel da mulher era o de orientadora de grande influência sobre a prole.

Era ou é? Sinceramente acredito que ainda seja assim...em parte. Não é possível concordar com quem diz que os filhos "se viram"e que criancas e adolescentes principalmente não precisam dos olhos atentos e da paparicacão da força materna.

Mas a sociedade muda e a opinião a respeito da maternidade e paternidade também. O problema é que não está acontecendo uma divisão equilibrada entre pai, mãe e tempo para os filhos. Quanto menos tempo a mulher tem para os filhos, mais eles crescem influenciados pela filosofia do colégio, das ruas e do mundo virtual.

Precisamos avaliar se a sociedade ganha ou perde com isso? Obviamente não, pois basta observar que conforme a mulher ganhou autonomia e auto-suficiência e maior é sua ausência na educacão dos filhos, mais problemáticas se tornam as pessoas.

Nos séculos passados a mulher era formalmente educada para educar e manter a família em equilíbrio. Questão de sobrevivência.

"Uma boa dona de casa sabe que a casa é o coracão da família (...)todos os dias pela manhã abra as janelas, deixe o ar circular e o sol entrar (...) O ambiente deve ser mantido limpo para a saude de todos..."

Receita de um livro editado em 1938. Quem diria que hoje a maioria das mães sequer pode abrir janelas sem correr o risco de invadir a casa com monóxido de carbono, poeira e ácaros?




"As roupas das camas devem ser trocadas com regularidade, sempre frescas (...)a limpeza da casa deve ser primorosa e uma boa solucão para desinfetar o assoalho é uma solucão de vinagre e borax (...)

Hoje? Na correria do dia a dia, litros e litros de desinfetantes são jogados sobre pisos e privadas, quase sufocando a familia com perfumes artificiais que espremem os brônquios. A sujeira em geral fica eternamente mascarada! Lencóis frescos? Em geral ededrons empoeirados, de preferência coloridos para evitar que a sujeira apareca...

(...)Criancas precisam de cuidados especiais (...) bebês devem receber o leite materno até os dois anos de idade, com a adicão de purê de frutas frescas e creme de legumes a partir de um ano (...)

Um bom conselho, mas 60 anos depois esse livro seria queimado pela indústria dos potinhos de papa de bebê e do leite cheio de aditivos vitaminados, que juntamente com racões esquisitas e cheias de gordura saturada compõe a alimentacão das criancas.

(...)criancas precisam de ar puro e muito movimento, para desenvolverem-se bem. Estimule brincadeiras ao ar livre pela manhã (...) Estimule a leitura, contando histórias, principalmente na hora de dormir (...) O melhor horario para a petizada ir para a cama é de duas a três horas após o por-do-sol (...) o momento deve ser especial, tranquilo, com luz indireta (...) leia uma história calmamente para seus filhos (...)

Ah! Hoje? Quando criancas passam o dia na frente da televisão e da internet, atividade ao ar livre? Que piada! Dormir entre 20 horas e 21 horas? Só se forem os pais, porque as criancas ficam navegando na net até de madrugada, fingindo que são adultos.

(...)Uma boa mãe mantém a familia unida e organizada, com as refeicões em horários regulares, sempre feitas com alimentos frescos e saborosos (...) em um ambiente de respeito e carinho as criancas são mais saudáveis e menos propensas a doencas (...)

Bem, é uma pena que isso tenha sido perdido, porque a crianca, hoje, vive em hospitais e consultórios médicos, ingerindo drogas que na maioria das vezes poderiam ser evitadas com alguns cuidados básicos de higiene e alimentacão...e atencão!

A conclusão é de que quem escreveu esse livro era extremamente sábio e saudável em 1938. Sorte de seus filhos. As mães de hoje nunca imaginariam uma coisa dessas! Em geral, quando amamentam o bebê, amamentam por no máximo 6 meses e a maioria desconhece o que seja comida fresca.



Fazer o que? É preciso trabalhar, para pagar a escola caríssima que vai educar, alimentar e criar a personalidade de seu bebê! Ser mãe hoje não é sofrer no paraiso, porque o paraiso fica sob cuidados de terceiros, que podem ou não ser a representacão do bem ou do mal!

Se bem que a valorizacão da vida caiu tanto de cotacão neste novo século que há mães supreendendo pelo desdém aos filhos. Pior, cometendo atos marginais e violentos e chegando mesmo a ferir a própria prole. Sinal do apocalipse, porque a mãe sempre foi o único colo de absoluta confianca para o ser humano! Aquele que gerou, amamentou, cuidou, amou e protegeu.





Se isso está mudando...quem poderá proteger a humanidade?

Ironias de lado, a verdade é que ser mãe, hoje, é diferente, sem dúvida! Mas a necessidade de tudo aquilo que a mãe sempre representou para os filhos, continua a mesma coisa.
Talvez a saída seja ampliar esse papel, dividindo sua enorme importância entre pai e mãe. É importante que o homem assuma responsabilidades que antes eram inerentes apenas à mulher, participando com  maior intensidade da vida dos filhos. Se assim for e essas deficiências que encontramos hoje em uma sociedade em mutação forem divididas responsavelmente entre pai e mãe, tudo poderá ser melhor do que outras fases da história humana.  Amor de mãe,. amor de paí, filhos mais felizes, sociedade mais evoluída!

Thursday, May 06, 2010

ETERNA JUVENTUDE

Ouve-se mais comentários a respeito do envelhecer, do que do viver...É tamanha a preocupacão, que chega-se a uma conclusão: o ser humano, racional, está se rebelando demais contra a ordem natural das coisas!
Em "O retrato de Dorin Gray", Oscar Wilde tenta sintetizar a preocupacão humana diante do envelhecimento do corpo, barganhando com uma tela que retrata o jovem Gray o desgaste causado pelo tempo. O quadro com sua pintura passa a "assumir" seu envelhecimento, enquanto Dorin Gray permanece lépido e faceiro, eternamente jovem, como sempre sonham os homens!
Claro que no final das contas não dá certo e Gray é obrigado a encarar o seu retrato nos tons aguados da velhice extremamente avancada e consequentemente a morte. Pois o medo da velhice está intrinsecamente ligado ao medo da morte.
Temos o complexo de "Dorian Grey"! Wilde na sua época utilizou retrato, hoje utiliza-se o bisturi. Entre outras coisas, como botox, preenchimentos, cremes mágicos, fios de ouro ou de plástico, enfim, uma infinidade de recursos que pretendem manter a aparência mais jovem.


E por dentro? Calma, existem recursos ortomoleculares! E no futuro a genética deverá criar outras maravilhas, a ponto de retardar o envelhecimento do organismo e permitir uma longevidade ainda desconhecida.
Ah, se Wilde soubesse que chegaríamos a este ponto!...Cleópatra, com seus banhos de leite, ficaria assombrada! Até a louca Condessa Elizabeth Bathory, que assassinou, bebeu e banhou-se no sangue de garotas para manter sua juventude e beleza, iria lamentar ter nascido no século XVII e não no terceiro milênio, em séculos que desafiam o universo!

Mas será que resolve mesmo? Por várias vezes a cantora Madonna, linda aos 50 anos, foi duramente criticada por manter uma performance nos palcos jovem e sensual.
Aliás todas as mulheres que se conservam maravilhosas após os 40, 50, 60 e até 70 anos (veja a Rachel Welch, que vai completar 70 em novembro) são criticadas. Parece um beco sem saida: se a pessoa não se cuida, é velha e deve ser "encostada"; caso se cuide e mantenha a saúde e a aparência de juventude, é "ridícula"...
Isso quer dizer que existe mesmo um "complô" contra aqueles que vão envelhecendo, na disputa pelo mercado de trabalho, no argumento de que tudo deve ser renovado. Os jovens sentem-se em desvantagem, pois a maturidade e a experiência podem fazer milagres que a forca da juventude, sua ansiedade e prepotência não conseguem!
Agora a situacão, pelo jeito, será invertida...a maioria da populacão mundial está amadurecendo! Ou seja, nas próximas décadas teremos 80% da populacão mundial acima dos 60 anos! E então? É bem provavel que a ciência já tenha, a esta altura, concluido pesquisas que permitirão a renovacão do organismo e a longevidade de mais de uma centena de anos não seja absolutamente rara.
O mundo será, então, fundamentalmente integrado por pessoas maduras!
O drama da humanidade, que sempre foi não envelher, pode finalmente estar bem próximo de deixar de ser dramático! Pois se a morte pode ser prorrogada, o tempo não é mais um inimigo iminente...apesar de sua relatividade...Pois se cem anos hoje é pouco, 300 anos que parecem muito agora, vão se tornar curtos demais também!
O que vai levar o homem a desejar a vida prorrogada indefinidamente. Tempo e velhice serão pormenores. O negócio será viver cada vez mais. E como o ser humano nunca está satisfeito (e tempo sempre será relativo)por mais que prolongue a sua vida ele vai chegar a desejar o impossível nesta cadeia natural de reciclagem orgânica: viver para sempre!
Nesse ponto voltamos para trás, para o amadurecimento, o envelhecimento e a morte, nesta primeira década do terceiro milênio. Por que resistimos tanto em aceitar o ciclo natural da vida? Nos tempos primitivos, a velhice era rara, pois todos morriam jovens, nas guerras e doencas. Hoje é farta, repleta de opcões.
Não vamos também fazer apologia a velhice! Pois corre-se o risco de receber respostas atravessadas.
- Nossa, mas você está tão bem com 80 anos! Reclamar do que?
-Do que? Escuta aqui, quem sabe disso é minha escoliose, minha artrite e minhas pontes de safena!

...É, envelhecer é sempre difícil, pois a natureza não barganha retratos, bisturis e botox. O corpo muda, mesmo quando as pessoas envelhecem de forma saudável, porque as mudancas não acontecem na maturidade apenas, mas a vida toda: somos um organismo em constante mutacão, desde a formacão da vida no útero!
Mudancas são mudancas e quando acontecem em sintonia com a natureza, não podem ser ruins.
Talvez ao invés de tentar mudar a natureza devessemos aprender a escuta-la, observa-la e aprender com seu ritmo.
Talvez aí esteja o segredo da juventude eterna. (Mirna Monteiro)

Thursday, April 08, 2010

PECADOS

Pecado tem uma conotacão bíblica.Para muita gente significa mera repressão. O que não parece corresponder a verdade, já que a palavra pecado tem uma conotacão ética, ainda que possa ser distorcida e abusada em sua interpretacão...

Nossas leis são baseadas na ética e moral e são fundamentais para que haja convivência comunitaria, mas também comercial. Em resumo, regras existem para permitir a sobrevivência comum e evitar o caos!






Mas a questão é a seguinte: pecados podem ser dimensionados em sua gravidade? Digamos que, se Sócrates estava certo, e parece ser dele a definicão mais imparcial, e o pecado é o oposto da virtude, enquanto que a maior virtude é a sabedoria, o pecado poderia ter gravidade variada, de acordo com a dimensão de seu dano, ou da ignorância do seu ato!

O que reduziria também, em uma ou outra circunstâncias, a virtude de quem imagina ser imune ao pecado...




No dia a dia alguns detalhes de acontecimentos corriqueiros - tão rotineiros que se não prestarmos atencão não os perceberemos- levam a um choque de interesses e, consequentemente, a um estado interessante da sabedoria versus pecado, ou da felicidade versus ignorância.

Exemplo? digamos que uma mulher esteja vendendo filmes pirateados, meio camuflada entre a multidão. Discretamente ela aborda uma ou outra pessoa. Bem discretamente, pois seu ato é ilícito, certo?

Bastante tentador o preco baixo. Um casal abordado hesita. "Estou louco para ver este filme aqui", diz o rapaz, já retirando o dinheiro do bolso. A namorada balanca a cabeca :"Pirata, amor, deve ser cheio de defeitos!"... os três discutem a questão da legalidade daquele negócio.

Três visões diferentes de um mesmo problema: o rapaz, louco pelo filme a preco de banana; a namorada, hesitante e preocupada com a legalidade do negócio que dificulta a troca por defeitos eventuais no produto; a vendedora, que havia saido de casa as cinco horas da manhã e enfrentava a oitava hora de jejum, sem café ou almoco, garantindo que não havia motivo para preocupacão.

Três pecados diferentes. Ninguém aqui parece virtuoso! Quem está cometendo o pecado maior?

Do ponto de vista legal o maior "pecador" ou infrator nem esta ai: seria o autor das copias piratas, embora isso nao suavize a acao de outros envolvidos!

Um assassino em série, estuprador e cruel, é preso e pouco tempo depois é encontrado morto em sua cela. A opinião pública se divide: o sujeito foi morto na prisão? Nesse caso ele merecia ou não a pena de morte improvisada? Quem cometeu o maior pecado, o assassino de mulheres ou o assassino do assassino de mulheres, que sobreviveria em um país onde a Justica é relativamente branda com matadores?

Nietzsch abominava a idéia do pecado pois só conseguia entende-lo pelo ângulo doutrinário, através da concepcão religiosa, que o enfurecia. Tanto que ele formalizou a sua interpretacão crítica dos valores morais defendidos pelo cristianismo, refutando o "ideal", mas esquecendo-se que, no final das contas, a amoralidade torna a sociedade incontrolável.

O que, na linha pessimista de Schopenhauer é absolutamente natural. Para ele a vida humana é dominada por egoísmos rivais. A satisfação de um indivíduo necessariamente acarreta o sofrimento do outro.

Defendendo a idéia de que o egoismo é uma postura natural de um ser em relação a outro a interpretacão do pecado se transforma. O ser humano passa a ser um animal sem consciência ou apego a um semelhante desde que isso não seja fundamental no momento para a sua sobrevivência.

Isso responde questões tão diferentes como os exemplos acima. Não é possivel comparar um ato ilegal - que é a compra e venda de produtos piratas - com o ato de assassinar alguém, que seria pela lógica a pior e mais grave acão do homem contra o meio.

No entanto isso não reduz ou diminue a gravidade de cometer uma ilegalidade. Ainda assim nos consolamos criando uma escala pessoal de valores, que tenta se encaixar nas regras que regem o meio. O sujeito que compra o filme pirata acredita que esta ajudando a vendedora que sustenta quatro filhos sozinha e esta argumenta que nao pode morrer de fome ou deixar sua prole a inanicao...o autor da fraude por sua vez deve achar que a infracao e leve embora rentavel e que seu pecado nao agride a sociedade, apenas o grupo envolvido na execucao do filme...

Muitos pontos de vista sao irritantes nestas questoes...pecados tornam-se maleaveis como material emborrachado! Verdade que quem rouba um quilo de feijao merece perdao que aquele que rouba a carteira nao merece! O problema comeca quando o pequeno pecado leva a uma oportunidade de crimes perigosos.

Thursday, April 01, 2010

DIA DA MENTIRA

Mentira não tem dia. Quer dizer, deveria ter e tem justamente hoje, primeiro dia de abril, quando pegadinhas e mentirinhas são completamente perdoáveis e ninguém pode reclamar da cara de tacho deixada por alguma inverdade...

O problema é que está perdendo a graca, tamanha a enxurrada de mentiras com as quais somos obrigados a viver o ano inteiro. Quando ouvimos algo ou alguém sempre nos perguntamos: "Mas será que isso é verdade"?

Tem sido assim. Imagine então neste ano eleitoral, quantas pegadinhas e inverdades serão ditas pelos políticos que disputam o poder?

Uma pena que o Dia da Mentira não tenha mais aquele papel irônico e "sarrista" de tempos passados. Como ocorreu em 1957, quando a BBC publicou uma noticia a respeito de uma safra recorde de espaguete nas propriedades rurais por causa do clima ameno.





Muita gente se divertiu na época, porque poucas pessoas pararam para pensar que macarrão não cresce em árvores...ou cresce?

Verdade que l de abril não se prestava apenas a mentiras, mas principalmente a pegadinhas mesmo. Algumas que arrancavam lágrimas de suas vítimas, principalmente de colegiais. Outras verdadeiramente dramáticas, como a divulgacão de um vencedor de algum prêmio milionário, que fazia o "vencedor" dar saltos de alegria e de fúria depois de perceber que havia sido vitima do Dia da Mentira.

Hoje em dia tem gente recebendo a mesma notícia todos os dias do ano, de prêmios milionários que se transformam em golpes de estelionários ou viram surpresas desagradáveis de virus nos e-mails. Sem contar com lotéricas que esquecem de registrar o jogo...

Bom seria que fosse apenas um dia no ano! Mas pelo visto o único dia que não tem mentiras e pegadinhas é justamente nesta data de hoje! Por isso o dia 1 de abril vai ser oficialmente declarado o Dia da Verdade!

Perdeu a graca!





Perdeu a graca? Mentira! Primeiro de abril para você!

Thursday, March 25, 2010

FAZER JUSTIÇA

Em uma sociedade onde os valores se confundem e os abusos são cada vez mais comuns, a busca da punição de pessoas que cometem crimes torna-se mais complicada.

A justiça é um mecanismo, não é a essência humana. Representa uma necessidade do elemento humano. Quer dizer, necessitamos desse mecanismo para equilibrar o meio e permitir a sobrevivência. O senso de ética e respeito, de direitos e deveres pode ser inerente ao ser humano, mas a sua interpretacão e seu peso e medida vão depender das circunstâncias de sobrevivência.





Se para sobreviver é preciso ordem e limites que determinem o espaco individual de cada ser no meio coletivo, não bastam as regras. Dependemos do peso da punicão para garantir que o indivíduo supere seus impulsos de sobrevivência ou dê vazão a instintos primários, sem considerar o meio. Ou seja, o controle das acões será regido pelas leis da coletividade apenas no caso do indivíduo sentir a sua coesão e a eficiência de sua acão como se fosse imponderável.

O conceito pode ser adequado, mas a prática...Como todo mecanismo humano, há falhas, as vezes leves, as vezes tão grosseiras que tornam o resultado oposto ao próprio ideal de Justiça. Não basta existir a legislacão. A maior falha está na aplicação da lei, porque para isso dependemos do elemento humano.


Em "A República", Platão descreve o ideal de uma sociedade harmônica, pacífica e fraterna, que impede o caos social. Os dirigentes locais são racionais, o egoísmo não existe e as paixões ficam sob controle.Interesses pessoais não estão acima dos interesses coletivos.





Século IV A.C! Platão, discípulo fiel de Sócrates, sabia que a interpretação da sociedade perfeitamente organizada e com um sistema de justiça operante e funcional dependia do aprimoramento do caráter humano. Portanto, era utópico!

Sócrates sabia que o maior entrave para o equilibrio social estava no próprio homem que buscava a sobrevivência pisoteando os próprios recursos que iriam garanti-la. O poder que permitia defesa de agressores também criava vulnerabilidade no meio. A única maneira de conseguir respeito ao semelhante e ao espaco coletivo equilibrado sem o uso das regras e da punicão a quem as violasse seria o aperfeicoamento do caráter humano. O fim da ignorância, a celebracão da sabedoria!...O que pelo andor da escola de filosofia da época, extremamente temida pelos centros de poder, seria realmente uma utopia...

A situacão permanece, camuflada por novos conceitos. A mesma sociedade que cria os mecanismos de Justica para se proteger, alimenta os desajustes criados pelos mecanismos de poder, nos lobbies junto ao congresso, que influenciam a protecão de grupos em detrimento do conjunto social, entre os próprios políticos e entre parte das pessoas que atuam diretamente em setores essenciais.



O resultado é a sensacão de impotência popular. Lado a lado ao conceito vulgar de que é preciso "levar vantagem em tudo" encontramos a realidade de acões que contrariam os princípios de equilibrio social, neutralizando os esforcos para combater a violência e a corrupcão.

Uma sociedade sem egoísmo e igualitária é utópica. No entanto mecanismos que determinem limites para uma convivência pacífica podem ser realidade.







Por toda a história da humanidade, "quebrou-se o galho" com o exercício da justiça e o aprimoramento do Direito em nada mudou o problema essencial.

A lei nem sempre é justa. Um exemplo? O sujeito que rouba um pão porque está com fome - e portanto estaria exercendo o seu instinto primário de sobrevivência- é submetido à pena da lei da mesma maneira que o malandro que rouba um objeto supérfluo.

Há atenuantes e agravantes que pesam na pena de um crime. Mas nesse caso o mecanismo da Justiça deveria funcionar como um relógio, no compasso dos acontecimentos. Como isso não acontece, aqueles que roubaram o pão e outros que cometeram um estelionato ou outras modalidade de roubo(e no nosso sistema atual mesmo quem comete crimes muito mais graves) ficam detidos em uma mesma cela, a espera do julgamento, que poderá levar muito tempo.

Outro exemplo de falha? O próprio princípio do Direito, que diz que ninguém é culpado até prova contrária e portanto não pode dispensar um defensor. Os juristas dizem que qualquer crítica a respeito é devaneio do leigo, pois o direito não poderia ser exercido de outra forma.

No entanto, do ponto de vista de quem sofre a criminalidade ou atos violentos, para que esse aspecto fosse entendido e digerido, haveria necessidade de absoluta funcionalidade. E de que maneira isso seria funcional: que com os direitos preservados de acusação e defesa, Justiça fosse realmente feita.

Mas o mesmo sistema que precisa garantir direito de defesa, não pode garantir um resultado justo! Um assassino que pague um jurista competente pode conseguir liberdade, enquanto que um inocente que não tem recursos financeiros para defesa pode ser condenado por um defensor público menos interessado!

Estamos fadados a manter um sistema judiciário que não funciona direito? Os argumentos que tentam justificar as falhas parecem insuperáveis!

O resultado de um julgamento como o ocorrido com o caso Nardoni alivia a pressão e o medo do cidadão comum que tem consciência da fragilidade da nossa Justica. O fato de políticos corruptos denunciados serem alvo da Justica também alivia a impressão de uma sociedade onde a mentalidade do "vale tudo" deturpou valores e desencadeou uma espécie de caos ético.

No julgamento dos acusados de assassinar a menina Isabella Nardoni, pessoas que se reuniram na frente do Fórum ou acompanhavam os relatos através da imprensa surpreenderam-se com o advogado de defesa do casal, que utilizava argumentos como o de que "não havia provas"! E no entanto esse assassinato reuniu um dos trabalhos mais minuciosos de coleta de provas. Algo ainda inédito no Brasil, com novos recursos que permitiram recriar os acontecimentos.

Um trabalho com coleta de provas submetidas a comprovacão científica de detalhes que forneceram um histórico com mínima margem de erro do que havia ocorrido desde que a família havia estacionado na garagem do prédio, até o momento em que a policia foi chamada, após a menina ser atirada pela janela.

É ético o fato de juristas utilizarem argumentos a respeito dos quais não tem comprovacão a não ser a versão de defesa do cliente, que podem ser falsos ou pouco nobres? Ou seja, defesa e acusacão estariam acima de qualquer conceito ético ou moral? No entanto, se não houver um defensor, o julgamento de uma criminoso não pode acontecer!

Essa é uma pergunta desprezada pelo fato de que seria pueril e utópico, assim como a "República" de Platão. Além disso se não houver um defensor, o julgamento de uma criminoso não pode acontecer!

No entanto sem ética e moral não pode haver justica ou qualquer mecanismo judiciário funcional!

Caso os Nardoni tivessem admitido o crime e demonstrado arrependimento suficiente para convencer o júri, provavelmente seriam condenados com uma sentenca mais leve. Isso aplacaria o desespero popular diante de um crime que representa o medo da sociedade diante de uma violência que se instala dentro da própria familia, último reduto de convivência pacífica e auto-protecão?

A resposta a isso não é tão importante como a urgência de delimitar o que, afinal, é certo e torna a vida mais digna e os demônios sob controle. A única maneira de reduzir essa confusão ética e moral na sociedade é manter uma crescente rigidez em relacão à punicão de quem comete crimes, sejam eles na esfera criminalista, seja na civil.

Não é possivel organizar a sociedade e considerar o sistema judiciário ativo e competente com casos isolados de punicão de assassinos ou a tolerância a "casos menores", como processos por crimes de colarinho branco ou de irresponsabilidade civil. (Mirna Monteiro)

Thursday, March 11, 2010

COTIDIANO

Círculo medicamentoso
A cena se passa em um consultório médico:
- Doutor, não sei o que acontecendo comigo, ando muito esquisito. Imagine que quando vejo pessoas sofrendo ou cenas dos ataques israelenses na Palestina, ou mesmo criancas da Biafra...eu choro!
-Hum...vou receitar um antidepressivo...
-Mas este? Eu tenho problemas de gastrite!
- Sem problemas, vou receitar este aqui também.
- Mas doutor,esse ai ataca meu fígado, que está meio cirrótico...
- Ah, não tem problema, vou acrescentar mais este remedinho aqui...
- Mas...não sei não, é que já tomei esse duas vezes e ele me dá insônia!
- Isso não é problema! O senhor vai tomar duas horas antes de deitar também este outro medicamento aqui! Vai dormir como um anjo..
- Eu tenho de acordar cedo, pegar trânsito pesado e...
-Ah, fique tranquilo, logo que acordar o senhor toma esse aqui...calma que tenho amostra grátis, é uma cortesia!
- Será? Sabe  o que é, já tomei duas vezes e esse tipo de medicacão dispara a minha pressão arterial, me dá uma paura, parece que vou ter um treco!
- Bom, para garantir, vamos fazer outra receitinha para este aqui, que vai ajudar se der enjôo também.
- Mas eu li  na internet que esse aqui deixa a pessoa agitada agitado e...
- Acalme-se, por favor. Ainda não terminei. Esse aqui e mais este aqui, vai ficar tranquilo, tudo azul e lindo!.
- Nossa, mas este aqui não é aquele que todo mundo fala que dá depressão?
- Sim, mas vou lhe receitar um antidepressivo.
-...outro?
- Ah, já lhe receitei o antidepressivo...Hum... certo!  Vamos apenas aumentar a dose...