Tuesday, March 03, 2009

As amazonas

Mulheres guerreiras, dispostas a defender espaços e idéias, não são novidade. Há relatos antiguíssimos que falam sobre o assunto. Mas em geral essas mulheres são colocadas como "dissidentes sociais", que preferiram o isolamento, agrupando-se para evitar qualquer predação.

Bom, é possível entender. Se até bem pouco tempo atrás, no início do século XX, mulher não tinha direito de votar, nem de opinar na política do país (nem de sua cidade ou, via de regra, de seu núcleo familiar) é possível entender sim!
O problema é que os registros dessa "dissidência" não são exatamente imparciais...


Vênus de Willendorf

Nos antigos cultos acreditava-se que a origem era a mulher. Não havia deuses masculinos, mas a "deusa-mãe": a divindade era representada pela mulher. Mesmo nas histórias de nossos indígenas encontramos um a versão dos Uaupés sobre o antigo poder das mulheres, a sua derrubada e a ascenção dos homens, que teria acontecido pela intervenção do "Filho do Sol", o mítico Iuruparí. E foi um golpe baixo: Iurupari aproveitou-se de uma mulher que havia parado para urinar, jogou-a sobre uma pedra e violou-a, roubando seus objetos sagrados.

Quem primeiro narrou o mito das Amazonas foi Heródoto de Halicarnasso, no séc. V a.C. na obra História. Segundo a mitologia grega, as Amazonas eram filhas do deus Ares (deus da guerra, filho de Zeus) e da ninfa Harmonia (ligada ao culto dos deuses de Samotrácia).



E eram fortes e implacáveis segundo a mitologia. Talvez estivessem apenas defendendo o seu espaço, mas sabe como é, as sociedades primitivas eram bem cruéis com a mulher. Mesmo na época dos grandes pensadores, a mulher não tinha permissão para filosofar. Mesmo assim, tivemos, desde sempre, grandes filósofas.

A inteligência e o pensamento eram representados pela deusa Minerva (versão latina da deusa Atena) só que ela não nasce do corpo de sua mãe, mas da cabeça de seu pai, Zeus. Ou seja, era negado que uma mulher pudesse ser inteligente sem que houvesse permissão divina de uma figura preponderante masculina!

Tudo bem! Vai assim que as mulheres que não se enquadravam nos modelos criados pela sociedade sempre foram consideradas abusivas e combatidas. Como exemplo podemos citar
o confronto do oitavo dos "Doze Trabalhos de Hércules".

O desafio era o seguinte: depois do herói lutar contra monstros imbatíveis e aterrorizantes, ele recebeu a ordem de arrebatar o cinto da rainha das amazonas, Hipólita.

Hércules deve ter estranhado. Mas viu que a arrancar um cinto de Hipólita poderia ser mais difícil do que cortar as cabeças da Hidra de Lerna.

No final das contas, Hipólita apaixonou-se pelo herói. Por amor, ofereceu o cinto sem luta, mas a ciumenta mulher de Zeus, Hera (que odiava Hércules)disfarçou-se de amazona e provocou a confusão entre as hostes.
Hércules acabou por sacrificar, sem querer, Hipólita. Quer dizer, sem querer...querendo!
Pobre Hipólita!



Mas as histórias das amazonas são em geral coroadas de sucesso. Outra rainha das Amazonas, Talestris, teria vencido o rei persa, Ciro o Grande. Vitórias em tantos casos que as amazonas eram temidas pelos mais fortes!


Em todas as épocas, as amazonas impressionaram o mundo. Cristóvão Colombo, no regresso da primeira viagem ao Novo Mundo, por volta de 1490, ao descer em uma das ilhas das Caraíbas, levou o maior susto. Sofreu uma recepção francamente hostil de uma tribo guerreira composta exclusivamente por mulheres!

Foi um assombro! Mulheres européias, nessa época, mal tinham permissão para respirar, metidas em espartilhos e toneladas de saias! Luís de Santangel, homem da corte dos Reis Católicos (Fernando e Isabel), relatou o ocorrido nestes termos: "a primeira ilha que se encontra, para quem vai de Espanha rumo às Índias e onde não há nenhum homem. Estas mulheres não se ocupam de qualquer actividade feminina, só executam exercícios com o arco e flechas fabricados com canas e cobrem-se de lâminas de cobre que possuem em abundância"...

Pois é, foi assim que Cristóvão Colombo e os seus homens foram os responsáveis pela passagem do mito das amazonas da Grécia para o Novo Mundo. Na selva, sem cavlagar, mas absolutamente livres. De qualquer forma, mulheres guerreiras!



Segundo o folclorista Walcyr Monteiro, o navegante espanhol Francisco de Orellana e seus tripulantes, em 1541, ao chegarem ao Mar Dulce, atual rio Amazonas, teriam sido atacados por uma tribo de mulheres descritas pelo Frei Gaspar de Carvajal como muito altas e de peles muito claras, com cabelos compridos, trançados e enrolados no alto da cabeça. E mais: guerreando completamente nuas, portando apenas seus arcos e flexas.
Pelos relatos, aquela foi uma batalha e tanto, na foz do rio Nhamundá (atual limite entre o Pará e o Amazonas).Os espanhóis foram vencidos e tiveram que fugir, mas conseguiram capturar um índio que contou sobre a tribo de mulheres.

Em 1639 temos o relato de Acuñha, que fala de mulheres que viviam sem o socorro dos homens em terras brasileiras. Aliás, os homens seriam recebidos com arcos na mão, mas se fossem reconhecidos como confiáveis eram convidados a dividir a rede. As crianças nascidas desses encontros seriam criadas pelas mães quando meninas. Os filhos machos seriam entregues ao pai no ano seguinte. O que demonstra que havia uma continuidade na relação, de qualquer maneira!



Já no século XX, em 1953 o etnólogo Theodor Koch-Grümberg publicou um trabalho sobre "Mitos e Lendas dos Indios Taulipáng e Arekuná" e deu de cara com a história das mulheres guerreiras. Ele afirmou que elas seriam mulheres sem homens que em tempos passados eram gente...mas agora estavam transformadas em Mauari, ou demônios das montanhas!
Disse ele que havia cerca de setenta tribos semelhantes na região; que elas viviam sem a presença de homens e que dominavam as tribos vizinhas.

Mulheres endemoniadas, nos primórdios da civilização, na doce mitologia grega ou nos relatos de terras desconhecidas ou da Amazônia impenetrável! Ou simplesmente mulheres que buscavam a sobrevivência em tempos difíceis. A lenda das amazonas ainda continua com as páginas sendo gradativamente preenchidas ao longo dos séculos, em novos cenários, também como guerreiras da paz, principalmente para preservar o futuro da humanidade.(Mirna Monteiro)

Thursday, January 01, 2009

Começar de novo



Pois bem, começou um novo ano. Com direito a muitos pulos, seja nas ondas do mar, seja com o pé direito. Dinheiro no sapato? Por que não? Assim como os caroços de uva, cereja ou romã, embrulhados na carteira.

Vale tudo para dar uma "empurradinha" no destino. Simpatias podem parecer absurdas para uns e outros, mas na verdade funcionam como um mecanismo que "dispara" um processo inconsciente de esperança de mudança. O problema é saber até que ponto estamos mesmo digerindo os riscos e atuando para melhorar as perspectivas.

A questão é: e agora? Os ânimos andam acirrados. Crise econômica no mundo, distúrbios ecológicos e fenômenos naturais ameçadores...é preciso uma boa dose de otimismo para seguir em frente com prognósticos que deixam nossos cabelos em pé.

E as previsões? Estão em todos os lados. Sempre há alguém com inspiração profética. "No ano de 2009 vai morrer um cantor muito famoso no Brasil" ou "Os Estados Unidos invadem um país", ou "um atentado de repercussão mundial irá acontecer, o mundo ficará perplexo" ou ainda "um grande terremoto arrasa uma cidade inteira"...

Terrível!...Mas espere um momento...estas "pré-visões" são muito óbvias! Afinal são acontecimentos comuns. Ah, essas previsões! Já não se fazem mais "Nostradamus" como a versão original. As suas profecias cifradas dão dor de cabeça até hoje aos estudiosos de sua quadras.

Deveríamos talvez nos render ao óbvio, já que não conseguimos explicações para o que é complicado. Se consideramos o horóscopo chinês, este é o ano do Boi...prosperidade através da força e do trabalho duro. Nada de moleza, de tudo pronto, tipo "destino delivery".

Mas já que aqui estamos, vamos arriscar as nossas previsões. Digamos que será muito difícil ter paz quando um país bombardeia outro em pleno Natal, derramando tragédia sobre civis, adultos desprevenidos e crianças assustadas, que nem sabem direito o motivo pelo qual estão morrendo.

Será complicado também manter-se à margem de chuvas torrenciais que provocam morte e inundação. A natureza anda brava. Como é soberana, o único recurso é rezar para que o raio não caia no mesmo lugar mais de uma vez.

É, mas há coisas que não podemos prever, mas podemos desejar. Por exemplo, que haja bom senso nas decisões e que a violência seja considerada inaceitável e duramente condenada, ao invés de ser interpretada como ação inevitável. Se não podemos dominar a natureza do universo, podemos lapidar a natureza humana, que afinal é problemática justamente pelo fato de insistir em transformar o meio. Que o faça, portanto, de maneira a favorecer o futuro da própria humanidade.



Precisamos parar de acusar a consciência de ingenuidade. Como se fosse possível haver lógica na destruição. "Transformamos aqui, para originar outra coisa ali"...Ora, isso poderia dar certo se a transformação não levasse a humanidade para o ralo. Qual a vantagem da prepotência, se ela não serve para o futuro?

Talvez seja o caso de aprendermos a realizar previsões e profecias. Desde a mais tenra idade! Se não obtivermos com isso uma renovação fenomenal nas criações humanas, pelo menos teremos menos pernas quebradas e choques do inesperado!

Seja como for, precisamos começar 2009 pensando seriamente sobre 2010 e os próximos anos. O tempo não pára! Por falar nisso, já está vigorando a nova reforma ortográfica. Aliás, "pára" não vai ter mais acento, é "para" mesmo, seja verbo, seja preposição...Assim sendo, o tempo não para! (Mirna Christhensen-MM))

Leia mais sobre o futuro; http://artemirna.blogspot.com/2007/08/o-destino-e-inexorabilidade.html

Friday, December 26, 2008

CONFLITOS DA EUTANÁSIA

Quando o assunto é eutanásia, o choque é inevitável. Talvez nem tanto pela dúvida entre o direito ou não de antecipar a morte de um ser terminal e em sofrimento extremo. Mas simplesmente pelo fato de lidar com aquilo que o ser humano mais teme: a morte!
Morte significa o fim de alguém ou de um sentimento ou qualquer coisa que se finda definitivamente. É o desconhecido, um acontecimento que não permite a quem quer que seja lidar com alguma certeza. Por esse motivo a idéia de provocar a morte - mesmo que por piedade - é chocante!
O termo eutanásia deriva do grego "eu" ou "boa" e de "tanatos" que significa "morte". Assim sendo, eutanásia significa boa morte ou morte serena, que era defendida por Sócrates e depois por seu discípulo Platão. Por toda a história da humanidade, em momentos de desespero diante do sofrimento inevitável e terminal de algum ser, homem ou animal, o medo da morte cedia espaço à piedade.

Será mesmo possível a "morte suave, doce, fácil", sem sofrimento, sem dor, para abreviar agonia muito grande e dolorosa de alguém? Seria o ato que põe termo à vida de quem que sofre de enfermidade incurável ou então a aleijados padecendo dores cruéis, atendendo ao desejo de quem sofre, natural?
Sob essa ótica, sim, parece ser a morte piedosa uma ação natural, movida pelo sentimento de humanidade. Mas nem por isso deixa de ser controversa, quando todos sabemos que nem sempre os atos justificáveis ficam limitados ao bom senso. Sempre há o risco de, diante da aceitação da eutanásia, acontecerem distorções futuras.
No entanto, a maioria das pessoas pode ficar chocada quando assiste uma cena em que um animal é mortalmente ferido e recebe um tiro de misericórdia, ao mesmo tempo em que sente alívio pelo fim da tortura da dor e e da morte lenta. Contradições da alma humana ou superação do medo da morte em nome da piedade?
Hoje a eutanásia é usada na medicina veterinária em casos terminais. Os veterinários não aceitam esse termo, preferindo chamá-lo de "descanso" de um animal em extremo sofrimento e em situação irreversível.

Seria a eutanásia um ato de respeito à natureza? Ou a natureza deve seguir o seu curso mesmo quando envolve o sofrimento, enquanto assistimos à dor de outros com braços cruzados e impotentes diante do ciclo natural da vida?
Esta é certamente a decisão mais difícil para uma sociedade que conta com recursos da ciência para salvar vidas, mas também para tornar a morte piedosa e indolor. Talvez a resposta esteja na certeza de que a natureza dita suas regras, mas também as modifica. Nada parece ser definitivo em um universo em eterna transformação. E o respeito à natureza também é influenciado pelas circunstâncias, que nunca são idênticas e dependem da razão e do bom senso em sua decisão.(Mirna Monteiro)

Sunday, December 21, 2008

Ah, o Natal!

Natal é sempre uma data especial. Mesmo para quem pretende evitar que isso aconteça. Não tem jeito. Quem é ateu e não quer reconhecer que participa da festa que simboliza o nascimento de uma nova era através de Cristo, comemora! Quem é católico e assíduo à Missa do Galo, tentando evitar os atropelos superficiais da data, também comemora! E outros, que as vezes nem sabem direito porque motivo estão atolando o cartão de crédito ou exagerando na gastronomia natalina, igualmente comemoram!

Aqueles que estão sós, sentem que alguma coisa está fora do lugar na noite de Natal. Para a grande maioria das pessoas, crentes ou descrentes, modernas ou tradicionais, comedidas ou consumistas, o Natal é basicamente um momento para reunir a família e tentar vivenciar sentimentos humanitários. O que, no nosso mundo atual, é extremamente importante. Apesar de girar a roda econômica e sustentar-se sobre o consumo, o Natal é o momento que restou para humanizar uma sociedade cada vez mais superficial.

No meio de tudo isso, cada um tenta se equilibrar como pode. Afinal o Natal encabeça as festas de final de ano, ou de desfechos e mudanças, mesmo que tudo isso funcione mais a nível da emoção do que da praticidade.

Multiplicidade



Natal significa uma série de coisas, como podemos observar. Da decoração luminosa aos biscoitos de gengibre, da figura paternal (e confortadora) de Noel, à beleza dos cristais de gelo e dos bonecos de neve, que por incrivel que pareça estão até nos climas tropicais!

É também, para muitas famílias, a única data do ano em que a confraternização acontece.



Entrevistadas nas ruas, as pessoas concordam: no Natal, apesar de tudo, sempre há um clima mais amistoso. As famílias entram em uma espécie de movimento coordenado, discutem o espaço para reunir-se, a participação na ceia. É, porque nos dias de hoje a tradição foi incorporada por um toque de "a união faz a força": a ceia, para continuar farta, é democraticamente participada, tanto no seu planejamento como na sua execução. É um ponto a mais para favorecer a humanidade da data.




O colorido e as luzes também iluminam os momentos. No Natal as pessoas percorrem as ruas iluminadas, e mesmo sob a chuva caminham com melhor humor. Nas casas a decoração é realizada cada vez mais cedo. A tradição está sendo "esticada": muitos começam a criar a clima natalino em novembro. Este ano em outubro já piscavam luzinhas e enfeites. A explicação é óbvia: a data traz tranquilidade e visual reconfortante. Assim sendo dezembro é pouco...



Afinal, quem não gosta de anjos dourados e gnomos simpáticos? Ou do toque dos sinos e do encanto das musicas natalinas...que aliás, andam em baixa. Não se ouve com frequência os acordes tradicionais do natal. Mas há quem afirme que é só uma fase.



Isso porque o Natal é a data mais resistente à mudanças, a tradição que percorre séculos e séculos imune a transformações. Podemos viver em um cenário cibernético, mas quem resiste ao romantismo e encanto da imagem européia de São Nicolau ou Sant-Claus ou de pinheiros nevados e bolas de vidro coloridas?




De qualquer forma convém lembrar que o Natal é mais do que pinheiros nevados e papai-noel abonado. Pode ser um interessante momento de reflexão em família, de grande inteiração com as pessoas, de um sorriso extra e coração mais leve. Sem isso não há como obter inspiração para o futuro!

Assim sendo, Feliz Natal a todos nós!


Mirna Monteiro

Friday, October 10, 2008

ESPELHO MEU

Muito provavelmente a imagem que você vê no espelho é uma interpretação muito pessoal e diferente daquela que passamos às pessoas. A explicação é a seguinte: ao observar seu próprio rosto, você já está preparado para interpretar além dos traços físicos. Mas quem está "do lado de fora" de seu corpo também baseará a imagem em expectativas e interesses individuais.
E quando tentamos passar essa interpretação pessoal de nossa imagem para uma tela ou um desenho? Até que ponto vamos nortear outras pessoas para observar o ângulo e a forma que enxergamos em nós mesmos?Essa resposta pode estar nos auto-retratos de artistas famosos.

Em tons impressionantes, Caravaggio
colocou sua face
na cabeça degolada de Golias



No entanto o mestre do jogo de luz e
sombras nesta tela de auto-retrato
expressou-se com timidez


Edvard Munch, famoso por seu estilo
impressionista em telas como "O grito"


Van Gogh, depois do ato tresloucado que
o levou a cortar a própria orelha


Picasso e sua auto-interpretação
Parece perplexo e confuso


Tarsila do Amaral, impecável
em seu auto-retrato






O surreal Salvador Dali

Tuesday, July 29, 2008

RIR É MESMO O MELHOR REMÉDIO


Eu sempre fui um defensor do riso. E sou fiel adepto do sorriso. Rio quando acho graça nas piadas, mesmo naquelas que exigem mais do que senso de humor.
Quando a tristeza me pega, me fecho no quarto. Para um sessão de risada. E então eu rio. Dou boas risadas. A risada é um exercício físico. "O riso, entre outros benefícios, combate estresse, alivia dores e controla pressão alta". Com o riso, espanto a tristeza. O riso só não paga dívidas. Mas alivia a preocupação de quem está endividado.
É verdade. Quem não acreditar, que experimente. Ria e a saúde física, mental e emocional sorrirá pra você.
O sorriso é a expressão atenuada da risada. Eu já vi muita gente caminhando e sorrindo. Um sorriso nos lábios de quem passa é uma expressão de otimismo. O que se passa na cabeça de quem sorri? Ora, só poderão ser pensamentos positivos. Agradáveis. Vemos também gente carrancuda. De cara fechada. E caras tristonhas. Caras inexpressivas. Caras sofridas. Melancólicas.
Como são simpáticas as caras sorridentes. Eis uma revelação: "O riso cura e previne doenças" Aí está! Por que os governos não incluem risoterapia na saúde pública? Mais riso e menos drogas.
O riso pode ser produzido por equipes de Doutores da Alegria. Médicos e enfermeiros vestidos de palhaço. Que despertam risos em crianças e adultos hospitalizados. Equipes que imitam os Doutores da Alegria estão atuando em hospitais de vários Estados. Por que não nos Postos de Saúde? Risadas improvisadas auxiliam na cura de doenças. O riso pode ser um complemento das drogas, que podem ser dispensadas como estimulantes da endorfina, que provoca risos e sorrisos. Que também podem ser auto-produzidos. Rir, sorrir, embora às vezes seja preciso chorar. Riso pode ter hora. Sorriso não tem horário. Nem lugar.
(crônica do escritor e jornalista Roberto Monteiro)

Friday, July 04, 2008

O divórcio, a tartaruga e a lebre

Crônica



Pois é, divorcio ganhou a velocidade da lebre. Antes caminhava a passos de tartaruga pelos caminhos do judiciário. Entramos na era da velocidade divorcista. Cartorial.

Casal que quiser se divorciar, pode chegar o cartório as dez horas da manhã. Antes do meio-dia estará divorciado!O que demorava anos na Justiça, agora acontece em menos de duas horas. Avanço.

O que está acontecendo? Os cartórios agora casam e descasam. O que a igreja une, o cartório separa. Revelam as estatísticas: os casamentos estão durando menos. É? Então a dinâmica do divórcio confere.




Não. Discordo. O casamento não é uma instituição falida. Os caminhos do altar não estão bloqueados. Continuam abertos para os jovens apaixonados. O casamento...bem, o casamento é como a vida humana, pode atingir a longevidade. Ou fenecer prematuramente.

A duração da vida, assim como do amor, não tem medidas definidas. Li não me lembro onde: “O casamento é a semente da família”. Tudo bem. Mas depende da semente. O divórcio é uma conseqüência. Imprevisível no cartório. Imprevisível na igreja. Como são cruéis os imprevistos!

Amor eterno? Haverá alguma coisa de eterno no ser humano? Essa pergunta tem respostas filosóficas. E até sociológicas. Não me atrevo a abordá-las. Nem caberiam em uma crônica. E nem seriam compatíveis com o tema do divórcio.

Divórcios acontecem. Casamentos se sucedem. A instituição da família ainda está firme. Deixem pois o divórcio correr. O fim do amor separa casais mas permanece com os filhos. A velocidade do divórcio vale por uma reação contra a morosidade da Justiça. A tartaruga está correndo como a lebre.
( de “Crônicas de Roberto Monteiro”, do jornalista e escritor Roberto Monteiro)

Tuesday, June 24, 2008

Diálogos da maturidade

literatura

-Vivência vulgar? Você acha que temos uma vivência vulgar?
-Meu amor, eu não disse que nós temos uma vivência vulgar, mas tenho certeza de que esta discussão é vulgar e sem propósito.
-Ora!...
-Liandra, veja bem, temos conceitos de felicidade, que nos enfiam goela abaixo desde que nascemos. A mesma cultura que faz de nós robôs obedientes, exige um tipo de compreensão que jamais nos será permitido descobrir. Frustamo-nos e nos destruimos por isso. É o escorpião ferrando o próprio lombo. Se todos sabemos o quanto toda essa limitação e materialismo nos impede de pensar, por que perpetuamos essa situação? Por que obrigamos nossos filhos a chorar as mesmas lágrimas que choramos?
-Não entendi!Você, depois dos oitenta anos passou a falar por enigmas!
-Quero dizer, minha querida, que se nos permitíssemos olhar a alma e tentar entende-la, poderíamos vivenciar o amor da forma mais plena possível. Quando sonhamos não existem barreiras, podemos tudo no sonho e o hábito da liberdade, dentro dele, mostra uma responsabilidade natural. Não nos violentamos, ao contrário da nossa vida real, onde somos obrigados a seguir um modelo e nos adequarmos a ele. Por isso nos frustamos e não crescemos, nos rebelamos e nos destruimos. Mas se deixarmos fluir o sentimento, encaixe ele ou não em modelos, poderemos sentir a plenitude.
-Você acha que estes últimos 30 anos em que vivemos juntos, foram plenos?
-Sim, minha querida, eu acho. Quando nos conhecemos já tinhamos tido meio século de vida para os erros. Pois não estamos aqui, envelhecendo juntos e ainda buscando entender? Esta é uma grande responsabilidade. De fato, todos temos que assumir a responsabilidade sobre o sentimento que despertamos em outros. Não podemos tratar com displicência a emoção.
-É, concordo com isso. Pessoas não podem ser descartadas como uma peça de roupa ou um relógio velho. Sempre me assustou muito a maneira como se trata o assunto. Imagina que loucura, você se envolve, forma uma familia e tem filhos. Aí chega à conclusão que não era bem isso que queria e parte, se envolve novamente, tem mais filhos e também os deixa!
-Veja bem, essa é a perseguição do desejo. Algo que nunca se encontra, é a pessoa em eterna frustação. É como uma fuga da própria sombra.
(trecho de "O Eco")

Monday, June 09, 2008

Sem controle

Como na ficção, onde a sociedade futurista exibe um cenário catastrófico, as pessoas começam a "habituar-se" a violência cotidiana. Aliás, ficção e realidade começam a mesclar-se de tal maneira que perde-se a origem de tamanha intimidade com a violência, onde não se sabe se o hábito dela provém de tantos heróis e bandidos socando-se e metralhando-se nas telas do cinema e TV, ou se as telas exibem apenas aquilo que foi retratado.

Uma criança que assiste aos filmes e desenhos onde se luta o tempo todo e onde os vilões das historias se tornam cada vez mais truculentos será um jovem e um adulto que interpreta agressões e assassinatos como uma normalidade do meio?
É provável! Nos habituamos a marcas de refrigerantes e a moda fast-food e o poder da imagem e o sugestionamento das ações certamente também muda a nossa interpretação do que seria abominável ou "natural" em uma sociedade tão contraditória. Pode ser que não se chegue ao extremo de fabricar agressores e transgressores em série, mas parece inevitável o estimulo a quem já possui tendências agressivas para liberar seus "instintos bestiais".

Em um momento onde os mecanismos de defesa social andam em crise - cadê a Justiça e os recursos para controle dessa epidemia de violência? - a situação parece muito pouco confortável para o cidadão comum.
Outro dia um grupo de rapazes munidos de soco-inglês e barra de ferro (o que demonstra a intenção prévia de algum massacre) abordou um casal na rua Augusta e agrediu o jovem, que era negro. Quando um policial a paisana tentou intervir foi duramente agredido e teve seu rosto pisoteado até deformar-se.

O que leva pessoas de classe média (remediada ou alta)a ter uma carga de ódio tão grande a ponto de criar uma situação tão artificial de dor e sofrimento a outros? Que tipo de ideal desregrado leva à formação de grupos que pregam o odio racial e a discriminação a homossexuais, como os neo-nazistas, que por incrivel que pareça são grupos que cresceram nos últimos anos?


Um tipo de reação diferente de outros padrões de violência, que são igualmente chocantes, do tipo que invade o trânsito e torna uma discussão besta o palco de assassinatos ou como as agressões dentro do próprio lar, à mulheres e crianças. Ou ainda a pedofilia, inexplicavelmente atuante, chocante e inaceitável.
Bem, em um mundo onde crianças são jogadas pela janela, como um brinquedo descartável, a dor e o sofrimento parecem inevitáveis para quem ainda mantém a sanidade, vivendo com suficiente bom senso e sensibilidade para respeitar a vida. E por esse motivo mesmo a única solução é a rigidez absoluta no tratamento desses casos, sem qualquer clemência a quem comete atos de violência extrema e covarde.

Monday, May 12, 2008

Mães não mudam jamais!...




Mãe! A figura da mãe está mudando.
...Está mudando?

Não, certamente esse não seria o termo correto para definir as transformações nas relações da mulher com os filhos e a família. Não se pode mudar a figura da mãe!

Mãe é mãe: a mulher que gerando ou adotando uma criança, assume a tarefa de garantir a sua sobrevivência emocional, fisica e mental, desempenhando múltiplas responsabilidades.



Mas o que muda?
Transforma-se a mulher?
Muda-se apenas a superfície social. Uma mulher pode se transformar, acompanhando inevitáveis mudanças culturais.

Mas não pode haver mudança no que se refere à consciência da responsabilidade de ser mãe. Pois é nesse aspecto que toda a sociedade vai se basear para criar mecanismos que promovam ou não o fator humano. E permitam a sua sobrevivência!




É um grande peso de responsabilidade, o da mulher que se torna mãe. A sociedade humana mais primitiva tinha bem delimitada responsabilidade. A mãe cumpria com os ritos naturais de preservação da espécie, amamentando a sua cria, protegendo-a do frio e dos riscos, educando-a para a sobrevivência futura.

É através desse cuidado que o mundo é direcionado. A mãe tem influência sobre toda a humanidade. Ela gera e desperta no ser a seus cuidados os melhores ou piores instintos. A capacidade de construir ou destruir! Todos, heróis ou vilões, são gerados por uma mulher.

Se a mãe pode ser substituída por úteros artificiais em laboratórios, a humanidade também poderá perder a supremacia sobre a matéria e o sonho do imaterial. Nada é mais importante do que o útero que gera em comunhão com o sentimento para permitir a evolução humana.

Por isso não dá para mudar o papel da mãe. A mulher pode se transformar, atuar em áreas profissionais diversificadas, ser como quiser, mas no momento de ser gerar, ela terá obrigatoriamente que assumir a mais responsáveis das funções de quem permite a continuidade da vida e da sociedade humana: ser mãe!





Mãe é mãe e não tem mudança de papel qualquer época, em qualquer cultura, em qualquer momento, seja na forma de uma mulher primitiva ou de um astronauta em pleno espaço. O instinto puro e simples sobrevive em quaklquer dimensão de espaço e tempo. Se assim não for, não haverá futuro!