Friday, July 04, 2008

O divórcio, a tartaruga e a lebre

Crônica



Pois é, divorcio ganhou a velocidade da lebre. Antes caminhava a passos de tartaruga pelos caminhos do judiciário. Entramos na era da velocidade divorcista. Cartorial.

Casal que quiser se divorciar, pode chegar o cartório as dez horas da manhã. Antes do meio-dia estará divorciado!O que demorava anos na Justiça, agora acontece em menos de duas horas. Avanço.

O que está acontecendo? Os cartórios agora casam e descasam. O que a igreja une, o cartório separa. Revelam as estatísticas: os casamentos estão durando menos. É? Então a dinâmica do divórcio confere.




Não. Discordo. O casamento não é uma instituição falida. Os caminhos do altar não estão bloqueados. Continuam abertos para os jovens apaixonados. O casamento...bem, o casamento é como a vida humana, pode atingir a longevidade. Ou fenecer prematuramente.

A duração da vida, assim como do amor, não tem medidas definidas. Li não me lembro onde: “O casamento é a semente da família”. Tudo bem. Mas depende da semente. O divórcio é uma conseqüência. Imprevisível no cartório. Imprevisível na igreja. Como são cruéis os imprevistos!

Amor eterno? Haverá alguma coisa de eterno no ser humano? Essa pergunta tem respostas filosóficas. E até sociológicas. Não me atrevo a abordá-las. Nem caberiam em uma crônica. E nem seriam compatíveis com o tema do divórcio.

Divórcios acontecem. Casamentos se sucedem. A instituição da família ainda está firme. Deixem pois o divórcio correr. O fim do amor separa casais mas permanece com os filhos. A velocidade do divórcio vale por uma reação contra a morosidade da Justiça. A tartaruga está correndo como a lebre.
( de “Crônicas de Roberto Monteiro”, do jornalista e escritor Roberto Monteiro)

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