Saturday, January 25, 2025

Medo de viver!



Criminalidade, malucos no poder provocando genocídios, confusão humana diante do poder da inteligência artificial, terras sendo incendiadas e inundadas, a natureza provocando um novo ciclo perigoso ... o que mais?

A tensão e o medo parecem um rastilho de pólvora: se espalham em uma velocidade impressionante sobre as pessoas, no mundo todo. Quem não ouve de pessoas conhecidas ou nas redes sociais o  medo espremendo a vida?

"Ontem eu quase morri de medo com a chuva em São Paulo. Parecia que o céu ia cair, parecia o fim do mundo!" Outro desabafo: "Caraca, eu só vejo desgraça, acho que não chego aos 40 anos!". Ou talvez você tenha ouvido algo assim: "Não tenho vontade de sair de casa e quando faço isso parece que estou enfrentando perigo o tempo todo"...ou "acordo todo dia de madrugada, tenso, muito angustiado. No dia seguinte estou um caco, não trabalho direito porque minha mente não ajuda".

E você, qual a intensidade de seu medo de viver ou em viver? 

Esse estado de tensão foi aumentando nas últimas décadas. Talvez seja proposital. Pessoas apavoradas não pensam sobre a origem dos problemas, ficam fixadas na superfície, em desespero, como alguém em algum oceano que tenta manter-se à tona sem saber nadar. 

Isso não resolve nada. Apenas enchem os consultórios de psiquiatras e terapeutas, seguindo protocolos que usam drogas que amortecem o medo de viver, mas não resolve as ameaças do sistema ou da natureza.

É bom abrir os olhos para a realidade!

Thursday, January 16, 2025

O PODER QUE FRAGILIZA VOCÊ

Devemos pensar sobre o que vem acontecendo com a perda do senso de comunidade. A partir da célula familiar, que se desgasta, até a vida comunitária que é  cada vez mais rara no contato físico, vivemos outra condição perigosa: a perda da identidade e o poder de gerenciar a própria vida.
 Isso equivale a entregar todas as decisões da vida pessoal ou comunitária, até global, a um sistema que é identificado como beneficiador, mas que na verdade vai minando a percepção do futuro. 

Hoje fala-se muito no sionismo. Principalmente depois da violência de Israel sobre a Palestina, com aval e armas dos EUA. O que acontece com o mundo que reage em câmera lenta aos apelos da população de Gaza.

A estratégia sionista é desqualificar o adversário ou aquele que precisa ser subjugado. Para isso utiliza o caos social para desestruturar sua base.

Um exemplo fácil, considerando a crise na estrutura familiar: a desestruturação do  núcleo familiar afeta a comunidade, o país e o globo. Todas as espécies do planeta apenas sobrevivem com estruturas de apoio, sejam arvores com suas raízes, formigas ou seres humanos em sua comunidade. 

Com o avanço da extrema direita ou sionismo, o que acontece na estrutura familiar no mundo é a mesma estratégia de desmonte dos valores que fortalecem a união familiar. 

Pode ser a criação de um mito onde a criança ou o adolescente precisam ser mais "autônomos" e "pensar com a própria cabeça" desprezando os valores familiares...enquanto acaba adotando ideologias maliciosas, na confusão das redes sociais ou em cultos que seriam "salvadores" do enfraquecimento emocional e moral, causados pela perda dos valores da comunidade familiar. 

Isso foi utilizado durante o nazismo  na Alemanha, onde os jovens eram distanciados da influência familiar e doutrinados nos núcleos educacionais da "juventude hitlerista". A lavagem cerebral na época era limitada a essa "educação", mas fez enormes estragos na estrutura familiar, onde os próprios filhos eram orientados a denunciar os pais e familiares que não se submetiam ao nazismo.

Hoje a lavagem cerebral dos jovens funciona da mesma maneira não apenas em cultos e escolas, mas nas redes sociais. O objetivo  é estimular o desligamento da família e, portanto, da realidade política.

Se a estratégia do sionismo é desacreditar figuras fortes que mantém a democracia, isso ocorre a partir da família, onde os genitores passam a ser desmoralizados pelos próprios filhos. Com a estrutura familiar corroída de fora para dentro, os pais são relegados apenas ao papel de subsistência dos filhos, que absorvem ordens externas que tem a finalidade de servir ao sistema, mas não preenchem a necessidade da afetividade e dos valores familiares.

Mate a rainha, interfira na ordem do formigueiro e as formigas entram em pânico e e se tornam presas fáceis de predadores.

Desacredite a função dos pais, avós e outros familiares com experiência de vida, crie o caos familiar, crie o  mito  de que todos os filhos devem renegar o peso das tradições que unem a família,  que saiam de casa o mais precocemente possível e esse conjunto leva ao rompimento da estrutura familiar;

Como consequência o isolamento das pessoas enfraquece toda a comunidade. Não são apenas riscos do consumo de drogas, do aumento de suicídios, da vulnerabilidade ao poder de cultos que dominam pensamentos e ações das pessoas solitárias e desesperadas. O risco é a perda gradativa dos valores que sustentam a força de uma comunidade, que se espalha como um câncer e afeta todo um país, onde o cidadão não sabe distinguir o que é democracia, em contrapartida com governos que dominam sua liberdade, extraindo sua capacidade de pensamento.


Sunday, November 26, 2023

GUERRA, PAZ E FUTURO

 

Nos velhos tempos erguia-se a clave, o machado, a espada! E entre conquistas e perdas, as civilizações se recuperavam. As guerras sempre foram horrendas e sangrentas, mas pelo menos eram resumidas ao perímetro de suas batalhas e as vidas perdidas viravam adubo da terra. 

E hoje...bem, hoje o medo da guerra não é subjetivo, nem relativo. Uma guerra não fica mais circunscrita, não se desenrola em um espaço distante, não envolve apenas dois povos ou batalha de soberania de um ou outro. Envolve o mundo todo! 

A distância entre os países não existe mais. Primeiro pela miscigenação cultural, pelo contato direto através do mundo virtual, que desconhece distâncias geográficas e comprova que pessoas não são alienígenas,  são pessoas em qualquer espaço do planeta. Segundo porque o mundo é economicamente e interdependente, cada vez mais. Interdependente também em outros fatores, como o climático e o controle de doenças mortais.

Mas temos um outro fator definitivo no cuidado com guerras: a dimensão do poder bélico e o poder das armas nucleares. 

Ignorar a importância de controlar conflitos e evitar guerras é expor-se à vulnerabilidade em qualquer lugar deste mundo. Não adianta esconder-se em bunkers ou correr para algum mosteiro no Himalaia. uma bomba nuclear não afeta apenas um espaço, mesmo se controlada em sua dimensão de destruição. Seus efeitos indiretos atingem a atmosfera do planeta, que já vai muito mal com a emissão de gases e venenos na terra e água.

Quem não teme a guerra certamente possui uma mente psicopata. Talvez acredite poder dominar o poder mundial, escravizando quem sobrar de um holocausto nuclear ou de drones assassinos, como nos filmes classe B de ficção científica.


 
O que acontece na casa do vizinho, hoje, é da conta de todos. Se não existe mais privacidade individual, não existe também isolamento possível. O que acontece em outras nações, quando envolve um risco ao resto do mundo, é da conta do mundo todo, não simplesmente pela interdependência econômica, mas principalmente pela letalidade das ações, seja no equilíbrio ecológico, seja na ameaça do crescimento dos conflitos.
 




Thursday, November 09, 2023

O MEDO DE VIVER

 

Sentir medo até certo ponto é natural. Se não tivéssemos a percepção do perigo não poderíamos preservar a vida.

Se estivermos em uma situação de risco ou que simula um risco - como uma montanha-russa por exemplo- sabemos que o mecanismo físico do receio vai fazer com que nosso cérebro provoque uma descarga poderosa de adrenalina para aliviar o corpo desse estresse momentâneo...
Até aí, tudo bem. No entanto quando passamos a sentir medo de situações ou momentos que não conseguimos definir ou racionalizar, nossa capacidade de defesa pode ficar comprometida. Seria o medo irracional, lesivo à sociedade,  pois dá origem a distorções que retornam como as ondas em uma praia. Não se trata de estados alterados, originados por alguma patologia, como a violência psicopata, mas de omissões imiscuídas no nosso dia a dia, de maneira quase imperceptível. É o medo de manifestar uma opinião, de expressar-se, de reclamar, de exigir direitos que são importantes para a manutenção da vida! É a necessidade de recolher-se, encolhendo-se e até mesmo anulando-se, vaporizando-se. O que acontece?
O problema do medo exagerado é o isolamento gradual da realidade, a ponto de atrapalhar o próprio senso de preservação. Um tipo de sensação negativa que vai além do receio de situações de risco, do ataque de um animal ou da agressão de um semelhante.
Há medo evidente de participar da vida e interagir com o meio. Ou seja, perde-se o "ponto" que justifica nossa própria existência.
Elimina-se assim, infelizmente, a nossa capacidade de vivenciar e sentir o prazer do contato humano, já que qualquer um, em qualquer circunstância, representa uma ameaça.
Atuar torna-se um risco e as pessoas evitam até mesmo opinar e exigir respeito às mais elementares regras de convivência.
"Imagine se vou reclamar em um restaurante...vão cuspir no próximo prato"..."Não se pode criticar o site de relacionamento, vai que acabe "sumindo" todos os meus dados e amigos"..."Como vou reclamar de diferenças no preço?...Vão pensar que estou contando meus trocados"...
Pior quando o medo se esconde atrás de uma capa de indiferença. "Eu não vou reclamar porque não adianta mesmo". Ou pelo receio da crítica, de ser alvo das atenções ou de ter de manter um compromisso com a situação após o episódio.
Quem age assim antecipa por conta própria a situação de risco. O funcionário que "cospe no prato" de um cliente que reclamou algum direito está lá, existe, ou foi criado? Como se pode viver partindo do pressuposto de que todas as pessoas que preparam ou servem os pratos cometem um ato assim, que é criminoso, apesar de servir de piadas!
Críticas e reclamações e a inconformação com  situações artificiais e ameaçadoras podem ser extremamente positivas para melhorar serviços e garantir o cumprimento de leis e da cidadania. A sociedade precisa aprender a ouvir e realizar críticas que possuem fundamento.
Como vivemos em um mundo de extremos, convém lembrar que reclamar sem motivo é tão ruim quanto a omissão. Para saber se exercitamos um direito saudável é só avaliar a situação naquele momento: é um tipo de distorção que pode afetar o conjunto social?
Também devemos lembrar que "o outro" nem sempre é o vilão da história. E verificar se nossa tentação de omitir-se a exercer a cidadania de maneira equilibrada, sem agressão, mas com firmeza, não está partindo de uma insegurança excessiva, ou da necessidade de aprovação constante, por recear criticas!
Atitudes de rejeição e agressividade também são uma demonstração de medo e ansiedade de autopreservar-se e não de princípios...
Há exemplos mais dramáticos do que uma cuspida. O risco que passamos quando nosso semelhante temeroso e confuso tem uma arma na mão ou dirige um veículo que se transforma em uma máquina de destruição. Não basta olhar para os dois sentido ao atravessar uma via, já que um bêbado não distingue o asfalto da avenida daquela calçada cheia de pedestres. Tampouco o segurança da agência bancária ou do shopping pode ser confiável, já que um descontrole súbito pode disparar uma arma, que por sua vez pode ir parar nas mãos de uma criança que a leva para a escola com a finalidade de impressionar os coleguinhas ou confundir a ficção com a realidade.
Politicamente temos de assumir uma atitude de equilíbrio. Visceralmente dependemos do controle de nossos instintos primários para respirar no ambiente social. Vivemos em comunidade e partilhamos esse meio. É onde encontramos a sobrevivência. Dizer que se vive só é irreal. Apenas viveríamos sós se fossemos isolados em uma ilha feita de rocha. Não há sobrevivência na vivência estéril. É preciso reconhecer o valor do meio social e contribuir para que haja maior garantia de convivência pacífica. (M M)

Sunday, April 29, 2018

O MITO DO EMPODERAMENTO

Aos 20 anos de idade, B. fez um discurso apaixonado sobre o empoderamento feminino. As mulheres conquistam seu espaço, ressaltou. A mulher reúne qualidades e força para transformar o mundo! As mulheres vêm vencendo barreiras da desigualdade, ocupando seu lugar de liderança, provando que é um ser capaz, na política, nas finanças, nos negócios, como advogadas, magistradas, executivas, cientistas, astronautas, fisiculturistas, e até mesmo amantes de seu próprio sexo.

Existe alguma coisa que a mulher não tenha o poder de conseguir com essa mentalidade da  "força feminina"?

Tem sim: autonomia e poder de fato !

Antes da indignação das mulheres empoderadas em nosso tempo, vou argumentar essa observação. Empoderamento. da mulher, do negro, dos homossexuais, enfim, de minorias ou maiorias sufocadas pelo sistema, não pode acontecer de maneira isolada. Ou teremos como resultado apenas maior escravidão ao sistema.

A capacidade feminina e sua força sempre existiram. O poder também sempre existiu. Não haveria história se não fosse assim. Mas a submissão  histórica ao longo da civilização, onde a força de poderosos dependia da insegurança da massa, não e diferente nesta fase de "empoderamento" tão supervalorizado.

O que é a mulher  "empoderada"?
A resposta certamente será "ser independente, trabalhar  e pagar as contas, não ficar presa às amarras do lar, não ficar submissa ao machismo e acabar com ele, usufruir da igualdade de gêneros (outro termo facilmente deturpado pelo conservadorismo), escolher sem interferência se quer ter filhos ou não, casar ou não, com homem ou não, usar saia ou calça, exibir seios ou ficar careca"...

Enfim! Isso já é realidade faz tempo. Não prova poder algum! È na verdade a prova da escravidão ao sistema , porque  a mulher tem tudo isso. Mas é espancada e assassinada, completamente  fragilizada; e obrigada a trabalhar em jornadas duplas ou triplas, enquanto seus filhos são doutrinados pelo sistema, através da mídia como filmes, jogos e televisão, que cria futuros cidadãos submissos ao mesmo sistema que sempre oprimiu a mulher.

Não existe empoderamento da mulher sem que sejam consideradas questões políticas e sociais. Estamos criando um falso empoderamento. E há quem acredite que "é apenas uma questão cultural"...ah, questão meramente cultural?

Uma ova!

Nós temos "mulheres empoderadas" ocupando cargos de decisões politicas ou judiciais que anulam todos os supostos avanços na luta por direitos sociais e que, portanto, aumentam os índices de violência contra a própria mulher!

É para isso que o movimento de "empoderamento da mulher" está servindo: para criar monstros enlatados, que não têm compromisso algum com o combate à coisificação feminina e cuja única relação que possuem com a figura da mulher consciente e defensora da vida são as saias!

O mesmo sistema que prega  o "empoderamento da mulher" é aqueles que usa mulheres como objeto de marketing politico, social e cultural. Estamos vivendo a era da "mulher tresloucada" e idiotizada,

Essa mulher defende golpes de Estado e compactua com a corrupção sistêmica, com a miséria e que fica calada quando mulheres de verdade são ofendidas nas ruas ou em plenários, que se dizem "conservadoras" e agem  sustentadas pela mesma mentalidade que escraviza a mulher. São imbuídas de um poder fictício, como marionetes, e não são em absoluto exemplo da força e da inteligência feminina, que como geradora não se conforma com o desequilibrio dos extremos.

O poder da mulher está acima de falsos "empoderamentos" que interessam ao sistema. Mulher não disputa o mercado, e feita para gerar, não  vota, deve ser submissa... A não ser que haja necessidade de sua mão de obra em tempos de guerra e escassez de homens no mercado, que haja população demais para mulheres gerarem, quando então o próprio sistema incentiva a queima de soutiens  e estimula sua convicção para que seja fuzileira e aprecie metralhar pessoas. A mulher deve ser santa e pura, a não ser que o sistema dependa de sua promiscuidade...e por ai vai! Guerra dos sexos? O buraco é mais embaixo. Como tudo na vida.

Precisamos entender melhor esses "avanços femininos" e esse empoderamento escravizador! A verdadeira força da mulher não é ainda conhecida (ou foi esquecida) nessa fantasia empoderada que fecha a cortina para os abusos ao ser feminino, enquanto nos bastidores  da sociedade usa de todos os meios para  o seu enfraquecimento. (Mirna Monteiro)

Saturday, December 09, 2017

PRECONCEITO E SOBREVIVÊNCIA

"A cor de meu filho é aquela que faz com que as pessoas mudem de calçada". Essa expressão da atriz Tais Araújo causou polêmica nas redes, mostrando que racismo e preconceito estão longe de ser superados pela sociedade.
O mais dramático é que não foi apenas a fúria racista que demonstrou o quanto diferenças raciais e sociais estão longe de ser superadas. O inconsciente de parte da população "não racista" mostra o enraizamento do preconceito, em frases de crítica a racistas assumidos: "esses sim é que são negros de alma"...
Por que essa ideia prevalece, mesmo em pessoas que desejam abertamente não discriminar outro ser humano?

E até que ponto a vítima de hoje não cometerá um erro no futuro. Em uma sociedade majoritariamente negra, o branco seria objeto de racismo e preconceito? Afinal, todos sabemos que negros albinos são automaticamente rejeitados e até mutilados em países africanos.

Essa realidade não deve reforçar argumentos racistas, mas sim levar a um raciocínio que permita evitar os erros gerados pelo preconceito, reforçando a necessidade de tolerância às diferenças.

O negro brasileiro tem razão quando diz que o simples fato de ser negro causa reações de preconceito. Mas não lidamos com uma questão assim tão simples. A raça negra, que pretende um empoderamento, reforça essa diferença de que é vítima em seus movimentos quilombos. Isso porque a escravidão do negro é uma página da história, que registra todo tipo de escravidão que deve ser combatida em uma sociedade evoluída, e que leva a preconceitos sem fim. 

Preconceito contra o negro, preconceito contra a mulher, preconceito contra o pobre, preconceito contra o rico, preconceito contra deficientes, preconceito contra obesos, contra o feio, contra todos que tem opinião política diferente ou religiões diferentes. Vivemos em sociedades onde a falta de freio escancara a selvageria que habita o homem.

A escravidão tem suas faces também, ainda que faça parte de um mesmo rosto histórico. O negro foi caçado pelo negro mais forte na África e vendido para a escravidão. O sistema humano sempre seguiu a lei da sobrevivência, do mais forte sobre o mais fraco. 
As guerras primitivas matavam e escravizavam os vencidos fossem eles quem fossem, nobres ou não, porque a motivação sempre foi o poder. Nunca foi simplesmente uma rejeição a uma cor diferente. Os judeus foram sufocados e mortos durante o nazismo na Alemanha por questão de poder e não perseguição religiosa. A supremacia ariana, usada como justificativa, era apenas um argumento para exercer o poder. 
Digamos que se a sociedade humana não tivesse diversidade física, haveria perseguição aos geneticamente mais frágeis. E se todos fossem geneticamente uniformes, algum tipo de supremacia seria inventado.

Hoje assistimos a discursos de ódio, onde o racismo e o preconceito se chocam com os valores duramente construídos para uma convivência pacífica. Todos sabemos que ninguém está a salvo em sociedades que permitem o exagero do poder e a disseminação do racismo e do preconceito, que se tornam armas potenciais de escravidão dos mais fracos, mas também algema negros, brancos, pobres e ricos, mulheres, idosos e novas gerações. 

Essa palavra tão utilizada hoje, empoderamento, nao serve para nada quando seccionada e reduzida. Empoderamento do negro...empoderamento da mulher...empoderamento da diversidade sexual. A questão envolve basicamente ética e leis que limitem a selvageria humana que leva a esses preconceitos todos e que tem como base o domínio de toda uma maioria.
Dividir a humanidade em pacotes apenas fortalece o racismo, a escravidão e o caos social! (Mirna Monteiro)



Wednesday, July 05, 2017

http://artemirna.blogspot.com.br/2010/09/mentira-de-cada-dia.html

A MENTIRA DE CADA DIA



A mentira reina sobre o mundo!

Assim se expressou Teixeira de Pascoaes, escritor português, em "A Saudade e o Saudosismo", no começo do século XX. Por toda história humana, a Mentira foi tema incondicional de filósofos, escritores e poetas.

Por que? Porque sempre permeou a relação humana, de uma forma ou de outra. Tanto que há "classificações" para a Mentira. Por exemplo:

Mentira piedosa - aquele tipo de mentira que tenta evitar um constrangimento. É quase inevitável, diante da ansiedade de quem espera a resposta que, se verdadeira, causará algum desastre, ainda que aparentemente superficial.

Mentira cruel - aquela que objetiva ofender a magoar e é absolutamente inversa à mentira piedosa, procurando contrariar e causar algum estrago.

Mentira fútil- aquela que é dita por força do hábito, do mesmo jeito que se toma água quando se tem sede.

Mentira defensiva - aquela que objetiva "blindar-se" contra qualquer ameaça, mesmo quando isso é apenas uma subjetividade.




Mentira planejada - essa é a mais terrível forma da mentira. É aquela que desvirtua o meio social, cultural, que provoca catástrofes políticas e guerras. Serve ao poder! Em sua forma mais amena é feita de artifícios e acompanhada de estratégias de manipulação da opinião.
Terrível, de qualquer forma!





Ah, a mentira, quanta dor de cabeça já causou. Não faltaram aos pensadores idéias mirambolantes de detectá-la e anulá-la:

"Se desconfiarmos que alguém mente, finjamos crença: ele há-de tornar-se ousado, mentirá com mais vigor, sendo desmascarado. Por outro lado, ao notarmos a revelação parcial de uma verdade que queria ocultar, finjamos não acreditar, pois assim, provocado pela contradição, fará avançar toda a rectaguarda da verdade", escreveu Arthur Schopenhauer, em "Aforismos para a Sabedoria de Vida" .

Será mesmo? Com o perdão de Schopenhauer, acho esse conselho um risco! Pois sabemos hoje, neste mundo tecnológico e de disputas tão intensamente influenciadas pelo grande poder do terceiro milênio - o da mídia - que deixar o sujeito acreditar que a mentira de fato está fluindo, acaba por faze-lo crer que aquilo que diz é uma espécie de verdade.

Ora, o mentiroso que acredita tanto em sua própria mentira, é o mais perigoso dos enganadores! Pois neste caso a ênfase de seu discurso ganha dimensão de uma possível verdade. E aí, sabe-se lá onde vamos parar!

Mentiras podem ter lá as suas categorias e graus, mas convenhamos, não há mentira inocente. Com isso já concordava Rousseau.

"Para tornar inocente uma mentira, não basta que a intenção de prejudicar não seja expressa, é necessário também ter a certeza de que o erro em que se induz aqueles a quem se fala não poderá prejudicá-los a eles nem a ninguém, seja de que maneira for. É raro e difícil ter-se essa certeza e, por isso, é difícil e raro que uma mentira seja perfeitamente inocente"...

Pois é! Talvez a única mentira menos nociva, ou inocente, seja aquela que, nos dias atuais e cheios de ameaças, tenta proteger a própria privacidade.

Ainda assim, ao admitir a mentira, seja ela romântica ou destruidora, estamos nos violentando. Como negar que a verdade é um valor indispensável? O verdadeiro confere às coisas, aos seres humanos, ao mundo, um sentido que não teriam se fossem considerados indiferentes à verdade e à falsidade.

Que situação, não é mesmo! Não queremos a Mentira, mas não conseguimos estabelecer uma convivência sem que ela esteja imiscuida em nossas verdades.

"Ninguém acredita em ninguém, todos sabem a resposta. Mente-se só para dar a entender ao outro que a alguém nada nele importa, que dele não se necessita, que lhe é indiferente o que ele pensa acerca de alguém". (Mirna Monteiro)

Sunday, June 04, 2017

COMPLEXO DE CLASSE SOCIAL É COMPLICADO

Uma atriz conhecida foi duramente criticada nas redes sociais (que representam hoje a opinião predominante) por ter declarado que ela e sua empregada votavam diferente, por razões de classe social. "Quem vota em PT é minha empregada", teria dito.
Naturalmente, fervilharam críticas, para mais uma postura que revela a insegurança e o medo de quem foi pobre, de nivelar-se aos que são pobres.  
É o novo conceito do velho complexo de classes, que abusa da ideia de senhores e escravos. Nos tempos feudais as sociedades firmavam-se sob o conceito da realeza, da nobreza e...da massa que trabalhava nos campos e vivia miseravelmente. 
Ao longo dos séculos, o mesmo conceito que separava semideuses dos mortais comuns, ou ricos de pobres, conseguiu manter a sociedade produtiva, com mão de obra barata e ignorante, foi considerado essencial para a sobrevivência. Uma falsa ideia que reforçou complexo de classes e criou uma espécie de duas civilizações na terra: a dos privilegiados e a...de todos mais.
É claro que o grande peso nas sociedades, de ontem e de hoje, é o dinheiro. Dinheiro é poder, porque compra tudo, inclusive pessoas.
Mas será realmente a verdadeira fonte de poder?
Na visão de Nietzsche, o poder vem de várias maneiras. O poder financeiro, aliás, seria a mais fraca forma de poder, comparativamente ao poder da vontade humana. Sócrates por exemplo, o filósofo que sobrevive mais de 3 mil anos após sua morte, é considerado poderoso.
Nietzsche considera outras figuras históricas poderosas, como Goethe e Lutero! É o reconhecimento do potencial máximo do homem, que o tornaria um super-homem.
Bem, é uma visão interessante. Podemos estabelecer uma comparação entre a coragem do filósofo Sócrates e a demência de Hitler, que certamente também usou todo o seu potencial para dominar o mundo e livrar-se das populações que incomodavam seus planos.
No entanto Sócrates agia em favor dos fracos, enquanto Hitler se aproveitou da fraqueza de suas vítimas.
Sócrates foi obrigado a tomar cicuta, Hitler teria cometido suicídio após sua derrota.
Mas a morte semelhante de pessoas tão opostas em seu objetivo é um indício de que a sociedade é exatamente regida pelos fortes, mas a força de cada um é muito relativa e temporal. O motivo é óbvio: nem sempre aqueles que sao escravizados são fracos.
A força apoiada no poder que pretende escravizar, sempre vai encontrar a força que habita qualquer natureza, inclusive a dos seres humanos.
Ao considerar uma ideologia que pretende  a democracia como sendo "coisa de pobre" pelo fato de tentar reduzir a distância entre os ricos e pobres, essa atriz evidenciou a fragilidade moral da nossa sociedade.
Mas também expôs a imensa hipocrisia que permeia uma realidade de fragilidade da nossa cultura. Resumiu o pavor que se esconde sob a mentalidade do poder baseado única e exclusivamente no poder financeiro que cria um falso valor, onde a bela viola esconde o pão bolorento.
A ideia é "se tenho dinheiro estou protegida da pobreza e, portanto, sou forte".
E sendo assim, provavelmente não será desprezada ou ignorada, em uma sociedade que se apoia exclusivamente nessa condição.
Assumir políticas que poderiam fazer sua empregada menos pobre, seria enfrentar o terror de ser menos rica...e portanto mais frágil!
A mesma mentalidade de Hitler!
Admitir que parte da nossa sociedade, espalhada pelas ruas, nas empresas, no cinema e tv, nos centros de lazer ou de trabalho, é afetada pelo complexo de classe social e portanto influenciada pela mentalidade do poder baseado unicamente no dinheiro, é muito desagradável. Estamos sempre criando imagens de heróis, pessoas que vencem a trajetória de vida deixando exemplos do bom viver e da dignidade de viver.
Reconhecer que admiramos pessoas sem qualquer qualidade que não seja unicamente o verniz empregado para lustrar sua imagem, também é decepcionante.
Mas o maior problema desse complexo e desse medo de viver é a violência que é desencadeada pelos fracos que se apoiam no dinheiro e valores supérfluos, para poder sentir segurança e poder. Uma violência que cresce na mesma medida em que a mentalidade que despreza a vida se firma na ausência de valores imprescindíveis ao convívio social.
Com essa fragilidade moral, a sociedade torna-se presa fácil de déspotas e ditadores. A ilusão do poder financeiro como fonte de poder individual, se esvai dramaticamente.
A violência, que assume diferentes formas e intensidade, atinge a todos, ricos ou pobres, fortes ou poderosos, em escala cada vez maior. Ironicamente, pode vir de dentro para fora e portanto os mecanismos de segurança que são destinados a impedir que a violência invada a vida, tornam-se relativos e limitados.
Pode ser que dinheiro traga felicidade e poder. Mas não basta como único provimento para uma vida equilibrada e protegida, tampouco pode substituir a necessidade de valores que realmente garantam a segurança, individual ou coletiva.
Porque sem segurança coletiva, não há segurança individual. Já dizia o velho Sócrates!... (MM)

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http://artemirna.blogspot.com.br/2011/06/tentacao-dividas-usura-e-vice-versa.html





Sunday, May 28, 2017

VOCÊ É VIRTUAL REALIDADE

O mundo virtual parece ser um lugar onde dominamos a hora de existir ou desaparecer como mágica, tornando-nos invisíveis!
Onde todos podem optar entre conversar ou simplesmente observar o "movimento". O que fornece uma sensação de poder sobre o meio. Mesmo que esse meio possa ser ilusório, onde um deserto é interpretado como um oasis de relações.
A partir do momento em que desconectamos, "desligamos" esse espaço por vontade própria. E retornamos a realidade imediata e fisica, onde as regras podem ser encaradas como uma escravidão ao sistema.
 São mundos diferentes, o virtual e o real!
Será?
Estamos realmente livres de grilhões e ameaças quando navegamos no ciberespaço?
Não há proteção no mundo virtual, todos sabemos disso. Nos sites, a relação esperada, de privacidade, não existe, mesmo que o quadro de amigos contenha apenas familiares.
O espaço, na verdade é público e mesmo que haja garantia de privacidade, a realidade indica que os dados estão ao alcance de administradores e de hackers.
Permanecem "boiando" (ou seria flutuando?) em um mundo ainda pouco desvendado.
Sites de relacionamento parecem  ser uma sala isolada e privada. Torna-se mais difícil imaginar o espaço virtual, protegido por senhas, como ambiente público.
Mesmo fora dos sites de relacionamento, esse mundo virtual guarda dados pessoais de maneira indireta. Com a informatização de dados, os cadastros que são vendidos, trocados ou obtidos até em promoções e descontos ou nas lojas e bancos, não ha mais garantia alguma de privacidade.
Essa realidade desagrada.
Nos sites, as pessoas sentem necessidade de partilhar sua vida, suas alegrias, seus momentos de sucesso, a relação amorosa ou familiar, da mesma forma que os momentos de tristeza ou depressão.
Isso é natural porque o ser humano é um animal social, preparado para conviver em grupo até mesmo para garantir a sobrevivência individual, que se torna mais garantida na sobrevivência mútua.
A relação virtual aproxima tanto as pessoas conhecidas - familiares e amigos - como reduz ou elimina o distanciamento entre pessoas desconhecidas que iniciam uma amizade através de interesses comuns. Sem essa "mágica" virtual que elimina distâncias e derruba as paredes, a possibilidade de ampliar o conhecimento fica realmente muito reduzida.
Reduzida demais para quem se habitua a navegar em um espaço que seduz justamente pelo fato de funcionar sem a carga da materialidade.
Um espaço realmente sedutor, constantemente ampliado por novos recursos. Com um dispositivo mais leve e fino do que um livro, pode-se acessar e ler infindáveis obras literárias, escrever, desenhar, criar projetos, trabalhar, ouvir música, conversar, fazer compras, enfim...a ponto do sujeito que navega em um espaço tão diversificado e aparentemente infinito em suas possibilidades perguntar-se se não está havendo alguma inversão e aquilo que consideramos o mundo real não é na realidade uma espécie de limbo!
Como lidar com esse novo mundo e suas possibilidades e riscos entretanto, não é assim tão fácil. Por trás da mágica dos recursos e da sofisticação tecnológica, existe a mesma matéria básica dos tempos das trevas ou dos conflitos da civilização: o conteúdo humano, dividido entre a construção e a destruição, a verdade e a mentira, a necessidade de relacionar-se e ampliar os horizontes e a capacidade de distorcer e manipular o meio.
A grande verdade é que explorar o ciberespaço tem menor risco do que o mundo real no que se refere à preservação física (pelo menos imediata) mas não existe nenhuma garantia de segurança em qualquer outro sentido!
Mundo material, mundo virtual, mundo emocional, mundo espiritual...parece que a relação humana com espaços que pareciam fictícios e isolados finalmente se fundem em um mundo inteiramente novo, diferente, mas não mais improvável!  ( Mirna Monteiro)

Saturday, May 13, 2017

AS MÃES E FILHOS DESCARTÁVEIS

O conto de Scott Fitzgerald, "O curioso caso de Benjamin Button", pretendeu subverter a ordem da natureza e trazer à vida um bebê idoso, que ao longo do tempo foi rejuvenescendo.
Mas essa inversão mostra uma realidade indiscutível: Benjamim necessitou de duas mães, porque o fato de ser um bebê idoso não excluiu a fragilidade do nascimento, e tampouco pôde evitar a fragilidade de sua morte, quando rejuvenesceu até transformar-se novamente em um bebê.
O que está por trás dessa aventura que tornou o amadurecimento da personagem extremamente sedutor, com a juventude crescente do corpo simultaneamente ao aprimoramento intelectual e emocional da experiência, mostra que a fragilidade humana está nos dois extremos da vida, e que a proteção maternal é fundamental quando nascemos e quando envelhecemos.
Isso nos traz um grande problema!
Ao pensar em "mãe", mesmo que seja uma vez por ano, em data de grande apelo comercial, pensamos na mulher como geradora e cuidadora da vida. Graças a ela, a mulher, a sociedade humana sobreviveu a partir do nascimento. O ser humano é dos poucos animais que dependem de absoluta proteção para sobreviver.
Ao contrário do conto Benjamin Button, as pessoas vão se fortalecendo e amadurecendo ao longo da vida, até iniciar o processo de envelhecimento, onde a experiência mental e emocional continua a evoluir, mas o corpo se desgasta.
Ao longo do tempo, a tão decantada condição de mãe, acaba afunilando na condição de avó, de bisavó e, quem sabe, tataravó.
A condição de mãe não acabou, continua.
Ou não?
Considerando que para fortalecer-se na experiência de vida, necessitamos do amadurecimento, mas em contrapartida enfrentamos o desgaste fisico ao longo do tempo, não apenas a mulher que é mãe, mas qualquer indivíduo, deveria ser valorizado pelo peso de seu conhecimento, seja na família, seja na sociedade.
Mas não é essa a realidade da nossa cultura.
A ênfase à juventude sustenta-se em razões politicas e não naturais.
Em um mundo onde o supérfluo predomina e o objetivo é produzir e descartar, a valorização da vida também se torna mais frágil.
Para manter o perfil de um sistema onde a sociedade é eternamente jovem e sem  amadurecimento intelectual, emocional e político, que apenas o tempo pode proporcionar .
Não é raro encontrar nos asilos as "mães esquecidas". mulheres que envelheceram e acabam ficando à margem não apenas da sociedade, mas de suas famílias,
Em uma sociedade onde os valores ficam soterrados sob as novas exigências do mercado, a relação familiar se deteriora. Muitos filhos apenas conseguem conviver com os pais em ocasiões de lazer. Uma viagem à Disney, por exemplo, passa a ter um significado maior do que a convivência baseada em valores emocionais.
O papel da mãe, portanto, passa a ter um valor com data marcada, como uma moeda que perde o poder de compra e não serve mais para as necessidades dos filhos.
Não é apenas no envelhecimento que as mães correm o risco de ser negligenciadas emocionalmente e esquecidas em asilos. A relação na família está rompendo-se prematuramente, a ponto de uma data comercial, como o Dia das Mães, tornar-se uma oportunidade de relação ou alguma troca sentimental, graças à ausência de relacionamento durante o resto do tempo.
Na moderna mentalidade pragmática, onde a produção se torna o principal objetivo de vida para atingir o capital que determina os graus materiais de sobrevivência, as mães têm prazo para descarte. Essa condição está modificando o conceito da mãe protetora, que se dedica ao seu bebê, mesmo quando o pai pode ajudar a exercer esse cuidado.
Quando a mulher recusa o principal papel da maternidade, que é alimentar com seu corpo a sua cria e com seu amor garantir a estabilidade emocional e o equilíbrio mental de seus filhos, demonstra apenas o grande medo da dependência emocional futura, porque sabe que poderá enfrentar o esquecimento ou tornar-se um estorvo familiar.
O que está errado nessa nova relação familiar?
Entre todos os desajustes que vêm afetando a antiga estrutura de relacionamento humano, o mais cruel não está sendo encarado com a seriedade merecida: a destruição do elo que nos torna humanos.
Esse elo é o começo e o fim de uma relação que aprimora a sociedade e permite uma sobrevivência humana e não a de ciborgs programados; o sentimento amoroso, que faz brilhar os olhos da mulher que abraça e protege a sua cria, e que no futuro abraçará e protegerá a fragilidade da velhice!
Sem esse sentimento que une as pessoas do nascimento à morte, seremos apenas peças de engrenagens e não seres com capacidade de entender a vida. (Mirna Monteiro)