Parece muito dramático: você está andando na rua, olhos atentos a qualquer pessoa que passa próxima à você; qualquer um pode ser um agressor, não pode? São pessoas desconhecidas! Mas e quanto à ameaça de pessoas, empresas, instituições e ambientes em que você confia?
Este parece ser o novo desafio da sociedade deste século XXI: distinguir entre estranhos e conhecidos, quem pode ser uma ameaça à integridade física ou material.
O inimigo não é mais o tigre que rosna em torno da caça, mas um lobo que veste as mais variadas peles, do empregado doméstico aos seguranças contratados para defesa, ou até mesmo pessoas da própria família!
Imagine esta cena que se torna comum: para você entrar em uma agência bancária com a finalidade de acessar sua própria conta ou fazer seus pagamentos, você geralmente é barrado na porta giratória e obrigado a esvaziar bolsos e bolsas.
No entanto, a mesma porta que barra suas chaves, seu celular ou até suas obturações dentárias (exagêro...) não consegue impedir que bandidos armados surjam como por encanto e assaltem a agência onde você foi pagar a conta de luz.
O problema é que esses assaltantes lucram mais esvaziando os bolsos dos clientes do que esvaziando os caixas do próprio banco, que afinal tem seguro!
E o cidadão é duplamente punido, por ser constrangido no momento de entrar na agência bancária e ser assaltado antes de sair dela!...Aliás aumentaram os casos de bandidos que agem na saída dos bancos, cada vez mais organizados para os assaltos ao cidadão.
Shoppings Centers eram considerados locais seguros. Seguro para o seu veículo no estacionamento, seguro para você fazer compras sem se preocupar com a bolsa...era assim. Agora os shoppings são palco de tiroteios de quadrilhas mais sofisticadas que visam joalherias.
Parece ser uma questão de oportunismo: as joalherias de shoppings são presas fáceis pela própria idéia de que o lugar é mais seguro. Certamente a partir do momento em que estratégias forem adaptadas para dificultar os assaltos surpresa, os assaltantes vão ter de mudar de tática e surpreender outros locais.
É claro que esse fato serve apenas para tornar o cidadão mais inseguro ainda, pois não se sabe de onde virá o próximo golpe.
Você tem coragem de deixar as crianças sozinhas com a babá? Cresce o número de pessoas que são obrigadas a espionar as babás que cuidam de seus filhos. Muitas pessoas abriram mão da privacidade em nome da segurança e mantém a casa equipada com câmeras em todos os cômodos.
E sua empregada doméstica? Conhece todos os hábitos da família e tem acesso à todas as fechaduras da residência? E o guarda-noturno? Os chamados "seguranças coletivos" que passam de casa em casa cobrando taxas para apitar até você dormir também representam um risco, pois ficam conhecendo todos os detalhes do bairro e sabem quando uma residência está vazia. Pode haver entre eles um "olheiro".
E o segurança do condomínio ou do prédio?...Ou mesmo amigos e familiares, em casos onde cresce a ocorrência de abusos sexuais em crianças, estupros e mesmos seqüestros? Ou mesmo o marido, que cada vez mais aumenta a estatística de espancamento e assassinato das mulheres. O inimigo íntimo começa a colocar as garras de fora e age cada vez mais, contando com a impunidade.
A desconfiança de tudo e de todos parece ser a nova necessidade moderna. Um retrocesso: exatamente como nos tempos das cavernas!
Parece muito dramático: você está andando na rua, olhos atentos a qualquer pessoa que passa próxima à você; qualquer um pode ser um agressor, não pode? São pessoas desconhecidas! Mas e quanto à ameça de pessoas, empresas, instituições e ambientes em que você confia?
Este parece ser o novo desafio da sociedade deste século: distinguir entre estranhos e conhecidos quem pode ser uma ameaça à integridade física ou material. O inimigo não é mais o tigre que rosna em torno da caça, mas um lobo que veste as mais variadas peles, do empregado doméstico aos seguranças contratados para defesa, ou até mesmo pessoas da própria família!
Imagine esta cena que se torna comum: para você entrar em uma agência bancária com a finalidade de acessar sua própria conta ou fazer seus pagamentos, você geralmente é barrado na porta giratória e obrigado a esvaziar bolsos e bolsas.
No entanto, a mesma porta que barra suas chaves, seu celular ou até suas obturações dentárias (exagêro...) não consegue impedir que bandidos armados surjam como por encanto e assaltem a agência onde você foi pagar a conta de luz.
O problema é que esses assaltantes lucram mais esvaziando os bolsos dos clientes do que esvaziando os caixas do próprio banco, que afinal tem seguro!
E o cidadão é duplamente punido, por ser constrangido no momento de entrar na agência bancária e ser assaltado antes de sair dela!...Aliás aumentaram os casos de bandidos que agem na saída dos bancos, cada vez mais organizados para os assaltos ao cidadão.
Shoppings centers eram considerados locais seguros. Seguro para o seu veículo no estacionamento, seguro para você fazer compras sem se preocupar com a bolsa...era assim. Agora os shoppings são palco de tiroteios de quadrilhas mais sofisticadas que visam joalherias.
Parece ser uma questão de oportunismo: as joalherias de shoppings são presas fáceis pela própria idéia lugar é mais seguro. Certamente a partir do momento em que estratégias forem adaptadas para dificultar os assaltos surpresa, os assaltantes vão ter de mudar de tática e surpreender outros locais. É claro que esse fato serve apenas para tornar o cidadão mais inseguro ainda, pois não se sabe de onde virá o próximo golpe.
Você tem coragem de deixar as crianças sozinhas com a babá? Cresce o número de pessoas que são obrigadas a espionar as babás que cuidam de seus filhos. Muitas pessoas abriram mão da privacidade em nome da segurança e mantém a casa equipada com câmeras em todos os cômodos.
E sua empregada doméstica? Conhece todos os hábitos da família e tem acesso à todas as fechaduras da residência? E o guarda-noturno? Os chamados "seguranças coletivos" que passam de casa em casa cobrando taxas para apitar até você dormir também representam um risco, pois ficam conhecendo todos os detalhes do bairro e sabem quando uma residência está vazia. Pode haver entre eles um "olheiro".
E o segurança do condomínio ou do prédio?...Ou mesmo amigos e familiares, em casos onde cresce a ocorrência de abusos sexuais em crianças, estupros e mesmos seqüestros? Ou mesmo o marido, que cada vez mais aumenta a estatística de espancamento e assassinato das mulheres. O inimigo íntimo começa a colocar as garras de fora e age cada vez mais, contando com a impunidade.
A desconfiança de tudo e de todos parece ser a nova necessidade moderna. Um retrocesso: exatamente como nos tempos das cavernas!
É interessante lembrar o "daimonion" de Sócrates. Dizia ele que "em mim se verifica algo de divino ou demoníaco (...) uma voz que se faz ouvir dentro de mim desde que eu era menino e que, quando se faz ouvir, sempre me detém de fazer aquilo que é perigoso e que estou a ponto de fazer, mas que nunca me exortou a fazer nada".
Passamos por uma fase onde a voz da razão e do limite anda rouca demais, deixando poderosa a voz demoníaca. Cada vez mais, na desordem social e na pressão do consumo o mundo perde a coerência para a convivência pacífica e não consegue inserir-se na lógica da cidadania.
Devemos reaprender a "ouvir" nossa intuição e estabelecer contato com a vida através do respeito à natureza e à consciência de que aquilo que movimenta o mundio parte não de algum espaço alienígena, mas de nós mesmos.
Demócrito escreveu que a bondade não é uma questão de ação; depende do desejo interior do homem. O homem bom não é o que pratica o bem, mas o que deseja praticá-lo sempre.
Se o interior humano anda tão precário, devemos antes de mais nada analisar nossos pensamentos e ações, pois somos a gota que faz transbordar o copo! Principalmente se concordarmos com Espinosa, que achava que o esforço de se preservar é um bem e o que trava esse esforço é um mal. Ou seja, a presença do mal é simplesmente a falta de esforço em se promover o bem!
É preciso se esforçar e suar a camisa para manter o equilíbrio na convivência.
Estamos todos, talvez, demasiados omissos e preguiçosos, afundando em uma vida ficcional e superficial dos prazeres do consumo e da hipnose da mídia. O preço está sendo alto: cada vez mais o espaço individual está sendo reduzido, enquanto a ameaça à sobrevivência aumenta!
Se o antigo Protágoras estava certo, estamos todos ferrados: "o homem é a medida de todas as coisas... Cada um tem o direito de determinar, por si, o que é o bem e o que é o mal...". Neste nosso espaço cada vez mais aviltado e confuso, isso seria realmente a verdadeira anarquia do final da raça humana, pelo nos moldes que criamos para nosso atual sistema de vida. (MM)
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Friday, February 24, 2017
Wednesday, December 07, 2016
MANIPULADOS
Recentemente participei de uma discussão onde a temática girava em torno das artimanhas políticas. Havia evidente indignação nas criticas e opiniões a respeito da classe politica brasileira, com adjetivos nada agradáveis.
De repente uma pergunta primária trouxe um silêncio inesperado: "Como é que nós permitimos isso, gente? Como é que o povo cai nessa situação?"
Pode completar essa cena com a expressão de grande constrangimento geral!
Bem...
Vivemos uma fase de conflitos, onde todos os acontecimentos pressionam para grandes mudanças. Até o momento a sociedade humana mudou muito pouco em sua essência.
Kant acreditava que a dignidade é qualidade inerente ao homem. E que essa dignidade seria determinante do valor moral, de forma que o respeito ao semelhante deveria gerar uma relação emoldurada pela dignidade.
Podemos divagar sobre esse pensamento e arriscar até que ponto as sociedades humanas assimilam em sua cultura a afirmação de que seres humanos seriam mais evoluídos a partir de sua capacidade de valorizar a própria dignidade. Porque ao longo da história humana a dignidade e a honra ocuparam espaços de importância vital, mas sempre foram soterrados pelas ações obscuras e secretas, que ocorriam nos bastidores da filosofia e do imaginário popular.
Intrigas, planos secretos, mentiras e o uso da boa fé do cidadão integram o caldeirão dos grupos que se unem no interesse de dominar a sociedade.
Os soberanos nunca dormiram em paz, conforme podemos observar nos registros históricos. Bons governantes ou déspotas corriam sempre o risco que se escondia nas sombras. As guerras eram travadas com outros soberanos, mas os bastidores do próprio reino sempre foram fonte de conspirações.
Fora desse cenário, convinha manter os cidadãos longe da verdade.
Ao longo da história humana, isso nunca mudou. Os cenários se modificaram, a tecnologia transformou o mundo, mas sempre a serviço de um mesmo senhor: o poder e a manipulação da massa.
Do ponto de vista político, existe realmente diferença entre um camponês do século XVIII e o cidadão dos nossos dias?
Nenhuma, considerando a capacidade de um ou outro de entender o que acontece o seu redor e quais seriam as razões de seu calvário ou de sua rotina menos dolorosa.
Seja em tempos primitivos, seja neste início do Terceiro Milênio, a maneira como o poder domina a sociedade de várias culturas diferentes, ainda é a mesma. Essencialmente, o ser humano é o mesmo, confuso em sua interpretação do que seria ético e preservaria a sua dignidade.
Aí chegamos no começo desta conversa e à observação indignada: "como é que nós permitimos isso, gente?"
Podemos dizer que essa também não é uma pergunta inusitada e foi justamente essa indignação popular que registrou historicamente levantes e revoluções.
Mas por maior que seja a tendência em minimizar as mudanças no estabelecimento da dignidade humana, somos obrigados a admitir que pela primeira vez na história da humanidade- pelo menos na história conhecida da humanidade - há algo diferente, que se coloca frente aos acontecimentos gerados pelos grupos de poder e domínio político. Trata-se de um processo inverso ao domínio da comunicação da massa, cuja cartilha começa a mostrar rupturas e amassados.
Esse processo parece ser inevitável e é fortalecido por novos meios de comunicação e da abertura da consciência do indivíduo diante da dignidade citada por Kant, onde fica latente a necessidade de obediência a leis que partam do próprio cidadão que anseia pela ética.
Leis criadas pelo poder político não estão mais sendo reconhecidas como leis válidas, porque estão entrando em conflito com a necessária preservação da dignidade humana!
O atual Congresso, com parlamentares imbuídos de um poder não reconhecido pelo cidadão, que tentam manipular não apenas decisões democráticas, mas o último reduto da dignidade do cidadão, que é a Justiça ética, limpa e imparcial, está remexendo com as entranhas da sociedade, que pela primeira vez, ainda sem racionalizar o sentimento, está estabelecendo o espírito crítico não apenas individual, mas também coletivo.
Manipulados que começam a conscientizar que são submetidos a essa manipulação, ou a uma falsificação de sua dignidade, deixam de ser influenciados pelos opressores. Estejam eles vestidos de revoltados sem consciência da dignidade, de grande mídia, de parlamentares, de governantes ou de um tipo de Sistema Judiciário que se esconde sob mera linguística, com citações e repetições desnecessárias para justificar atos políticos que a ética popular não reconhece. (Mirna Monteiro)
De repente uma pergunta primária trouxe um silêncio inesperado: "Como é que nós permitimos isso, gente? Como é que o povo cai nessa situação?"
Pode completar essa cena com a expressão de grande constrangimento geral!
Bem...
Vivemos uma fase de conflitos, onde todos os acontecimentos pressionam para grandes mudanças. Até o momento a sociedade humana mudou muito pouco em sua essência.
Kant acreditava que a dignidade é qualidade inerente ao homem. E que essa dignidade seria determinante do valor moral, de forma que o respeito ao semelhante deveria gerar uma relação emoldurada pela dignidade.
Podemos divagar sobre esse pensamento e arriscar até que ponto as sociedades humanas assimilam em sua cultura a afirmação de que seres humanos seriam mais evoluídos a partir de sua capacidade de valorizar a própria dignidade. Porque ao longo da história humana a dignidade e a honra ocuparam espaços de importância vital, mas sempre foram soterrados pelas ações obscuras e secretas, que ocorriam nos bastidores da filosofia e do imaginário popular.
Intrigas, planos secretos, mentiras e o uso da boa fé do cidadão integram o caldeirão dos grupos que se unem no interesse de dominar a sociedade.
Os soberanos nunca dormiram em paz, conforme podemos observar nos registros históricos. Bons governantes ou déspotas corriam sempre o risco que se escondia nas sombras. As guerras eram travadas com outros soberanos, mas os bastidores do próprio reino sempre foram fonte de conspirações.
Fora desse cenário, convinha manter os cidadãos longe da verdade.
Ao longo da história humana, isso nunca mudou. Os cenários se modificaram, a tecnologia transformou o mundo, mas sempre a serviço de um mesmo senhor: o poder e a manipulação da massa.
Do ponto de vista político, existe realmente diferença entre um camponês do século XVIII e o cidadão dos nossos dias?
Nenhuma, considerando a capacidade de um ou outro de entender o que acontece o seu redor e quais seriam as razões de seu calvário ou de sua rotina menos dolorosa.
Seja em tempos primitivos, seja neste início do Terceiro Milênio, a maneira como o poder domina a sociedade de várias culturas diferentes, ainda é a mesma. Essencialmente, o ser humano é o mesmo, confuso em sua interpretação do que seria ético e preservaria a sua dignidade.
Aí chegamos no começo desta conversa e à observação indignada: "como é que nós permitimos isso, gente?"
Podemos dizer que essa também não é uma pergunta inusitada e foi justamente essa indignação popular que registrou historicamente levantes e revoluções.
Mas por maior que seja a tendência em minimizar as mudanças no estabelecimento da dignidade humana, somos obrigados a admitir que pela primeira vez na história da humanidade- pelo menos na história conhecida da humanidade - há algo diferente, que se coloca frente aos acontecimentos gerados pelos grupos de poder e domínio político. Trata-se de um processo inverso ao domínio da comunicação da massa, cuja cartilha começa a mostrar rupturas e amassados.
Esse processo parece ser inevitável e é fortalecido por novos meios de comunicação e da abertura da consciência do indivíduo diante da dignidade citada por Kant, onde fica latente a necessidade de obediência a leis que partam do próprio cidadão que anseia pela ética.
Leis criadas pelo poder político não estão mais sendo reconhecidas como leis válidas, porque estão entrando em conflito com a necessária preservação da dignidade humana!
O atual Congresso, com parlamentares imbuídos de um poder não reconhecido pelo cidadão, que tentam manipular não apenas decisões democráticas, mas o último reduto da dignidade do cidadão, que é a Justiça ética, limpa e imparcial, está remexendo com as entranhas da sociedade, que pela primeira vez, ainda sem racionalizar o sentimento, está estabelecendo o espírito crítico não apenas individual, mas também coletivo.
Manipulados que começam a conscientizar que são submetidos a essa manipulação, ou a uma falsificação de sua dignidade, deixam de ser influenciados pelos opressores. Estejam eles vestidos de revoltados sem consciência da dignidade, de grande mídia, de parlamentares, de governantes ou de um tipo de Sistema Judiciário que se esconde sob mera linguística, com citações e repetições desnecessárias para justificar atos políticos que a ética popular não reconhece. (Mirna Monteiro)
Friday, August 12, 2016
O BOM SENSO E O DIABO
O senso de justiça está cada vez mais espremido pela lógica de sobrevivência instintiva e individualista. O que seria isso? Cada um arrisca a sua interpretação do que seria justo, mas infelizmente com base em conceitos e deduções impostas pela ficção que pretende distrair, mas que acaba atuando subliminarmente na consciência dos desavisados.
Até que ponto a Justiça fica comprometida com as distorções do mundo moderno, onde as imagens e o apelo da mídia predominam sobre a razão imparcial, ainda não está bem definido. Mas parece que a interpretação de fatos mistura ficção e realidade.

Pois é. Parece ficção.
No filme "O advogado do diabo", baseado em um romance do australiano Morris West, o advogado idealista na luta pela justiça acaba corrompido, seduzido por dinheiro e posição social.
Acaba arrependido, após descobrir que a sua ganância trouxe a desgraça para muita gente, inclusive para ele próprio. A história mostra um desfecho que alivia a tensão de quem está torcendo contra o diabo. Afinal, pretende-se que a arte imite a vida. Ninguém quer que vilões terminem sempre ganhando.

O interessante é que temos hoje os extremos bem delineados e visíveis a qualquer observador: quanto mais aumenta a informação e a consciência popular a respeito do que seria o senso de justiça, mais são "aprimoradas" as táticas da distorção da verdade e, portanto, dos objetivos da aplicação das leis.
LIMITES
LIMITES
Nos julgamentos acompanhados pela grande mídia assistimos a um festival de estratégias que lembram um jogo, onde a verdade não é necessariamente um componente de destaque. Pelo contrário, como nossas leis preveem que o sujeito em julgamento não precisa fornecer provas contra si mesmo (óbvio) a interpretação vai solta e sem constrangimento algum na utilização de argumentos construídos ficcionalmente. Ou seja, a mentira corre solta nos tribunais, não como exceção discreta, mas como norma da defesa.
É uma situação absurda. Nesse caso provas coletadas cientificamente são contestadas pela defesa de um acusado, digamos de homicídio, não de maneira fundamentada, mas aleatória, conturbando o senso da realidade.

Objetivos da Justiça
Pois é. Parece ficção.
No filme "O advogado do diabo", baseado em um romance do australiano Morris West, o advogado idealista na luta pela justiça acaba corrompido, seduzido por dinheiro e posição social.
Acaba arrependido, após descobrir que a sua ganância trouxe a desgraça para muita gente, inclusive para ele próprio. A história mostra um desfecho que alivia a tensão de quem está torcendo contra o diabo. Afinal, pretende-se que a arte imite a vida. Ninguém quer que vilões terminem sempre ganhando.
A realidade pode ser bem mais complicada do que as páginas de um livro. Para quem acha que o circo armado para confundir julgamentos é consequência natural e pode ser controlado pela lógica de quem julga, inclusive em júris populares, é bom lembrar que o abuso é tamanho que o senso de justiça fica realmente comprometido e o resultado justo submetido a uma espécie de roleta russa.
Pode ou não atingir o objetivo.
Pode ou não atingir o objetivo.
Essa liberdade em mentir ou esse "vale-tudo" nos nossos tribunais repercute naturalmente na ordem social. Não há punição para advogados que jogam com fantasias e distorções, na mentalidade que levou ao esteriótipo do "advogado do diabo", que define defesas sem escrúpulos no âmbito do sistema judiciário.
O fato reduz a credibilidade na justiça.
John Rawls filosofou a respeito, comentando que as leis são diretrizes direcionadas à pessoas racionais que tem o objetivo de viver em um sistema de cooperação social. Mas nem sempre as leis ou o cumprimento delas são expressões institucionalizadas da justiça.
O problema, lembra, é o fato de que a injustiça pode comprometer o sistema de cooperação social.
Ou seja, quando toda a estrutura existente, criada para fortalecer esse meio, é neutralizada por fatores que não tem o objetivo comum, ocorre uma crescente desorganização social.
Ou seja, quando toda a estrutura existente, criada para fortalecer esse meio, é neutralizada por fatores que não tem o objetivo comum, ocorre uma crescente desorganização social.
Se é permitido todo e qualquer argumento, mesmo que seja evidentemente falso ou com intenção de deturpar a verdade e prejudicar o objetivo da justiça, sem clara punição a quem se utiliza maliciosamente desse recurso, não há como exigir fora dos tribunais o senso da justiça e portanto a obediência civil ou cooperação da massa.
Não falamos aqui apenas dos grandes assassinatos, que acabam integrando o folclore popular, mas da justiça em todas as suas instâncias, mesmo em decisões de pequenas causas ou em questões cíveis, que podem não ser dimensionadas pela mídia, mas que são como a água sobre a pedra, provocando ao longo do tempo o descrédito no sistema judiciário. (Mirna Monteiro)
Saturday, May 07, 2016
MANIPULAÇÃO E PODER EM NOVO TEMPO
Na mitologia os deuses tinham um péssimo defeito: adoravam manipular os pobres mortais. Lá de cima do Olimpo, entre brancas nuvens e regados a nectar e ambrosia, combatiam o tédio inventando desafios ou mesmo benécias para alterar o destino da humanidade.
Bons ou malvados, os deuses gregos e romanos representavam qualidades e defeitos humanos. Os humanos, por outro lado, espelhavam-se nos deuses que adotavam como regentes de sua vida, fazendo orações, sacrifícios e erguendo monumentos para agrada-los e receber sua proteção! Portanto, concluímos que se os deuses manipulavam os homens, aterrorizando-os com seu poder, os homens manipulavam os deuses, tocando-os em sua vaidade e seus humores...
A sociedade humana baseia a sua sobrevivência no poder da manipulação, que assim como o bem e o mal, também tem duas faces. Um bebê depende de cuidados para sobreviver e utiliza o choro para se comunicar, mas a natureza dotou suas cordas vocais de uma sonoridade que chama a atenção para suas necessidades. Não fosse assim e teríamos sérios problemas. O ser humano é o único animal totalmente dependente de cuidados em seus primeiros anos de vida.
Se alguém aqui disser que nunca manipulou ou tentou manipular alguém ou determinada circunstância, estará certamente mentindo ou é extremamente desatento. Manipulamos sim, a todo instante, quando interferidos de maneira indireta na vida da família, dos amigos, do chefe no trabalho ou dos empregados.
Portanto a questão principal não é se somos ou não manipulados ou até que ponto obtemos sucesso com tentativas de manipulação, mas sim até que ponto somos manipulados ou manipulamos alguém! Ou a partir de quando a manipulação pode ser considerada um ato desonesto, degradante ou ainda criminoso!
Sempre houve, ao longo da história, uma preocupação crescente com a manipulação. E uma listagem enorme de crimes com esse objetivo. Por exemplo, a Biblia, que mantém em suas página o aviso de que modificações de seus escritos seria hedionda. No entanto como é que escritos tão antigos, que passaram por tantas mãos e imposições de poder político poderiam permanecer inalterados? A manipulação de seu conteúdo, com adições e subtrações de textos de várias épocas, mostra a complexidade da informação a contradição de algumas afirmações.
Mas se a Bíblia serviu ao bem e ao mal, como nos tempos negros da Inquisição, governos autoritários destruíram livros com informações preciosas com o objetivo de manter o povo na ignorância. Quanto menor a informação, maior a facilidade de manipulação. Nos tempos de hoje a informação ganhou uma dimensão inusitada, em um ambiente disseminador democrático como a internet, mas trouxe outro grande problema: qual informação procede e qual é a manipuladora?
O sujeito manipulado não tem consciência desse poder sobre sua mente, seus hábitos, seus pensamentos...Em contrapartida à maior informação, as técnicas para dominar tornaram-se aprimoradas. Uma das maneiras de manipulação envolve o inconsciente, com mensagens visuais e sonoras subliminares, que não são óbvias, mas lá estão em frações e velocidade imperceptíveis aos olhos, captadas pelo nosso cérebro e que permanecem no inconsciente humano tão poderosas como o grilo falante na cabeça de Pinóquio.
A investida naturalmente visa a massa, ou o coletivo, o mais poderoso "ser". Carl Jung defendia que o inconsciente coletivo - que seria transmitido as gerações posteriores, em uma herança natural, não deriva de experiências individuais, como o inconsciente individual, trabalhado por Freud, ainda que precise de experiências reais para se manifestar. Traços funcionais do inconsciente coletivo, os arquétipos, não seriam observáveis entre si, mas apenas através das imagens que eles proporcionam.
Erich Fromm observou outro aspecto, o "inconsciente social", que seria a experiência humana tornada inacessível pela sociedade repressiva. Assim a humanidade é presa fácil da repressão do meio cultural, aliada do novo poder de influência sobre o indivíduo na vivência dessa cultura, através de mensagens subliminares em textos, filmes, video-game e todo e qualquer recurso visual e sonoro!
Talvez não seja possível avaliar até que ponto somos influenciados e manipulados. O que seria a experiência herdada, ou nossa capacidade de distinguir a razão ou ainda qual seria realmente a nossa opinião, pessoal, individual e original, sobre os fatos e ações de nossas vida?
Pergunta difícil de ser respondida... (Mirna Monteiro)
LEIA TAMBÉM:
http://artemirna.blogspot.com/2010/10/arte-de-acreditarsem-enganar-se.html
http://artemirna.blogspot.com/2006/09/hipocrisia-do-poder.html
http://artemirna.blogspot.com/2010/10/arte-da-manipulacao.html
Saturday, March 05, 2016
ETA, MUNDO VELHO SEM PORTEIRA...
Independente de correr ou não atrás de uma bananeira, o mundo oferece suas alegrias e tristezas, suas certezas e enganos, suas verdades e mentiras. Isso todo mundo sabe ou percebe, desde muito cedo.
Mas até que ponto podemos esperar alegrias, certezas e o conforto da verdade ou aceitar ilusões, má fé, manipulação e mentiras?

Isso depende de quem?
Monday, January 25, 2016
ETERNOS DESEJOS
Desejos sem fim e uma permanente sensação de insatisfação! Assim caminha a humanidade, independente de onde vive ou sob qual cultura subsiste. Descobrir o que se persegue para anular o sentimento de perda (aparentemente a cada espaço de tempo percebido parece que algo foi perdido) parece tarefa impossível. Percorre-se grandes distâncias nessa confusão. Amealhar fortunas a todo custo...ou ir em busca de doutrinas religiosas, filosofia, espaços alternativos...o que pode equilibrar aquilo que parece ser inerente a vida humana?
Em "Escada do Desejo", Leloup lembra a relação humana com o desejo e o medo. "Não há medo sem um desejo escondido e não há desejo que não traga consigo um medo. Estão ligados. Temos medo do que desejamos e desejamos o que temos medo". Essa relação conflitante resulta em patologias, doenças da alma e do corpo.
Freud acreditava que amor e morte, impulso de vida e impulso de morte, integram o desafio humano. Seria o jogo de Eros e Tanato, que torna o homem ansioso pelo desejo de viver ou pela sensação de plenitude, e o medo da destruição ou da morte.
Será tão irremediável essa sensação? Se o ser humano é bastante velho para morrer assim que nasce, vida e morte são uma mesma realidade. O escritor Scott Fritzgerald tentou traduzir essa sensação de vazio humano, diante da eterna insatisfação e do medo, na história de Benjamin Button, invertendo a natureza a partir do nascimento. Se nascemos jovens e caminhamos para a morte justamente quando se atinge maior compreensão da vida e capacidade de sentir a plenitude, como seria se nascemos velhos e o amadurecimento significasse o rejuvenescer?
Aparentemente Fritzgerald não chegou a ponto algum. Inverter a ordem - nascer velho e rejuvenescer ao longo dos anos, tornando-se cada vez mais jovem e experiente - mostrou ser uma solução fugaz para o medo do fim. Sim, porque mesmo o rejuvenescimento teria de ter um final, como tudo neste mundo de constante mutação física! A morte, portanto, não podia ser evitada, pois o desfecho seria a regressão ao útero e a eternidade.
A juventude, portanto, é apenas uma ilusão do desejo de fugir da sensação de perda constante. Na verdade o que tememos é a constante mutação do universo, sempre em movimento, onde nenhum elemento é perdido, mas transformado. O egocentrismo humano é o pior inimigo, pois é dele que provém a sensação de nulidade e impotência diante do universo.
"A morte é parte natural da vida. Podemos escolher entre ignorar! Ou então olhar de frente para a perspectiva de nossa própria morte e, assim pensando claramente nela, minimizar o sofrimento que traz. Entretanto em nenhum desses casos podemos de fato vence-la", lembra o Dalai Lama. O budismo vê a morte como um processo normal. "A morte é como a troca de roupa, uma roupa que envelheceu e já não serve, e não o fim absoluto".
Mas, afirma o Dalai Lama, a própria imprevisibilidade da morte indica que, se cá estamos, devemos cuidar da vida e manter todas as precauções para seu equilíbrio. Talvez o segredo da plenitude esteja justamente na capacidade de entender que o desejar que tanto frustra o ser humano - pois não tem limite até a morte- não têm fundamento e é incompatível com a plenitude. Viver bastante pode favorecer esse conhecimento. A ciência descobriu que conforme envelhecemos temos melhores condições de ser felizes ou de reconhecer o que realmente é importante na vida.
Isso pode ser comprovado na prática. Pessoas que têm longevidade demonstram equilíbrio e maior tranquilidade em relação ao futuro, procurando reconhecer motivos para sentir plenitude - e não mais baseando a felicidade em meros desejos. Cada novo dia é realmente uma nova oportunidade de viver!
Quem vive muito percebe mais intensamente a precariedade da vida, mas também a incrível força da natureza, que deve ser absorvida e não destruída ou transformada em nossos desejos. O arquiteto Oscar Niemayer, aos 103 anos, lamentava a partida de tantas pessoas que amou, mas reconhecia que o respeito pela vida é imprescindível. Ainda trabalhava em projetos, como sempre desprendido do dinheiro, segundo afirmava. Dinheiro que nunca teria sido para ele, mais importante do que o zelo pelas suas obra.
Alguém que ultrapassa os cem anos, hoje, não é mais surpreendente. Ainda que seja uma caminhada para poucos. O segredo, certamente, deve envolver menor estresse pela ânsia do possuir, do ter, do querer...e da frustração que atingir unicamente esses objetivos materiais provoca!
Eternos desejos, eternas insatisfações, medo e uma vida resumida em sua percepção. Parece ser esta a conclusão. Quanto mais se artificializa, mais a humanidade parece entender que o caminho está truncado e que a vida baseada na ferocidade dos recursos materiais não fornece segurança a ninguém! Não é possível sobreviver de escombros. Quem sabe não é este um início, ainda tímido, da consciência humana e da busca do equilíbrio e da tão sonhada plenitude? (Mirna Monteiro)
Thursday, January 21, 2016
REALIDADE VIRTUAL
O comentário geral era a respeito de um crime nos Estados Unidos, onde um homem matou um casal que havia excluído a filha do quadro de amigos no Facebook.
O mundo virtual parece ser um lugar onde dominamos a hora de existir ou desaparecer como mágica, tornando-nos invisíveis!
Onde todos podem optar entre conversar ou simplesmente observar o "movimento". O que fornece uma sensação de poder sobre o meio. Mesmo que esse meio possa ser ilusório, onde um deserto é interpretado como um oasis de relações.
A partir do momento em que desconectamos, "desligamos" esse espaço por vontade própria. E retornamos a realidade imediata e fisica, onde as regras podem ser encaradas como uma escravidão ao sistema.
São mundos diferentes, o virtual e o real!
Será?
Estamos realmente livres de grilhões e ameaças quando navegamos no ciberespaço?
Não há proteção no mundo virtual, todos sabemos disso. Nos sites, a relação esperada, de privacidade, não existe, mesmo que o quadro de amigos contenha apenas familiares.
O espaço, na verdade é público e mesmo que haja garantia de privacidade, a realidade indica que os dados estão ao alcance de administradores e de hackers.
Permanecem "boiando" (ou seria flutuando?) em um mundo ainda pouco desvendado.
Sites de relacionamento parecem ser uma sala isolada e privada. Torna-se mais difícil imaginar o espaço virtual, protegido por senhas, como ambiente público.
Mesmo fora dos sites de relacionamento, esse mundo virtual guarda dados pessoais de maneira indireta. Com a informatização de dados, os cadastros que são vendidos, trocados ou obtidos até em promoções e descontos ou nas lojas e bancos, não ha mais garantia alguma de privacidade.
Essa realidade desagrada.
Nos sites, as pessoas sentem necessidade de partilhar sua vida, suas alegrias, seus momentos de sucesso, a relação amorosa ou familiar, da mesma forma que os momentos de tristeza ou depressão.
Isso é natural porque o ser humano é um animal social, preparado para conviver em grupo até mesmo para garantir a sobrevivência individual, que se torna mais garantida na sobrevivência mútua.
A relação virtual aproxima tanto as pessoas conhecidas - familiares e amigos - como reduz ou elimina o distanciamento entre pessoas desconhecidas que iniciam uma amizade através de interesses comuns. Sem essa "mágica" virtual que elimina distâncias e derruba as paredes, a possibilidade de ampliar o conhecimento fica realmente muito reduzida.
Reduzida demais para quem se habitua a navegar em um espaço que seduz justamente pelo fato de funcionar sem a carga da materialidade.
Um espaço realmente sedutor, constantemente ampliado por novos recursos. Com um dispositivo mais leve e fino do que um livro, pode-se acessar e ler infindáveis obras literárias, escrever, desenhar, criar projetos, trabalhar, ouvir música, conversar, fazer compras, enfim...a ponto do sujeito que navega em um espaço tão diversificado e aparentemente infinito em suas possibilidades perguntar-se se não está havendo alguma inversão e aquilo que consideramos o mundo real não é na realidade uma espécie de limbo!
Como lidar com esse novo mundo e suas possibilidades e riscos entretanto, não é assim tão fácil. Por trás da mágica dos recursos e da sofisticação tecnológica, existe a mesma matéria básica dos tempos das trevas ou dos conflitos da civilização: o conteúdo humano, dividido entre a construção e a destruição, a verdade e a mentira, a necessidade de relacionar-se e ampliar os horizontes e a capacidade de distorcer e manipular o meio.
A grande verdade é que explorar o ciberespaço tem menor risco do que o mundo real no que se refere à preservação física (pelo menos imediata) mas não existe nenhuma garantia de segurança em qualquer outro sentido!
Mundo material, mundo virtual, mundo emocional, mundo espiritual...parece que a relação humana com espaços que pareciam fictícios e isolados finalmente se fundem em um mundo inteiramente novo, diferente, mas não mais improvável! ( Mirna Monteiro)
O mundo virtual parece ser um lugar onde dominamos a hora de existir ou desaparecer como mágica, tornando-nos invisíveis!
Onde todos podem optar entre conversar ou simplesmente observar o "movimento". O que fornece uma sensação de poder sobre o meio. Mesmo que esse meio possa ser ilusório, onde um deserto é interpretado como um oasis de relações.
A partir do momento em que desconectamos, "desligamos" esse espaço por vontade própria. E retornamos a realidade imediata e fisica, onde as regras podem ser encaradas como uma escravidão ao sistema.
São mundos diferentes, o virtual e o real!
Será?
Estamos realmente livres de grilhões e ameaças quando navegamos no ciberespaço?
Não há proteção no mundo virtual, todos sabemos disso. Nos sites, a relação esperada, de privacidade, não existe, mesmo que o quadro de amigos contenha apenas familiares.
O espaço, na verdade é público e mesmo que haja garantia de privacidade, a realidade indica que os dados estão ao alcance de administradores e de hackers.
Permanecem "boiando" (ou seria flutuando?) em um mundo ainda pouco desvendado.
Sites de relacionamento parecem ser uma sala isolada e privada. Torna-se mais difícil imaginar o espaço virtual, protegido por senhas, como ambiente público.
Mesmo fora dos sites de relacionamento, esse mundo virtual guarda dados pessoais de maneira indireta. Com a informatização de dados, os cadastros que são vendidos, trocados ou obtidos até em promoções e descontos ou nas lojas e bancos, não ha mais garantia alguma de privacidade.
Essa realidade desagrada.
Nos sites, as pessoas sentem necessidade de partilhar sua vida, suas alegrias, seus momentos de sucesso, a relação amorosa ou familiar, da mesma forma que os momentos de tristeza ou depressão.
Isso é natural porque o ser humano é um animal social, preparado para conviver em grupo até mesmo para garantir a sobrevivência individual, que se torna mais garantida na sobrevivência mútua.
A relação virtual aproxima tanto as pessoas conhecidas - familiares e amigos - como reduz ou elimina o distanciamento entre pessoas desconhecidas que iniciam uma amizade através de interesses comuns. Sem essa "mágica" virtual que elimina distâncias e derruba as paredes, a possibilidade de ampliar o conhecimento fica realmente muito reduzida.
Reduzida demais para quem se habitua a navegar em um espaço que seduz justamente pelo fato de funcionar sem a carga da materialidade.
Um espaço realmente sedutor, constantemente ampliado por novos recursos. Com um dispositivo mais leve e fino do que um livro, pode-se acessar e ler infindáveis obras literárias, escrever, desenhar, criar projetos, trabalhar, ouvir música, conversar, fazer compras, enfim...a ponto do sujeito que navega em um espaço tão diversificado e aparentemente infinito em suas possibilidades perguntar-se se não está havendo alguma inversão e aquilo que consideramos o mundo real não é na realidade uma espécie de limbo!
Como lidar com esse novo mundo e suas possibilidades e riscos entretanto, não é assim tão fácil. Por trás da mágica dos recursos e da sofisticação tecnológica, existe a mesma matéria básica dos tempos das trevas ou dos conflitos da civilização: o conteúdo humano, dividido entre a construção e a destruição, a verdade e a mentira, a necessidade de relacionar-se e ampliar os horizontes e a capacidade de distorcer e manipular o meio.
A grande verdade é que explorar o ciberespaço tem menor risco do que o mundo real no que se refere à preservação física (pelo menos imediata) mas não existe nenhuma garantia de segurança em qualquer outro sentido!
Mundo material, mundo virtual, mundo emocional, mundo espiritual...parece que a relação humana com espaços que pareciam fictícios e isolados finalmente se fundem em um mundo inteiramente novo, diferente, mas não mais improvável! ( Mirna Monteiro)
Friday, September 04, 2015
Tuesday, July 07, 2015
PREVISÕES E PROFECIAS
Quando ouvia dissertações sobre previsões e profecias em uma palestra, o sujeito na platéia adiantou-se e opinou: "Não há fundamento! Quando se acerta alguma coisa é coincidência e quando não se acerta está claro que não passa de pura imaginação humana, de ficção"! A sua frente a pessoa sorriu e pediu que um outro ouvinte abrisse um bilhete que havia recebido na entrada: "O que está escrito a respeito? " . "Que alguém sentado na terceira fileira discordaria e iria se manifestar contra a idéia de prever qualquer coisa"!
Bem, previsão comprovada!...
Quando negamos a possibilidade de prever os acontecimentos, negamos a nossa capacidade de observar, sentir e projetar a mente. O sábio Confúcio já sabia que não se pode viver como um mero expectador da vida, esquecendo-se de que toda a ação e pensamento determinam aquilo que a humanidade será. "Aquele que não prevê acontecimentos longínquos, expõe-se a desgraças próximas".
É verdade que prever os fatos é diferente de profetizar, mas apenas sob um ponto de vista relativo. Uma previsão baseia-se na observação do passado e do presente e uma profecia tem como mediador a visão do futuro, sem preocupar-se em estabelecer a lógica dos acontecimentos que formarão uma nova realidade.
A idéia que se tem de profecia lembra um ambiente místico, onde seres que se isolam das tentações terrenas mantém a mente livre para captar imagens do futuro através de uma sintonia que vence as barreiras do tempo. Durante toda a história da humanidade e em culturas diferentes, a profecia sempre manteve um lugar de honra, fosse na forma do Oráculo de Delphos, do feiticeiro reverenciado pela tribo, das sacerdotisas ou de sociedades místicas.
No entanto prever o futuro é uma questão de lógica, conforme a própria ciência descobriu. Nos velhos tempos os pajés tentavam descobrir quando iria chover. Nos nossos tempos equipamentos mostram claramente os mistérios da metereologia. Oráculos tentavam desvendar os movimentos sísmicos, que hoje são claros para a geologia, que assim como a astronomia consegue prever desastres naturais da terra ou do sistema solar.
Mas será que tudo é assim mesmo, tão simples? Poderíamos através da lógica, da lei de ação e reação, dos conhecimentos da física, prever acontecimentos e evitar as desgraças e o sofrimento decorrente delas? Poderíamos evitar um divórcio em família, um assassinato passional, um acidente de trânsito ou o desmoronamento de uma encosta?
Até certo ponto, certamente teríamos de admitir essa possibilidade. Se sabemos que andar nas ruas em determinados horários pode colocar em risco nossa integridade física, assim como dirigir em estradas em alta velocidade é sinal de acidente iminente, por que isso acontece ordinariamente?
Podemos alegar que é uma questão de circunstâncias alheias a vontade. Por exemplo, enfrentar o trânsito em alta velocidade é contingência da sobrevivência...enquanto que morar em encostas é unica alternativa para um teto, apesar de que as encostas também foram desmatadas para a construção de mansões...e assim por diante! O ser humano parece viver de justificativas e argumentos de sobrevivência que contrariam a própria auto-preservação.
Nostradamus, médico e alquimista conhecido pelas suas profecias, inclusive a do fim do mundo (se é que interpretamos suas quadras com alguma precisão), teria pressentido a morte do rei Henrique II, nos contatos com a rainha Catarina de Médicis, e avisado que o Rei não deveria participar de qualquer torneio até os 41 anos. E Henrique morreu exatamente aos 41 anos vítima de uma lança que atravessou a armadura, atingindo um dos olhos, em um amigável torneio!
Parece que seja em tempos ainda obscuros, seja em plena era da ciência, a questão não é exatamente a falta de previsão, mas a vocação humana para o imediatismo e para o desafio...além do desleixo com a vida. Em tempos de grandes desafios, negar a necessidade de prever os acontecimentos é o mesmo que entregar-se aos riscos. É uma forma de descuido. Mesmo considerando a força do inevitável - acontecimentos que mesmo sendo previstos e cuidadosamente evitados ainda assim ocorrem por força de circunstâncias que independem da vontade humana - a atenção ao meio e à sequência natural dos fatos precisa ser conscientizada, com a mesma convicção com que se escova os dentes para combater as cáries ou se toma água para evitar a desidratação.
Devemos crer nas previsões e profecias? Sem dúvida!...(Mirna Monteiro)
Bem, previsão comprovada!...
Quando negamos a possibilidade de prever os acontecimentos, negamos a nossa capacidade de observar, sentir e projetar a mente. O sábio Confúcio já sabia que não se pode viver como um mero expectador da vida, esquecendo-se de que toda a ação e pensamento determinam aquilo que a humanidade será. "Aquele que não prevê acontecimentos longínquos, expõe-se a desgraças próximas".
É verdade que prever os fatos é diferente de profetizar, mas apenas sob um ponto de vista relativo. Uma previsão baseia-se na observação do passado e do presente e uma profecia tem como mediador a visão do futuro, sem preocupar-se em estabelecer a lógica dos acontecimentos que formarão uma nova realidade.
A idéia que se tem de profecia lembra um ambiente místico, onde seres que se isolam das tentações terrenas mantém a mente livre para captar imagens do futuro através de uma sintonia que vence as barreiras do tempo. Durante toda a história da humanidade e em culturas diferentes, a profecia sempre manteve um lugar de honra, fosse na forma do Oráculo de Delphos, do feiticeiro reverenciado pela tribo, das sacerdotisas ou de sociedades místicas.
No entanto prever o futuro é uma questão de lógica, conforme a própria ciência descobriu. Nos velhos tempos os pajés tentavam descobrir quando iria chover. Nos nossos tempos equipamentos mostram claramente os mistérios da metereologia. Oráculos tentavam desvendar os movimentos sísmicos, que hoje são claros para a geologia, que assim como a astronomia consegue prever desastres naturais da terra ou do sistema solar.
Mas será que tudo é assim mesmo, tão simples? Poderíamos através da lógica, da lei de ação e reação, dos conhecimentos da física, prever acontecimentos e evitar as desgraças e o sofrimento decorrente delas? Poderíamos evitar um divórcio em família, um assassinato passional, um acidente de trânsito ou o desmoronamento de uma encosta?
Até certo ponto, certamente teríamos de admitir essa possibilidade. Se sabemos que andar nas ruas em determinados horários pode colocar em risco nossa integridade física, assim como dirigir em estradas em alta velocidade é sinal de acidente iminente, por que isso acontece ordinariamente?

Nostradamus, médico e alquimista conhecido pelas suas profecias, inclusive a do fim do mundo (se é que interpretamos suas quadras com alguma precisão), teria pressentido a morte do rei Henrique II, nos contatos com a rainha Catarina de Médicis, e avisado que o Rei não deveria participar de qualquer torneio até os 41 anos. E Henrique morreu exatamente aos 41 anos vítima de uma lança que atravessou a armadura, atingindo um dos olhos, em um amigável torneio!
Parece que seja em tempos ainda obscuros, seja em plena era da ciência, a questão não é exatamente a falta de previsão, mas a vocação humana para o imediatismo e para o desafio...além do desleixo com a vida. Em tempos de grandes desafios, negar a necessidade de prever os acontecimentos é o mesmo que entregar-se aos riscos. É uma forma de descuido. Mesmo considerando a força do inevitável - acontecimentos que mesmo sendo previstos e cuidadosamente evitados ainda assim ocorrem por força de circunstâncias que independem da vontade humana - a atenção ao meio e à sequência natural dos fatos precisa ser conscientizada, com a mesma convicção com que se escova os dentes para combater as cáries ou se toma água para evitar a desidratação.
Devemos crer nas previsões e profecias? Sem dúvida!...(Mirna Monteiro)
Monday, June 15, 2015
AS VARIAS FACES DO MEDO
Sentir medo até certo ponto é natural. Se não tivéssemos a percepção do perigo não poderíamos preservar a vida.
Se estivermos em uma situação de risco ou que simula um risco - como uma montanha-russa por exemplo- sabemos que o mecanismo físico do receio vai fazer com que nosso cérebro provoque uma descarga poderosa de adrenalina para aliviar o corpo desse estresse momentâneo...
Até aí, tudo bem. No entanto quando passamos a sentir medo de situações ou momentos que não conseguimos definir ou racionalizar, nossa capacidade de defesa pode ficar comprometida. Seria o medo irracional, lesivo à sociedade e "politicamente incorreto", pois dá origem a distorções que retornam como as ondas em uma praia. Não se trata de estados alterados, originados por alguma patologia, como a violência psicopata, mas de omissões imiscuídas no nosso dia a dia, de maneira quase imperceptível. É o medo de manifestar uma opinião, de expressar-se, de reclamar, de exigir direitos que são importantes para a manutenção da vida! É a necessidade de recolher-se, encolhendo-se e até mesmo anulando-se, vaporizando-se. O que acontece?
O problema do medo exagerado é o isolamento gradual da realidade, a ponto de atrapalhar o próprio senso de preservação. Um tipo de sensação negativa que vai além do receio de situações de risco, do ataque de um animal ou da agressão de um semelhante.
Há medo evidente de participar da vida e interagir com o meio. Ou seja, perde-se o "ponto" que justifica nossa própria existência.
Elimina-se assim, infelizmente, a nossa capacidade de vivenciar e sentir o prazer do contato humano, já que qualquer um, em qualquer circunstância, representa uma ameaça.
Atuar torna-se um risco e as pessoas evitam até mesmo opinar e exigir respeito às mais elementares regras de convivência.
"Imagine se vou reclamar em um restaurante...vão cuspir no próximo prato"..."Não se pode criticar o site de relacionamento, vai que acabe "sumindo" todos os meus dados e amigos"..."Como vou reclamar de diferenças no preço?...Vão pensar que estou contando meus trocados"...
Pior quando o medo se esconde atrás de uma capa de indiferença. "Eu não vou reclamar porque não adianta mesmo". Ou pelo receio da crítica, de ser alvo das atenções ou de ter de manter um compromisso com a situação após o episódio.
Quem age assim antecipa por conta própria a situação de risco. O funcionário que "cospe no prato" de um cliente que reclamou algum direito está lá, existe, ou foi criado? Como se pode viver partindo do pressuposto de que todas as pessoas que preparam ou servem os pratos cometem um ato assim, que é criminoso, apesar de servir de piadas!
Críticas e reclamações e a inconformação com situações artificiais e ameaçadoras podem ser extremamente positivas para melhorar serviços e garantir o cumprimento de leis e da cidadania. A sociedade precisa aprender a ouvir e realizar críticas que possuem fundamento.
Como vivemos em um mundo de extremos, convém lembrar que reclamar sem motivo é tão ruim quanto a omissão. Para saber se exercitamos um direito saudável é só avaliar a situação naquele momento: é um tipo de distorção que pode afetar o conjunto social?
Também devemos lembrar que "o outro" nem sempre é o vilão da história. E verificar se nossa tentação de omitir-se a exercer a cidadania de maneira equilibrada, sem agressão, mas com firmeza, não está partindo de uma insegurança excessiva, ou da necessidade de aprovação constante, por recear criticas!
Atitudes de rejeição e agressividade também são uma demonstração de medo e ansiedade de auto-preservar-se e não de princípios...
Há exemplos mais dramáticos do que uma cuspida. O risco que passamos quando nosso semelhante temeroso e confuso tem uma arma na mão ou dirige um veículo que se transforma em uma máquina de destruição. Não basta olhar para os dois sentido ao atravessar uma via, já que um bêbado não distingue o asfalto da avenida daquela calçada cheia de pedestres. Tampouco o segurança da agência bancária ou do shopping pode ser confiável, já que um descontrole súbito pode disparar uma arma, que por sua vez pode ir parar nas mãos de uma criança que a leva para a escola com a finalidade de impressionar os coleguinhas ou confundir a ficção com a realidade.
Politicamente temos de assumir uma atitude de equilíbrio. Visceralmente dependemos do controle de nossos instintos primários para respirar no ambiente social. Vivemos em comunidade e partilhamos esse meio. É onde encontramos a sobrevivência. Dizer que se vive só é irreal. Apenas viveríamos sós se fossemos isolados em uma ilha feita de rocha. Não há sobrevivência na vivência estéril. É preciso reconhecer o valor do meio social e contribuir para que haja maior garantia de convivência pacífica. (M M)
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