Mirna Monteiro
Sentir medo até certo ponto é natural. Se não tivéssemos a percepção do perigo não poderíamos preservar a vida.
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Mirna Monteiro
Sentir medo até certo ponto é natural. Se não tivéssemos a percepção do perigo não poderíamos preservar a vida.
Criminalidade, malucos no poder provocando genocídios, confusão humana diante do poder da inteligência artificial, terras sendo incendiadas e inundadas, a natureza provocando um novo ciclo perigoso ... o que mais?
A tensão e o medo parecem um rastilho de pólvora: se espalham em uma velocidade impressionante sobre as pessoas, no mundo todo. Quem não ouve de pessoas conhecidas ou nas redes sociais o medo espremendo a vida?
"Ontem eu quase morri de medo com a chuva em São Paulo. Parecia que o céu ia cair, parecia o fim do mundo!" Outro desabafo: "Caraca, eu só vejo desgraça, acho que não chego aos 40 anos!". Ou talvez você tenha ouvido algo assim: "Não tenho vontade de sair de casa e quando faço isso parece que estou enfrentando perigo o tempo todo"...ou "acordo todo dia de madrugada, tenso, muito angustiado. No dia seguinte estou um caco, não trabalho direito porque minha mente não ajuda".
E você, qual a intensidade de seu medo de viver ou em viver?
Esse estado de tensão foi aumentando nas últimas décadas. Talvez seja proposital. Pessoas apavoradas não pensam sobre a origem dos problemas, ficam fixadas na superfície, em desespero, como alguém em algum oceano que tenta manter-se à tona sem saber nadar.
Isso não resolve nada. Apenas enchem os consultórios de psiquiatras e terapeutas, seguindo protocolos que usam drogas que amortecem o medo de viver, mas não resolve as ameaças do sistema ou da natureza.
É bom abrir os olhos para a realidade!
Devemos pensar sobre o que vem acontecendo com a perda do senso de comunidade. A partir da célula familiar, que se desgasta, até a vida comunitária que é cada vez mais rara no contato físico, vivemos outra condição perigosa: a perda da identidade e o poder de gerenciar a própria vida.
Isso equivale a entregar todas as decisões da vida pessoal ou comunitária, até global, a um sistema que é identificado como beneficiador, mas que na verdade vai minando a percepção do futuro.
Hoje fala-se muito no sionismo. Principalmente depois da violência de Israel sobre a Palestina, com aval e armas dos EUA. O que acontece com o mundo que reage em câmera lenta aos apelos da população de Gaza.
A estratégia sionista é desqualificar o adversário ou aquele que precisa ser subjugado. Para isso utiliza o caos social para desestruturar sua base.
Um exemplo fácil, considerando a crise na estrutura familiar: a desestruturação do núcleo familiar afeta a comunidade, o país e o globo. Todas as espécies do planeta apenas sobrevivem com estruturas de apoio, sejam arvores com suas raízes, formigas ou seres humanos em sua comunidade.
Com o avanço da extrema direita ou sionismo, o que acontece na estrutura familiar no mundo é a mesma estratégia de desmonte dos valores que fortalecem a união familiar.
Pode ser a criação de um mito onde a criança ou o adolescente precisam ser mais "autônomos" e "pensar com a própria cabeça" desprezando os valores familiares...enquanto acaba adotando ideologias maliciosas, na confusão das redes sociais ou em cultos que seriam "salvadores" do enfraquecimento emocional e moral, causados pela perda dos valores da comunidade familiar.
Isso foi utilizado durante o nazismo na Alemanha, onde os jovens eram distanciados da influência familiar e doutrinados nos núcleos educacionais da "juventude hitlerista". A lavagem cerebral na época era limitada a essa "educação", mas fez enormes estragos na estrutura familiar, onde os próprios filhos eram orientados a denunciar os pais e familiares que não se submetiam ao nazismo.
Hoje a lavagem cerebral dos jovens funciona da mesma maneira não apenas em cultos e escolas, mas nas redes sociais. O objetivo é estimular o desligamento da família e, portanto, da realidade política.
Se a estratégia do sionismo é desacreditar figuras fortes que mantém a democracia, isso ocorre a partir da família, onde os genitores passam a ser desmoralizados pelos próprios filhos. Com a estrutura familiar corroída de fora para dentro, os pais são relegados apenas ao papel de subsistência dos filhos, que absorvem ordens externas que tem a finalidade de servir ao sistema, mas não preenchem a necessidade da afetividade e dos valores familiares.
Mate a rainha, interfira na ordem do formigueiro e as formigas entram em pânico e e se tornam presas fáceis de predadores.
Desacredite a função dos pais, avós e outros familiares com experiência de vida, crie o caos familiar, crie o mito de que todos os filhos devem renegar o peso das tradições que unem a família, que saiam de casa o mais precocemente possível e esse conjunto leva ao rompimento da estrutura familiar;
Como consequência o isolamento das pessoas enfraquece toda a comunidade. Não são apenas riscos do consumo de drogas, do aumento de suicídios, da vulnerabilidade ao poder de cultos que dominam pensamentos e ações das pessoas solitárias e desesperadas. O risco é a perda gradativa dos valores que sustentam a força de uma comunidade, que se espalha como um câncer e afeta todo um país, onde o cidadão não sabe distinguir o que é democracia, em contrapartida com governos que dominam sua liberdade, extraindo sua capacidade de pensamento.
Nos velhos tempos erguia-se a clave, o machado, a espada! E entre conquistas e perdas, as civilizações se recuperavam. As guerras sempre foram horrendas e sangrentas, mas pelo menos eram resumidas ao perímetro de suas batalhas e as vidas perdidas viravam adubo da terra.
E hoje...bem, hoje o medo da guerra não é subjetivo, nem relativo. Uma guerra não fica mais circunscrita, não se desenrola em um espaço distante, não envolve apenas dois povos ou batalha de soberania de um ou outro. Envolve o mundo todo!
A distância entre os países não existe mais. Primeiro pela miscigenação cultural, pelo contato direto através do mundo virtual, que desconhece distâncias geográficas e comprova que pessoas não são alienígenas, são pessoas em qualquer espaço do planeta. Segundo porque o mundo é economicamente e interdependente, cada vez mais. Interdependente também em outros fatores, como o climático e o controle de doenças mortais.Mas temos um outro fator definitivo no cuidado com guerras: a dimensão do poder bélico e o poder das armas nucleares.
Ignorar a importância de controlar conflitos e evitar guerras é expor-se à vulnerabilidade em qualquer lugar deste mundo. Não adianta esconder-se em bunkers ou correr para algum mosteiro no Himalaia. uma bomba nuclear não afeta apenas um espaço, mesmo se controlada em sua dimensão de destruição. Seus efeitos indiretos atingem a atmosfera do planeta, que já vai muito mal com a emissão de gases e venenos na terra e água.
Quem não teme a guerra certamente possui uma mente psicopata. Talvez acredite poder dominar o poder mundial, escravizando quem sobrar de um holocausto nuclear ou de drones assassinos, como nos filmes classe B de ficção científica.
Sentir medo até certo ponto é natural. Se não tivéssemos a percepção do perigo não poderíamos preservar a vida.