Friday, July 26, 2013

O EMBATE NOS GRUPOS SOCIAIS

(...)Há grupos de todas as cores e formatos nas redes sociais. A variedade é tão grande, que seria impossível resumi-los aqui. Essa ferramenta que começou a ser utilizada de maneira tímida, virou febre e parece não ter limite. Há grupos até para não comentar nada, só postar carinhas que traduzam a emoção de quem está postando.
Mas subitamente esses grupos sem pretensão transformam-se em máquinas de divulgação política.
Há alguns anos acompanho a evolução dos sites de relacionamento. Antes a moda era o Orkut, depois o Facebook, Twitter, entre tantos outros. A curiosidade é explicada: de que maneira esse novo tipo de contato entre as pessoas acontece e qual o formato futuro da relação humana.
Uma das formas de relacionamento são os grupos, em diferentes categorias e assuntos. Há grupos de todos e para tudo, especialmente no Facebook. Até que ponto isso pode ser uma arma contra a liberdade de expressão e o domínio da informação nas próximas décadas?
Esta é uma área nova para estudos. Há pouca pesquisa e relatos sérios sobre esse novo recurso de comunicação. O que se sabe é que a aparente inocência de grupos que reúnem pessoas que desejam trocar experiencias ou compensar o distanciamento das relações humanas pode transformar-se em uma perigosa arma de manipulação das ideias.
Denúncias de imposição ideológica, da apologia à violência e ao preconceito, da intriga e da criação de "celeiros políticos"  que pretendem atuar agressivamente nas imediações das campanhas, tornam-se comuns.
Grupos que começam com objetivos inocentes de "quero um amigo", "meu nome é X" , "Luta contra a corrupção" ou mesmo grupos de categorias profissionais, crescem rápido, chegando a milhares de membros, e de súbito tem seu objetivo inicial deturpado e desviado para objetivos particulares de grupos radicais, ligados à violência ou facções políticas extremistas ou simplesmente para campanha eleitoral.
Os grupos tornam-se o objeto de desejo de pessoas, mas também de empresas e políticos que buscam armar seus palanques, nem sempre de forma direta, mas indireta, utilizando "laranjas" que representariam a "voz popular".
Nesse emaranhado reconhecemos os liberais, os conscientes, os predadores ou os déspotas. Os "donos de grupos" tomam para si a "decisão" de manipular o destino de cem, duzentas, mil ou dez mil pessoas, que são adicionadas a esses espaços muitas vezes sem saber que estão fornecendo apoio numérico...ainda que nunca tenham tido nenhum tipo de contato com essas pessoas. Grupos de 10 mil membros em geral possuem uma rotatividade de menos de 1%.
Por esse motivo a eficácia do controle das ideias e imposição politico-partidária dentro desses grupos maliciosos ainda é uma incógnita.
A escravidão da informação ou a manipulação das ideias é um risco que a sociedade deve avaliar e combater. Grupos violentos ou que propositalmente deformam a informação abalam e comprometem a liberdade de expressão. É uma contradição que espaços livres se transformem em  espaços escravizados e controlados pelos "donos" ou fundadores de grupos. Mas esse parece ser o desafio da "nova liberdade" obtida no campo virtual, onde a ética apenas funciona quando defendida pelos elementos que participam desses grupos.
Caso contrário, é um espaço tão primitivo quanto "as terras sem lei", onde vence quem tiver menos escrúpulos, soterrando a razão em estratégias que independem da quantidade de pessoas envolvidas. Ou seja, pequenos ditadores dominam um grupo ao cercar as razões éticas, anulando-as rapidamente, ao contrário do que ocorre fora do virtual, que demarca com clareza as responsabilidades e abusos regulados pela legislação comum.

MANIPULAÇÃO VIRTUAL

Enquanto a imprensa é criticada por seu comprometimento econômico e político, os espaços virtuais funcionam como uma espécie de espelho dessa realidade prática. A mesma imprensa livre ou comprometida também exerce o seu papel na internet. Paralelamente as conversas no trabalho, nas ruas e outros lugares que exigem contato pessoal são igualmente levadas ao espaço virtual, processando-se ali de maneira mais livre, pela impressão de anonimato.
Para as empresas e profissionais da imprensa há grandes controvérsias no espaço virtual. Ao mesmo tempo em que a Internet chegou ampliando as relações no mundo todo e tornando o trabalho da informação muito mais amplo, também provocou a evasão do leitor dos jornais.
Os riscos da informação distorcida ou manipulação da opinião aumentam no uso da internet. Mesmo que parte das empresas jornalísticas sejam comandadas por interesses financeiros - submetendo-se à pressão de aspectos comerciais e políticos - a ainda livre publicação virtual não impede o mesmo risco, misturando informação correta e positiva, com a informação maliciosa, principalmente no campo político.
Se a Internet oferece um campo vasto, a centralização de pessoas nos sites de relacionamento tornaram a exploração dos grupos um excelente negócio.
Falar em mídia digital é resumir as possibilidades de ação. A comunicação virtual permite roupagens tão variadas, que tentar defini-las na linguagem usual não define a sua dimensão.  (cont.) (Mirna Monteiro)

Monday, July 15, 2013

O HOMEM E O COMPASSO

Algumas datas parecem sem sentido. Dia do Homem é uma delas. Não que o homem não mereça ter um dia seu. Se as mulheres e as crianças tem, por que não os homens?
Bem, a justificativa da comemoração fala da equiparação entre homem e mulher, separados desde sempre pela ausência da identidade feminina, em relação à predominância da identidade masculina.
 É, considerando que nos primórdios a humanidade cultuava a Mãe-Terra e idolatrava o simbolo feminino da fecundidade, para depois ignorar por completo a identidade feminina, o que temos hoje é uma mudança e tanto. Depois de passar por um estado de nulidade social e politica, sendo reconhecida pelo nome do homem, que era perpetuado nas gerações masculinas, a coisa mudou para a mulher. E por tabela, para o homem. A revolução do século XX foi realmente uma virada e tanto, permitindo não apenas o voto feminino como o exercício do direito político, cultural e social pleno!
Perplexidade para a antiga figura masculina!
Situação complicada para o homem? Bem, para quem estava habituado a ver todos os desfechos no gênero masculino, o século das mudanças causou um grande impacto.
Ainda hoje o homem procura situar-se em um novo universo feminino, que parece predominar com a mesma medida que antes era ocupada pela cultura masculina. Não cultua a fertilidade, mas explode em clarões de rosa, em perfumes e máscaras de beleza, desfile nas passarelas, desempenho de tarefas domésticas e  divisão do espaço profissional, em uma mistura de hábitos e pensamentos onde as antigas diferenças tornam-se cada vez mais diluídas.
Mas homens e mulheres são diferentes, apesar do polimento de arestas superficiais do comportamento. Não na capacidade de realizar funções ou desenvolver frutos da inteligência, mas na maneira de se reconhecer e se auto-conduzir. Há quem assegure que é questão de tempo a fusão total entre o masculino e feminino, a ponto de tornar os gêneros idênticos. Essa possibilidade não agrada nem ao homem, nem à mulher.
Mas o que é que isso tem a ver com o Dia do Homem? Será que é uma oportunidade de ganhar gravata nova ou, talvez, sais de banho?
Talvez não exatamente. Por mais comercial que venha a se tornar (ainda é recente em pouco mais de uma década e comemorada no dia 15 de julho no Brasil), essa comemoração foi criada por homens. Só isso já a justifica. Por que não? Ainda que não exista uma revolução qualquer no mundo masculino e que venha a se chamar "Dia do Homem Livre", justifica-se pelo próprio conceito de igualdade com a mulher. Mulher tem dia, homem também.
Há quem reclame que Dia da Mulher e Dia do Homem promoveriam nova distinção, ao invés de ratificar a igualdade entre os sexos. É que as mulheres, em seu dia, comemoram conquistas, novas condições e desafios. E os homens comemorariam novos desafios.
É, sob esse ponto de vista, há mesmo o que comemorar. O desafio do masculino, em uma sociedade que se transformou com a plena ação feminina.
Viva o Dia do Homem. Do novo homem! (Mirna Monteiro)

Friday, July 05, 2013

A ARTE DE ACREDITAR...SEM ENGANAR-SE


Volta e meia aparece a dúvida: em quem acreditar? No que acreditar? A insegurança sobre a verdade não é característica de pessoas jovens, assim como a certeza não é privilégio de quem viveu muitas décadas.

Sob essa ótica (verdadeira?) estamos todos no mesmo barco, o da incerteza sobre as coisas eisso pode ser angustiante! Nietzsche, ele próprio exasperado com as próprias dúvidas em uma época onde tudo era contestado de maneira extremamente econômica, concluiu que a busca da verdade não passava de simples necessidade humana de se sentir em segurança.  Um mundo que "não se contradiz", seria um mundo mais confiável, com conceitos baseados na crença de valores imutáveis e, portanto, aceitos como verdade universal. 

Bem, de qualquer forma nós temos nossas verdades universais. Por exemplo a igualdade entre os homens e o respeito à natureza. Naturalmente são verdades óbvias oriundas da necessidade de sobrevivência, entre outras que surgem da relação histórica do homem com o meio. 

O que sabemos é que o reconhecimento da verdade, ou de alguma realidade que possamos assumir como determinante, parte de nossa capacidade de sentir a vida. O conhecimento sobre si mesmo modifica o reconhecimento da verdade. E como acreditava Sócrates, só age erradamente aquele que desconhece a verdade e, por extensão, o bem. Nesse caso permanece boiando na incerteza, ou esperneando se assim lhe ditar o temperamento, mas em ambos os casos provocando desequilíbrio e caos ao meio. 
 Como mestre que pretendia ensinar a pensar, sem impor uma verdade do próprio punho...ou do próprio pensamento, Sócrates colocava a  busca do saber como o caminho para a perfeição humana e, por tabela, para obter a sensação de segurança que permite um enfrentamento mais tranquilo de nossas dúvidas a respeito do que seria a verdade e a mentira.
Bem, 400 anos antes de Cristo e já se sabia o que hoje ainda constatamos. Por mais que seja teorizado o assunto e por mais que os pensadores sejam rebuscados e retóricos, realistas, fatalistas ou neuróticos, a verdade é que o drama do "onde está a verdade", resume-se a esta simples lógica socrática: observe, pense, aprenda e deduza!

Se a verdade necessita de sabedoria para ser detectada, a mentira basta a si própria, infelizmente. A sorte da humanidade é que seu tempo de vida é curto. Por isso devemos considerar a sabedoria popular, quando diz que "toda mentira tem perna curta". Aliás todos temos sempre uma boa interpretação da mentira. Rápida como o bote de uma cobra (uma mentira dá a volta ao mundo antes mesmo de a verdade ter a oportunidade de se vestir, ironizou Churchill) ou vital para a sobrevivência de alguns (A mentira é muitas vezes tão involuntária quanto a respiração, observou acertadamente o escritor Machado de Assis) a mentira é o avesso do conhecimento sem deixar de ser ilustradora da verdade. Não ser descoberto em uma mentira equivale a dizer uma verdade...

É nessa relatividade que se apoiam os grandes mentirosos da humanidade, antigos e atuais. Hitler achava que para convencer a massa era preciso uma grande mentira, cercada de muita bagunça e atritos, pois assim o caos formado esconderia ainda mais a verdade. Tinha razão, sem dúvida! É óbvio que para se conseguir impor uma mentira há necessidade de se impor o caos e a insegurança...aquele estado citado por Nietzsche, onde as convicções podem ser mais perigosas para a verdade do que a própria afirmação mentirosa! 
Acreditar, portanto, parece ser a arte de desvendar o que se passa atrás das grandes afirmações, das grandes mentiras e das supostas verdades. Uma arte que começa com o conhecimento do temperamento humano que habita em todos nós e o reconhecimento de nossas fraquezas. (Mirna Monteiro)

Leia também:

http://artemirna.blogspot.com.br/2010/09/mentira-de-cada-dia.html

http://artemirna.blogspot.com.br/2006/08/mordida-da-bocca-della-verit.html

http://artemirna.blogspot.com.br/2010/09/mentira-de-cada-dia.html

https://artemirna.blogspot.com/b/post-preview?token=ORAeFV0BAAA.IhgaEi3sjYlQsiNrm0GaUxm_T9fiStBQBxAf-VHlvP1JjDYz8kZKld_XVsZaCNdS.mkC_LH0LrSVI2t15YGK57w&postId=8524391069054037114&type=POST

Friday, June 21, 2013

LIBERDADE E CONSCIÊNCIA

Sair às ruas e demonstrar aquilo que se pensa  ou se quer para o seu país é importante. Mas será que a própria liberdade pode ser manipulada e levada a interesses contrários à esses mesmos desejos da maioria dos cidadãos?
Em atos de liberdade, pacíficos, o que levaria pequenos grupos a cometer atos de vandalismo e outros comportamentos que são contrários ao próprio objetivo manifestado, invadindo o direito de outros?
Imaginar que um direito pessoal de expressão possa ser escravizado ou desviado para interesses de uma minoria é uma situação dramática e que se torna mais clara e definida com o aumento da comunicação no mundo. Redes sociais, assim como toda a internet, a mídia em geral, a televisão, os filmes e até os games, podem ser instrumentos de verdades ou de mentiras.
Mais do que nunca fala-se nos riscos que envolvem as pessoas em uma teia confortável de ilusões, que não é feita de palavras, mas utiliza o inconsciente humano, como previu a própria ficção em tempos onde sequer poderia ser cogitada a comunicação virtual ou mesmo a projeção de imagens.
Como isso é possível? Pesquisadores do mundo todo observam uma dramática mudança no comportamento das massas a partir da metade do século XX, quando o cinema e a TV passaram a integrar o cotidiano do Ocidente, como o aumento da violência.
A partir dessa realidade, a ciência se mistura ao exagero da  imaginação humana. Da existência real de mensagens subliminares - inicialmente utilizadas para incremento do consumo - chega-se hoje ao receio da invasão dos sentidos com objetivos de domínio da massa, supondo-se que existam mensagens subliminares em desenhos animados - que modificariam o comportamento do cidadão a partir de sua formação de maneira inconsciente - em filmes e jogos.
O que seriam essas mensagens subliminares afinal? Se não podemos vê-las, como podem afetar a mente humana?
Em 1957 um especialista em marketing chamado James Vicary, demonstrou que era possível inserir mensagens muito rápidas, em frações de segundo, em filmes mostrados no cinema. Foram escolhidas algumas frases, como "beba coca-cola" e "coma pipoca" e elas foram inseridas no filme em flashes rápidos demais para os olhos perceberem. Mas aquele relâmpago de ordem foi captado pela maioria do público presente: nas noites em que essa experiência foi feita as vendas de pipoca aumentaram 57,7% e as de coca-cola quase 20%.
Estava comprovado o poder dessa mensagem relâmpago. Ou mais rápida que isso, pois é "invisível". Subliminar porque não se consegue conscientiza-la.  Mas mesmo que a novidade tenha sido abafada na época, sem respaldo imediato da ciência, aparentemente crianças seriam mais suscetíveis ao poder da mensagem subliminar, o que não elimina o risco de adultos serem influenciados.
Imagine o poder que isso poderia acarretar. Será possível que através dos desenhos infantis e de qualquer outra imagem veiculada, comercial ou não, o cidadão passe a ter comportamentos influenciados?
Aparentemente sim. Mensagem subliminar é diferente da "lavagem cerebral" ou do convencimento pela repetição da imagem, que é percebida pelo indivíduo que se rende a ela. São todas condições nocivas da mudança de comportamento, mas a mensagem subliminar parece ser a mais criminosa, pois invade a mente sem que seja percebida ou deixe rastros de sua invasão. Salvo pela mudança de pensamento ou comportamento.
Na internet são cada vez mais frequentes vídeos que tentam demonstrar mensagens subliminares em filmes, principalmente para crianças. São palavras não captadas em sua intenção ou mensagens escritas que falam de sexo ou estimulam a violência. Certamente muitos casos são exagerados. Mas existem imagens e pequenos detalhes que realmente não deveriam estar ali e parecem propositais, independente do motivo.
A preocupação com mensagens subliminares nos dias de hoje substituiu a antiga condição humana do medo da opressão, mas também surge como um desafio monumental. Como lidar com isso em um mundo que é cada vez mais gerenciado pela imagem? Não só de televisão, cinema, jogos eletrônicos, mas pelo imenso espaço virtual, que cada vez mais isola pessoas do convívio pessoal e do contato humano, mantendo-as por horas a fio diante da tela de um computador, presas fáceis da hipnose das imagens ou de palavras que podem tolher sua capacidade crítica.
Seria afinal explicada a "moda zumbi", aquela que coloca a humanidade sob o risco de acéfalos violentos. Porque a ficção representa também o medo inconsciente do ser humano e muitas vezes antevêem um risco sem perceber conscientemente os sinais.
Como se vê, tudo pode ser possível... (Mirna Monteiro)

Friday, May 10, 2013

MÃES DOCES E MÃES MALVADAS

Quando o assunto é "mãe" parece haver uma mágoa profunda com as mudanças na maneira de viver da mulher. "Mãezonas não existem mais, apenas máquinas de procriar", escreveu alguém nos comentários deste blog.
Apenas máquinas de procriação? Referir-se à mulher que é mãe como um ser distante da realidade de sua função, como se os filhos fossem gerados com objetivos práticos, preocupa. Isso porque de fato as estatísticas demonstram que na mesma medida em que as sociedades se desorganizam em valores e ética, com o aumento de ações políticas e econômicas que supervalorizam o supérfluo como fonte de manutenção da vida, também produzem mulheres que rejeitam o conceito da maternidade que provém do instinto.
Estamos, ainda que lentamente, perdendo o instinto maternal que preserva a vida?
A questão parece extremamente grave porque não se trata simplesmente de um aumento gradual de mulheres que não desejam gerar, ou vivenciar toda a responsabilidade materna, que exige mudanças óbvias na vida desde o momento da concepção.
Não é exatamente isso, por mais que a negação da maternidade possa surpreender. Afinal ao assumir funções diferentes na sociedade produtiva, o interesse, e até as condições, para exercer a função de mãe, se tornam reduzidos ou pelo menos mais reticentes.
Mas o fator que surge como ameaça maior é a ausência do instinto de preservação da vida que não impede a concepção, mas se volta contra sua existência de maneira extremamente irresponsável ou violenta. É a mulher que gera e despreza o cuidado com o novo ser. Pior: aquela que se torna assassina, de maneira direta ou indireta, abandonando os filhos ou simplesmente torturando e matando a própria cria.
Casos de tortura e assassinatos de crianças estão acontecendo cada vez mais frequentemente. Quem não se horrorizou com casos como o da americana que assassinou a filhinha de dois anos porque "ela chorava muito", esmagando seu crânio?
Saber que algo tão horrendo está acontecendo a nossa volta, assusta e confunde a ideia da maternidade. Como pode  uma mulher não suportar a criança que gerou, a ponto de cometer atos tão insanos? Essa é uma condição insuportável para o futuro.
Acompanhado ou não de violência, gravíssima ou de sopapos, há exemplos de sobra do desleixo materno para com a cria. A obesidade infantil por exemplo não é de forma alguma exagero de cuidado: crianças que não são orientadas e alimentadas corretamente desenvolvem vícios alimentares que podem prejudicar a sua saúde a ponto de reduzir sua perspectiva de vida!
Crianças não sabem coisa alguma ao nascer. O bebê humano é absolutamente dependente e vulnerável de cuidados. Ao longo da convivência com a família aprendem qual alimento ingerir e quais hábitos desenvolver. A mulher que gera possui a responsabilidade inicial absoluta sobre isso, por força da natureza.
Mães nervosas, que interrompem a amamentação precocemente, que desde muito cedo abdicam do cuidado alimentar  e da relação afetiva com a criança, que passa a maior parte do tempo com uma babá ou em uma escola, certamente não estão cumprindo com uma função importante. Mesmo argumentado que precisam do tempo para o trabalho, acabam causando mais prejuízo do que vantagens financeiras.
Equacionar essa questão - a de desejar filhos, mas não cuidar deles, seja por motivo financeiro, seja por outras razões, é um desafio urgente. A responsabilidade familiar deve ser exigida na prática pela sociedade, pois o custo desse desleixo é muito alto e todos pagam por ele.
Portanto, com essa nova realidade, fazer de conta que mães são seres esplêndidos, é irreal. Mas existem mulheres que levam a maternidade a sério e assumem essa responsabilidade por inteiro. Nesse caso, que sejam aduladas e reverenciadas, porque a tarefa de ser mãe, verdadeiramente, não é fácil. Mas é a maneira mais eficaz de tornar a sociedade menos violenta e desequilibrada.
Um papel e tanto!  (Mirna Monteiro)

Tuesday, April 30, 2013

DA RODA AO CHIP, VIVA O TRABALHO!


O sábio proverbio chinês tem lá sua razão, quando afirma que se você escolher um trabalho que goste, não trabalhará um único dia em sua vida, e sim vivenciará momentos de prazer em sua jornada de trabalho.
Mas Confúcio certamente não poderia imaginar que 1.500 anos depois essa consideração sábia seria utópica, por dois motivos. Um deles é o fato de que a vocação, por mais importante que ainda seja no mundo do trabalho, é sucateada pela confusão de interpretações a respeito da alternativa de sobrevivência nas novas exigências da sociedade. Outro é a oportunidade de sobreviver, simplesmente, em um momento onde a tecnologia substitui cada vez mais a a mão de obra humana.
É claro que não se pode ser pessimista. Por toda história da civilização humana, as sociedades sempre procuraram superar as armadilhas armadas por ela mesma e contra ela mesma, na busca de novos horizontes da sobrevivência e na facilitação de seu trabalho.
Isso, desde a invenção dos instrumentos cortantes e da roda, que foi a maior criação humana em direção às maravilhas tecnológicas do futuro. Maravilhas que hoje ameaçam os postos de trabalho.
Trabalho é fundamental para a vida. Hoje a União Européia quebra a cabeça para resolver o que fazer com seus 26 milhões de desempregados - o que mostra que os países mais civilizados e culturalmente invejáveis não conseguiram evitar o peso do girar da velha roda neolítica transformada em um chip microscópico.
O pragmatismo que envolveu o mundo no século XX  parece não se encaixar na capacidade humana quando o assunto é criatividade da sobrevivência. Que o digam os EUA, que sofrem com o  desemprego e a dificuldade de acertar soluções, enquanto mantém as ações externas em modelos  que não funcionam mais.
No Brasil o processo é oposto e as taxas de desemprego diminuem e 2012 foi fechado com a menor taxa de desemprego de sua história. O brasileiro, apesar das dificuldades enfrentadas pela sociedade mundial, possui um talento inato para "dar um jeitinho" quando a situação aperta: é intuitivo e empreendedor. Mergulha de cabeça em novos empreendimentos, buscando seu lugar ao sol. As vezes até mesmo sem verificar a profundidade de seu mergulho.
Ainda existe espaço para a vocação e o exercício prazeroso do  trabalho? Sim, sem dúvida. Mas parece que isso exige boa dose de criatividade e novos caminhos, a exemplo dos antigos desbravadores, mas com nova mentalidade. Se antes as florestas eram derrubadas à força dos braços, hoje devem ser preservadas com inteligência justamente para garantir a força do trabalho futuro, que muda de formato. Se as cidades incharam e lotaram as alternativas de colocação profissional, que novos negócios sejam criados para corrigir as disfunções provocadas.
De uma maneira geral a mentalidade sobre emprego, trabalho e negócios precisa ser arejada com novas alternativas, algumas ainda não inventadas, quem sabe? A única certeza é que não se pode projetar futuro sobre escombros e sim de maneira produtiva e consciente. (MM)

Monday, April 29, 2013

A HIPOCRISIA, PODER E CORRUPÇÃO


Durante toda história da humanidade o homem tentou entender a voracidade do poder político. Talvez tenha sido justamente isso – a insanidade que marcava a briga política ao longo de séculos e séculos de organização da sociedade humana, que tenha levado à necessidade de pensar suas origens, seu presente e seu futuro.

A contradição sempre foi tamanha, entre aquilo que se propagava e a realidade do poder, que até mesmo o berço da democracia, a Grécia, começou a imaginar igualdade entre os homens de maneira a preservar a desigualdade, ou seja a garantia do poder. Que o diga o velho Sócrates, obrigado a beber cicuta porque cometeu a heresia de ensinar os jovens a pensar, ao contrário dos sofistas, que costumavam levar o conhecimento controlado e medido de acordo com os desejos do poder constituído.

Sócrates, naturalmente, não foi o único homem com pretensão de discutir o poder político e suas artimanhas que se deu mal. Por toda a história, quem ousasse pensar e desafiar o poder, entrava pelo cano. Fosse na fase da Inquisição, com todo o poder centralizado na igreja e em papas escolhidos não pela santidade, mas pelo oportunismo, fosse nos tempos modernos, onde a perseguição contra quem reclamava do abuso político e apontava as falhas de ideologias massificadas não foi menos cruel ou absurda!

E agora, no Terceiro Milênio, a “Idade da Informação”, do apogeu da mídia e do confronto com a maior comunicação popular da história da humanidade?

Bem, agora, sofisticaram-se os meios, mas o recheio do bolo continua o mesmo. O cenário em que vivemos é magnífico: naves espaciais orbitando a terra, satélites que mandam imagens do sujeito que passeia na Patagônia para a “Concinchina”, chips que substituem funções do cérebro humano, enfim!
Mas a briga pelo poder é tão mesquinha e perigosa como nos tempos de Calígula!
Mas e a nossa democracia, a nossa campanha política, o nosso voto popular?
Pois é, metade do caminho já andamos. O problema fica com a outra metade, pressionada por quem não quem “perder” o poder de tantas décadas e que utiliza os mesmos recursos do “bem” para o “mal”. O jogo é sujo: denúncias vazias, que pretendem denunciar o que não existe na realidade. É só bagunça!
Não é um problema brasileiro. É um problema dos países comprometidos com interesses de grupos econômicos, habituados a imperar. A corrupção é endêmica, dizem os analistas brasileiros e (que vexame!) de outros países. A tendência de vestir a intenção de coletar lucros com a capa das boas intenções  confunde realmente o cidadão comum. O lobo que se esconde sob a capa do cordeiro ou o complexo do conto da chapeuzinho vermelho.

Corrupção endêmica significa corrupção enfronhada, absorvida pelo sistema. As pessoas confundem e imaginam que é novidade, sendo manipuladas pelo frenesi político, que propaga os próprios pecados, senão de profundo conhecimento de falcatruas, pelo menos no de omissão para punir e banir a corrupção de fato. A mídia infelizmente não escapa desse cerco e leva informação distorcida. No tempo das trevas, os livros eram raros, e o conhecimento empírico. Mesmo assim a sociedade humana rompeu as barreiras da falta de informação.
Hoje temos de admitir que somos obrigados a romper as barreiras da ignorância, fruto de informação distorcida, comum na política quando se briga pela imposição de projetos e supremacia partidária. O mesmo projeto que parece beneficiar a população nas acaloradas discussões em tribunas dos plenários pode ser aquele que no futuro será responsável por perdas irrecuperáveis. É preciso se perguntar: qual o interesse do poder político e econômico nas bandeiras de nossos legisladores.

Wednesday, April 24, 2013

FILOSOFANDO O ÓCULOS


Já virou clichê o sujeito desesperado, procurando o óculos, que na verdade está no próprio nariz! Ser distraído pode não ser tão ruim assim. Há novos estudos que comprovam que as pessoas distraídas são mais criativas. Considerando que outras pesquisas dão conta de que as pessoas criativas são mais felizes, podemos concluir que pessoas distraídas tem maiores chances de ser felizes.
Distração até certo ponto. Aquela que permite divagar sobre as coisas que estão ocorrendo em torno. Se passar da medida desequilibra. É o caso da esquizofrenia, que mostra o indivíduo tão atento a tudo que acontece, de maneira tão simultânea, que acaba fugindo da realidade.
Mas uma certa distração, na medida certa, para buscar detalhes em torno de sua vida, é interessante. Ajuda a resolver problemas mais complexos. Deve ser algo semelhante quando um problema ou situação parece insolúvel e acabamos encontrando uma excelente alternativa de solução depois que desistimos de espremer os miolos sobre o assunto, pensamos em outras coisas ou nos desligamos no sono. Há quem jure que não há melhor maneira de lidar com problemas do que deixar o inconsciente resolve-los sem a interferência de nossa razão consciente quando ela está falhando.
Não vamos confundir esse tipo de distração com a falta de concentração. Temos uma mania irresistível de simplificar as coisas. Saber distrair-se positivamente é uma espécie de arte, assim como conseguir concentrar-se é uma questão de sobrevivência e certa garantia de equilíbrio emocional do indivíduo.
Como tudo na vida, distração e atenção, sem extremos, podem ser o recurso para manter o equilíbrio emocional. (Mirna Monteiro)

Tuesday, April 23, 2013

LIVRO, PARA QUE TE QUERO...


O livro já foi a atração principal na vida das pessoas que desejavam alguma emoção, aprendizado, passatempo e diversão ou simplesmente sonhar. Privilégio de uma elite e objeto de desejo de quem possuía pouco acesso à leitura.
Hoje, quem lê?
As cotações da leitura mostram que a Bíblia foi e continua sendo o livro mais lido do mundo, apesar das traduções, erros e adulterações apontadas por teólogos e críticos.
Curiosamente, em segundo plano vem o Citações do presidente Mao Tsé-Tung, que revela-se um poeta e também um pensador pragmático. "A bosta de boi é mais útil que os dogmas; serve para fazer estrume"..., afirma, entre outras coisas.
Livros políticos, como o Livro Vermelho e religiosos, como o Alcorão, estão sempre sendo procurados e lidos. Mas a ficção fantasiosa é a que vem ganhando os novos leitores.
O universo da leitura muda bastante. O numero de leitores parece grande se considerarmos que Harry Potter conseguiu movimentar a busca da literatura no mundo todo, mas a verdade é que lia-se muito mais nos tempos em que o cinema ainda não existia e onde sequer se imaginava que o mundo seria um dia  encaixotado em uma tela doméstica de 56 polegadas...
A façanha de Harry Potter é seguida pelo "O Senhor dos Anéis", que com a ajuda do cinema e de efeitos incríveis ressuscitou a obra de Tolkien e vendeu mais de 100 milhões de cópias de sua obra.
A procura por essa literatura impressiona pela velocidade das vendas. É claro que é difícil chegar à quantidade de obras vendidas de escritores clássicos, que estão há alguns séculos no dia a dia da leitura, como por exemplo Willian Shakespeare, que vendeu em torno de 4 milhões de exemplares. Aliás, vamos abrir exceção para Agatha Christie, que também atingiu a marca dos 4 milhões em suas 85 obras escritas no século XX.
Dizer que não se lê seria inverdade. Mas a maioria das pessoas lê muito pouco ou é apenas impulsionada para a leitura de livros que motivaram seu interesse em filmes, caso também de "Crepúsculo" e dos "filhotes" dessa obra, no desdobramento da história de vampiros modernos e lobisomens charmosos.
Tudo bem. Assim como grandes obras foram adaptadas para o cinema, o cinema incentiva a continuidade da temática e a repetição dos personagens novas obras (não importa muito o oportunismo comercial, afinal) e o consumo da leitura. A imaginação origina um livro, assim como efeitos especiais e criatividade mostram as delícias de uma boa história.
Mas nada seria melhor do que incentivar a leitura desde muito cedo. A criança que lê parece desenvolver um equilíbrio emocional que outras atividades não conseguem, exercitando o raciocínio e aumentando a capacidade do aprendizado.
Há quanto tempo você não pega um bom livro e relaxa, afundando em sua leitura?  É bom, hein? (MM)

Monday, April 08, 2013

FILOSOFIA (IRREVERENTE) DOS ANOS 20




Ingênuo, mas nem por isso menos mordaz, o humor de 1920 mostra muito da maneira de pensar e ser da época. Aqui temos um pedaço da sociedade que preparava-se para começar a viver a grande revolução de valores do século XX. O tema, alías, é "Verdade ou Mentira", publicado na revista "O Careta":

*** O alfinete é o único cavalheiro que, vivendo na intimidade das mulheres, nunca perde a cabeça...

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***A franqueza é a nudez do pensamento. Dizer a verdade é tão indecente quanto andar nu.

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***Não emprestemos dinheiro aos nossos amigos, nem digamos a verdade à mulher a quem queremos bem: será a melhor forma de conservarmos a mulher, os amigos e...o dinheiro.

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*** A honestidade é como o perfume, aproveita-a mais os outros do que quem a tem.

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***O casamento nasce de uma ilusão,vive de uma esperança e morre, quasi(sic) sempre, de um mal entendido.

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***Para que o casamento constituísse a fórmula ideal da felicidade affectiva (sic)era preciso que os homens fossem menos egoistas ou que as mulheres tivessem o dom de se renovarem constantemente como Protheu. O que mata o amor é a monotonia, que é inimiga da arte e da sensibilidade. A mesma paisagem, por mais linda que seja, acaba enfarando si (sic) não acode alguem a dar-lhe aspectos novos...

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***Beijos são bonbons (sic) que se guardam na caixinha de segredos da bocca (sic). Mas é curioso notar que comido o primeiro bonbon (sic)nunca mais se encontra, na caixinha, outro com o mesmo sabor...

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***O erro está para a verdade assim como a noite está para o dia. Se não fosse a noite o dia não seria tão lindo...

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O PENSAMENTO NA ARTE DOS ANOS 20
"Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema" (Pablo Picasso)


MODA CHARMOSA DO COMEÇO DO SÉCULO XX