Algumas datas parecem sem sentido. Dia do Homem é uma delas. Não que o homem não mereça ter um dia seu. Se as mulheres e as crianças tem, por que não os homens?
Bem, a justificativa da comemoração fala da equiparação entre homem e mulher, separados desde sempre pela ausência da identidade feminina, em relação à predominância da identidade masculina.
É, considerando que nos primórdios a humanidade cultuava a Mãe-Terra e idolatrava o simbolo feminino da fecundidade, para depois ignorar por completo a identidade feminina, o que temos hoje é uma mudança e tanto. Depois de passar por um estado de nulidade social e politica, sendo reconhecida pelo nome do homem, que era perpetuado nas gerações masculinas, a coisa mudou para a mulher. E por tabela, para o homem. A revolução do século XX foi realmente uma virada e tanto, permitindo não apenas o voto feminino como o exercício do direito político, cultural e social pleno!
Perplexidade para a antiga figura masculina!
Situação complicada para o homem? Bem, para quem estava habituado a ver todos os desfechos no gênero masculino, o século das mudanças causou um grande impacto.
Ainda hoje o homem procura situar-se em um novo universo feminino, que parece predominar com a mesma medida que antes era ocupada pela cultura masculina. Não cultua a fertilidade, mas explode em clarões de rosa, em perfumes e máscaras de beleza, desfile nas passarelas, desempenho de tarefas domésticas e divisão do espaço profissional, em uma mistura de hábitos e pensamentos onde as antigas diferenças tornam-se cada vez mais diluídas.
Mas homens e mulheres são diferentes, apesar do polimento de arestas superficiais do comportamento. Não na capacidade de realizar funções ou desenvolver frutos da inteligência, mas na maneira de se reconhecer e se auto-conduzir. Há quem assegure que é questão de tempo a fusão total entre o masculino e feminino, a ponto de tornar os gêneros idênticos. Essa possibilidade não agrada nem ao homem, nem à mulher.
Mas o que é que isso tem a ver com o Dia do Homem? Será que é uma oportunidade de ganhar gravata nova ou, talvez, sais de banho?
Talvez não exatamente. Por mais comercial que venha a se tornar (ainda é recente em pouco mais de uma década e comemorada no dia 15 de julho no Brasil), essa comemoração foi criada por homens. Só isso já a justifica. Por que não? Ainda que não exista uma revolução qualquer no mundo masculino e que venha a se chamar "Dia do Homem Livre", justifica-se pelo próprio conceito de igualdade com a mulher. Mulher tem dia, homem também.
Há quem reclame que Dia da Mulher e Dia do Homem promoveriam nova distinção, ao invés de ratificar a igualdade entre os sexos. É que as mulheres, em seu dia, comemoram conquistas, novas condições e desafios. E os homens comemorariam novos desafios.
É, sob esse ponto de vista, há mesmo o que comemorar. O desafio do masculino, em uma sociedade que se transformou com a plena ação feminina.
Viva o Dia do Homem. Do novo homem! (Mirna Monteiro)
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