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Friday, March 23, 2012
Thursday, March 22, 2012
A ÁGUA E A ESSÊNCIA HUMANA
Há dia para tudo e todas as coisas, até para a água. Hoje é "Dia da Água". Como se fosse possível comemorar em um dia um elemento que significa a existência de vida no planeta. Tão precioso quanto insignificante para uns, irrelevante para outros, trivial entre outros tantos, secundário ou até inexistente, na interpretação de quem não pensa a vida como um conjunto químico perfeito e permanente e não necessariamente interminável, mas como algo que não precisa ser conscientizado.
A água é tudo, obviamente, ninguém poderá contestar essa realidade. Planeta desidratado é planeta morto. Quando a ciência alerta para o risco da água tornar-se cada vez mais rara, as pessoas se espantam! Mas o nosso planeta tem mais água do que terra! E tem mesmo, mas distribuída à sua maneira e não à maneira dos homens. Água potável, além de ser limitada e infinitamente menor do que as áreas sólidas, existe em partes do planeta e de maneira irregular.
Cidades inchadas de pessoas, em muitos países, estão no risco da escassez. Alerta-se para o fato de que em 2025 dois terços da população mundial vai estar em apuros. Pode-se correr o risco de afogamento de um lado e a escassez completa de água de outro.
Essa possibilidade causa arrepios! Subitamente as cenas da ficção que mostram um planeta com enormes regiões áridas ou com água insalubre começam a ganhar contornos de realidade possível. Gangues malvadas que roubam garrafinhas de água ao invés de estourar caixas eletrônicos. Países com reservas aquíferas sofrendo ameaças de invasão! Tudo isso por causa desse elemento que hoje sai farto de nossas torneiras, a um custo cada vez mais alto, o que demonstra que mesmo sendo vital para a humanidade não é mais acessível e gratuito como nos tempos dos córregos limpos que matavam a sede de nossos ancestrais.
Há grande dificuldade nas pessoas para entender que a realidade não é imutável, mas sim dinâmica como um sonho ou a imaginação liberta. A terra se transforma, dia a dia, como resultado de um conjunto de ações e pensamentos. Não há como evitar as transformações, mas certamente é possível direcioná-las seja para problemas, seja para soluções.
O problema da água não é técnico, mas essencialmente humano. (Mirna Monteiro)
Thursday, March 08, 2012
O DESAFIO DE SER MULHER
Há alguns anos ainda havia uma certa euforia nos discursos que comemoravam o Dia Internacional da Mulher (8 de março), como se isso justificasse a existência de uma deferência especial, que, quer queira ou não, sempre deixou em aberto a "diferença" do ser feminino.
Afinal, havia muito a
ser comemorado pelas mulheres, ao passo que os homens nada tinham a festejar. Não havia sido criado o "Dia do Homem", porque o homem sempre dominou o espaço social, político e produtivo nos séculos e séculos passados.
Mulheres não! Aliás, mulheres eram alijadas da política e das decisões. Pelo menos, abertamente e até onde nosso conhecimento permite. Em séculos bárbaros, onde a força física era a única alternativa para sobrevivência, as mulheres ficavam de fora, costurando as feridas abertas pelas guerras e invasões!
Quando o mundo se revolucionou industrialmente e a sociedade humana passou a uma nova etapa cultural, as mulheres do mundo ocidental mudaram, brigaram pelo espaço e pela participação política e negaram-se a perpetuar a imagem de úteros sem cérebro... E hoje têm direitos e deveres igualitários em sociedades democráticas e livres!
Certo?
Errado!
Pois é, as coisas não são bem assim não! Começando pelo fim, podemos dizer que a situação da mulher não melhorou, em absoluto! A mulher do terceiro milênio é um ser livre por conveniência no mundo ocidental e isso quer dizer, na prática, que a sua liberdade é totalmente discutível.
A mulher do chamado "mundo livre" é um ser extremamente sobrecarregado de funções, confuso com a necessidade de reestruturação da família, onde é, cada vez mais não apenas a "cabeça", mas o corpo todo: houve uma gradativa "fuga" da responsabilidade do homem sobre a família!
Por outro lado, a mulher ainda sofre os mesmos preconceitos de sempre. Ganha menos que o homem quando exerce a mesma função profissional, trabalha em dobro e têm menos direitos e privilégios de carreira nas empresas.
Nunca antes a mulher sofreu tamanha carga de violência! Em todo o mundo, ela é espancada e assassinada em número crescente! Estamos falando do mundo ocidental, evoluído, o mundo do capital e da liberdade...nas culturas da Asia e Oriente Médio a situação vai mal também. Mostra a situação da mulher dos tempos bárbaros: sem direitos a opinar, sob forte restrição de liberdade social e individual e sujeita a penas bárbaras, como no caso do apedrejamento até a morte se houver suspeita de adultério!
Mulher do oriente, mulher do ocidente... Isso faz pensar: se de um lado ela sofre penalidades bárbaras e cruéis, de um extremismo insuportável, de outro, nas modernas cidades dos paises desenvolvidos, ela sofre penalidades bárbaras e cruéis também...embora reconhecidamente ilegais.
Vai mal a situação da mulher!
O alarde a respeito das conquistas femininas é relativo e cheira a manipulação do moderno sistema de consumo e na dança do giro de capital! Há interesses na engrenagem que move o mundo moderno, o que não significa necessariamente que podemos interpretar nesse conjunto alguma "vitória da mulher", já que a manipulação é um perigo de muitas faces.
Provavelmente, ainda assim, a mulher ´poderá superar as dificuldades e acertar os ponteiros com a sociedade. Poderá, quem sabe, cumprir com o mais fundamental de todos os desafios e ajudará a equilibrar o mundo.
Mas ainda há muito trabalho pela frente antes de considerar que há de fato um equilíbrio a ser comemorado! (Mirna Monteiro)
Thursday, March 01, 2012
A SÍNDROME DE EVA E A PERDA DO PARAISO
Quando Eva vivia no Paraíso ao lado de Adão, as coisas funcionavam maravilhosamente. Até que apareceu em cena uma serpente enroscada em uma macieira e todos sabemos o que aconteceu. Adão não era nenhum retardado quando provou o fruto proibido, mas a culpa coube a Eva. Era ela quem devia nortear Adão e, portanto, não deveria sugerir que abocanhassem o fruto proibido.
A mulher sempre foi responsabilizada por tudo desde o gênesis...
Certamente se ignorarmos o aspecto bíblico, a situação será sempre muito semelhante. O que importa é a realidade prática, ainda que metaforicamente exposta.
A mulher sempre foi responsabilizada por tudo desde o gênesis...
Certamente se ignorarmos o aspecto bíblico, a situação será sempre muito semelhante. O que importa é a realidade prática, ainda que metaforicamente exposta.
Mas a historia continua:
Desde a expulsão do Paraiso, as coisas ficaram difíceis. Adão e Eva resolveram dividir as tarefas, porque era a única forma de sobrevivência.
Ela sentia as dores do parto para povoar o mundo, ele corria atrás da caça.
Ela garantia a sobrevivência da prole a partir da raiz, ele defendia a família.
Ele se preocupava com coisas práticas. E ela continuava a exercer, bem ou mal, a antiga responsabilidade de nortear Adão.
A humanidade varou milênios, passou a marcar a passagem do tempo e o que aconteceu, desde o final do século XX, a Adão e Eva?
Boa pergunta!
Bem, Eva continua com duas mãos e dez dedos, mas em compensação está tendo de multiplicar a cabeça. Transformou-se em um ser muito diferente: para sobreviver, depende de visão periférica, de capacidades múltiplas e muita energia física e emocional, já que além de manter as responsabilidades da Eva tradicional, a geradora, assumiu todas as outras que cabiam à Adão, o mantenedor.
E Adão? Adão está dividido: em parte mantém o seu antigo papel, em outra simplesmente nenhum.
Eva multiplicada, Adão dividido.
Situação polêmica, contraditória.
Eva acha que conquistou espaços e cresceu. Será? Eva ainda se atrapalha quando estabelece o tempo necessário para a prole, quando o mundo profissional exige todas as horas do seu dia.
Adão resmunga, preso ainda aos velhos preconceitos de milênios atrás. Parte dele achou um caminho intermediário e descobre que funções antigamente exercidas apenas pela mulher tem uma importância e um conteúdo interessantes. Mas a maior parte de Adão permanece exatamente como era.
Nunca foi tão difícil para a mulher exercer o seu papel de formadora da humanidade. Sim, porque é impossível negar a dimensão de sua ação no destino humano, mesmo que o poder de transformação tenha sido exercido entre quatro paredes.
Valores foram rompidos e a Eva de hoje, cada vez mais, não tem como dividir funções de sobrevivência.
Adão está confuso.
A humanidade portanto se torna confusa!
A vida de Eva complicou-se: ela acumula funções que eram de Adão. Como ninguém é de ferro e a Eva moderna não é um elástico que pode ser indefinidamente esticado sem estriar-se e romper-se, é preciso priorizar as ações. E isso leva à mudanças sociais profundas, a partir da família.
Quais as conseqüências dessa nova realidade?
A resposta pode não ser muito agradável.
A vida forma um conjunto perfeito, como uma orquestra, onde cada ser exerce um papel. Todos sabemos que mudar o curso de um rio ou devastar uma floresta pode ser perigoso para a sobrevivência humana.
A mulher sempre exerceu um papel mediador entre a realidade imediata e o futuro. Ao gerar e inteirar-se com sua cria ela determina não apenas o destino de um indivíduo, mas de toda a coletividade.
Uma sociedade pacífica e organizada não é responsabilidade só da mulher, mas quem vai negar que uma criança bem cuidada, amada e orientada, tem maiores chances de tornar-se um ser humano produtivo e equilibrado?
O que parece bem claro é que a mudança, para que esse equilibrio seja alcançado, depende de mais transformações. Por exemplo, a responsabilidade no gerar. Filhos são responsabilidade de ambos, pai e mãe. No entanto não podem crescer educados unicamente por terceiros, como se fossem orfãos, em troca de uma mentalidade excessivamente consumista.
Não é incomum encontrar pais que se desdobram para ganhar dinheiro achando que a criança será feliz com roupas de grife, tecnologia de última geração e escolas particulares. Obviamente tudo isso parece ótimo, mas depende do preço a ser pago. O excesso de supérfluo não pode compensar a ausência de uma relação frequente entre pais e filhos.
Talvez não seja preciso andar com as crianças a tiracolo, como a cultura indígena determina (crianças que são amamentadas e próximas dos pais ficam mais fortes e mais independentes no futuro), mas sem dúvida é preciso rever a relação dos pais com os filhos na nossa sociedade moderna. O aspecto emocional do indivíduo, desde a gestação, é fundamental. Sem isso teremos crianças, adolescentes e adultos problemáticos, presas fáceis de drogas e da depressão.
Parece que Adão e Eva ainda estão muito longe de viver o paraíso...(Mirna Monteiro)
Wednesday, February 29, 2012
MÉDICOS ROBOTIZADOS
"É o fim do mundo!", repetia uma senhora que aguardava atendimento em um pronto-socorro de um hospital particular. Entre tantas coisas absurdas a pior delas certamente era o fato do desleixo e da falta de ética ter atingido uma área extremamente delicada, a da saúde. "Como é que eu vou saber se estou sendo tratada ou destratada?" perguntou ela, em meio ao desabafo.
Boa pergunta! Mas a resposta é impossível! Como saber até que ponto a nossa evolução social e tecnológica não se transforma em armadilha?
A ciência avança hoje a níveis surpreendentes. Mais alguns anos, dizem, e a velhice será coisa do passado, a morte será adiada em décadas e as doenças serão vencidas com a regeneração celular!
Que maravilha! Ninguém duvida disso. O problema é outro! Paralelamente à evolução científica e tecnológica, outro extremo da realidade não pode ser vencido: o desgaste da sociedade e de seus valores, o aumento da mediocridade profissional e do objetivo do capital em detrimento do fator humano!
Quem pode com isso? Trocando em miúdos, podemos afirmar que o que temos hoje, em um momento de grandes recursos da medicina, é uma péssima medicina! Afinal ainda não podemos trocar a figura do médico por robôs irrepreensíveis. Ainda dependemos do fator humano para cuidar do fator humano. É a principal razão da existência humana, manter a sua espécie!
Aparentemente o grande desafio da medicina hoje são os próprios médicos. Os mais recentes, despreparados, oriundos de universidades que não conseguem formar adequadamente o cidadão, mesmo cobrando altíssimas mensalidades. Os recém-formados, atraídos para a área por questões econômicas (ser médico "dá dinheiro", mesmo que seja impossível avaliar a vida em trocados...) encontram um mercado tão saturado, que a estrutura de qualificação do médico fica comprometida: não há hospitais suficientes para formar residentes.
E sem residência, que é a prática, é quase impossível completar o ensinamento básico do profissional de medicina!
E os mais antigos? Talvez com alguma experiência, mas completamente entregues à massificação do sistema. O paciente é visto cada vez mais como um objeto a ser descartado o mais rapidamente possível. Tempo é dinheiro! As consultas hoje são velozes e extremamente curtas. Nos consultórios particulares, a peso de ouro, é possível mais tempo. Mas na base dos convênios médicos, planos de saúde que aplicam a filosofia da quantidade em detrimento da qualidade, a consulta é de até dez minutos em média.
O tempo suficiente para um médico perguntar qual é o problema e passar a lista de exames. Sem a biomedicina, a medicina hoje não é nada. Mas isso não elimina ainda o risco de enganos causados pelo cansaço ou incompetência na interpretação dos exames ou no tratamento da patologia!
É mesmo o fim do mundo! Ou pelo menos o fim da crença de que a medicina é sempre heroica e acima de qualquer suspeita.
É possível entender o desabafo dos pacientes! E este é um problema que preocupa a todos, inclusive aos médicos, que afinal também são pacientes em algum momento da vida!
Exigir capacitação profissional é o único recurso para evitar o caos, em uma sociedade onde sobram profissionais formados em medicina, mas faltam médicos! Onde está a figura o médico, que por vocação interagia com o paciente e fazia milagres em épocas onde não havia qualquer tecnologia?
É possível haver exercício da medicina sem a filosofia que norteia essa responsabilidade?
É bom pensar sobre o assunto... (MM)
Monday, February 13, 2012
QUEM É VOCÊ? QUEM É O OUTRO?
O comentário geral era a respeito de um crime nos Estados Unidos, onde homem que matou um casal que havia excluído a filha do quadro de amigos no Facebook. O mundo virtual parece ser um lugar onde comandamos a hora de existir ou desaparecer da tela, de conversar ou simplesmente observar o "movimento". A partir do momento desconectamos, "desligamos" esse espaço. São mundos diferentes, o virtual e o real!
Não há proteção no mundo virtual, todos sabemos disso. Nos sites, a relação esperada, de privacidade, não existe, mesmo que o quadro de amigos contenha apenas familiares. O espaço, na verdade é público e mesmo que haja garantia de privacidade, a realidade indica que os dados estão ao alcance de administradores e de hackers. Permanecem "boiando" (ou seria flutuando?) em um mundo ainda pouco desvendado.
Sites de relacionamento parecem ser uma sala de estar isolada. É difícil imaginar o espaço virtual protegido por senhas e rodeado de regras como uma sala em ambiente público.
Essa realidade desagrada. As pessoas sentem necessidade de partilhar sua vida, suas alegrias, seus momentos de sucesso, a relação amorosa ou familiar, da mesma forma que os momentos de tristeza ou depressão. Isso é natural porque o ser humano é um animal social, preparado para conviver em grupo até mesmo para garantir a sobrevivência individual, que se torna mais garantida na sobrevivência mútua.
A relação virtual aproxima tanto as pessoas conhecidas - familiares e amigos - como reduz ou elimina o distanciamento entre pessoas desconhecidas que iniciam uma amizade através de interesses comuns. Sem essa "mágica" virtual que elimina distâncias e derruba as paredes, a possibilidade de ampliar o conhecimento fica realmente muito reduzida.
Reduzida demais para quem se habitua a navegar em um espaço que seduz justamente pelo fato de funcionar sem a carga da materialidade. Um espaço realmente sedutor, constantemente ampliado por novos recursos. Com um dispositivo mais leve e fino do que um livro, pode-se acessar e ler infindáveis obras literárias, escrever, desenhar, criar projetos, trabalhar, ouvir música, conversar, fazer compras, enfim...a ponto do sujeito que navega em um espaço tão diversificado e aparentemente infinito em suas possibilidades perguntar-se se não está havendo alguma inversão e aquilo que consideramos o mundo real não é na realidade uma espécie de limbo!
Como lidar com esse novo mundo e suas possibilidades e riscos entretanto, não é assim tão fácil. Por trás da mágica dos recursos e da sofisticação tecnológica, existe a mesma matéria básica dos tempos das trevas ou dos conflitos da civilização: o conteúdo humano, dividido entre a construção e a destruição, a verdade e a mentira, a necessidade de relacionar-se e ampliar os horizontes e a capacidade de distorcer e manipular o meio.
A grande verdade é que explorar o ciberespaço tem menor risco do que o mundo real no que se refere à preservação física (pelo menos imediata) mas não existe nenhuma garantia de segurança em qualquer outro sentido!
Mundo material, mundo virtual, mundo emocional, mundo espirital...parece que a relação humana com espaços que pareciam fictícios e isolados finalmente se fundem em um mundo inteiramente novo, diferente, mas não mais improvável! ( Mirna Monteiro)
Tuesday, February 07, 2012
PENSAMENTOS QUE FALAM
"Perdida em seus pensamentos, a pessoa parece escutar a voz de suas entranhas"...Mais do que simples metáfora, essa frase pode ser interpretada literalmente. Depois de descobrir que os impulsos elétricos do cérebro podem movimentar matéria - o que levou à inspiração da "prótese inteligente", a ciência agora admite a possibilidade de reconstruir palavras a partir da captação das ondas cerebrais da pessoa.
A descoberta está criando celeuma. Assim como na ficção, isso parece ser o "golpe final" na privacidade dos seres. "Podem me tirar a liberdade física, mas aquilo que sei e penso pertence apenas a mim"!...Quantas vezes não encontramos afirmações semelhantes em romances, filmes e, evidentemente, na vida real?
Invadir a mente humana, não simplesmente para bloquear ou inutilizar a capacidade mental, como em uma lobotomia ou através de drogas, mas justamente extraindo de dentro dela o pensamento, já foi a base de muita ficção. A possibilidade soa como uma ameaça. Esconder aquilo que se é e realmente se pensa integra a mais primitiva capacidade humana de se defender e garantir a sobrevivência.
A discrição da mente permitiu ao homem criar táticas de caça, de combate e auto-defesa. É a "voz interior", que alerta, comanda e traduz a intuição, o raciocínio, os "arquivos" dos acontecimentos que são acessados de maneira tão instantânea que não nos apercebemos disso.
O que aconteceria a um mundo onde a mente deixa de ser privada?
Claro que a ciência argumenta que a "invasão" é para o bem. Por exemplo, no caso de pessoas que perderam a capacidade de movimentos de algum membro, como pernas, braços e mãos, ou daquelas que se encontram em estado de coma. A implantação de chips que provocam estímulos elétricos no cérebro pode fazer com que uma pessoa comande com o pensamento a tela de um computador, um braço mecânico, ou outras próteses. Em coma profundo, a tradução do pensamento em forma de palavras ou de uma espécie de "filme". Sim, exatamente como na ficção!
Nesse ponto, paramos para respirar. E pensar (ainda sem eletrodos) se realmente é possível existir no universo qualquer ocorrência isolada. Digamos que, se a ciência pode captar impulsos elétricos do cérebro animal e transforma-los em palavras ou imagens, certamente esse é um processo que já ocorre na natureza. Ou seja, reforçamos a ideia de duas realidades em uma cajadada só: a de que a comunicação entre os seres na natureza não se faz unicamente de maneira material (dentro da nossa percepção de materialidade), determinando a obviedade da mecânica quântica, onde tudo que existe dentro e fora dos seres tem a mesma construção, "tijolinhos" de quantum, aglomerados ou dispersos, que tanto podem compor uma galáxia, um corpo humano ou o pensamento...
O que dizem nossos "quantuns"? Ou o que diz sua intuição? Ou ainda, quais são seus pensamentos a respeito?...Sem necessidade de chips! (Mirna Monteiro)
A descoberta está criando celeuma. Assim como na ficção, isso parece ser o "golpe final" na privacidade dos seres. "Podem me tirar a liberdade física, mas aquilo que sei e penso pertence apenas a mim"!...Quantas vezes não encontramos afirmações semelhantes em romances, filmes e, evidentemente, na vida real?
Invadir a mente humana, não simplesmente para bloquear ou inutilizar a capacidade mental, como em uma lobotomia ou através de drogas, mas justamente extraindo de dentro dela o pensamento, já foi a base de muita ficção. A possibilidade soa como uma ameaça. Esconder aquilo que se é e realmente se pensa integra a mais primitiva capacidade humana de se defender e garantir a sobrevivência.
A discrição da mente permitiu ao homem criar táticas de caça, de combate e auto-defesa. É a "voz interior", que alerta, comanda e traduz a intuição, o raciocínio, os "arquivos" dos acontecimentos que são acessados de maneira tão instantânea que não nos apercebemos disso.
O que aconteceria a um mundo onde a mente deixa de ser privada?
Claro que a ciência argumenta que a "invasão" é para o bem. Por exemplo, no caso de pessoas que perderam a capacidade de movimentos de algum membro, como pernas, braços e mãos, ou daquelas que se encontram em estado de coma. A implantação de chips que provocam estímulos elétricos no cérebro pode fazer com que uma pessoa comande com o pensamento a tela de um computador, um braço mecânico, ou outras próteses. Em coma profundo, a tradução do pensamento em forma de palavras ou de uma espécie de "filme". Sim, exatamente como na ficção!
Nesse ponto, paramos para respirar. E pensar (ainda sem eletrodos) se realmente é possível existir no universo qualquer ocorrência isolada. Digamos que, se a ciência pode captar impulsos elétricos do cérebro animal e transforma-los em palavras ou imagens, certamente esse é um processo que já ocorre na natureza. Ou seja, reforçamos a ideia de duas realidades em uma cajadada só: a de que a comunicação entre os seres na natureza não se faz unicamente de maneira material (dentro da nossa percepção de materialidade), determinando a obviedade da mecânica quântica, onde tudo que existe dentro e fora dos seres tem a mesma construção, "tijolinhos" de quantum, aglomerados ou dispersos, que tanto podem compor uma galáxia, um corpo humano ou o pensamento...
O que dizem nossos "quantuns"? Ou o que diz sua intuição? Ou ainda, quais são seus pensamentos a respeito?...Sem necessidade de chips! (Mirna Monteiro)
Tuesday, January 31, 2012
A ARTE DE ACREDITAR...SEM ENGANAR-SE
Volta e meia aparece a dúvida: em quem acreditar? No que acreditar? A insegurança sobre a verdade não é característica de pessoas jovens, assim como a certeza não é privilégio de quem viveu muitas décadas.
Sob essa ótica (verdadeira?) estamos todos no mesmo barco, o da incerteza sobre as coisas e isso pode ser angustiante! Nietzsche, ele próprio exasperado com as próprias dúvidas em uma época onde tudo era contestado de maneira extremamente econômica, concluiu que a busca da verdade não passava de simples necessidade humana de se sentir em segurança. Um mundo que "não se contradiz", seria um mundo mais confiável, com conceitos baseados na crença de valores imutáveis e, portanto, aceitos como verdade universal.
Bem, de qualquer forma nós temos nossas verdades universais. Por exemplo a igualdade entre os homens e o respeito à natureza. Naturalmente são verdades óbvias oriundas da necessidade de sobrevivência, entre outras que surgem da relação histórica do homem com o meio.
O que sabemos é que o reconhecimento da verdade, ou de alguma realidade que possamos assumir como determinante, parte de nossa capacidade de sentir a vida. O conhecimento sobre si mesmo modifica o reconhecimento da verdade. E como acreditava Sócrates, só age erradamente aquele que desconhece a verdade e, por extensão, o bem. Nesse caso permanece boiando na incerteza, ou esperneando se assim lhe ditar o temperamento, mas em ambos os casos provocando desequilíbrio e caos ao meio.
Como mestre que pretendia ensinar a pensar, sem impor uma verdade do próprio punho...ou do próprio pensamento, Sócrates colocava a busca do saber como o caminho para a perfeição humana e, por tabela, para obter a sensação de segurança que permite um enfrentamento mais tranqüilo de nossas dúvidas a respeito do que seria a verdade e a mentira.
Bem, 400 anos antes de Cristo e já se sabia o que hoje ainda constatamos. Por mais que seja teorizado o assunto e por mais que os pensadores sejam rebuscados e retóricos, realistas, fatalistas ou neuróticos, a verdade é que o drama do "onde está a verdade", resume-se a esta simples lógica socrática: observe, pense, aprenda e deduza!
Se a verdade necessita de sabedoria para ser detectada, a mentira basta a si própria, infelizmente. A sorte da humanidade é que seu tempo de vida é curto. Por isso devemos considerar a sabedoria popular, quando diz que "toda mentira tem perna curta". Aliás todos temos sempre uma boa interpretação da mentira. Rápida como o bote de uma cobra (uma mentira dá a volta ao mundo antes mesmo de a verdade ter a oportunidade de se vestir, ironizou Churchill) ou vital para a sobrevivência de alguns (A mentira é muitas vezes tão involuntária quanto a respiração, observou acertadamente o escritor Machado de Assis) a mentira é o avesso do conhecimento sem deixar de ser ilustradora da verdade (não ser descoberto em uma mentira equivale a dizer uma verdade...)
É nessa relatividade que se apoiam os grandes mentirosos da humanidade, antigos e atuais. Hitler achava que para convencer a massa era preciso uma grande mentira, cercada de muita bagunça e atritos, pois assim o caos formado esconderia ainda mais a verdade. Tinha razão, sem dúvida! É óbvio que para se conseguir impor uma mentira há necessidade de se impor o caos e a insegurança...aquele estado citado por Nietzsche, onde as convicções podem ser mais perigosas para a verdade do que a própria afirmação mentirosa!
Acreditar, portanto, parece ser a arte de desvendar o que se passa atrás das grandes afirmações, das grandes mentiras e das supostas verdades. Uma arte que começa com o conhecimento do temperamento humano que habita em todos nós e o reconhecimento de nossas fraquezas. (Mirna Monteiro)
Wednesday, January 25, 2012
Acariciando o coração
Descobriram que o coração possui algumas dezenas de milhares de neurônios. Parece pouco diante dos 100 bilhões de neurônios calculados no cérebro humano, mas é suficiente para uma avaliação maior na relação entre comportamento e emoção, assim como de fatores fisiológicos como estresse e riscos cardíacos.
O coração tem capacidade de pensar? A ciência não se atreve a afirmar isso, embora venha reconhecendo que estados de tensão, tristeza, depressão, de fato influenciam a saúde humana. De onde podemos deduzir que o coração humano está "equipado" para sentir.
Morrer de tristeza, um termo usado antes mesmo que a ciência soubesse muito sobre a fisiologia humana, parece ser verdadeiro. Joseph Chilton Pearce, autor de "A biologia da Transcendência", refere-se ao coração como um orgão de sabedoria inata do amor, Sem ele o ser retroage ao primitivo, permitindo que o Ego assuma o controle e a mentalidade de sobrevivência baseada no medo, na ganância, poder e controle.
Essa situação levaria à sensação de solidão e isolamento da natureza, enquanto que a capacidade de "sentir o coração" e liberar os sentimentos positivamente leva a uma maior inteligência emocional e capacidade de lidar com a vida.
De certa forma, mesmo negligenciando o coração, persiste a sensação de vazio e a necessidade de buscar uma compensação. Talvez seja esse o motivo que leva as pessoas a buscarem conforto, as vezes renegando a própria realidade.
Isso pode ser observado nos sites de relacionamento, que foram criados para interagir, adaptando-se ao longo do tempo a muitas funções diferentes. Namoro, casamento ou simplesmente sexo, discussões sobre assuntos proibidos ou dificilmente assumidos no mundo real, denúncias e discussões políticas. Tudo aquilo que integra a realidade imediata, mas que acaba se perdendo na falta de contato das pessoas ou na dificuldade de relação com a mídia, acaba se desdobrando no mundo virtual.
Mas o interessante é que a maioria das pessoas não pretende discutir grandes problemas nos sites de relacionamento.Não pretendem "martelar a mente", mas sim acariciar o coração, ou seja, manter contatos leves, que absorvam a tensão da realidade do dia a dia. O mundo virtual serve de repouso, quando as conversas são leves e as palavras trocadas são de incentivo, positividade e alento.
Não há como criticar esse desejo. Todos necessitamos de momentos paz e repouso. Em uma realidade cada vez mais drástica - onde os problemas parecem brotar como erva daninha, não por serem recentes, mas pelo fato dos disfarces que os escondiam não mais funcionarem, o estresse aumenta.
O que não quer dizer que a realidade possa ser evitada. Mas a racionalidade pode ( e deve) conviver com o bom humor, a leveza e a gentileza. Talvez a representação das duas faces da realidade, cérebro e coração, racionalidade e sentimento não seja simples metáfora, mas pura ciência. (MM)
O coração tem capacidade de pensar? A ciência não se atreve a afirmar isso, embora venha reconhecendo que estados de tensão, tristeza, depressão, de fato influenciam a saúde humana. De onde podemos deduzir que o coração humano está "equipado" para sentir.
Morrer de tristeza, um termo usado antes mesmo que a ciência soubesse muito sobre a fisiologia humana, parece ser verdadeiro. Joseph Chilton Pearce, autor de "A biologia da Transcendência", refere-se ao coração como um orgão de sabedoria inata do amor, Sem ele o ser retroage ao primitivo, permitindo que o Ego assuma o controle e a mentalidade de sobrevivência baseada no medo, na ganância, poder e controle.
Essa situação levaria à sensação de solidão e isolamento da natureza, enquanto que a capacidade de "sentir o coração" e liberar os sentimentos positivamente leva a uma maior inteligência emocional e capacidade de lidar com a vida.
De certa forma, mesmo negligenciando o coração, persiste a sensação de vazio e a necessidade de buscar uma compensação. Talvez seja esse o motivo que leva as pessoas a buscarem conforto, as vezes renegando a própria realidade.
Isso pode ser observado nos sites de relacionamento, que foram criados para interagir, adaptando-se ao longo do tempo a muitas funções diferentes. Namoro, casamento ou simplesmente sexo, discussões sobre assuntos proibidos ou dificilmente assumidos no mundo real, denúncias e discussões políticas. Tudo aquilo que integra a realidade imediata, mas que acaba se perdendo na falta de contato das pessoas ou na dificuldade de relação com a mídia, acaba se desdobrando no mundo virtual.
Não há como criticar esse desejo. Todos necessitamos de momentos paz e repouso. Em uma realidade cada vez mais drástica - onde os problemas parecem brotar como erva daninha, não por serem recentes, mas pelo fato dos disfarces que os escondiam não mais funcionarem, o estresse aumenta.
O que não quer dizer que a realidade possa ser evitada. Mas a racionalidade pode ( e deve) conviver com o bom humor, a leveza e a gentileza. Talvez a representação das duas faces da realidade, cérebro e coração, racionalidade e sentimento não seja simples metáfora, mas pura ciência. (MM)
Monday, January 09, 2012
A MORTE E A LÓGICA IRRACIONAL

Lógica, ilógica...deixando e lado a teoria das idéias, onde se pressupõe o que seria admitido como realidade ou engano dos sentidos, a morte seria uma realidade incontestável, pois é óbvia e ao mesmo tempo impossível de ser razoavelmente definida, a não ser em nossa percepção física.
Isso é muito desconfortável!
É muito pouco provável que a morte seja desconfortável para quem a enfrentou. É complicado imaginar as possibilidades além da vida, mas digamos que, na pior das hipóteses (sob a ansiedade dos que se recusam a aceitar a finitude), os seres se apaguem como uma lâmpada, sendo "nada".
"Nada" é nada, puft!
...Mas a energia obtida pelos filamentos da lâmpada está por aí...

Vamos analisar uma possibilidade científica, a de que no universo tudo é matéria, inclusive nosso pensamento ou nossa consciência. Nesse caso não pode ser ruim para quem morreu, pois se morreu em seu estado físico mais grosseiro (ou para quem quiser complicar, de material molecular acumulado e pesado, próprio para um planeta primitivo... ou o que?) sobrevive em seu estado quântico e, portanto, deve poder passear pelas dimensões do tempo ou por espaços que bem podem ser algo que interpretamos como paraíso.
Vamos divagar e aceitar as possibilidades que historicamente povoam as crenças do ser humano, desde sua forma mais primitiva, até as culturas que pretendem ser sofisticadas.
Digamos que haja espaços pré-determinados para as almas, de um lado as penadas, de outro as que cumpriram o bem, como na alegoria do inferno e do céu. Também nada poderá ser mais oportuno. Pois se quem amamos tanto é uma boa alma, decerto que irá para um espaço privilegiado, onde diferentes crenças comungam que é bem mais agradável do que aqui. E se boa alma não for, não há pelo que chorar se a morte representar um tipo de enfrentamento desconfortável...ou, quem sabe, o "puft!", ou o vazio total e irreversível...
Aparentemente, preocupar-se com a morte parece ser desnecessário. Ao contrário, preocupar-se com a vida, é fundamental! É por ela que devemos lutar, com unhas e dentes e é ela, a vida, que devemos respeitar. Toda e qualquer forma de vida deve ser respeitada.
Sendo isso inquestionável, chegamos a um acordo: a vida é tão importante, enquanto vida, que pode ser interpretada como o antagonismo da morte, o que não representa uma verdade. Por que? Ora, sabemos o que é vida! Não sabemos o que é a morte! Tudo que se sabe sobre a morte é conjectura e torna esta discussão extremamente chata.
Mas certamente esquecemos um fator de peso: o medo do desconhecido. Não é a morte em si, mas o que é provável a partir dela que a torna tão temida. Para amenizar isso não há remédio, a não ser a própria vida. Quando plena e valorizada, fornece uma espécie de coragem para enfrentar o que quer que a morte signifique. É como uma fusão com o universo. Os ateus e agnósticos mais radicais ficam furiosos com essa possibilidade, pois ela reforça a teoria do divino, pois reconhece uma força onipotente entre big-bangs e buracos negros. Uma força natural que pode não ser consciente, mas que é interdependente de todas as matérias e suas variações no mundo quântico.
É, esta discussão vai longe. Segue pela vida e além da morte! Porque pelo que se sabe, todos vamos, de mente aberta ou cara emburrada. E em uma rotina semelhante outros aqui ficam, repetindo o mesmo questionamento de outros que virão!...(Mirna Monteiro)
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