Tuesday, June 26, 2007

A dor e a violência segundo Picasso


















Pablo Picasso soube retratar em sua arte o horror da violência, magnificamente traduzido em sua obra intemporal e mundialmente reconhecida, Guernica, resumindo a Guerra Civil da Espanha em um grupo de imagens.

Guernica traduz o bombardeio pelos alemães da cidade de Guernica em Vizcaya, a 26 de Abril de 1937, deixando entrever ao espectador o medo, o sofrimento e a dor vividos nesse período.








Outras obras demonstram a sensibilidade em captar a expressão da dor e da violência no cotidiano.








Em "Refluxo" (acima) e
na tela
"Os miseráveis",
formas e cores
diferenciam os
momentos do sentimento

Tuesday, June 12, 2007

Filosofando a corrupção



Dinheiro dança com a corrupção


O que? dinheiro dança? Ué, já disseram que o dinheiro se movimenta conforme a música. A dança é movimento. A música movimenta a dança. Metáforas, apenas metáforas. O dinheiro está em permanente movimento. Cumprindo suas funções sociais e econômicas. Movimentos honestos e desonestos. Construtivos e destrutivos. Por isso alguém teve a idéia de comparar o movimento do dinheiro, a uma dança. E sua utilização a música. E eu imaginei o dinheiro dançando com a corrupção. Como também dança com todos os gêneros de roubalheira. O dinheiro é cego e mudo.
A corrupção dança com o dinheiro público. Envolvendo gente importante, como membros do Judiciário, governadores, advogados, parlamentares e até ministro do Lula e o presidente do Senado. Uma confusão dos diabos. Prisões transitórias, interrogatórios...Todos os envolvidos na dança afirmam que são inocentes. Quantos dançarinos irão para a cadeia? Corrupto na cadeia é exceção. O dinheiro que dança com a corrupção não tem voz. Como não tem voz o dinheiro que dança com a honestidade. Se o dinheiro falasse, a corrupção seria denunciada. E a honestidade reconhecida.
Acompanho pela imprensa e pela tevê o drama do presidente do Senado. Culpado ou inocente? A dúvida dificulta a resposta. Será que o Conselho de Ética do Senado dará a resposta conclusiva? Ética. Como é bela e desejável a dança do dinheiro com a ética. Principalmente nos poderes Executivos, Legislativos e Judiciários. Mas a corrupção dificilmente deixará de paquerar o dinheiro. Sempre de olhos abertos, à espera de uma oportunidade de dançar com ele. E assim o baile vai continuar. Até quando? O tempo responderá. No momento, a pergunta é: qual será o desfecho da ação da Polícia Federal? Alguém poderá adivinhar? (crônica de Roberto Monteiro, junho de 2007)


(O jornalista Roberto Monteiro escreveu ao longo de sua carreira, mais de 20 mil editoriais e 12 mil crônicas, todos publicados em orgão de imprensa. Além do trabalho como jornalista, Monteiro foi autor de contos e peças teatrais, diretor e produtor de programas e musicais na televisão, sendo premiado com os troféus Roquete Pinto, Tupiniquim e outros nas décadas de 50, 60 e 70)

Thursday, May 31, 2007

A comilança





















(...)Estava difícil falar com Das Dores. Com sua pouca altura, já pesava mais de 150 quilos, adquiridos ao longo dos últimos anos.


Estava cada vez mais irascível. A comida farta não atenuava seu mau humor, nem suavizava a sua visão pessimista e egocêntrica.

(...) Havia clínicas especializadas no assunto. A gordura em excesso era o mal dos paises industrializados e a obesidade mórbida crescia na mesma medida em que o mundo parecia entrar em um processo de histeria em massa e os países pobres, castigados pelo calor, pelas epidemias e pelos desastres da natureza, exibiam seres esqueléticos esperando a morte.
Das Dores não se comovia com os extremos das desgraças.
- Passei minha vida dentro de uma delegacia, vendo horrores e tentando salvar quem fosse possível! E para que? Não há como vencer o mal! – afirmava, com voz alterada.
O ar de equilíbrio na casa do neto a irritava. Mas a idéia de uma internação, ainda que fosse em um spa repleto de conforto, a enojava.
- Sinto-me bem, não é o que importa? Depois, não estou assim tão gorda...
Silvester sentia vontade chorar. Mas de nada adiantavam as suas súplicas. Das Dores, depois de cada discussão, comia ainda mais.

Quando ela não mais saiu de casa, Júlio e Silvester perderam de vez a esperança de recuperá-la.
- Sua avó está se matando aos poucos. Devemos interná-la à força! – disse Júlio. Aquela altura a mulhr não conseguia mais caminhar na rua, nem entrar em um carro.
Aliás, Das Dores não cabia em nenhum lugar. Até as portas pareciam encolher e prender os seus quadris nas esquadrias. Mandara reforçar a cama, que mais parecia um bloco maciço, mas o problema era o colchão: nenhum material suportava muito tempo seu peso e em geral seu corpo afundava o material, fosse da mais alta densidade, fosse de mola, fosse a espuma composta de nanotubos de carbono ou o que quer que existisse!
Um mecanismo complexo de trilhos em aço, comandados por sistema computadorizado, era imprescindível para ajudá-la a levantar-se.(...) O vaso sanitário era uma obra-prima da engenharia, com a circunferência de uma banheira pequena e com todo o equipamento necessário para que Das Dores apenas se preocupasse em sentar-se. (...)

- Ela se empanturra para depois soterrar o sistema de esgoto! – resmungava Júlio.
Mas na verdade ele estava apavorado, sentindo-se impotente com a situação de Das Dores.
- Sua avó vai explodir, não tenha dúvida! A pele está esticada demais!
Certo dia, ao verificar que o sistema computadorizado da cama registrava 230 quilos de peso, Silvester deu o ultimato à Das Dores. Ela seria internada em uma clínica.
- Que raio de neto é você? Está invadindo a minha privacidade!
Ele ficou desconcertado. Pedia desculpas, mas não tinha como evitar tal intromissão.

- Desculpe nada! Você herdou o desvario de sua mãe, a loucura de Anna e a bunda mole de Júlio!
Eu quero comer! Eu gosto! Comer! Comer o quanto puder, entendeu? É minha vida, meu estômago, meus humores, porra! – berrava, enchendo a boca de uva-passa coberta de chocolate e cuspindo para todo lado.
- Não pode ser assim, vó! Já imaginou quantas pessoas poderiam ser alimentadas com toda comida que sua gula consome? Você está comendo por vinte!
O rosto rechonchudo de Das Dores petrificou-se. (...)



Trecho de "O Círculo" -MM

Friday, March 09, 2007

O desafio de ser mulher!


Há alguns anos ainda havia uma certa euforia nos discursos que comemoravam o Dia Internacional da Mulher (8 de março), como se isso justificasse a existência de uma deferência especial, que, quer queira ou não, sempre deixou em aberto a "diferença" do ser feminino.
Afinal, havia muito a ser comemorado pelas mulheres, ao passo que os homens nada tinham a festejar. Não havia sido criado o "Dia do Homem", porque o homem sempre dominou o espaço social, político e produtivo nos séculos e séculos passados.
Mulheres não! Aliás, mulheres eram alijadas da política e das decisões. Pelo menos, abertamente e até onde nosso conhecimento permite. Em séculos bárbaros, onde a força física era a única alternativa para sobrevivência, as mulheres ficavam de fora, costurando as feridas abertas pelas guerras e invasões!
Quando o mundo se revolucionou industrialmente e a sociedade humana passou a uma nova etapa cultural, as mulheres do mundo ocidental mudaram, brigaram pelo espaço e pela participação política e negaram-se a perpetuar a imagem de úteros sem cérebro... E hoje têm direitos e deveres igualitários em sociedades democráticas e livres!
Certo?
Errado!
Pois é, as coisas não são bem assim não! Começando pelo fim, podemos dizer que a situação da mulher não melhorou, em absoluto! A mulher do terceiro milênio é um ser livre por conveniência no mundo ocidental e isso quer dizer, na prática, que a sua liberdade é totalmente discutível.
A mulher do chamado "mundo livre" é um ser extremamente sobrecarregado de funções, confuso com a necessidade de reestruturação da família, onde é, cada vez mais não apenas a "cabeça", mas o corpo todo: houve uma gradativa "fuga" da responsabilidade do homem sobre a família!
Por outro lado, a mulher ainda sofre os mesmos preconceitos de sempre. Ganha menos que o homem quando exerce a mesma função profissional, trabalha em dobro e têm menos direitos e privilégios de carreira nas empresas.
Nunca antes a mulher sofreu tamanha carga de violência! Em todo o mundo, ela é espancada e assassinada em número crescente! Estamos falando do mundo ocidental, evoluído, o mundo do capital e da liberdade...nas culturas da Asia e Oriente Médio a situação vai mal também. Mostra a situação da mulher dos tempos bárbaros: sem direitos a opinar, sob forte restrição de liberdade social e individual e sujeita a penas bárbaras, como no caso do apedrejamento até a morte se houver suspeita de adultério!
Mulher do oriente, mulher do ocidente... Isso faz pensar: se de um lado ela sofre penalidades bárbaras e cruéis, de um extremismo insuportável, de outro, nas modernas cidades dos paises desenvolvidos, ela sofre penalidades bárbaras e cruéis também...embora reconhecidamente ilegais.
Interessante: de um lado a mulher é sufocada por véus e ameaçada de pedradas por uma cultura cruel e de outro é sufocada pela realidade e ameaçada por facadas e tiros por inoperância da Justiça, em uma sociedade que apesar de alardear liberdade e igualdade ainda é cercada de preconceitos!
Vai mal a situação da mulher!
O alarde a respeito das conquistas femininas é relativo e cheira a manipulação do moderno sistema de consumo e na dança do giro de capital! Há interesses na engrenagem que move o mundo moderno, o que não significa necessariamente que podemos interpretar nesse conjunto alguma "vitória da mulher", já que a manipulação é um perigo de muitas faces.
Provavelmente, ainda assim, a mulher ´poderá superar as dificuldades e acertar os ponteiros com a sociedade. Poderá, quem sabe, cumprir com o mais fundamental de todos os desafios e ajudará a equilibrar o mundo.
Mas ainda há muito trabalho pela frente antes de considerar que há de fato um equilíbrio a ser comemorado! (Mirna Monteiro)

Tuesday, January 16, 2007

Literatura















( ...)A Jorge não importava quem eram aqueles homens. Via um velho ser covardemente espancado e uma criança ser maltratada. Isso bastava.
Sem hesitar, sentindo a tragédia no ar como uma corrente elétrica, saltou sobre o grupo, puxando o homem ensangüentado pelo braço.
- Heidnisch! Unverschämt! – berrava, enquanto distribuía sopapos a esmo.
Jorge era ainda suficientemente jovem e forte para enfrentar uma situação de violência. Mas antes que pudesse avaliar as suas chances, enquanto distribuía socos e pontapés, sentiu um objeto duro bater em sua cabeça, com tanta força que teve a impressão de seu cérebro tremia, ressoando como um sino.
Ao mesmo tempo, em uma fração de segundo, ouviu uma voz conhecida gritar para que parassem.
Quando recobrou os sentidos, ouviu vozes e lembrou-se daquele grito. Pela primeira vez na vida sentiu realmente medo de enfrentar o que viria.
Percebeu que ainda estava deitado na neve. Haviam colocado alguma coisa sob sua cabeça, para mantê-la levantada.
Havia vários rapazes em torno dele. Alguém o segurava e Jorge não queria saber quem era. Mas seus olhos moveram-se como se não tivessem controle e fixaram os do filho caçula, Reinhard.
O instante de silêncio que se seguiu pareceu a Jorge longo demais. Reinhard, com os olhos de um azul mais frio do que o ar daquela noite, ajudou-o a levantar-se.
- Vá embora, pai! – disse, antes de virar-se e juntar-se ao grupo, que saia do lugar.
Jorge olhou em torno. Não havia sinal do homem espancado e da criança. Observou o filho, que seguia atrás dos outros rapazes.
Mas Reinhard não olhou para trás.
Sem saber o que fazer, Jorge retornou para a ponte, pensando se não deveria, afinal, debruçar-se sobre o parapeito e deixar-se escorregar para a água gelada e escura do Danúbio.
A cabeça latejava, dolorida e ele sentia o sangue quente escorrendo no couro cabeludo e endurecendo nos fios de cabelo congelados pela neve.
Escorregar para aquele rio!
Seria rápido! Um primeiro choque e depois o amortecimento. Não sentiria mais dor, não sentiria sequer o frio! Provavelmente iria desfalecer, vencido por um sono irresistível!
Lembrou-se da velha Tereza, de olhos assustados, comentando sobre alguém que havia perdido a alma ao atropelar a vida e provocar a própria morte. Sacrilégio abominável...quase podia ouvir a voz morna de Tereza. Quantos anos ele tinha então? Era tão pequeno! E tão feliz!
Perderia a alma!
Jamais se reencontraria com as pessoas que tanto amava.
Como Emma!
Imaginou se estaria sendo ridículo por considerar a crença de uma pessoa simples como Tereza. Deveria ser cético, duro e frio, para manter o controle e a sanidade.
Exatamente como as pessoas que tanto desprezava na vida...
Afastou-se da murada e retornou, encontrando o boné de lã caido próximo a calçada. Mesmo úmido, ele lhe deu conforto e a cabeça parou momentaneamente de latejar.
Não sentia cansaço, nem frio.
Andou até amanhecer, quando resolveu pegar um trem a esmo, sem se preocupar com seu destino. (...) (trecho do livro "O Círculo"-MM)

Sunday, January 07, 2007

Estamos perdendo o rumo?


Volta e meia encontramos alguém que desabafa, aflito: “estão todos loucos!  As pessoas estão perdendo a lucidez”

Por que? Os motivos são vários – irritação excessiva, ausência de auto-controle, falta de afetividade e tendência à destruição. Dentro da própria família os sintomas são cada vez mais óbvios – desagregação, egocentrismo, disputa interna, clima inamistoso.
Mas o que mais se ouve e impressiona é a afirmação de que as pessoas estão perdendo a capacidade crítica e qualquer freio moral.
A ausência de capacidade crítica torna a pessoa extremamente vulnerável ao erro e engano. A falta de “freios morais” a torna potencialmente perigosa, sujeita a achar natural a invasão da privacidade alheia ou apropriação de bens que não lhe pertencem ou ainda a atos violentos.

Seria um sintoma de loucura? Ou de histeria coletiva, um fator que desagrega a sociedade da racionalidade que permite uma convivência produtiva e pacífica?
Perguntas e perguntas. Que parece haver uma gradativa perda de identidade e um processo de histeria coletiva - onde se age pela emoção, sem um racicínio independente e lógica individual - isso parece! Há quem afirme que a sociedade moderna  está cada vez mais integrada por pessoas que confundem a realidade com a ilusão criada pela ficção ou pela mídia, farta em mensagens subliminares

Somos seres racionais e a nossa vontade é racional. Assim nos percebemos lúcidos e com capacidade de definir a realidade. Qualquer pensamento ou emoção que extrapolem determinados limites podem ser interpretados como uma ficção ou uma ilusão sob controle.

Mas é preciso considerar a capacidade humana de reintegrar-se em seu isolamento mental. No momento em que divagamos dentro de nós mesmos, a concepção do certo, errado ou do que é real pode mudar. Podemos permitir que haja maior abertura para a irracionalidade, a fantasia e a ilusão. Ou permitir uma reestruturação do pensamento diante de uma nova realidade, que permitirá maior segurança de sobrevivência.

Assim como todos nos sentimos seguros quando percebemos a realidade fora de nós, onde podemos ter a percepção sobre ela e diferenciar realidade de ilusão, também a incapacidade de lidar com as duas realidades pode ser perigosa.
Tornar-se excessivamente pragmático portanto é colocar em risco a própria sanidade, uma vez que a pessoa que vive exclusivamente para uma realidade imediata e material – aquela que considera única – é facilmente dominada pelas regras desse mundo imediato.
Ficará, por exemplo, mais sujeita às pressões de uma sociedade imediatista e superfial e mais sensível ao processo de histeria que se instala coletivamente.

O estudo da psicanálise demonstra a importância de nosso inconsciente. Considerando a Filosofia, esse mundo interior se torna muito mais amplo e capacitado para conduzir-se e não consistir simplesmente em um reflexo do mundo exterior.

Deveríamos conscientizar a importância de nosso mundo mental, ou de nossa alma. No entanto, estamos sempre na dúvida sobre quais das sensações – a liberdade do pensamento livre e da imaginação solta em nosso mundo interior, onde as percepções são tão ilimitadas, e a percepção da realidade externa, comunitária, que divide-se no mundo material, devem ser priorizadas em determinado momento.

Quando estamos sonhando, vivemos uma realidade ou uma ilusão? Para os mais pragmáticos, essa é uma pergunta absurda. Ora, o excesso de racionalidade leva à falta de criatividade e crescimento mental e portanto limita a capacidade de compreensão de um mundo lúdico ou mental.
Se nosso mundo interior, formado de sonhos, pensamentos e imagens, é perfeitamente estabelecido e desperta sensações, inclusive físicas, apesar da imaterialidade do mundo interior, por que não seria também uma realidade, em outro nível de percepção?

O que se pretende portanto é o equilíbrio entre a realidade imediata e as natural criatividade humana(MC)

Thursday, December 28, 2006

HAJA BOA SORTE NO ANO NOVO!





Ah, as superstições!Tecnicamente são crenças que não possuem qualquer fundamento científico. Mas são irresistíveis, aguçadas pela intuição. As superstições integram a essência intelectual humana e não há época ou lugar da história onde não estejam presentes.
Por isso quando chega a passagem do ano, é quase impossível evitar alguns rituais e cuidados.
Por exemplo, quem vai colocar uma ave na ceia de ano novo, se souber que aves ciscam “para trás” e simbolizam retrocesso?
Porco dá sorte, mesmo com o risco do colesterol embutido.
Para compensar, frutas mágicas: romãs e uvas, cujas sementes se transformam em poderosos ímãs de dinheiro farto o ano todo, quando saboreadas imediatamente após as 12 badaladas do reveillon e guardadas na carteira
Há tantas possibilidades de rituais que garantem um ano bom e farto, que todos ficamos confusos. Afinal, ninguém quer perder uma boa oportunidade de garantir a boa sorte.
Por esse mesmo motivo lojas de roupas íntimas vendem a rodo nos dias que antecedem o revelillon. Calcinhas e cuecas novas garantem renovação da vida e, dependendo da cor, ainda promovem conquistas importantes!

Quais?Ora, se pretender luz e paz, use branco! Calma, tranqüilidade e segurança e tudo mais relacionado à vida espiritual exige a cor azul!

Prosperidade financeira e riqueza? Amarelo, sem dúvida! Precisa de auto-confiança, amor-próprio e auto-afirmação? Use verde!
Violeta influencia positivamente emoções e humor. Mas quando a questão é amor, ah, aí depende: quer romantismo e amor? Cor de rosa é ótimo! Ou prefere paixão, sensualidade e conquista? Vermelho, o grande estimulador do desejo. E também dá pique para o trabalho!
Há quem fique tão animado com as possibilidades, que usa todas as cores! Outros, mais discretos, colocam roupas íntimas coloridas e cobrem o corpo de branco puro, rescendendo a luminosidade.
O que importa é a expectativa e a esperança de transformação. Mas lembre-se: nada de roupas apertadas! Você não vai querer um novo ano incômodo, com pouco espaço, não é!
Mas o mais engraçado mesmo fica por conta dos rituais no momento da meia-noite. Conheço pessoas que enquanto estendem a taça de champanhe para o brinde (champanhe é importante, inclusive deixando alguns golinhos na taça e atirando-os pra trás, tipo bye, bye ano velho), sacam de uma verdadeira lista de simpatias.
É uma espécie de “gula” por boa sorte! E podemos então assistir a um verdadeiro espetáculo: no momento da algazarra da meia-noite, a pessoa sobe em uma cadeira, toma um gole de champanhe, desce da cadeira usando apenas o pé direito, pula três vezes, joga o champanhe sobre os ombros (que meleca, né?) pula várias vezes com o pé direito, tomando cuidado para não perder o dinheiro que já foi enfiado dentro do sapato (também tem essa).
Corre a engolir uma colherada de lentilhas e depois 12 bagos de uva, reservando as sementes, além de três cerejas, cujas sementes também vão ficar na carteira o ano todo, para garantir a prosperidade financeira.
Ainda não acabou. É preciso beijar alguém do sexo oposto para garantir o amor, comer um doce para garantir um ano gostoso e suave ou se tiver namorado (a) roubar um fio de seu cabelo e juntá-lo ao seu em um saquinho branco, para garantir a relação...
Ato contínuo, a gula pela boa sorte leva a reunir sete moedas, seis delas distribuídas a seis amigos, guardando uma na carteira, juntamente com as sementes. Isso porque já colocou embaixo do tapete da entrada da casa outras sete moedas que vão ficar o ano inteiro arranhando o piso, mas garantindo a fortuna!
É, ninguém falou que atrair sorte é fácil...de fato é complicado mesmo.
Mas vale a pena!
Há quem se empolgue tanto, que na véspera do ano novo faz uma limpeza geral nas gavetas e armários, espalha
montinhos de arroz cru pelos cantos da casa, orando por proteção, coloca ramos de arruda (contra maus olhado, oras!) , muitas plantas e flores (para energizar o ambiente) e queima incensos pelos cômodos!
E não se pode esquecer dos ramos de trigo!
Como podemos ver, superstições e crenças são invencíveis. Na verdade, quem vai contrariar a importância desses rituais? Na falta de pular sete ondas na praia, pula-se sobre o assoalho de apartamentos imaginando um enorme oceano à sua frente, e o resultado será certamente a mesma vontade de melhorar!
O importante, sem dúvida, é isso: a oportunidade de relaxar, sonhar, brincar e renovar a esperança! Concorda? (Mirna Monteiro)

Thursday, December 21, 2006

FILOSOFIA DO NATAL




Por mais que se critique a tradição do Natal, acusando a data de estar cada dia mais superficial e voltada para o consumo, não há como negar que o final de ano ainda possui um encanto e oferece uma oportunidade rara das pessoas repensarem suas relações familiares e sociais. Em qual outra ocasião o amor fraternal, desvinculado de interesses pessoais, é o tema principal? Amor e Natal!
Para começo de conversa o amor é um sentimento que deve ser absolutamente livre de interesses
Para ser assim interpretado, deve estar desvinculado da ansiedade de recompensa, seja ela em forma de atenção, seja em forma de sentimento igual, seja materialmente.
Isso nos leva a pensar que quando amamos as pessoas, deveríamos simplesmente nos ater ao prazer desse sentimento - o amar, o apreciar, o deleitar-se com o fato de determinadas pessoas existirem.
Isso é possível, felizmente, mesmo em um mundo onde os nossos semelhantes parecem cada vez mais figuras de ficção, como nos filmes.Depende talvez de um exercício de contemplação!
Assim torna-se fácil sentir pela natureza, pelo universo e também pelas pessoas que vivem em nosso mundo um sentimento de afeto, uma inteiração e unidade. O que trocando em miúdos, é amor!
Tudo bem? Anda soterrado em trabalho neste fim de ano? Não há tempo para sequer pensar em contemplação do próprio nariz?
Tornamos determinadas datas tão conturbadas, a ponto de perder o rumo. Final de um ano e começo de outro tem essa característica terrível, de extremos, um deles repleto de simbolismos positivos.
Não é difícil sentir pela natureza, pelo universo e também pelas pessoas que vivem em nosso mundo um sentimento de afeto, uma inteiração e unidade. É preciso fechar os olhos para o mundo imediato e conturbado para poder descobrir esse universo de sentimentos e luz.
Há quem defenda que o amor é questão de atitude, pois permitir-se um sentimento e deixar a alma divagar em seus cantos e recantos transforma a sua abstração em um elemento real na emoção do indivíduo.
No entanto sabemos que aquele que se permite ao sentimento e o conscientiza, acalma as próprias ansiedades existenciais. Ou seja, o amor traz maior benefício a quem ama, do que propriamente ao objeto desse amor, que certamente se beneficiará dele também em várias outras instâncias de emoção ou realidade prática.

Ora, assim sendo, o verdadeiro afeto não cobra retorno, pois já se constitui um benefício emocional. Quando eu me permito amar, eu me sinto melhor, meus humores agradecem e meu fígado também! Somos animais interativos, corpo e alma! Nosso cérebro se encarrega de transferir nossos benefícios emocionais para nosso mecanismo físico.
No amor incondicional e universal não há uma cobrança da afetividade e portanto não há risco da frustração. Amar as pessoas incondicionalmente, em termos universais e manter a sensação de unidade (somos todos integrantes de um mesmo universo) é indubitavelmente positivo para o bem estar pessoal e social e certamente para o futuro da espécie humana.
Permitir-se o sentimento a pessoas próximas a nós de maneira desprendida pode ser também benéfico para nosso equilibrio emocional e nossa saúde fisica. Diferente do amor-paixão que exige mais do que um grande domínio dos instintos, preocupado em evitar a frustração do não retorno deste amor.
Vivenciamos sentimentos diferentes, variáveis. Não existe apenas um tipo de afeição, um tipo de amor ou um único tipo de dependência afetiva. Amores e amores, sentimentos e sentimentos, interesses "X" ou "Y"....não há uniformidade possível nas questões emocionais. Não há como nivelar. O que importa é vivenciar bons sentimentos.
Mas nesta época é possível entender melhor o sentimento humano e a necessidade de interação e unidade com o seu mundo físico e espiritual. Comercial ou não, religioso ou absolutamente ateu, a verdade é que o Natal é realmente um momento muito especial, que se torna cada vez mais precioso!

Saturday, November 18, 2006

O ESPELHO DISTÔNICO


Quando você olha no espelho, vê a mesma imagem que outras pessoas fazem de você? Se respondeu sim, é bom parar e observar muito bem a situação.
Quando outra pessoa olha para você, ela vai enxergar através do próprio prisma, considerando todas as expectativas, preconceitos, interesses, entre inúmeros outros fatores mentais e emocionais que podem interferir na sua avaliação.
Mas o problema não é a visão diferenciada das pessoas. O problema é aquilo que você imagina que será captado!

Esse é o drama a ser enfrentado na preocupação excessiva da imagem física. Uma pesquisa demonstrou que essa dificuldade de auto-percepção, aliada à preocupação em ser bem recebido pelo meio social, pode causar sérios danos à vida. Um deles é o risco de mortes de adolescentes e jovens por anorexia nervosa e bulimia. O outro é uma nova obsessão, a de realizar cirurgias plásticas e outras intervenções a ponto de ir mudando não apenas  detalhes físicos, como a própria personalidade. Em alguns casos o  resultado do exagero também é fatal; em outros transforma a pessoa em um ser com aparência artificial.

Uma em cada três pessoas tem imagem distorcida de si mesma, ainda que esteja com o peso ideal. Entre as mulheres, 31% com peso adequado se acham mais gordas do que deveriam. Curiosamente, entre os homens ocorre o oposto: 25% dos que tem peso adequado se acham mais magros do que deveriam ser...

Há como fugir desse esteriótipo? Difícil. A mídia cria o modelo, por exigência do mercado e os seres comuns do planeta correm atrás desse ideal de beleza.
É a escravidão mental que atinge a maioria das pessoas, independente do grau de instrução ou de sua condição econômica. Aparece na forma da insegurança emocional que recheia o medo de ser observado e julgado pelo meio.
É também um sintoma de que todos julgamos o mundo como se fossemos individuais e solitários!
De qualquer maneira a mulher sempre foi uma das maiores vitimas do modelo social, que eliminava com isso sua força política, ao resumi-la ao aspecto visual.
Na Grécia antiga Vênus de Milo mostrava um corpo feminino forte, sem os extremos exagerados que vemos entre a Renascença, onde a beleza feminina era traduzida em formas quase obesas e excessivamente arredondadas, e os espartilhos do século 19, que deixavam a “cintura de vespa”.  A Vênus aliás conseguiu vencer o tempo como um símbolo da beleza feminina...mesmo estando fora do padrão em muitas fases da história.
Engorda, emagrece, cintura fina, ombros largos e estufados...o corpo feminino já virou quadrado, retângulo, triângulo e trapézio! Pior foi o emagrecimento absoluto que começou a ganhar força após os anos 60, do século XX. As modelos eram tão magras e frágeis que pareciam bonecas.
Hoje a beleza da moda é o corpo magro e malhado, ornado de músculos. No início deste século XXI, onde as protuberâncias são obtidas com próteses e as gorduras sugadas em lipoesculturas e outros novos processos, pretende-se criar a "beleza perfeita"...Se é que isso é possível.  Perfeição artificial tornou o desejo de muitas pessoas, homens e mulheres. Só que o seu conceito ainda é discutível.

A verdade é que a mulher, ao longo da história, sempre foi tratada como objeto decorativo e sofreu pressões relacionadas aos “dotes físicos”. A culpa é da variedade de atributos físicos e de biotipos. Dependendo da época, um biotipo acertava o alvo.
Na Inglaterra do século XV as damas desejavam morrer ao constatar que não possuíam a pele alva o suficiente (apenas camponesas eram coradas), o corpo rechonchudo, a testa larga, olhos largos, cabelos claros (loiros ou ruivos), entre outras especificações, como pés delicados e mãos de seda.
Hoje as adolescentes ficam sem comer e vomitam por ver nas passarelas a magreza absoluta. Modelos têm corpo de eterna adolescente anoréxica, com pernas compridas e finas e corpo longilíneo o suficiente para tornar qualquer pano enrolado o máximo na arte da elegância.
Provavelmente em breve esse tipo cairá de moda. O que virá?
Afinal, o que é bonito e o que é feio? O que esperamos ao tentar nos metamorfosear constantemente? Todos sabemos que a diversidade do elemento humano impede a padronização de um determinado modelo. O que se perde ao se manter uma aparência equilibrada, sem os exageros do momento? A beleza da moda garante a harmonia em um relacionamento? Ou é aval da felicidade?

Para a feminista americana Nancy Wolf, a beleza não passa de uma invenção do homem para escravizar a mulher. Seria um sistema monetário, assim como o ouro. A anorexia seria um dano político causado às mulheres pela necessidade de manter o corpo magro e esbelto a qualquer preço.
Talvez essa seja uma visão extremamente radical, um tanto simplista, mas não deixa de ter algum sentido. Só que hoje não apenas a mulher, mas também o homem  é vítimas de um padrão ditado pela mídia.
A mania da magreza é, naturalmente, cultivada pelo meio cultural e atinge mais intensamente o sexo feminino, embora o padrão de beleza moderno também tenha como alvo o sexo masculino, como "necessidade de mercado". Mas seres humanos não podem ser tratados como mercadoria descartável, ou “modificável”.
Talvez o mundo devesse exigir que as modelos nas passarelas fossem tão diversificadas fisicamente como as criações que vestem. Caso contrário correremos o risco de perder, no futuro, a essência da beleza humana, transformada em seres com aparência alienígena, verdadeiros ciborgs da tecnologia estética.
(Mirna Monteiro)

Monday, November 13, 2006

COR E CONSCIÊNCIA








O "Abaporu"
uma
das obras
mais populares
de
Tarsila do Amaral





Inquieta e criativa, Tarsila do Amaral foi uma mulher à frente de seu tempo. Nascida em 1886, participou de novas fases da arte, como o modernismo e deu início à pintura social no Brasil.

Como mulher, rompeu barreiras de preconceito. Casou-se três vezes. Seu segundo marido foi Oswald de Andrade.

Tarsila estudou com Albert Gleizes e Fernand Léger, grandes mestres cubistas e manteve estreita amizade com Blaise Cendrars, poeta franco-suiço.

Iniciou sua pintura “pau brasil” dotada de cores e temas acentuadamente brasileiros. Em 1926 expôs em Paris. Fez grande sucesso na época.

A sua obra mais conhecida, o “Abaporu”, foi pintada em 1928, como um presente à Oswald de Andrade, que se emplogou com a tela e criou o Movimento Antropofágico.
De 1936 à 1952, Tarsila trabalhou como colunista nos Diários Associados Nos anos 50 voltou ao tema “pau brasil” e em 1951 participou da I Bienal de São Paulo. Em 1963, em uma sala especial, expôs na VII Bienal de São Paulo e no ano seguinte na XXXII Bienal de Veneza. Faleceu em São Paulo, em 1973.











Mamoeiro
























"A Cuca":
folclore
brasileiro






















"Operários" (acima) e "Segunda Classe" (abaixo) : preocupação

com a vida do brasileiro e consciência política estão claras

nas pinturas da fase social de Tarsila
































"Nú" :
sob
influência
do
cubismo