A cultura esquimó interpreta as máscaras como um complemento da dubiedade do homem, que possuiria uma face humana e outra animal. Em rituais antigos de fertilidade, na fase do Império Romano, as máscaras eram importantes na homenagem a Dionísio.
São apenas dois exemplos do uso da máscara em culturas diferentes. Conforme a sociedade se definia no ocidente, as máscaras foram sendo usadas de maneira mais óbvia, para esconder a identidade, como no século 17 em Veneza, onde os nobres buscavam o anonimato para misturar-se a plebe. Nesse caso, com a intenção de ser o povo e usufruir da alegria do carnaval nas ruas.
Hoje as máscaras escondem a identidade de quem se mistura à manifestações populares, sejam elas quais forem. Uma greve, um ato de repúdio, um movimento de moralização. De súbito surgem mascarados ou rostos encobertos por peças de roupa, como tuaregues urbanos, armados de paus e pedras.
Existe uma linha sutil entre a liberdade e a ofensa. Ser livre implica em definir o próprio espaço para a expressão, sem furtar o espaço alheio ou avançar sobre os direitos de outros.
Por esse motivo surpreende os argumentos dos "defensores da liberdade" que exigem essa expressão dos sentidos - da palavra e da ação - como se não a existência dos limites que validam a liberdade pudessem ser ignorados.
Livre expressão que não respeita o espaço do semelhante é ação ditatorial, dominadora, impositiva. Portanto não é democrática.
Essa realidade, que todos reconhecemos, acaba misturando-se ao valores sociais e confundindo a liberdade de expressão. Exagera do domínio do espaço e sufoca a expressão alheia.
É o caso dos mascarados que agem como vândalos, destruindo patrimônios públicos ou privados e transformando a liberdade de expressão em um ato de violência, impondo o medo e ameaçando a sociedade.
A sua origem é desconhecida. Mas certamente o objetivo não é favorecer as manifestações legítimas, mas impor um estado de guerra artificialmente.
Devemos cobrir o rosto em manifestações públicas?
Liberdade é uma palavra tão importante quanto mal interpretada neste nosso tempo cheio de distorções e excesso de imagens. Mas nada pode representar melhor a liberdade e a livre expressão em um regime democrático do que a cara limpa! Tudo que mais deseja a sociedade humana hoje é, sem dúvida, honestidade e claridade... (Mirna Monteiro)
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