Democracia é mesmo um problema, mas é surpreendentemente reveladora. Veja bem: Sócrates criticou a democracia ateniense, que era democrática até certo ponto (que o digam as mulheres e os escravos) e no final das contas acabou tendo de beber cicuta, uma bebida um tanto quanto drástica, extremamente letal e dolorosamente facista.
Citando o berço da democracia da nossa confusa humanidade, é preciso lembrar que Aristóteles já desconfiava que a democracia esbarrava em um erro de interpretação... "devido ao fato de que todos são iguais em certo sentido, acreditou-se que todos fossem absolutamente iguais entre si"...
Outro dia, em um site de relacionamento da internet, o assunto em discussão era ela mesma, a democracia! Muitos estavam participando, ansiosos por opinar em um assunto tão fundamental para a sociedade humana. "Democracia no Brasil não existe" afirmou um sujeito, incógnito sob o apelido de "Traça-tudo". Muitos responderam e iniciou-se um bate-boca (bate-tecla?)a respeito. "Claro que existe, senão a gente não ia estar aqui falando besteira", concordaram alguns.
Em resumo, o debate tornou-se violento, um xingando o outro. Principalmente quando alguém escreveu que democracia era um verbo esquecido. Foi quando Traça-tudo atingiu o auge de sua fúria desbocada e escreveu em caixa alta: "quem falou que democracia é verbo, seu burro?"...
Pois é! É esse o problema. As pessoas ainda não aprenderam que para discutir democracia, é preciso conhecer a conjugação do verbo democratizar! Aí reside a principal igualdade democrata! Parece certo dizer que democracia permite a todos um mesmo ponto de partida mas, quanto ao que será atingido, depende de cada um.
Talvez fosse interessante repetir algumas conjugações do verbo Democratizar. "Se eu democratizasse", para "democratizares tu", então "nós democratizaremos" e portanto "vós democratizaríeis " ao invés de "democratizem vocês", oras!
Aí talvez pudessemos considerar o que já está democratizado! Não simplesmente do ponto de vista semântico, mas na prática individual, na relação do dia a dia, com o respeito aos princípios da cidadania. Se não somos todos iguais, que as diferenças sejam respeitadas, em consideração ao verbo. Seria um bom começo...(Mirna Monteiro)
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Tuesday, April 28, 2009
Tuesday, April 07, 2009
Mulheres no limite do risco
Os números são alarmantes: cada vez mais mulheres são assassinadas. Não apenas no Brasil. A violência contra a mulher cresceu em vários paises do mundo. Afinal, o que está acontecendo?
Nas discussões uma das causas apontadas é a mudança da ação da mulher no meio social, não assimilada pelo homem. A opinião é baseada em um dado da ONU (Organização das Nações Unidas) que afirma que em 70% dos casos de mulheres assassinadas no mundo todo o autor é o próprio companheiro.
Parece ser esta a realidade! Nos últimos anos as agressões à mulheres feitas pelos companheiros ou por ex-namorados ou ex-conjuges cresceu assustadoramente. O Brasil lidera essa estatística absurda.
Podemos considerar a grande incidência de assassinatos em El Salvador, por exemplo, ou em paises como o Irã e a Nigéria, onde a repressão é tão grande que o adultério leva a morte por apedrejamento. No Paquistão, o estupro coletivo continua sendo uma das formas de punição de mulheres consideradas desonradas, entre os grupos mais radicais. Em muitos paises africanos além do risco de assassinato, a mulher encara outras formas de violência, como a mutilação. Calcula-se que ao ano três milhões de mulheres perdem parte de seu corpo - o clítoris - em um ritual que persiste na tentativa de torna-las um mero instrumento passivo de prazer e procriação.
Mas e o Brasil, onde a cultura é multifacetada e a liberdade é amplamente discutida?
Bem, por aqui as coisas seguem confusas.Mulher ganha menos do que o homem no exercício da mesma função profissional, salvo honrosas exceções. Calcula-se que 25% das mulheres sofre algum tipo de violência. Quanto mais pobre, mais sujeita está à opressão contínua. O interessante é que as mulheres espancadas sustentam a família. As mulheres trabalham muito mais horas do que os homens no ambiente doméstico, mesmo quando elas cumprem jornadas de 40 horas ou mais fora de casa.
Ou seja, trabalham, cuidam da casa, sustentam a família e ainda apanham do companheiro.
A maioria considera que os filhos e a família vem em primeiro lugar, sendo mais importantes do que ela própria. A mulher em geral sofre calada. Ou morre! A maioria dos assassinatos é feita com arma de fogo, mas como podemos acompanhar nos casos escabrosos, facas ou simplesmente espancamento também terminam com a vida das mulheres.
Nesse caso nem mesmo quando pertence a classes socio-econômicas mais altas, a mulher fica imune. As agressões não respeitam idade ou classe social. A diferença está no fato de que mulheres que exercem profissões bem remuneradas tem maior chance de afastar-se de situações de agressão.
O aumento da violência contra a mulher preocupa o mundo pelo seguinte: é uma espécie de termômetro social. Embora a mulher tenha enfrentado a repressão e a violência por toda história da civilização, a sobrevivência da sociedade depende de seu equilíbrio no gerenciamento da família.
O alto índice de violencia contra a mulher demonstra que a sociedade está perdendo suas rédeas e caminhando perigosamente para o caos social, onde o desrespeito à vida torna-se insuportável.
Não se trata de uma questão de violência centralizada ou direcionada, mas de uma completa ausência de limites. E isso é uma verdadeira ameaça à sobrevivência humana.(Mirna Monteiro)
Nas discussões uma das causas apontadas é a mudança da ação da mulher no meio social, não assimilada pelo homem. A opinião é baseada em um dado da ONU (Organização das Nações Unidas) que afirma que em 70% dos casos de mulheres assassinadas no mundo todo o autor é o próprio companheiro.
Parece ser esta a realidade! Nos últimos anos as agressões à mulheres feitas pelos companheiros ou por ex-namorados ou ex-conjuges cresceu assustadoramente. O Brasil lidera essa estatística absurda.
Podemos considerar a grande incidência de assassinatos em El Salvador, por exemplo, ou em paises como o Irã e a Nigéria, onde a repressão é tão grande que o adultério leva a morte por apedrejamento. No Paquistão, o estupro coletivo continua sendo uma das formas de punição de mulheres consideradas desonradas, entre os grupos mais radicais. Em muitos paises africanos além do risco de assassinato, a mulher encara outras formas de violência, como a mutilação. Calcula-se que ao ano três milhões de mulheres perdem parte de seu corpo - o clítoris - em um ritual que persiste na tentativa de torna-las um mero instrumento passivo de prazer e procriação.
Mas e o Brasil, onde a cultura é multifacetada e a liberdade é amplamente discutida?
Bem, por aqui as coisas seguem confusas.Mulher ganha menos do que o homem no exercício da mesma função profissional, salvo honrosas exceções. Calcula-se que 25% das mulheres sofre algum tipo de violência. Quanto mais pobre, mais sujeita está à opressão contínua. O interessante é que as mulheres espancadas sustentam a família. As mulheres trabalham muito mais horas do que os homens no ambiente doméstico, mesmo quando elas cumprem jornadas de 40 horas ou mais fora de casa.
Ou seja, trabalham, cuidam da casa, sustentam a família e ainda apanham do companheiro.
A maioria considera que os filhos e a família vem em primeiro lugar, sendo mais importantes do que ela própria. A mulher em geral sofre calada. Ou morre! A maioria dos assassinatos é feita com arma de fogo, mas como podemos acompanhar nos casos escabrosos, facas ou simplesmente espancamento também terminam com a vida das mulheres.
Nesse caso nem mesmo quando pertence a classes socio-econômicas mais altas, a mulher fica imune. As agressões não respeitam idade ou classe social. A diferença está no fato de que mulheres que exercem profissões bem remuneradas tem maior chance de afastar-se de situações de agressão.
O aumento da violência contra a mulher preocupa o mundo pelo seguinte: é uma espécie de termômetro social. Embora a mulher tenha enfrentado a repressão e a violência por toda história da civilização, a sobrevivência da sociedade depende de seu equilíbrio no gerenciamento da família.
O alto índice de violencia contra a mulher demonstra que a sociedade está perdendo suas rédeas e caminhando perigosamente para o caos social, onde o desrespeito à vida torna-se insuportável.
Não se trata de uma questão de violência centralizada ou direcionada, mas de uma completa ausência de limites. E isso é uma verdadeira ameaça à sobrevivência humana.(Mirna Monteiro)
Tuesday, March 03, 2009
As amazonas
Mulheres guerreiras, dispostas a defender espaços e idéias, não são novidade. Há relatos antiguíssimos que falam sobre o assunto. Mas em geral essas mulheres são colocadas como "dissidentes sociais", que preferiram o isolamento, agrupando-se para evitar qualquer predação.
Bom, é possível entender. Se até bem pouco tempo atrás, no início do século XX, mulher não tinha direito de votar, nem de opinar na política do país (nem de sua cidade ou, via de regra, de seu núcleo familiar) é possível entender sim!
O problema é que os registros dessa "dissidência" não são exatamente imparciais...
Vênus de Willendorf
Nos antigos cultos acreditava-se que a origem era a mulher. Não havia deuses masculinos, mas a "deusa-mãe": a divindade era representada pela mulher. Mesmo nas histórias de nossos indígenas encontramos um a versão dos Uaupés sobre o antigo poder das mulheres, a sua derrubada e a ascenção dos homens, que teria acontecido pela intervenção do "Filho do Sol", o mítico Iuruparí. E foi um golpe baixo: Iurupari aproveitou-se de uma mulher que havia parado para urinar, jogou-a sobre uma pedra e violou-a, roubando seus objetos sagrados.
Quem primeiro narrou o mito das Amazonas foi Heródoto de Halicarnasso, no séc. V a.C. na obra História. Segundo a mitologia grega, as Amazonas eram filhas do deus Ares (deus da guerra, filho de Zeus) e da ninfa Harmonia (ligada ao culto dos deuses de Samotrácia).
E eram fortes e implacáveis segundo a mitologia. Talvez estivessem apenas defendendo o seu espaço, mas sabe como é, as sociedades primitivas eram bem cruéis com a mulher. Mesmo na época dos grandes pensadores, a mulher não tinha permissão para filosofar. Mesmo assim, tivemos, desde sempre, grandes filósofas.
A inteligência e o pensamento eram representados pela deusa Minerva (versão latina da deusa Atena) só que ela não nasce do corpo de sua mãe, mas da cabeça de seu pai, Zeus. Ou seja, era negado que uma mulher pudesse ser inteligente sem que houvesse permissão divina de uma figura preponderante masculina!
Tudo bem! Vai assim que as mulheres que não se enquadravam nos modelos criados pela sociedade sempre foram consideradas abusivas e combatidas. Como exemplo podemos citar
o confronto do oitavo dos "Doze Trabalhos de Hércules".
O desafio era o seguinte: depois do herói lutar contra monstros imbatíveis e aterrorizantes, ele recebeu a ordem de arrebatar o cinto da rainha das amazonas, Hipólita.
Hércules deve ter estranhado. Mas viu que a arrancar um cinto de Hipólita poderia ser mais difícil do que cortar as cabeças da Hidra de Lerna.
No final das contas, Hipólita apaixonou-se pelo herói. Por amor, ofereceu o cinto sem luta, mas a ciumenta mulher de Zeus, Hera (que odiava Hércules)disfarçou-se de amazona e provocou a confusão entre as hostes.
Hércules acabou por sacrificar, sem querer, Hipólita. Quer dizer, sem querer...querendo!
Pobre Hipólita!
Mas as histórias das amazonas são em geral coroadas de sucesso. Outra rainha das Amazonas, Talestris, teria vencido o rei persa, Ciro o Grande. Vitórias em tantos casos que as amazonas eram temidas pelos mais fortes!
Em todas as épocas, as amazonas impressionaram o mundo. Cristóvão Colombo, no regresso da primeira viagem ao Novo Mundo, por volta de 1490, ao descer em uma das ilhas das Caraíbas, levou o maior susto. Sofreu uma recepção francamente hostil de uma tribo guerreira composta exclusivamente por mulheres!
Foi um assombro! Mulheres européias, nessa época, mal tinham permissão para respirar, metidas em espartilhos e toneladas de saias! Luís de Santangel, homem da corte dos Reis Católicos (Fernando e Isabel), relatou o ocorrido nestes termos: "a primeira ilha que se encontra, para quem vai de Espanha rumo às Índias e onde não há nenhum homem. Estas mulheres não se ocupam de qualquer actividade feminina, só executam exercícios com o arco e flechas fabricados com canas e cobrem-se de lâminas de cobre que possuem em abundância"...
Pois é, foi assim que Cristóvão Colombo e os seus homens foram os responsáveis pela passagem do mito das amazonas da Grécia para o Novo Mundo. Na selva, sem cavlagar, mas absolutamente livres. De qualquer forma, mulheres guerreiras!
Segundo o folclorista Walcyr Monteiro, o navegante espanhol Francisco de Orellana e seus tripulantes, em 1541, ao chegarem ao Mar Dulce, atual rio Amazonas, teriam sido atacados por uma tribo de mulheres descritas pelo Frei Gaspar de Carvajal como muito altas e de peles muito claras, com cabelos compridos, trançados e enrolados no alto da cabeça. E mais: guerreando completamente nuas, portando apenas seus arcos e flexas.
Pelos relatos, aquela foi uma batalha e tanto, na foz do rio Nhamundá (atual limite entre o Pará e o Amazonas).Os espanhóis foram vencidos e tiveram que fugir, mas conseguiram capturar um índio que contou sobre a tribo de mulheres.
Em 1639 temos o relato de Acuñha, que fala de mulheres que viviam sem o socorro dos homens em terras brasileiras. Aliás, os homens seriam recebidos com arcos na mão, mas se fossem reconhecidos como confiáveis eram convidados a dividir a rede. As crianças nascidas desses encontros seriam criadas pelas mães quando meninas. Os filhos machos seriam entregues ao pai no ano seguinte. O que demonstra que havia uma continuidade na relação, de qualquer maneira!
Já no século XX, em 1953 o etnólogo Theodor Koch-Grümberg publicou um trabalho sobre "Mitos e Lendas dos Indios Taulipáng e Arekuná" e deu de cara com a história das mulheres guerreiras. Ele afirmou que elas seriam mulheres sem homens que em tempos passados eram gente...mas agora estavam transformadas em Mauari, ou demônios das montanhas!
Disse ele que havia cerca de setenta tribos semelhantes na região; que elas viviam sem a presença de homens e que dominavam as tribos vizinhas.
Mulheres endemoniadas, nos primórdios da civilização, na doce mitologia grega ou nos relatos de terras desconhecidas ou da Amazônia impenetrável! Ou simplesmente mulheres que buscavam a sobrevivência em tempos difíceis. A lenda das amazonas ainda continua com as páginas sendo gradativamente preenchidas ao longo dos séculos, em novos cenários, também como guerreiras da paz, principalmente para preservar o futuro da humanidade.(Mirna Monteiro)
Bom, é possível entender. Se até bem pouco tempo atrás, no início do século XX, mulher não tinha direito de votar, nem de opinar na política do país (nem de sua cidade ou, via de regra, de seu núcleo familiar) é possível entender sim!
O problema é que os registros dessa "dissidência" não são exatamente imparciais...
Vênus de Willendorf
Nos antigos cultos acreditava-se que a origem era a mulher. Não havia deuses masculinos, mas a "deusa-mãe": a divindade era representada pela mulher. Mesmo nas histórias de nossos indígenas encontramos um a versão dos Uaupés sobre o antigo poder das mulheres, a sua derrubada e a ascenção dos homens, que teria acontecido pela intervenção do "Filho do Sol", o mítico Iuruparí. E foi um golpe baixo: Iurupari aproveitou-se de uma mulher que havia parado para urinar, jogou-a sobre uma pedra e violou-a, roubando seus objetos sagrados.
Quem primeiro narrou o mito das Amazonas foi Heródoto de Halicarnasso, no séc. V a.C. na obra História. Segundo a mitologia grega, as Amazonas eram filhas do deus Ares (deus da guerra, filho de Zeus) e da ninfa Harmonia (ligada ao culto dos deuses de Samotrácia).
E eram fortes e implacáveis segundo a mitologia. Talvez estivessem apenas defendendo o seu espaço, mas sabe como é, as sociedades primitivas eram bem cruéis com a mulher. Mesmo na época dos grandes pensadores, a mulher não tinha permissão para filosofar. Mesmo assim, tivemos, desde sempre, grandes filósofas.
A inteligência e o pensamento eram representados pela deusa Minerva (versão latina da deusa Atena) só que ela não nasce do corpo de sua mãe, mas da cabeça de seu pai, Zeus. Ou seja, era negado que uma mulher pudesse ser inteligente sem que houvesse permissão divina de uma figura preponderante masculina!
Tudo bem! Vai assim que as mulheres que não se enquadravam nos modelos criados pela sociedade sempre foram consideradas abusivas e combatidas. Como exemplo podemos citar
o confronto do oitavo dos "Doze Trabalhos de Hércules".
O desafio era o seguinte: depois do herói lutar contra monstros imbatíveis e aterrorizantes, ele recebeu a ordem de arrebatar o cinto da rainha das amazonas, Hipólita.
Hércules deve ter estranhado. Mas viu que a arrancar um cinto de Hipólita poderia ser mais difícil do que cortar as cabeças da Hidra de Lerna.
No final das contas, Hipólita apaixonou-se pelo herói. Por amor, ofereceu o cinto sem luta, mas a ciumenta mulher de Zeus, Hera (que odiava Hércules)disfarçou-se de amazona e provocou a confusão entre as hostes.
Hércules acabou por sacrificar, sem querer, Hipólita. Quer dizer, sem querer...querendo!
Pobre Hipólita!
Mas as histórias das amazonas são em geral coroadas de sucesso. Outra rainha das Amazonas, Talestris, teria vencido o rei persa, Ciro o Grande. Vitórias em tantos casos que as amazonas eram temidas pelos mais fortes!
Em todas as épocas, as amazonas impressionaram o mundo. Cristóvão Colombo, no regresso da primeira viagem ao Novo Mundo, por volta de 1490, ao descer em uma das ilhas das Caraíbas, levou o maior susto. Sofreu uma recepção francamente hostil de uma tribo guerreira composta exclusivamente por mulheres!
Foi um assombro! Mulheres européias, nessa época, mal tinham permissão para respirar, metidas em espartilhos e toneladas de saias! Luís de Santangel, homem da corte dos Reis Católicos (Fernando e Isabel), relatou o ocorrido nestes termos: "a primeira ilha que se encontra, para quem vai de Espanha rumo às Índias e onde não há nenhum homem. Estas mulheres não se ocupam de qualquer actividade feminina, só executam exercícios com o arco e flechas fabricados com canas e cobrem-se de lâminas de cobre que possuem em abundância"...
Pois é, foi assim que Cristóvão Colombo e os seus homens foram os responsáveis pela passagem do mito das amazonas da Grécia para o Novo Mundo. Na selva, sem cavlagar, mas absolutamente livres. De qualquer forma, mulheres guerreiras!
Segundo o folclorista Walcyr Monteiro, o navegante espanhol Francisco de Orellana e seus tripulantes, em 1541, ao chegarem ao Mar Dulce, atual rio Amazonas, teriam sido atacados por uma tribo de mulheres descritas pelo Frei Gaspar de Carvajal como muito altas e de peles muito claras, com cabelos compridos, trançados e enrolados no alto da cabeça. E mais: guerreando completamente nuas, portando apenas seus arcos e flexas.
Pelos relatos, aquela foi uma batalha e tanto, na foz do rio Nhamundá (atual limite entre o Pará e o Amazonas).Os espanhóis foram vencidos e tiveram que fugir, mas conseguiram capturar um índio que contou sobre a tribo de mulheres.
Em 1639 temos o relato de Acuñha, que fala de mulheres que viviam sem o socorro dos homens em terras brasileiras. Aliás, os homens seriam recebidos com arcos na mão, mas se fossem reconhecidos como confiáveis eram convidados a dividir a rede. As crianças nascidas desses encontros seriam criadas pelas mães quando meninas. Os filhos machos seriam entregues ao pai no ano seguinte. O que demonstra que havia uma continuidade na relação, de qualquer maneira!
Já no século XX, em 1953 o etnólogo Theodor Koch-Grümberg publicou um trabalho sobre "Mitos e Lendas dos Indios Taulipáng e Arekuná" e deu de cara com a história das mulheres guerreiras. Ele afirmou que elas seriam mulheres sem homens que em tempos passados eram gente...mas agora estavam transformadas em Mauari, ou demônios das montanhas!
Disse ele que havia cerca de setenta tribos semelhantes na região; que elas viviam sem a presença de homens e que dominavam as tribos vizinhas.
Mulheres endemoniadas, nos primórdios da civilização, na doce mitologia grega ou nos relatos de terras desconhecidas ou da Amazônia impenetrável! Ou simplesmente mulheres que buscavam a sobrevivência em tempos difíceis. A lenda das amazonas ainda continua com as páginas sendo gradativamente preenchidas ao longo dos séculos, em novos cenários, também como guerreiras da paz, principalmente para preservar o futuro da humanidade.(Mirna Monteiro)
Thursday, January 01, 2009
Começar de novo
Pois bem, começou um novo ano. Com direito a muitos pulos, seja nas ondas do mar, seja com o pé direito. Dinheiro no sapato? Por que não? Assim como os caroços de uva, cereja ou romã, embrulhados na carteira.
Vale tudo para dar uma "empurradinha" no destino. Simpatias podem parecer absurdas para uns e outros, mas na verdade funcionam como um mecanismo que "dispara" um processo inconsciente de esperança de mudança. O problema é saber até que ponto estamos mesmo digerindo os riscos e atuando para melhorar as perspectivas.
A questão é: e agora? Os ânimos andam acirrados. Crise econômica no mundo, distúrbios ecológicos e fenômenos naturais ameçadores...é preciso uma boa dose de otimismo para seguir em frente com prognósticos que deixam nossos cabelos em pé.
E as previsões? Estão em todos os lados. Sempre há alguém com inspiração profética. "No ano de 2009 vai morrer um cantor muito famoso no Brasil" ou "Os Estados Unidos invadem um país", ou "um atentado de repercussão mundial irá acontecer, o mundo ficará perplexo" ou ainda "um grande terremoto arrasa uma cidade inteira"...
Terrível!...Mas espere um momento...estas "pré-visões" são muito óbvias! Afinal são acontecimentos comuns. Ah, essas previsões! Já não se fazem mais "Nostradamus" como a versão original. As suas profecias cifradas dão dor de cabeça até hoje aos estudiosos de sua quadras.
Deveríamos talvez nos render ao óbvio, já que não conseguimos explicações para o que é complicado. Se consideramos o horóscopo chinês, este é o ano do Boi...prosperidade através da força e do trabalho duro. Nada de moleza, de tudo pronto, tipo "destino delivery".
Mas já que aqui estamos, vamos arriscar as nossas previsões. Digamos que será muito difícil ter paz quando um país bombardeia outro em pleno Natal, derramando tragédia sobre civis, adultos desprevenidos e crianças assustadas, que nem sabem direito o motivo pelo qual estão morrendo.
Será complicado também manter-se à margem de chuvas torrenciais que provocam morte e inundação. A natureza anda brava. Como é soberana, o único recurso é rezar para que o raio não caia no mesmo lugar mais de uma vez.
É, mas há coisas que não podemos prever, mas podemos desejar. Por exemplo, que haja bom senso nas decisões e que a violência seja considerada inaceitável e duramente condenada, ao invés de ser interpretada como ação inevitável. Se não podemos dominar a natureza do universo, podemos lapidar a natureza humana, que afinal é problemática justamente pelo fato de insistir em transformar o meio. Que o faça, portanto, de maneira a favorecer o futuro da própria humanidade.
Precisamos parar de acusar a consciência de ingenuidade. Como se fosse possível haver lógica na destruição. "Transformamos aqui, para originar outra coisa ali"...Ora, isso poderia dar certo se a transformação não levasse a humanidade para o ralo. Qual a vantagem da prepotência, se ela não serve para o futuro?
Talvez seja o caso de aprendermos a realizar previsões e profecias. Desde a mais tenra idade! Se não obtivermos com isso uma renovação fenomenal nas criações humanas, pelo menos teremos menos pernas quebradas e choques do inesperado!
Seja como for, precisamos começar 2009 pensando seriamente sobre 2010 e os próximos anos. O tempo não pára! Por falar nisso, já está vigorando a nova reforma ortográfica. Aliás, "pára" não vai ter mais acento, é "para" mesmo, seja verbo, seja preposição...Assim sendo, o tempo não para! (Mirna Christhensen-MM))
Leia mais sobre o futuro; http://artemirna.blogspot.com/2007/08/o-destino-e-inexorabilidade.html
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