Tuesday, September 14, 2010

Filosofia (irreverente) dos anos 20



Ingênuo, mas nem por isso menos mordaz, o humor de 1920 mostra muito da maneira de pensar e ser da época. Aqui temos um pedaço da sociedade que preparava-se para começar a viver a grande revolução de valores do século XX. O tema, alías, é "Verdade ou Mentira", publicado na revista "O Careta":

*** O alfinete é o único cavalheiro que, vivendo na intimidade das mulheres, nunca perde a cabeça...

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***A franqueza é a nudez do pensamento. Dizer a verdade é tão indecente quanto andar nu.

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***Não emprestemos dinheiro aos nossos amigos, nem digamos a verdade à mulher a quem queremos bem: será a melhor forma de conservarmos a mulher, os amigos e...o dinheiro.

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*** A honestidade é como o perfume, aproveita-a mais os outros do que quem a tem.

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***O casamento nasce de uma ilusão,vive de uma esperança e morre, quasi(sic) sempre, de um mal entendido.

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***Para que o0 casamento constituisse a fórmula ideal da felicidade affectiva (sic)era preciso que os homens fossem menos egoistas ou que as mulheres tivessem o dom de se renovarem constantemente como Protheu. O que mata o amor é a monotonia, que é inimiga da arte e da sensibilidade. A mesma paisagem, por mais linda que seja, acab a enfarando si (sic) não acode alguem a dar-lhe aspectos novos...

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***Beijos são bonbons (sic) que se guardam na caixinha de segredos da bocca (sic). Mas é curioso notar que comido o primeiro bonbon (sic)nunca mais se encontra, na caixinha, outro com o mesmo sabor...

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***O erro está para a verdade assim como a noite está para o dia. Se não fosse a noite o dia não seria tão lindo...

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Monday, September 13, 2010

Oráculos em alta



A cena era interessante: um casal andava por uma feira de artesanato quando foi abordado por uma mulher ainda jovem, com roupas que misturavam o estilo cigano e um hijab meio fashion, oferecendo-se para ler o futuro.

Após uma troca de olhares e uma expressão meio constrangida, o casal recusou. Como se não tivesse entendido, a futuróloga (ou seria uma quiromante?), pegou uma das mãos da mulher e mesmo sob protesto começou a desfiar suas impressões, parando por um instante, com a expressão contrita.

Foi uma pequena pausa, suficiente para que a resistência fosse vencida. Marido e mulher ficaram alarmados e começaram a desfiar perguntas e no final da história outras pessoas foram esticando as mãos e a cigana de hijab ganhou ares de pitonisa confusa com a clientela inesperada.

Em plena era tecnológica parece estar havendo um recrudescimento da oferta e procura de previsões do futuro, seja qual for o método. Aliás a internet é um prato cheio e não é raro "tropeçar" em ofertas que prometem desvendar os próximos acontecimentos de sua vida. Próximos e passados, porque existe até anúncios desafiadores, tipo:
"você tem coragem de saber quem foi (ou o que foi...) nas suas "vidas passadas"?...




Bem, eliminando os exageros e a busca do ganho fácil, é preciso reconhecer que o interesse pelos mistérios da vida, do destino e do que existe além disso, têm
aumentado. Parece haver uma busca de compensação da impessoalidade e do ar de ameaça constante na sociedade moderna. Quem imaginava um terceiro milênio feito de seres frios e racionais, vestidos de uniforme tipo star wars, se decepcionou. Assim como nos tempos do Oráculo de Delphos, o misticismo integra o prato do dia!





A ciência é racional, busca o conhecimento, mas só o reconhece quando existem indícios que permitam pelo menos a teorização da possível realidade.
Já o ser humano é emotivo, sensível ao meio, com antenas intuitivas, prontas para captar surpreendentes descobertas que a racionalidade despreza.
O mais engraçado é quando percebemos que as "antenas" são funcionais e aparentemente uma espécie de carro-chefe da ciência. Ora, a capacidade
humana de intuir, criar e perceber realidades fantasiosas é a antecipação da busca pela explicação racional e, por fim, pela evolução da ciência!

...Se bem que a ciência anda a contestar-se também, de muitas formas. O que se acreditava antes nem sempre se efetivou séculos depois. O que prova que a ciência pretende ser, mas não é exata! Ou, ainda que permita incrível evolução, como no caso da tecnologia ou da medicina, pode ser extremamente lógica, mas imprevisível em seus resultados, originando espaços antagônicos, de criação e destruição! O que provoca sentimentos contraditórios na humanidade.

Quem vive a ciência curva-se à intuição. Albert Einstein era físico, mas reconhecia que nenhum cientista pensa com fórmulas e que tudo parte, essencialmente, do âmago humano. "Que sabe um peixe sobre a água em que nada a vida inteira?", escreveu. Ele percebeu que a imaginação era mais importante do que o conhecimento, pois este apenas se consumava a partir da criação da mente!

Bem, se a ficção é uma "realidade antecipada", ou a percepção humana de futuras realidades, parece lógica a possibilidade de antecipar a ciência de um acontecimento. Nunca antes falou-se tanto em profecias, previsões, prováveis acontecimentos que foram "percebidos" e concebidos por seus criadores como realidade inevitável. Claro que a maioria dessas previsões calculava as datas dos acontecimentos de maneira dúbia, meio confusa e até "moldavel" aos ambientes.

O fim do mundo do mundo, por exemplo! Desde que foi anunciado em quadras por Nostradamus ou enunciado em profecias antigas de diversas culturas,
esteve em vias de acontecer várias vezes, em várias fases da humanidade. É que as previsões falam de situações e cenários que, vivenciados, parecem
ser sempre iminentes!

O mais interessante porém é a certeza humana de que o planeta terra é menos estável do que seria adequado. A raça humana, uma "criança" no planeta,
que já passou por poucas e boas (mais uma vez a ciência tenta racionalizar sua história, mas os indícios de outras versões podem ser ainda desconhecidos)
pisa sobre esta terra como se fosse a única fonte de vida do universo, seu centro criador e, portanto, uma propriedade eterna.

O que no mínimo é uma idéia bastante infantilóide, já que a única certeza que podemos ter é a de que o equilibrio do ambiente necessário a vida, tal como o conhecemos e dele necessitamos, é frágil e sofre mutações cíclicas. O que torna as previsões pouco otimistas revestidas de possibilidades científicas! A não ser que a capacidade imaginativa da humanidade indique novos caminhos.(Mirna C)

Friday, September 10, 2010

IRRACIONALIDADES E RISCOS

A racionalidade humana provém da necessidade de sobrevivência e o bom senso é um dos resultados do pensamento do homem. Assim a sociedade evoluiu, criou elementos para garantir a multiplicação indefinida de seres humanos.

Uma grande vantagem no reino animal! Por isso, quando observamos acontecimentos como o do pastor que quer queimar o Alcorão, ficamos confusos...afinal, evoluimos em que exatamente?

Aparentemente o que temos aqui é um indivíduo contra a massa, utilizando-se de um recurso perigoso. Um indivíduo é movido por princípio, seja ele razoável ou absurdo...e ele está cutucando um povo, um conjunto que quando não é passivo, incendeia-se por paixão! Vem a histeria coletiva, como uma tempestade de areia!

Falamos de um pastor chamado Terry Jones, líder da pequena igreja evangélica na Flórida, EUA, que anunciou a queima de 200 exemplares do Corão ou Alcorão, como "homenagem", aos mortos no atentado de ll de setembro de 2001.

Hoje um homem morreu baleado em um protesto, quando 10 mil pessoas se aglomeraram em frente a uma base da Otan na cidade de Faizabad, capital da Província de Badajshan, no nordeste do Afeganistão. Os tiros foram disparados para dispersar a multidão que jogava pedras!

Nesse ponto colocamos em questão a racionalidade que permitiu a sobrevivência humana em tempos primitivos. O mundo tornou-se agora, por mais comum que seja o jargão, em um imenso "barril de pólvora"...uma referência minimizada dos riscos de nossa tecnologia atual. Provocações são hoje um crime contra a humanidade, pois os resultados não se restringem a um espaço e podem ser desastrosos!

As sociedades tem suas regras e a inexistência da distância entre todas as culturas do mundo trouxe desconforto para os povos que mantém ainda intactos hábitos e crenças milenares. Quanto mais o ocidente se afunda em desvarios, com a desorganização social, o desrespeito as leis e ao semelhante, a violência absurda e a ausência de referência, mais os povos fundamentalistas se agarram à tradução literal de seus livros sagrados.



O assunto resvala para uma questão ética de toda a humanidade: é certo pressionar um povo a abandonar tudo que acredita? Até que ponto nossa sociedade ocidental, com seus hábitos livres, mas também perniciosos em muitos aspectos, pode considerar-se um modelo para o mundo? Existe a possibilidade de um acordo entre as culturas para evitar os exageros de punição? Afinal hoje transitamos por todo o globo e apesar da soberania de um país ser inquestionável, o mundo está criando também uma cultura comum! (MM)

Sunday, September 05, 2010

A MENTIRA DE CADA DIA



A mentira reina sobre o mundo!

Assim se expressou Teixeira de Pascoaes, escritor português, em "A Saudade e o Saudosismo", no começo do século XX. Por toda história humana, a Mentira foi tema incondicional de filósofos, escritores e poetas.

Por que? Porque sempre permeou a relação humana, de uma forma ou de outra. Tanto que há "classificações" para a Mentira. Por exemplo:

Mentira piedosa - aquele tipo de mentira que tenta evitar um constrangimento. É quase inevitável, diante da ansiedade de quem espera a resposta que, se verdadeira, causará algum desastre, ainda que aparentemente superficial.

Mentira cruel - aquela que objetiva ofender a magoar e é absolutamente inversa à mentira piedosa, procurando contrariar e causar algum estrago.

Mentira fútil- aquela que é dita por força do hábito, do mesmo jeito que se toma água quando se tem sede.

Mentira defensiva - aquela que objetiva "blindar-se" contra qualquer ameaça, mesmo quando isso é apenas uma subjetividade.




Mentira planejada - essa é a mais terrível forma da mentira. É aquela que desvirtua o meio social, cultural, que provoca catástrofes políticas e guerras. Serve ao poder! Em sua forma mais amena é feita de artifícios e acompanhada de estratégias de manipulação da opinião.
Terrível, de qualquer forma!





Ah, a mentira, quanta dor de cabeça já causou. Não faltaram aos pensadores idéias mirambolantes de detectá-la e anulá-la:

"Se desconfiarmos que alguém mente, finjamos crença: ele há-de tornar-se ousado, mentirá com mais vigor, sendo desmascarado. Por outro lado, ao notarmos a revelação parcial de uma verdade que queria ocultar, finjamos não acreditar, pois assim, provocado pela contradição, fará avançar toda a rectaguarda da verdade", escreveu Arthur Schopenhauer, em "Aforismos para a Sabedoria de Vida" .

Será mesmo? Com o perdão de Schopenhauer, acho esse conselho um risco! Pois sabemos hoje, neste mundo tecnológico e de disputas tão intensamente influenciadas pelo grande poder do terceiro milênio - o da mídia - que deixar o sujeito acreditar que a mentira de fato está fluindo, acaba por faze-lo crer que aquilo que diz é uma espécie de verdade.

Ora, o mentiroso que acredita tanto em sua própria mentira, é o mais perigoso dos enganadores! Pois neste caso a ênfase de seu discurso ganha dimensão de uma possível verdade. E aí, sabe-se lá onde vamos parar!

Mentiras podem ter lá as suas categorias e graus, mas convenhamos, não há mentira inocente. Com isso já concordava Rousseau.

"Para tornar inocente uma mentira, não basta que a intenção de prejudicar não seja expressa, é necessário também ter a certeza de que o erro em que se induz aqueles a quem se fala não poderá prejudicá-los a eles nem a ninguém, seja de que maneira for. É raro e difícil ter-se essa certeza e, por isso, é difícil e raro que uma mentira seja perfeitamente inocente"...

Pois é! Talvez a única mentira menos nociva, ou inocente, seja aquela que, nos dias atuais e cheios de ameaças, tenta proteger a própria privacidade.

Ainda assim, ao admitir a mentira, seja ela romântica ou destruidora, estamos nos violentando. Como negar que a verdade é um valor indispensável? O verdadeiro confere às coisas, aos seres humanos, ao mundo, um sentido que não teriam se fossem considerados indiferentes à verdade e à falsidade.

Que situação, não é mesmo! Não queremos a Mentira, mas não conseguimos estabelecer uma convivência sem que ela esteja imiscuida em nossas verdades.

"Ninguém acredita em ninguém, todos sabem a resposta. Mente-se só para dar a entender ao outro que a alguém nada nele importa, que dele não se necessita, que lhe é indiferente o que ele pensa acerca de alguém". (Mirna Monteiro)

Leia também

http://artemirna.blogspot.com.br/2013/07/a-arte-de-acreditarsem-enganar-se.html

http://artemirna.blogspot.com.br/2012/06/onde-esta-verdade.html?m=0


Thursday, September 02, 2010

PLURALIDADE NA ARTE ACADEMICA

Talvez a maioria das pessoas nao saiba quem foi Gustav Klimt. No entanto e dificil encontrar alguem que nao conheca a obra "O beijo", riquissima em detalhes e esbanjando sensualidade em suas cores e formas.

Klimt foi o pintor austriaco do simbolismo. Na epoca, ultimas decadas de 1800, ele manteve-se firme em seu proposito de fazer arte desconsiderando as regras academicas e liberando a criatividade.

Quem diria que uma de suas obras, O Retrato de Adele Bloch-Bauer, seria um dia o quadro mais caro do mundo!

Pablo Picasso, ainda que nao detenha a autoria da tela mais cara do mundo, possui pelo menos tres de suas obras entre as mais valorizadas: Garçon à la Pipe, Dora Maar with Cat e Femme aux Bras Croisés.

Vincent van Gogh mantem duas obras entre as dez mais caras do mundo: Portrait of Dr. Gachet e Portrait de l’Artiste sans Barbe.

A diversidade de estilo entre as obras mais valorizadas no mundo todo demonstra o quanto a arte pode ser ecletica, livre e sensivel independente de seu estilo.

Veja as obras mais valorizadas do mercado da arte mundial.





Portrait of Adele Bloch-Bauer de Gustav Klimt – US$ 135 milhões







2º. Garçon à la Pipe de Pablo Picasso – US$ 104,100,000





3º. Dora Maar with Cat de Pablo Picasso – US$ 95,200,000





4º. Portrait of Dr. Gachet de Vincent van Gogh - US$ 82,500,000





5º. Bal Au Moulin de la Galette de Pierre-Auguste Renoir - US$ 78 milhões



6º. Massacre of the Innocents de Peter Paul Rubens - US$ 76,700,000






7º. Portrait de l’Artiste sans Barbe de Vincent van Gogh - US$ 71,500,000







8º. Rideau, Cruchon et Compotier de Paul Cézanne - US$ 60,500,000






9º. Femme aux Bras Croisés de Pablo Picasso - US$ 55 milhões






10º. Irises de Vincent Van Gogh - US$ 53,900,000

Wednesday, August 11, 2010

A IRRITAÇÃO, RAIVA E AFINS...


Sem querer piorar as coisas ou estimular algum sentimento raivoso ou impaciente, está aqui uma condição que merece ser analisada...rapidamente, é claro! ...Para não irritar algum leitor, se possivel for!
A opinião geral hoje em dia é a seguinte: as pessoas estão estressadas demais, irritadas demais, apressadas, tomadas por sentimentos raivosos em questões absolutamente banais ou superficiais.
Será verdade? Quer dizer, é condição recente? Surgiu repentinamente? Que existe um estado generalizado de sentimentos incômodos e perigosos - tanto para quem sente como para aqueles que gravitam em torno de quem assim se sente - é fato. Podemos observar nas mais variadas circunstâncias. As pessoas cada vez mais se isolam, mesmo quando estão em público. Olham em torno com expressão desconfiada, como se estivessem permanentemente acuadas; não suportam qualquer espera em fila, de bancos, supermercados, cinemas e quando estão nelas suspiram e praguejam, resmungando.
A situação provoca danos. Danos materiais, como no caso do trânsito, mas também perdas de vida. Nas escolas crianças e adolescentes irritados - criados por pais mais irritados ainda - descarregam suas frustações e estresse em outras crianças, aumentando as estatísticas do "bullying".
Estamos nos tornando uma sociedade raivosa e impaciente? Freud acreditava que o ser humano era um ser "automaticamente" predisposto ao ódio! A natureza humana estava predestinada, a partir do nascimento, a enfrentar a rivalidade odiosa com o pai! Uma questão da inveja. Como se isso fosse um mecanismo de defesa. É uma das concepções psicanalíticas da gênese do Supereu enquanto instância deduzida da dialética edipiana. Colocação que, aliás, já deve estar irritando alguém...
Como seria a análise freudiana da nossa sociedade atual?
Bem, Freud certamente ficaria confuso com a multiplicidade das manifestações humanas e teria de rever as origens de sua teoria. Aumentamos a nomenclatura dos desajustes! Pelo menos informalmente.
Por exemplo, entre centenas de desajustes, temos hoje a "síndrome da pressa", um problema psicológico e comportamental em que a pessoa se desespera com a impressão de que o dia é curto demais!
Como reconhecer? Bem, deduz-se que as vítimas dessa síndrome mostram tensão, hostilidade, impaciência ao esperar, valorização da quantidade e desvalorização da qualidade. Tem sono agitado e não admitem atrasos.
Sabem aquela pessoa que interrompe toda hora a fala de terceiros? Pois assim é!
Uma tragédia diária, que passa desapercebida da vítima, ainda que ela tenha ligeira percepção de que é dificil conviver com outras pessoas, e coisas corriqueiras,quase automáticas, como mastigar direito o alimento, tornam-se incontroláveis. Essa síndrome ainda não é reconhecida oficialmente, mas vem sendo estudada desde 1980. Cria sentimentos de frustração, autocobrança e leva a incapacidade produtiva.
Há mais. A ciência já reconhece outra síndrome, a da impaciência! É a sensação do "saco cheio" e do "não aguento mais"!
Essa síndrome, chamada Burnout, é definida por alguns autores como uma das conseqüências mais marcantes do estresse profissional Suas vítimas mostram exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional).
Não é brincadeira. Recentemente um psiquiatra declarou que no futuro toda a sociedade será medicada...Ou seja, na sua visão somos um grupo social que não possui suporte de equilibrio!

Há sérios alertas a respeito. Psiquiatras prescrevem antipsicóticos como Zyprexa e Seroquel para qualquer coisa, desde esquizofrenia, transtorno bipolar, transtorno delirante, depressão psicótica, autismo ou qualquer outra coisa imaginável, incluindo “transtorno invasivo do desenvolvimento”. Há um medicamento campeão na "auto-medicação psiquiátrica ou neurológica" (será isso?...), chamado Rivotril, conhecido principalmente por jovens! Naturalmente com controle em sua venda, o que parece não reduzir o seu consumo.
Assim drogas são recomendadas inclusive para crianças que sofrem de irritabilidade, agressividade e agitação. Mesmo que tudo isso esteja acontecendo porque seus pais ou cuidadores sofrem de outras síndromes, infernizando sem perceber a vida dos pequenos desde o berço!
A crítica é a de que esses medicamentos são inúteis, funcionando apenas como sedativos para acalmar a raiva, não para curar uma doença psiquiátrica. De qualquer forma a indústria farmaceutica e os laboratórios de manipulação estão ganhando rios de dinheiro com a demanda crescente!
Será que seremos uma sociedade medicada e limitada no futuro?
Parece preocupante. Melhor evitar a raiva e seguir outras receitas calmantes, como o uso de chás e massagens. Há quem afirme que tudo que a humanidade precisa no final do dia é um banho! Um senhor banho, relaxante, renovador, que inclua espuma de banho, óleos aromáticos, pétalas de flores e uma esponja bem macia.
Não fique com raiva se não tiver banheira em casa! A maioria não tem! Neste caso os especialistas em relaxamento sugerem saches para banho de ervas que, garantem, funcionam exemplarmente com água morna!
Agora, há quem recomende desabafos! Sessões de terapia sem medicamentos, ou reunião de grupos de apoio. Tudo isso pode amenizar os impulsos bestiais que seriam inerentes ao ser humano, segundo nossos pensadores e conduzir a mente a um estado menos depressivo.

SESSÃO DE TERAPIA VIRTUAL

Esta é uma descoberta dos novos tempos da relação virtual. Tópicos em comunidades de relacionamento destinados ao desabafo! Internet serve mesmo para tudo!
Assim, é uma opção interessante! As pessoas chegam do trabalho ou da escola e utilizam tópicos assim para falar sobre sentimentos proibidos, como o ódio, a raiva e as frustrações em geral, inclusive a inveja inerente citada por Freud! Tudo isso no anonimato e sem precisar pagar um tostão furado!
Alguns exemplos? Avisamos que pessoas sensíveis devem evitar esta leitura, pois a linguagem utilizada é livre, como convém a qualquer sessão de terapia e sua transcrição aqui obedece a frase original, com todas as suas vírgulas e pontos. Além disso é impressionante como um conjunto de desabafos alivia quem berra, mas deprime quem escuta! Mas assim é a vida. Aqui estão:
frase 1 - "Odeio a conta de luz, do telefone e da agua, devia ser direito do cidadão e ainda tem IPTU,IPVA,prestação da escola,flanelinha dez vezes por dia,carambolas,querem acabar comigo????????????????????????"
frase 2 -"Odeio a frase "O Trabalho Dignifica o Homem"!
É mentira! E provavelmente foi criada por um dono de empresa para "forçar" os peões a trabalhar e eles ficarem contentes por isso"...
 frase 3 - "Brasil é o país das filas. Vão à merda"!
 frase 4 -"PQP! Odeio a telefonica!!! "
frase 5 -"EU ODEIO POLITICO CORRUPTOOOOOOOOOOOOOOOOOO!"
 frase 6- "Vão à merda todas as pessoas que falam em público no celular como se estivessem sozinhas..."
 frase 7 - "Odeio motorista indo pela faixa de esquerda sem jamais olhar no retrovisor pra ver se alguém quer passar..."
 frase 8 - "Detesto pessoas que pra todo e qualquer assunto precisam a todo custo firmar uma opinião sobre, deixar sua marca, fazer presente sua idéia, como se caso não o fizesse estivessem "perdendo algo"..."
frase 9 - "Odeio gente que não sabe jamais fazer uma brincadeira... e quando a gente brinca nunca nota que estamos apenas brincando..."
frase 10 - "Me irritam os professores que perguntam porque não fui à aula ontem !!!"




Como podemos observar, ficar numerando tantos desabafos que ficam boiando na web também irrita um pouco.

........Pausa para descanso e relaxamento.......



............................ retorno ao desabafo...............................

"odeio mulher no volante
Odeio quem odeia tudo
Odeio gente eclética"
 "Odeio arrogância"
 "( eu acho que, me odeio tbm puts)

"Poucas coisas me irritam, mas os moralistas e os rotuladores.
Esses conseguem"
"Pq as mulheres traem?"
"Pq vcs são grudentas?
"Pq vcs vão ao banheiro juntas?
Pq seguem a moda a risca?
Pq tantas variações de temperamento?
"Odeio odiar mais mesmo assim odeio
"Num sei o que odeio, mas eu num gosto de Jiló.
"Odeio pessoas que fiNgem (sic) não sentir oque estão sentindo"
"Odeio levantar cedo "


Reality show é uma porcaria...
é um jogo.....mas os participantes
insistem em dizer que não
estão lá para jogar.....
estão fazendo o que então ?
As pessoas assistem
torcem, brigam,se xingam,quase se matam,
perdem tempo, gastam dinheiro
votando para o seu participante
preferido vencer e faturar o premio,
e não ganham nada.....aff. Odeioooo!."

"Isto AQUI ME IRRITA, me dá uma raiva...
E quem disse que "descarregar" aqui resolve alguma coisa?"

"odeio pessoas "cheia de querer" ser a ultima bolacha do pacote!
Eu odeio essa geração conformista, que se limita a ouvir créu e ler Crepúsculo 1, 2, 3, 4 ... Sinto um ódio mortal ao passar em frente ao pedágio instalado na rodovia da minha cidade, aonde ainda pertence a minha cidade, e sermos obrigados a pagar o pedágio, só vejo isso aqui, e a população não faz nada... e o prefeito .... nem me fale"
"Odeio quem odeia UIAHSHAOAIOUOAHUAOUAHO"
"Odeio quem acha que na região norte tem indio pelado e jacaré andando na rua. Povo preconceituoso e burro!"
"vão se f.... esse políticos safados e corruptos, e toda essa m.... que se estabeleceu no congresso e no senado.. vão a m.... descarados... mentirosos cansei da porra dessa novela é muita baixaria pra um país só... QUE MERDA!!!!
"Eu me odeio"..
"Detesto gente mal humorada...tem os que já acordam de manhã de cara amarrada".
"odeio os idiotas que nascem com forame distal do tubo digestivo voltado para o astro noturno,
Odeio os estrangeiros q acham q, nós, brasileiros, somos macacos, moramos em cima das árvores, habitamos em florestas, falamos espanhol e nossa capital é Buenos Aires.
eu odeio perceber que nao sou o que gostaria de ser
e sou muito do que odeio!
odeio pessoas futeis
odeio gente politicamente correta, odeio vegetariamos com sua filosofia de "coitado dos animais", odeio gente futil, odeio gente preconceituosa, odeio psicologos ou psiquiatras"
"Eu detesto,odeio mesmo carnivoros que não tem caninos longos e intestino curto,credo em cruz,sai vampiros,odeio gente que não se preocupa com animais e acha que vale mais do que qualquer macaco ou galinha e odeio gente que não se enxerga"
"Detesto futilidade, mesquinharia, preconceito, falta de bom senso, filhinho e filhinha de papai, detesto mulheres que só falam que estão ficando gorda. Destesto dietas, destesto Malhação, detesto que discordem de mim... detesto o preço astronômico dos livros que me força a comprar quando eles estão na liquidação e mesmo assim tenho que pagar frete...
Detesto quando tentam me convencer de que o que eu acredito é errado (PQP!!!!)"
"Odeio gente fútil,comida pronta e gente que pega no meu pé"
"ODEIO a lei que diz que feriados de dias de sexta feira devem ser transferidos para a segunda... Detesto gente que anda devagar na minha frente, quem conversa no celular gritando, detesto quem eu conheço e quando passa por mim não fala.
Detesto ter que crescer, detesto ter que ver a falsidade estampada na cara das pessoas. Detesto os ladrões que roubam o que temos... falando nisso, detesto os politicos e os FDP que não querem me dar um emprego!!!"
"Detesto esse topico! "
"Maldita burrocrácia!!! Três semanas perdidas só pra renovar uma CNH!!! Odeio formulários.."
"O que me irrita mesmo é a inércia, diante de tudo! a falta de movimento congela e apodrece!
"Odeio chiclete colado na havaiana e odeio gente sem assunto!"
" Pode xingar aqui?"
"Odeio sala de espera de consultório médico"
"Chá de banco, só serve pra achatar os glúteos.
Tenho raiva de artistas e pseudo-intelectuais relativistas"

...Haja desabafo!
(Mirna Monteiro)

SOMOS TODOS FILÓSOFOS




Ah, a filosofia!...Parece que se tornou a cura para todos os males. Pessoas de todas as idades procuram cada vez mais as considerações de nossos pensadores de séculos e séculos, encontrando extrema afinidade com o mundo tecnológico, que já discute cientificamente a viagem pelo tempo.

Mas afinal, por que tanto interesse? Aparentemente, mesmo fora dos círculos acadêmicos, a busca por leituras filosóficas vem substituindo outro campeão de procura, o livro de auto-ajuda! Será que receitas de sucesso e superação perderam terreno para a abrangência da filosofia?




Nas comunidades dos sites de relacionamento as discussões fervem. Há comunidades de todos os tipos possiveis e imagináveis. Mas entre as mais concorridas estão aquelas relacionadas ao pensamento. Não que haja tanta virtude em termos de conhecimento da história da filosofia e das argumentações de nossos pensadores mais famosos. Mas há tanto interesse no assunto que até existem comunidades de filosofia para não filósofos ou para quem pretende filosofar sem filosofia...
Milhares de pessoas se encontram virtualmente para discutir a vida e suas dúvidas, cada um a sua maneira. Há comunidades com registro de 70 mil, 100 mil perfis. Nem todos entram na discussão, mas certamente a maioria acompanha os debates.

Em um universo tão diversificado, claro que as expectativas se misturam. No final das contas discutir filosofia, no entendimento popular da internet, é dar espaço para a psicologia, a terapia em grupo, o desabafo pessoal e por ai afora.

O objetivo maior e mesmo interagir em grupo, não importa exatamente o que se fala desde que isso permita o início de troca de ideias. O que a grosso modo contraria o objetivo do pensamento critico inerente a filosofia. Neste universo cibernético de ansiosos candidatos a pensadores poucos seguem a regra da intenção e finalidade, parando para questionar motivos do pensar o que se pensa, dizer o que se diz e fazer o que se faz...

Ainda assim é impossível negar a possibilidade desse contato produzir definições interessantes a respeito da vida, de seu ciclo e de suas possibilidades futuras.
Mesmo quando o objetivo não é a discussao acadêmica, buscando novos ângulos e situações nas conclusões de nossos pensadores ao longo da história da Filosofia, a mescla de discussões pode ser interessante.

O risco é esbarrar em algum comportamento "patológico": é quando os canais de discussão são sacudidos por verborréias furiosas. São pessoas que encontram suas respostas em meio ao conjunto de discussões ou aproveitam este momento especialmente democrático e discreto em relação à própria identidade, para descarregar duvidas, tensões, maus humores....Existem tópicos denominados "sessão de descarrego"! O objetivo, claro, é desviar a fúria dos decepcionados e mau-humorados para um espaço específico, preservando o restante da discussão.

Mas comentários pouco elegantes se misturam a todo instante, mesmo em debates que pretendem melhor nível. Veja algumas frases mais repetitivas.



- "Que burrice. Haja feno!" - Esta é a campeã, citada para exemplificar a discordância de alguma colocação no debate

- "E quem és tu, seu monte de b...a?"- Bastante comum também, em geral responde a críticas sobre opiniões.

- "mas este tópico está cheio de piadistas!" - crítica comum com palpites fora da discussão.

- "Essa é a única comunidade que não me excluiu"...- comentario que demonstra a surpresa de ainda ter seu perfil na comunidade.

O tema dos tópicos também reflete a confusão dos participantes. No meio de Sócrates, Platão, Schopenhauer, Nietzsche, Hegel e Kant, os preferidos nos debates do mundo cibernético, encontramos as dúvidas existenciais, em tópicos com títulos expressivos:
"É muito fácil pensar que está vivo; difícil descobrir que se está morto"...com resposta do tipo "Opsss... Descobri! To morto! Q bom q tem internet no meu caixão"...

Outros tópicos normalmente postados para discussão:
"Você aceitaria um chip implantado na cabeça?"
"religião faz falta?"
"fim dos dias"...
"Se voce se encontrasse com deus o que diria?"
"Como saber o que é a vida"
"O que ser livre?"
"Já pensamos em tudo que é possivel ser pensado?"

Temos a preocupação com o trabalho: "Sobre nerdice e o mercado" (traduzindo: debate sobre os nerds ou pessoal que estuda com afinco, tomando todas as vagas no mercado...)
Há também a abordagem de assuntos políticos: "de que adianta a democracia se a populacão não for inteligente...?" Ou "Interpol atrás do Paulo Maluf"...temos também os estudantes que recorrem aos tópicos de discussão: "Por favor me ajudem com este trabalho"...



Como ser vê, a filosofia cibernética tornou-se mais ampla e elástica do que seria possível imaginar! Muito além da indagação da essência, significado e origem de todas as coisas, ela tenta responder dúvidas existenciais, corrupção e desmandos políticos e trabalhos escolares...
Mas admitindo que a Filosofia é prática e deve ser vivenciada no cotidiano, tudo vai bem e demonstra um processo social positivo. Mesmo que com pouco senso crítico ou raciocínio preguiçoso, talvez com necessidade da razão ser aprimorada, a filosofia é algo inato aos seres humanos. Como dizia Sócrates,com toda a sua paciência e bom humor...
(Mirna Monteiro)

Wednesday, July 21, 2010

ONDE ESTÁ A VERDADE?


Por que

as pessoas

mentem

tanto?



Nos velhos tempos dos sofistas, mestres itinerantes do conhecimento politicamente correto, a mentira era utilizada como artifício do poder, ou seja, a verdade era "ligeiramente" deturpada ao sabor das intenções sofistas. Por isso essa palavra ganhou uma conotação perjorativa.
Passados uns 3 mil anos, a mentira parece permanecer inevitável no exercício do poder, seja ele político, econômico, familiar ou social.

E ainda funciona! Velho como a humanidade, pois certamente esse artifício já nasceu com o homem, que para sobreviver precisava enganar seus predadores.
Mas mesmo sendo tão conhecida, é possível reconhecer a mentira? Ou as pessoas disfarçam, aceitando-as como verdade, quando lhes convém, mesmo que reconheçam a sua precariedade?

O problema é que a mentira pode ser extremamente destruidora. Como na política ou nas ciladas criadas pela inveja.Na Filosofia, a mentira é perigosa. É o caso do sofisma.O sofista faz retórica. O filosofo faz dialética.

Na retórica o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas, vão persuadir, convencer, mas sem transmitir conhecimento algum. Já na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo, e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás. O sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal. O filósofo refuta para purificar a alma de sua ignorância

Há quem considere deteminadas verdades destruidoras...Muitos que pedem a franqueza não estão preparados pra poder lidar com a realidade.Há verdades que não precisam ser ditas, assim como há mentiras que são necessárias.













Será que o pensamento livre, crítico, independente poderá prevalecer e a sociedade encontrar e uma forma de convivência baseada na verdade? Admitir a realidade não nos torna mais fortes e preparados para os desafios da vida?

Talvez o problema não seja a franqueza, mas a ausência de isenção ao utilizar a verdade.

Não vamos confundir mentiras com "faz de conta"! Imaginar uma realidade e conduzi-la ao sabor das próprias expectativas, como fazem as crianças nas brincadeiras, faz bem. Tanto é que a criança começa a entrar em choque com a realidade quando ela percebe que o faz-de-conta é muito diferente das mentiras que os adultos começam, logo cedo, a ensinar!

E o pior é que usando de hipocrisia e mentiras, os adultos pretendem que a criança seja absolutamente sincera! Crianças são inexperientes, mas são extremamente sensíveis à toda atitude contrária à natureza.

Da mesma maneira, o faz-de-conta dos adultos, através da ficção, é extremamente salutar. Aliás, é uma mola que impulsiona o mundo! A imaginação humana é premonitória e rica em estímulos para o futuro. Que o diga os grandes escritores de ficção, como Julio Verne!

O mundo seria enfadonho e estático sem a mentira? Os próprios deuses do Olimpo adoravam intrigas e se divertiam com isso. Eu já considero que há um ligeiro engano de interpretação: não é a mentira, mas a falta de imaginação que tornaria o mundo chato.

A mentira é perigosa!

Enfrentar a verdade é a única chance de sobrevivência individual, familiar, comunitária, ou da própria humanidade

Não é possivel concordar com a idéia de que podemos conviver com a hipocrisia e mentirinhas. O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos. Há necessidade de confiar nas coisas e nas pessoas


Por isso, neste terceiro milênio, a sociedade entra em choque constatando uma terrível realidade: a mentira está terminantemente contida nos meios de comunicação e expressão, seja eles quais forem. Tornaram-se instrumentos com alto poder de persuasão e de confusão também!

Mas há o contrapeso: é suficientemente capaz de arrancar a esperança de que o pensamento livre, crítico, independente ainda haverá de prevalecer? Que uma forma de convivência mais baseada na verdade possa vir a ocorrer ?

Cresce em nossa sociedade a exigência da verdade, clara e límpida. É o desejo e a necessidade da busca da verdade. Há um sentimento generalizado e crescente de que os valores éticos devem retornar, sob pena de convulsão social.

Em tempos onde o acesso à destruição é quase prosaico, não se pode fingir que mentiras são inofensivas. Seria utópico imaginar uma sociedade, deformada como a nossa sociedade humana, com a herança que possuímos, feita de seres absolutamente honestos e isentos. Mas sabemos que as pessoas são diferentes e é essa diferença que permite equilibrar o mundo. Há pessoas com valores definidos, as tais do "fio de barba", assim como há aquelas que vivem para a malicia, mentira e hipocrisia.


Tão certo como o anseio
do ser humano pela Verdade.
Como sofremos pela falta dela! (Mirna Monteiro)

Monday, July 19, 2010

O HABITO DA VIOLÊNCIA



Nos tempos primitivos a preservação da vida passava pela violência. A selvageria humana foi de certa maneira justificada em fases de grande dificuldade de sobrevivência.
Em tempos mais modernos Jean-Jacques Rousseau, que merecia o titulo de fundador da etnologia, afirmava que o estado natural do homem é selvagem. E se assim fosse, seria fundamental que houvesse consciência da necessidade da civilidade.
Rousseau, um pensador e pesquisador que pertencia a uma época absolutamente primitiva em termos de tecnologia, pelos idos do século XVIII, já dizia que a sobrevivência humana dependia da sociedade civil. Um pacto com toda a comunidade, o que permitia vantagens para a preservação da vida, da liberdade, da preservação da propriedade, da igualdade, enfim, dos bens e da segurança.
Se ele viajasse no tempo, ficaria surpreendido ao chegar neste terceiro milênio e verificar que o ser humano não mudou nada! Sem dúvida ficaria satisfeito com a precisão de suas observações a respeito da selvageria humana.

Tenta-se há séculos definir regras claras para conscientizar o homem e criar um ambiente de coexistência pacífica e produtiva. Como isso tudo fica dependente do respeito às leis as quais todos devem submeter-se igualmente e a convivência entre os homens está atrelada à responsabilidades mútuas óbvias, parecemos um caranguejo na areia quente.
Agora a intenção é dar um basta à violência a partir de sua raiz! Como? Proibindo que a educação utilize qualquer ato agressivo contra as crianças.



Aí, nesse ponto, costuma-se ouvir uma exclamação indignada: mas como? Nem uma palmada?
Vamos considerar o seguinte: vivemos em tempos mais selvagens do que a natureza de Rousseau poderia imaginar. A selvageria humana não tem espaço em um mundo tecnológico e sem valores. Qualquer animal dos velhos tempos protegia a sua cria para garantir a sobrevivência, mas chegamos ao ponto em que uma genitora coloca seu bebê recém-nascido em um saco e o joga no lixo!
Chocante!
Isso nos leva a pensar como é possível uma sociedade que briga pela vida das baleias e golfinhos e percebe que a natureza é de uma preciosidade inimaginável, abrigar elementos que jogam criancinhas no lixo! Ou as espancam a ponto de matá-las ou aleija-las, ou criando graves problemas psicológicos que afetarão a sua conduta quando adulto!
Logicamente uma palmada não causa necessariamente estragos físicos em uma criança de bom porte. Mas como o ser humano interpreta a vida ao sabor de seus desvios e exageros, o chamado "corretivo" transforma-se em tortura corporal e mental, que causa danos irreparáveis e vai influenciar a vítima ao longo de sua vida adulta.


Por incrível que pareça há pessoas que acreditam que os filhos são sua propriedade. Mas uma criança não é um bem de consumo e não tem dono. Todo ser possui a liberdade individual inata, natural, ainda que o ser humano seja absolutamente dependente de cuidados em sua fase inicial de vida, muito mais do que qualquer outra espécie.
O que a sociedade precisa entender é que ao gerar um filho o casal não "ganha um bem", mas assume uma grande responsabilidade!
A responsabilidade legal e moral de criar e proteger aquele ser, que deverá ser liberado quando for autossuficiente. Quanto maior o cuidado com suas necessidades, melhor ele responderá ao convívio com a família ao longo de sua vida. E melhores condições de enfrentar o meio terá!
É possível educar um filho sem o castigo físico? Obviamente que sim!
Há uma enorme diferença entre educar com firmeza e responsabilidade e ignorar os problemas para tentar corrigi-los depois com uso da violência ou da imposição do medo. Se a criança não responde a uma orientação e à atitude firme dos pais algo está errado! Esse "algo errado" pode estar nos próprios pais.

O ser humano, em sua origem, sempre buscou resolver seus conflitos de interesses através da violência e da superioridade sobre o outro. A superioridade da força muscular, da capacidade inventiva de armas e a superioridade intelectual. Os adultos tem esse grupo de poder sobre a criança. Nada mais justo que não utilize a força física para agredir um ser indefeso.
A agressão não passa de uma maneira de se livrar de um problema sem precisar resolve-lo. A violência gera medo, não educa em absoluto. O que educa é a atenção, a firmeza do caráter dos pais, o interesse pela criança e a afetividade amplamente demonstrada, a disposição de conversar e interagir.

Uma criança que sente segurança e confia nos pais será sempre uma pessoa acessível a educação e fases de maior carga emocional e mudanças são mais facilmente superadas.
Abusos contra crianças devem ser sempre denunciados.
O que é que os outros tem a ver com a educação de nossos filhos?
Tudo!
Como se sabe, pais não são "donos" de seu filhos, mas responsáveis por eles. E por tudo que eles representarão no futuro em sua participação no meio comunitário!
De que maneira isso poderá repercutir no futuro?
Se conseguirmos evitar a violência contra a criança, conseguiremos reduzir drasticamente a violência no meio social, obtendo talvez mais sucesso no controle da "selvageria" que habita o ser humano.(Mirna Monteiro)


Thursday, June 24, 2010

Salve, salve, disco voador...




Os discos voadores também tem seu dia: exatamente neste 24 de junho! Sim, Dia Mundial do Disco Voador!

Apesar de soar estranho, ele consta no calendário anual e a explicação é a data (24 de junho de 1947) do que se considera o primeiro caso oficial de aparição de OVNIs ou Objetos Voadores Não-Identificados do século 20, quando o piloto norte-americado Keneth Arnold convocou a imprensa para relatar com assombro a presença de nove objetos coloridos voando em alta velocidade nas proximidades de seu avião.

Bem, dia do disco voador soa estranho...mas o ano tem comemoração em todos os dias e algumas são surpreendentes. Por exemplo, o Dia Nacional do Fusca, comemorado em 20 de janeiro!Logo depois, no dia 30 é comemorado o Dia da Saudade...
Muitas vezes a comemoração é um mistério para a maioria da população. Todo mundo sabe o que é disco voador, mas você sabe que 5 de fevereiro é o Dia do Dactiloscopista?

Não é extraterrestre, é o profissional que trabalha com a identificação de pessoas e cadáveres, coleta impressões digitais, essas coisas. O dactiloscopista deve preservar o local do crime e colher provas, é um perito em impressões digitais; mas pode ser também o responsável pela expedição de carteiras de identidade.



Pois é, no calendário anual, tudo e todos tem o seu dia...ou quase. Temos o dia do jovem, do velho, da criança, da mulher, do pai, da mãe, dos avós, da sogra...tem até o dia internacional do café, da voz,do silêncio!


O Dia do Sol é 3 de maio. O Dia do Tintureiro e o Dia do Padre são próximos, 3 e 4 de agosto. Ninguém explica porque o Dia Mundial dos Canhotos é 13 de agosto, comemorado junto com o Dia do Azar, Dia dos Encarcerados e, pasmem, Dia do Economista!

Temos o Dia do Macarrão (25 de outubro) e o Dia da Banana (22 de setembro)!

Pois é, em meio a tudo isso, parece natural que haja um dia para comemorar discos voadores, como não? Mesmo que apenas alguns pouco privilegiados, entre bilhões de moradores do planeta terra tenham avistado Ovnis. De uma maneira indireta, o dia de hoje comemora os ufólogos, que pesquisam arduamente a aparição de extra-terrestre e suas intenções nessas visitações misteriosas e discretas!

Mesmo porque até Stephen Hawking, premiado cientista inglês de Cambridge e da Royal Society de Londres admite a possibilidade de encontrarmos vida extraterrestre inteligente nos próximos anos. Parece racional essa possibilidade, ainda que a forma de vida não seja exatamente como imaginamos.

Claro que as dúvidas são torturantes. Se existem seres com essa tecnologia, o que eles pretendem passeando por aqui incógnitamente e gerando histórias de arrepiar, como a primeira adaptação para o cinema de Guerra dos Mundos, em 1953, que acabou provocando pânico real na população americana quando Orson Welles transmitiu na rádio a invasão alienígena com tamanha convicção que parecia real?

É, a possibilidade de vida extraterrestre instiga a imaginação humana, estimula a ficção criativa e promove a ufologia, um campo de pesquisa que até alguns anos atrás era negado como ciência, mas que hoje presta importante contribuição para a definição de visões de objetos estranhos ou alterações no meio ambiente.

E deixa no ar uma dúvida: como é que vai ser isso? Será que a ficção funcionará como uma espécie de premonição terráquea de seres que pretendem invadir a Terra porque a tecnologia ou algum acidente cósmico ameaça seu planeta de origem? Ou existe uma confusão temporal e os ovnis são apenas flash do próprio futuro humano? Ou quem sabe sejam realmente de outro sistema solar e estão esperando uma oportunidade de ser convidados para um cafézinho?

Bem...dizem que a ficção é sempre uma realidade próxima. Que os escritores encarnam pitonisas de mente fertil...algo assim como o submarino e o escafrando de Júlio Verne! Ou seu romance "Da Terra à Lua", de 1865?





Em todo caso, em homenagem aos ufólogos e a essa possibilidade futura, bom Dia do Disco Voador! (Mirna Monteiro)