Saturday, December 09, 2017

PRECONCEITO E SOBREVIVÊNCIA

"A cor de meu filho é aquela que faz com que as pessoas mudem de calçada". Essa expressão da atriz Tais Araújo causou polêmica nas redes, mostrando que racismo e preconceito estão longe de ser superados pela sociedade.
O mais dramático é que não foi apenas a fúria racista que demonstrou o quanto diferenças raciais e sociais estão longe de ser superadas. O inconsciente de parte da população "não racista" mostra o enraizamento do preconceito, em frases de crítica a racistas assumidos: "esses sim é que são negros de alma"...
Por que essa ideia prevalece, mesmo em pessoas que desejam abertamente não discriminar outro ser humano?

E até que ponto a vítima de hoje não cometerá um erro no futuro. Em uma sociedade majoritariamente negra, o branco seria objeto de racismo e preconceito? Afinal, todos sabemos que negros albinos são automaticamente rejeitados e até mutilados em países africanos.

Essa realidade não deve reforçar argumentos racistas, mas sim levar a um raciocínio que permita evitar os erros gerados pelo preconceito, reforçando a necessidade de tolerância às diferenças.

O negro brasileiro tem razão quando diz que o simples fato de ser negro causa reações de preconceito. Mas não lidamos com uma questão assim tão simples. A raça negra, que pretende um empoderamento, reforça essa diferença de que é vítima em seus movimentos quilombos. Isso porque a escravidão do negro é uma página da história, que registra todo tipo de escravidão que deve ser combatida em uma sociedade evoluída, e que leva a preconceitos sem fim. 

Preconceito contra o negro, preconceito contra a mulher, preconceito contra o pobre, preconceito contra o rico, preconceito contra deficientes, preconceito contra obesos, contra o feio, contra todos que tem opinião política diferente ou religiões diferentes. Vivemos em sociedades onde a falta de freio escancara a selvageria que habita o homem.

A escravidão tem suas faces também, ainda que faça parte de um mesmo rosto histórico. O negro foi caçado pelo negro mais forte na África e vendido para a escravidão. O sistema humano sempre seguiu a lei da sobrevivência, do mais forte sobre o mais fraco. 
As guerras primitivas matavam e escravizavam os vencidos fossem eles quem fossem, nobres ou não, porque a motivação sempre foi o poder. Nunca foi simplesmente uma rejeição a uma cor diferente. Os judeus foram sufocados e mortos durante o nazismo na Alemanha por questão de poder e não perseguição religiosa. A supremacia ariana, usada como justificativa, era apenas um argumento para exercer o poder. 
Digamos que se a sociedade humana não tivesse diversidade física, haveria perseguição aos geneticamente mais frágeis. E se todos fossem geneticamente uniformes, algum tipo de supremacia seria inventado.

Hoje assistimos a discursos de ódio, onde o racismo e o preconceito se chocam com os valores duramente construídos para uma convivência pacífica. Todos sabemos que ninguém está a salvo em sociedades que permitem o exagero do poder e a disseminação do racismo e do preconceito, que se tornam armas potenciais de escravidão dos mais fracos, mas também algema negros, brancos, pobres e ricos, mulheres, idosos e novas gerações. 

Essa palavra tão utilizada hoje, empoderamento, nao serve para nada quando seccionada e reduzida. Empoderamento do negro...empoderamento da mulher...empoderamento da diversidade sexual. A questão envolve basicamente ética e leis que limitem a selvageria humana que leva a esses preconceitos todos e que tem como base o domínio de toda uma maioria.
Dividir a humanidade em pacotes apenas fortalece o racismo, a escravidão e o caos social! (Mirna Monteiro)