Friday, December 19, 2014

AMIGOS E INIMIGOS NO CIBERESPAÇO

A internet trouxe um novo tipo de relação humana, um misto de extremos de proximidade e distanciamento, de intimidade e de formalidade, de civilidade e selvageria.
Tantos extremos tem explicação fácil: a sensação de que tudo aquilo que se passa no mundo virtual conta com a proteção do anonimato ou da ausência fisica, fatores que podem transformar timidos em ousados, mal humorados em humoristas, raivosos e confusos em ambiente que se transforma em salas de terapia.
Essa faceta do mundo virtual, perceptível nos sites de relacionamento, tem seus extremos revelados nas ocasiões de grandes conflitos ou opções, como no caso das campanhas eleitorais. E vem a surpresa: aqueles amigos virtuais, que utilizam ou não identidades reais, aquela personagem da televisão, o artista que há décadas é admirado, o político que se esconde sob a capa discreta da hipocrisia, subitamente mostram comentários, no Twitter, Facebook e outros sites, que causam surpresas, agradáveis em muitos casos, desagradáveis e decepcionantes em outros.
É a "face oculta" da relação virtual, fartamente abordada e criticada na campanha acirrada do último pleito.
Foi o momento de grande movimento e também dos "bloqueios" de perfis que abusaram dos espaços privados. A frase mais comum tornou-se aquela que "dispensava" os "maus amigos", que mostraram comportamento agressivo ou impositivo. Mas também de amizades construidas virtualmente que assumiram ideias politicas opostas. A ponto de circular "memes" ou mensagens prontas, que pediam para não misturar politica e amizade.
Será possível isso?
Respeitar as diferenças de ideias é condição para o regime democrático. No entanto o ambiente democrático é esclarecedor e sadio justamente por permitir essa exposição de ideias, que não são superficiais e retratam personalidades, caráter e capacidades diversas de quem se expressa, tanto em relação ao entendimento de fatos, como em seu interesse em conhecer os fatos ou simplesmente adotar pensamentos midiáticos, já prontos e empacotados para o uso de mentes mais desavisadas.
A troca de ideias nunca foi tão prolixa! Tão extensa e tão contraditória.
No espaço virtual onde as pessoas se relacionam, cria-se num conjunto de elementos  tão diversificado - material da grande midia, material de pesquisa, material politico, material marqueteiro, e por ai vai - que no final das contas cumpre-se com o papel de jogar informações, fundamentadas ou não, como leque de opções para quem quiser pensar sobre tudo isso ou simplesmente adotar o que lhe parece mais compreensivel.
Pessoas são diferentes, mas o meio cultural e social é igual para todos. O que torna comportamentos inesperados, como atitudes marginais.
Mas até que ponto sabemos se somos apenas inovadores, autênticos ou esquisitos?
Não falamos aqui de comportamentos marginais lesivos ao meio. Pessoas que agridem por motivos exclusivamente pessoais, sem considerar o direito alheio, o que obviamente torna a convivência impossível. Falamos de maneiras diferentes de observar ou assimilar o meio cultural e observar regras de comportamento.
Para responder essa pergunta você precisará rever o conceito de normalidade: qual a linha divisória entre alguém considerado normal ou anormal?
Esse conceito de normalidade depende de uma série de fatores e de fato varia, dependendo da cultura, do momento social e político, até do grau de rebeldia pessoal aos valores considerados extremos e desnecessários ao meio.
Nem tudo é questão de interpretação pessoal. Veja bem, se uma pessoa pretender criar um espaço próprio onde a normalidade é decidida por ela mesma - onde certamente as regras obedecerão apenas ao seu comando individual - vai viver isolada como uma ilhota no meio do oceano.
Isolamento pode ser bom em alguns momentos e péssimo em outros. Portanto, como dependemos do meio para sobreviver, não podemos fazer de conta que o conceito de normalidade para a convivência comum não exista!
A escolha pessoal da normalidade a ser assumida depende, portanto, da convivência pacífica com a ética e a moral do meio. O problema é saber até que ponto essa relação termina e começa o direito individual à comportamentos e opções de pensamento

http://artemirna.blogspot.com.br/2012/06/politica-e-poder.html