Saturday, October 28, 2006

ONDE ESTÁ A VERDADE?


Por que

as pessoas

mentem

tanto?



Nos velhos tempos dos sofistas, mestres itinerantes do conhecimento politicamente correto, a mentira era utilizada como artifício do poder, ou seja, a verdade era "ligeiramente" deturpada ao sabor das intenções sofistas. Por isso essa palavra ganhou uma conotação perjorativa.
Passados uns 3 mil anos, a mentira parece permanecer inevitável no exercício do poder, seja ele político, econômico, familiar ou social.

E ainda funciona! Velho como a humanidade, pois certamente esse artifício já nasceu com o homem, que para sobreviver precisava enganar seus predadores.
Mas mesmo sendo tão conhecida, é possível reconhecer a mentira? Ou as pessoas disfarçam, aceitando-as como verdade, quando lhes convém, mesmo que reconheçam a sua precariedade?

O problema é que a mentira pode ser extremamente destruidora. Como na política ou nas ciladas criadas pela inveja.Na Filosofia, a mentira é perigosa. É o caso do sofisma.O sofista faz retórica. O filosofo faz dialética.

Na retórica o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas, vão persuadir, convencer, mas sem transmitir conhecimento algum. Já na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo, e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás. O sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal. O filósofo refuta para purificar a alma de sua ignorância

Há quem considere deteminadas verdades destruidoras...Muitos que pedem a franqueza não estão preparados pra poder lidar com a realidade.Há verdades que não precisam ser ditas, assim como há mentiras que são necessárias.













Será que o pensamento livre, crítico, independente poderá prevalecer e a sociedade encontrar e uma forma de convivência baseada na verdade? Admitir a realidade não nos torna mais fortes e preparados para os desafios da vida?

Talvez o problema não seja a franqueza, mas a ausência de isenção ao utilizar a verdade.

Não vamos confundir mentiras com "faz de conta"! Imaginar uma realidade e conduzi-la ao sabor das próprias expectativas, como fazem as crianças nas brincadeiras, faz bem. Tanto é que a criança começa a entrar em choque com a realidade quando ela percebe que o faz-de-conta é muito diferente das mentiras que os adultos começam, logo cedo, a ensinar!

E o pior é que usando de hipocrisia e mentiras, os adultos pretendem que a criança seja absolutamente sincera! Crianças são inexperientes, mas são extremamente sensíveis à toda atitude contrária à natureza.

Da mesma maneira, o faz-de-conta dos adultos, através da ficção, é extremamente salutar. Aliás, é uma mola que impulsiona o mundo! A imaginação humana é premonitória e rica em estímulos para o futuro. Que o diga os grandes escritores de ficção, como Julio Verne!

O mundo seria enfadonho e estático sem a mentira? Os próprios deuses do Olimpo adoravam intrigas e se divertiam com isso. Eu já considero que há um ligeiro engano de interpretação: não é a mentira, mas a falta de imaginação que tornaria o mundo chato.

A mentira é perigosa!

Enfrentar a verdade é a única chance de sobrevivência individual, familiar, comunitária, ou da própria humanidade

Não é possivel concordar com a idéia de que podemos conviver com a hipocrisia e mentirinhas. O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos. Há necessidade de confiar nas coisas e nas pessoas


Por isso, neste terceiro milênio, a sociedade entra em choque constatando uma terrível realidade: a mentira está terminantemente contida nos meios de comunicação e expressão, seja eles quais forem. Tornaram-se instrumentos com alto poder de persuasão e de confusão também!

Mas há o contrapeso: é suficientemente capaz de arrancar a esperança de que o pensamento livre, crítico, independente ainda haverá de prevalecer? Que uma forma de convivência mais baseada na verdade possa vir a ocorrer ?

Cresce em nossa sociedade a exigência da verdade, clara e límpida. É o desejo e a necessidade da busca da verdade. Há um sentimento generalizado e crescente de que os valores éticos devem retornar, sob pena de convulsão social.

Em tempos onde o acesso à destruição é quase prosaico, não se pode fingir que mentiras são inofensivas. Seria utópico imaginar uma sociedade, deformada como a nossa sociedade humana, com a herança que possuímos, feita de seres absolutamente honestos e isentos. Mas sabemos que as pessoas são diferentes e é essa diferença que permite equilibrar o mundo. Há pessoas com valores definidos, as tais do "fio de barba", assim como há aquelas que vivem para a malicia, mentira e hipocrisia.


Tão certo como o anseio
do ser humano pela Verdade.
Como sofremos pela falta dela!

Mirna Monteiro

MENTIRAS E MENTIRAS

A mentira reina sobre o mundo!

Assim se expressou Teixeira de Pascoaes, escritor português, em "A Saudade e o Saudosismo", no começo do século XX. Por toda história humana, a Mentira foi tema incondicional de filósofos, escritores e poetas.

Por que? Porque sempre permeou a relação humana, de uma forma ou de outra. Tanto que há "classificações" para a Mentira. Por exemplo:

Mentira piedosa - aquele tipo de mentira que tenta evitar um constrangimento. É quase inevitável, diante da ansiedade de quem espera a resposta que, se verdadeira, causará algum desastre, ainda que aparentemente superficial.

Mentira cruel - aquela que objetiva ofender a magoar e é absolutamente inversa à mentira piedosa, procurando contrariar e causar algum estrago.

Mentira fútil- aquela que é dita por força do hábito, do mesmo jeito que se toma água quando se tem sede.

Mentira defensiva - aquela que objetiva "blindar-se" contra qualquer ameaça, mesmo quando isso é apenas uma subjetividade.

Mentira planejada - essa é a mais terrível forma da mentira. É aquela que desvirtua o meio social, cultural, que provoca catástrofes políticas e guerras. Serve ao poder! Em sua forma mais amena é feita de artifícios e acompanhada de estratégias de manipulação da opinião.
Terrível, de qualquer forma!

Ah, a mentira, quanta dor de cabeça já causou. Não faltaram aos pensadores idéias mirambolantes de detectá-la e anulá-la:

"Se desconfiarmos que alguém mente, finjamos crença: ele há-de tornar-se ousado, mentirá com mais vigor, sendo desmascarado. Por outro lado, ao notarmos a revelação parcial de uma verdade que queria ocultar, finjamos não acreditar, pois assim, provocado pela contradição, fará avançar toda a rectaguarda da verdade", escreveu Arthur Schopenhauer, em "Aforismos para a Sabedoria de Vida" .

Será mesmo? Com o perdão de Schopenhauer, acho esse conselho um risco! Pois sabemos hoje, neste mundo tecnológico e de disputas tão intensamente influenciadas pelo grande poder do terceiro milênio - o da mídia - que deixar o sujeito acreditar que a mentira de fato está fluindo, acaba por faze-lo crer que aquilo que diz é uma espécie de verdade.

Ora, o mentiroso que acredita tanto em sua própria mentira, é o mais perigoso dos enganadores! Pois neste caso a ênfase de seu discurso ganha dimensão de uma possível verdade. E aí, sabe-se lá onde vamos parar!

Mentiras podem ter lá as suas categorias e graus, mas convenhamos, não há mentira inocente. Com isso já concordava Rousseau.

"Para tornar inocente uma mentira, não basta que a intenção de prejudicar não seja expressa, é necessário também ter a certeza de que o erro em que se induz aqueles a quem se fala não poderá prejudicá-los a eles nem a ninguém, seja de que maneira for. É raro e difícil ter-se essa certeza e, por isso, é difícil e raro que uma mentira seja perfeitamente inocente"...

Pois é! Talvez a única mentira menos nociva, ou inocente, seja aquela que, nos dias atuais e cheios de ameaças, tenta proteger a própria privacidade.

Ainda assim, ao admitir a mentira, seja ela romântica ou destruidora, estamos nos violentando. Como negar que a verdade é um valor indispensável? O verdadeiro confere às coisas, aos seres humanos, ao mundo, um sentido que não teriam se fossem considerados indiferentes à verdade e à falsidade.

Que situação, não é mesmo! Não queremos a Mentira, mas não conseguimos estabelecer uma convivência sem que ela esteja imiscuida em nossas verdades.

"Ninguém acredita em ninguém, todos sabem a resposta. Mente-se só para dar a entender ao outro que a alguém nada nele importa, que dele não se necessita, que lhe é indiferente o que ele pensa acerca de alguém". (MM)

Monday, October 09, 2006

O NATURALISMO DE MANET













O naturalismo foi radical e pretendia mostrar a vida, emoções e as situações cotidianas com crueza e o máximo do realismo. Atingiu todas as formas de arte. Surgido no século IXX influenciou muitos artistas, inclusive Manet. Antecedeu o realismo.
Nas suas telas, Manet procurava chegar ao máximo da realidade, nas formas e nas cores. Como todos os grandes artistas, foi muito criticado. Sua temática para as telas era provocadora. Além disso não utilizava as técnicas acadêmicas convencionais nas pinturas.
Edouard Manet nasceu em Paris, em 23 de janeiro de 1832. Morreu em abril de 1883.















Cristo e os Anjos
















Manet pintou Emile Zola, que também integrou o movimento naturalista com sua literatura. Zola lançou sua obra-prima Germinal em 1885, depois da morte de Manet.

Sunday, October 01, 2006

AMORES VIRTUAIS III



















PARTE III
Amor e amores podem acontecer a qualquer momento e independente de circunstâncias programadas. O ser humano teria potencial para amar indefinidamente, não apenas as pessoas com as quais convive ou tem qualquer tipo de contato, mas também com aquelas que sabe que existem, estendendo esse amor à natureza e ao universo como um todo, na consciência da estreita relação entre os seres e as coisas.

Mas assim como o amor é multifacetado – e na variação dos motivos que levam a crer que exista, há situações de grande fragilidade do sentimento, motivado apenas por desejos, a condição do amor virtual se complica.

Fatalmente, a relação virtual, assim como a platônica, tem um prazo, certamente muito mais reduzido do que as paixões no mundo imediato, onde uma série de circunstâncias colaboram para continuidade de encontros.

Provavelmente, quando essa relação se torna apaixonada e envereda pela sexualidade, começa a contagem regressiva. Eros cede espaço à Afrodite. E é nesse tempo que os amantes virtuais chegam a um impasse: viver ou não viver a paixão no mundo real!

É realmente um impasse! O mundo virtual é um espaço protegido, onde somos deuses navegando para onde a imaginação ou a vontade própria indicar. Quando esse espaço deixa de nos oferecer proteção e prazer, é só clicar, que ele desaparece!

Além disso no mundo virtual não há necessidade da mentira, mas em paralelo não há razão também para não fantasiar a própria vida. Informações pessoais podem ser suprimidas (e devem, até por questões de segurança) e o exercício da hipocrisia pode ser dispensado, pois se não há modelo imposto, ou mesmo identidade desnudada, não há necessidade de jogar e auto-proteger-se de palavras ditas por personagens que beiram a ficção!
Mas e diante da possibilidade de inserir esse mundo virtual, no mundo real?

A possibilidade de tudo ruir faz com que muitas relações virtuais bem sucedidas cheguem ao final, com o afastamento. Há muitos motivos que podem desestimular a continuidade desse tipo de relação. Por exemplo, a distância real!
Quando estamos no mundo virtual, não há distâncias, nem condição social, raça ou cor, que realmente surtam qualquer efeito. Por mais que as pessoas tentem manter preconceitos, a mágica do virtual tem o poder de confundi-los e reduzi-los, pois os elementos que aguçam o preconceito, como a pressão moral, a característica física, entre outros, são atenuados ou até mesmo suprimidos. (...)

No momento do enfrentamento real, todos os preconceitos sobem à tona. Todas as idealizações que complementaram a personalidade e a imagem do amor virtual também se aguçam e podem entrar em choque com a constatação de novos elementos que integram a realidade.
Normalmente o resultado do amor virtual, quando pretende a realidade, é acabar assim como começou, no próprio mundo virtual, onde rompantes de paixão e rompimentos são assimilados muito facilmente, pois a grande margem da fantasia que cerca essas relações permitem uma reconstituição da ideia da perda.

(...)Outros resolvem arriscar. A possibilidade da relação ruir e se fragmentar no contato com a realidade continua existindo. Mas também existe a possibilidade dessa relação virtual ter sido construída sobre alicerces, firmes o suficiente para enfrentar qualquer impacto da realidade sobre a inevitável fantasia da superfície.
No final das contas, o amor virtual acaba sugerindo que o simples desejo e a paixão que decorre dele é fruto da construção da fantasia, principalmente quando a sexualidade entra em cena e cria modalidades de paixões.
Paixões virtuais não têm relação, necessariamente, com sexo virtual. O sexo virtual utiliza a relação com o simples objetivo de estímulo e prazer imediato, “descompromissado” e sem qualquer vínculo de afetividade ou compatibilidade.

A variedade de relação no mundo virtual apenas nos mostra o quanto o mundo cibernético ganha espaço na realidade humana. O que deixa cada vez mais próximas e reais as mirabolantes cenas da ficção, onde as pessoas vivem isoladas em cubículos, trabalhando, viajando e mantendo a inteiração profissional, social e pessoal única e exclusivamente através de um mundo virtual sofisticado, e tão realista em poder que permitirá até mesmo a sensação do toque físico. Um mundo que poderá simplesmente retratar que a realidade é subjetiva demais para nos apossarmos dela! ( “Amores Virtuais” de Mirna Monteiro)