Tuesday, July 07, 2015

PREVISÕES E PROFECIAS

Quando ouvia dissertações sobre previsões e profecias em uma palestra, o sujeito na platéia adiantou-se e opinou: "Não há fundamento! Quando se acerta alguma coisa é coincidência e quando não se acerta está claro que não passa de pura imaginação humana, de ficção"! A sua frente a pessoa sorriu e pediu que um outro ouvinte abrisse um bilhete que havia recebido na entrada: "O que está escrito a respeito? " . "Que alguém sentado na terceira fileira discordaria e iria se manifestar contra a idéia de prever qualquer coisa"!

Bem, previsão comprovada!...
Quando negamos a possibilidade de prever os acontecimentos, negamos a nossa capacidade de observar, sentir e projetar a mente. O sábio Confúcio já sabia que não se pode viver como um mero expectador da vida, esquecendo-se de que toda a ação e pensamento determinam aquilo que a humanidade será. "Aquele que não prevê acontecimentos longínquos, expõe-se a desgraças próximas".
É verdade que prever os fatos é diferente de profetizar, mas apenas sob um ponto de vista relativo. Uma previsão baseia-se na observação do passado e do presente e uma profecia tem como mediador a visão do futuro, sem preocupar-se em estabelecer a lógica dos acontecimentos que formarão uma nova realidade.
A idéia que se tem de profecia lembra um ambiente místico, onde seres que se isolam das tentações terrenas mantém a mente livre para captar imagens do futuro através de uma sintonia que vence as barreiras do tempo. Durante toda a história da humanidade e em culturas diferentes, a profecia sempre manteve um lugar de honra, fosse na forma do Oráculo de Delphos, do feiticeiro reverenciado pela tribo, das sacerdotisas ou de sociedades místicas.
No entanto prever o futuro é uma questão de lógica, conforme a própria ciência descobriu. Nos velhos tempos os pajés tentavam descobrir quando iria chover. Nos nossos tempos equipamentos mostram claramente os mistérios da metereologia.  Oráculos tentavam desvendar os movimentos sísmicos, que hoje são claros para a geologia, que assim como a astronomia consegue prever desastres naturais da terra ou do sistema solar.
Mas será que tudo é assim mesmo, tão simples? Poderíamos através da lógica, da lei de ação e reação, dos conhecimentos da física, prever acontecimentos e evitar as desgraças e o sofrimento decorrente delas? Poderíamos evitar um divórcio em família, um assassinato passional, um acidente de trânsito ou o desmoronamento de uma encosta?
Até certo ponto, certamente teríamos de admitir essa possibilidade. Se sabemos que andar nas ruas em determinados horários pode colocar em risco nossa integridade física, assim como dirigir em estradas em alta velocidade é sinal de acidente iminente, por que isso acontece ordinariamente?

Podemos alegar que é uma questão de circunstâncias alheias a vontade. Por exemplo, enfrentar o trânsito em alta velocidade é contingência da sobrevivência...enquanto que morar em encostas é unica alternativa para um teto, apesar de que as encostas também foram desmatadas para a construção de mansões...e assim por diante! O ser humano parece viver de justificativas e argumentos de sobrevivência que contrariam a própria auto-preservação.
Nostradamus, médico e alquimista conhecido pelas suas profecias, inclusive a do fim do mundo (se é que interpretamos suas quadras com alguma precisão), teria pressentido a morte do rei Henrique II, nos contatos com a rainha Catarina de Médicis, e avisado que o Rei não deveria participar de qualquer torneio até os 41 anos. E Henrique morreu exatamente aos 41 anos vítima de uma lança que atravessou a armadura, atingindo um dos olhos, em um amigável torneio!
Parece que seja em tempos ainda obscuros, seja em plena era da ciência, a questão não é exatamente a falta de previsão, mas a vocação humana para o imediatismo e para o desafio...além do desleixo com a vida. Em tempos de grandes desafios, negar a necessidade de prever os acontecimentos é o mesmo que entregar-se aos riscos. É uma forma de descuido. Mesmo considerando a força do inevitável - acontecimentos que mesmo sendo previstos e cuidadosamente evitados ainda assim ocorrem por força de circunstâncias que independem da vontade humana - a atenção ao meio e à sequência natural dos fatos precisa ser conscientizada, com a mesma convicção com que se escova os dentes para combater as cáries ou se toma água para evitar a desidratação.

Devemos crer nas previsões e profecias? Sem dúvida!...(Mirna Monteiro)

Monday, June 15, 2015

AS VARIAS FACES DO MEDO

Sentir medo até certo ponto é natural. Se não tivéssemos a percepção do perigo não poderíamos preservar a vida.
Se estivermos em uma situação de risco ou que simula um risco - como uma montanha-russa por exemplo- sabemos que o mecanismo físico do receio vai fazer com que nosso cérebro provoque uma descarga poderosa de adrenalina para aliviar o corpo desse estresse momentâneo...
Até aí, tudo bem. No entanto quando passamos a sentir medo de situações ou momentos que não conseguimos definir ou racionalizar, nossa capacidade de defesa pode ficar comprometida. Seria o medo irracional, lesivo à sociedade e "politicamente incorreto", pois dá origem a distorções que retornam como as ondas em uma praia. Não se trata de estados alterados, originados por alguma patologia, como a violência psicopata, mas de omissões imiscuídas no nosso dia a dia, de maneira quase imperceptível. É o medo de manifestar uma opinião, de expressar-se, de reclamar, de exigir direitos que são importantes para a manutenção da vida! É a necessidade de recolher-se, encolhendo-se e até mesmo anulando-se, vaporizando-se. O que acontece?
O problema do medo exagerado é o isolamento gradual da realidade, a ponto de atrapalhar o próprio senso de preservação. Um tipo de sensação negativa que vai além do receio de situações de risco, do ataque de um animal ou da agressão de um semelhante.
Há medo evidente de participar da vida e interagir com o meio. Ou seja, perde-se o "ponto" que justifica nossa própria existência.
Elimina-se assim, infelizmente, a nossa capacidade de vivenciar e sentir o prazer do contato humano, já que qualquer um, em qualquer circunstância, representa uma ameaça.
Atuar torna-se um risco e as pessoas evitam até mesmo opinar e exigir respeito às mais elementares regras de convivência.
"Imagine se vou reclamar em um restaurante...vão cuspir no próximo prato"..."Não se pode criticar o site de relacionamento, vai que acabe "sumindo" todos os meus dados e amigos"..."Como vou reclamar de diferenças no preço?...Vão pensar que estou contando meus trocados"...
Pior quando o medo se esconde atrás de uma capa de indiferença. "Eu não vou reclamar porque não adianta mesmo". Ou pelo receio da crítica, de ser alvo das atenções ou de ter de manter um compromisso com a situação após o episódio.
Quem age assim antecipa por conta própria a situação de risco. O funcionário que "cospe no prato" de um cliente que reclamou algum direito está lá, existe, ou foi criado? Como se pode viver partindo do pressuposto de que todas as pessoas que preparam ou servem os pratos cometem um ato assim, que é criminoso, apesar de servir de piadas!
Críticas e reclamações e a inconformação com  situações artificiais e ameaçadoras podem ser extremamente positivas para melhorar serviços e garantir o cumprimento de leis e da cidadania. A sociedade precisa aprender a ouvir e realizar críticas que possuem fundamento.
Como vivemos em um mundo de extremos, convém lembrar que reclamar sem motivo é tão ruim quanto a omissão. Para saber se exercitamos um direito saudável é só avaliar a situação naquele momento: é um tipo de distorção que pode afetar o conjunto social?
Também devemos lembrar que "o outro" nem sempre é o vilão da história. E verificar se nossa tentação de omitir-se a exercer a cidadania de maneira equilibrada, sem agressão, mas com firmeza, não está partindo de uma insegurança excessiva, ou da necessidade de aprovação constante, por recear criticas!
Atitudes de rejeição e agressividade também são uma demonstração de medo e ansiedade de auto-preservar-se e não de princípios...
Há exemplos mais dramáticos do que uma cuspida. O risco que passamos quando nosso semelhante temeroso e confuso tem uma arma na mão ou dirige um veículo que se transforma em uma máquina de destruição. Não basta olhar para os dois sentido ao atravessar uma via, já que um bêbado não distingue o asfalto da avenida daquela calçada cheia de pedestres. Tampouco o segurança da agência bancária ou do shopping pode ser confiável, já que um descontrole súbito pode disparar uma arma, que por sua vez pode ir parar nas mãos de uma criança que a leva para a escola com a finalidade de impressionar os coleguinhas ou confundir a ficção com a realidade.
Politicamente temos de assumir uma atitude de equilíbrio. Visceralmente dependemos do controle de nossos instintos primários para respirar no ambiente social. Vivemos em comunidade e partilhamos esse meio. É onde encontramos a sobrevivência. Dizer que se vive só é irreal. Apenas viveríamos sós se fossemos isolados em uma ilha feita de rocha. Não há sobrevivência na vivência estéril. É preciso reconhecer o valor do meio social e contribuir para que haja maior garantia de convivência pacífica. (M M)

Monday, February 09, 2015

JUVENTUDE E ETERNIDADE

Ouve-se mais comentários a respeito do envelhecer, do que do viver...É tamanha a preocupacão, que chega-se a uma conclusão: o ser humano, racional, está se rebelando demais contra a ordem natural das coisas! Curiosamente, nunca, desde que a sociedade criou regras éticas, a vida foi tão subestimada e  agredida. Ou essa a contradição não deve impor limites a expectativa humana?
Em "O retrato de Dorin Gray", Oscar Wilde tenta sintetizar a preocupacão humana diante do envelhecimento do corpo, barganhando com uma tela, que retrata o jovem Gray, o desgaste causado pelo tempo. O quadro, com sua pintura, passa a "assumir" seu envelhecimento, enquanto Dorin Gray permanece lépido e faceiro, eternamente jovem, como sempre sonha a humanidade em sua vida fugaz!
Claro que, no final das contas, não dá certo e Gray é obrigado a encarar o seu retrato nos tons aguados da velhice extremamente avançada e, consequentemente, a morte tão temida. Pois o medo da velhice estaria intrinsecamente ligado ao medo da morte.
Temos o complexo de "Dorian Grey"! Wilde na sua época utilizou retrato, hoje utiliza-se o bisturi. Entre outras coisas, como botox, preenchimentos, cremes mágicos, fios de ouro ou de plástico, enfim, uma infinidade de recursos que pretendem manter a aparência mais jovem.


E por dentro? Calma, existem recursos ortomoleculares! E no futuro a genética deverá criar outras maravilhas, a ponto de retardar o envelhecimento do organismo e permitir uma longevidade ainda desconhecida.
Ah, se Wilde soubesse que chegaríamos a este ponto!...Cleópatra, com seus banhos de leite, ficaria assombrada! Até a louca Condessa Elizabeth Bathory, que assassinou, bebeu e banhou-se no sangue de garotas para manter sua juventude e beleza, iria lamentar ter nascido no século XVII e não no terceiro milênio, em séculos que desafiam o universo!

Mas será que resolve mesmo? Por várias vezes a cantora Madonna, linda aos 56 anos, foi duramente criticada por manter uma performance nos palcos jovem e sensual.
Aliás todas as mulheres que se conservam maravilhosas após os 40, 50, 60 e até 70 anos, ou mais, como estamos sempre nos surpreendendo, são criticadas. Parece um beco sem saida: se a pessoa não se cuida, é velha e deve ser "encostada"; caso se cuide e mantenha a saúde e a aparência de juventude, é "ridícula"...
Isso quer dizer que existe mesmo um "complô" contra aqueles que vão envelhecendo, na disputa pelo mercado de trabalho, no argumento de que tudo deve ser renovado. Os jovens sentem-se em desvantagem, pois a maturidade e a experiência podem fazer milagres que a forca da juventude, sua ansiedade e prepotência não conseguem!
Agora a situacão, pelo jeito, será invertida...a maioria da populacão mundial está amadurecendo! Ou seja, nas próximas décadas teremos 80% da populacão mundial acima dos 60 anos! E então?
É bem provavel que a ciência já tenha, a esta altura, concluido pesquisas que permitirão a renovacão do organismo e que a longevidade de mais de uma centena de anos não seja absolutamente rara.
O mundo será, então, fundamentalmente integrado por pessoas maduras!
O drama da humanidade, que sempre foi não envelher, pode finalmente estar bem próximo de deixar de ser dramático! Pois se a morte pode ser prorrogada, o tempo não é mais um inimigo iminente...apesar de sua relatividade...Pois se cem anos hoje é pouco, 300 anos que parecem muito agora, vão se tornar curtos demais também!
O que vai levar o homem a desejar a vida prorrogada indefinidamente. Tempo e velhice serão pormenores. O negócio será viver cada vez mais. E como o ser humano nunca está satisfeito (e tempo sempre será relativo) por mais que a sua vida seja prolongada, vai chegar a desejar o impossível nesta cadeia natural de reciclagem orgânica: viver para sempre!
Nesse ponto voltamos para trás, para o amadurecimento, o envelhecimento e a morte, nesta caminhada da segunda década do terceiro milênio. Por que resistimos tanto em aceitar o ciclo natural da vida? Nos tempos primitivos, a velhice era rara, pois todos morriam jovens, nas guerras e doencas. Hoje é farta, repleta de opcões.
Mas em contrapartida...não vamos também fazer apologia a velhice! Pois corre-se o risco de receber respostas atravessadas.
- Nossa, mas você está tão bem com 80 anos! Reclamar do que?
-Do que? Escuta aqui, quem sabe disso é minha escoliose, minha artrite e minhas pontes de safena!

...É, envelhecer é sempre difícil, pois a natureza não barganha retratos, bisturis e botox. O corpo muda, mesmo quando as pessoas envelhecem de forma saudável, porque as mudancas não acontecem na maturidade e desgaste fisicos, mas em todo um conjunto: somos um organismo em constante mutacão, desde a formacão da vida no útero!
Mudancas são mudancas e quando acontecem em sintonia com a natureza, não podem ser ruins.
Talvez ao invés de tentar mudar a natureza devessemos aprender a escuta-la, observa-la e aprender com seu ritmo.
Talvez aí esteja o segredo da juventude eterna.
Será possível?   (Mirna Monteiro)

Tuesday, January 27, 2015

PENSAMENTOS QUE FALAM


"Perdida em seus pensamentos, a pessoa parece escutar a voz de suas entranhas"...Mais do que simples metáfora, essa frase pode ser interpretada literalmente. Depois de descobrir que os impulsos elétricos do cérebro podem movimentar matéria - o que levou à inspiração da "prótese inteligente", a ciência agora admite a possibilidade de reconstruir palavras a partir da captação das ondas cerebrais da pessoa.
A descoberta está criando celeuma. Assim como na ficção, isso parece ser o "golpe final" na privacidade dos seres. "Podem me tirar a liberdade física, mas aquilo que sei e penso pertence apenas a mim"!...Quantas vezes não encontramos afirmações semelhantes em romances, filmes e, evidentemente, na vida real?
Invadir a mente humana, não simplesmente para bloquear ou inutilizar a capacidade mental, como em uma lobotomia  ou através de drogas, mas justamente extraindo de dentro dela o pensamento, já foi a base de muita ficção. A possibilidade soa como uma ameaça. Esconder aquilo que se é e realmente se pensa integra a mais primitiva capacidade humana de se defender e garantir a sobrevivência.
A discrição da mente permitiu ao homem criar táticas de caça, de combate e auto-defesa. É a "voz interior", que alerta, comanda e traduz a intuição, o raciocínio, os "arquivos" dos acontecimentos que são acessados de maneira tão instantânea que não chegamos a conscientizar tudo isso.
O que aconteceria a um mundo onde a mente deixa de ser privada?
Claro que a ciência argumenta que a "invasão" é para o bem. Por exemplo, no caso de pessoas que perderam a capacidade de movimentos de algum membro, como pernas, braços e mãos, ou daquelas que se encontram em estado de coma. A implantação de chips que provocam estímulos elétricos no cérebro pode fazer com que uma pessoa comande com o pensamento a tela de um computador, um braço mecânico, ou outras próteses. Em coma profundo, a tradução do pensamento em forma de palavras ou de uma espécie de "filme". Sim, exatamente como na ficção!
Nesse ponto, paramos para respirar. E pensar (ainda sem eletrodos) se realmente é possível existir no universo qualquer ocorrência isolada. Digamos que, se a ciência pode captar impulsos elétricos do cérebro animal e transforma-los em palavras ou imagens, certamente esse é um processo que já ocorre na natureza. Ou seja, reforçamos a ideia de duas realidades em uma cajadada só: a de que a comunicação entre os seres na natureza não se faz unicamente de maneira material (dentro da nossa percepção de materialidade), determinando a obviedade da mecânica quântica, onde tudo que existe dentro e fora dos seres tem a mesma construção, "tijolinhos" de quantum, aglomerados ou dispersos, que tanto podem compor uma galáxia, um corpo humano ou o pensamento...
O que dizem nossos "quantuns"? Ou o que diz sua intuição? Ou ainda, quais são seus pensamentos a respeito?...Sem necessidade de chips! Pelo menos por enquanto.   (Mirna Monteiro)

Tuesday, January 13, 2015

LIBERDADE E CONSCIÊNCIA

Sair às ruas e demonstrar aquilo que se pensa  ou se quer para o seu país é importante. Mas será que a própria liberdade pode ser manipulada e levada a interesses contrários à esses mesmos desejos da maioria dos cidadãos?
Em atos de liberdade, pacíficos, o que levaria pequenos grupos a cometer atos de vandalismo e outros comportamentos que são contrários ao próprio objetivo manifestado, invadindo o direito de outros?
Imaginar que um direito pessoal de expressão possa ser escravizado ou desviado para interesses de uma minoria é uma situação dramática e que se torna mais clara e definida com o aumento da comunicação no mundo. Redes sociais, assim como toda a internet, a mídia em geral, a televisão, os filmes e até os games, podem ser instrumentos de verdades ou de mentiras.
Mais do que nunca fala-se nos riscos que envolvem as pessoas em uma teia confortável de ilusões, que não é feita de palavras, mas utiliza o inconsciente humano, como previu a própria ficção em tempos onde sequer poderia ser cogitada a comunicação virtual ou mesmo a projeção de imagens.
Como isso é possível? Pesquisadores do mundo todo observam uma dramática mudança no comportamento das massas a partir da metade do século XX, quando o cinema e a TV passaram a integrar o cotidiano do Ocidente, como o aumento da violência.
A partir dessa realidade, a ciência se mistura ao exagero da  imaginação humana. Da existência real de mensagens subliminares - inicialmente utilizadas para incremento do consumo - chega-se hoje ao receio da invasão dos sentidos com objetivos de domínio da massa, supondo-se que existam mensagens subliminares em desenhos animados - que modificariam o comportamento do cidadão a partir de sua formação de maneira inconsciente - em filmes e jogos.
O que seriam essas mensagens subliminares afinal? Se não podemos vê-las, como podem afetar a mente humana?
Em 1957 um especialista em marketing chamado James Vicary, demonstrou que era possível inserir mensagens muito rápidas, em frações de segundo, em filmes mostrados no cinema. Foram escolhidas algumas frases, como "beba coca-cola" e "coma pipoca" e elas foram inseridas no filme em flashes rápidos demais para os olhos perceberem. Mas aquele relâmpago de ordem foi captado pela maioria do público presente: nas noites em que essa experiência foi feita as vendas de pipoca aumentaram 57,7% e as de coca-cola quase 20%.
Estava comprovado o poder dessa mensagem relâmpago. Ou mais rápida que isso, pois é "invisível". Subliminar porque não se consegue conscientiza-la.  Mas mesmo que a novidade tenha sido abafada na época, sem respaldo imediato da ciência, aparentemente crianças seriam mais suscetíveis ao poder da mensagem subliminar, o que não elimina o risco de adultos serem influenciados.
Imagine o poder que isso poderia acarretar. Será possível que através dos desenhos infantis e de qualquer outra imagem veiculada, comercial ou não, o cidadão passe a ter comportamentos influenciados?
Aparentemente sim. Mensagem subliminar é diferente da "lavagem cerebral" ou do convencimento pela repetição da imagem, que é percebida pelo indivíduo que se rende a ela. São todas condições nocivas da mudança de comportamento, mas a mensagem subliminar parece ser a mais criminosa, pois invade a mente sem que seja percebida ou deixe rastros de sua invasão. Salvo pela mudança de pensamento ou comportamento.
Na internet são cada vez mais frequentes vídeos que tentam demonstrar mensagens subliminares em filmes, principalmente para crianças. São palavras não captadas em sua intenção ou mensagens escritas que falam de sexo ou estimulam a violência. Certamente muitos casos são exagerados. Mas existem imagens e pequenos detalhes que realmente não deveriam estar ali e parecem propositais, independente do motivo.
A preocupação com mensagens subliminares nos dias de hoje substituiu a antiga condição humana do medo da opressão, mas também surge como um desafio monumental. Como lidar com isso em um mundo que é cada vez mais gerenciado pela imagem? Não só de televisão, cinema, jogos eletrônicos, mas pelo imenso espaço virtual, que cada vez mais isola pessoas do convívio pessoal e do contato humano, mantendo-as por horas a fio diante da tela de um computador, presas fáceis da hipnose das imagens ou de palavras que podem tolher sua capacidade crítica.
Seria afinal explicada a "moda zumbi", aquela que coloca a humanidade sob o risco de acéfalos violentos. Porque a ficção representa também o medo inconsciente do ser humano e muitas vezes antevêem um risco sem perceber conscientemente os sinais.
Como se vê, tudo pode ser possível... (Mirna Monteiro)

Thursday, January 01, 2015

VIDA LOUCA, LOUCA VIDA!

Entre planos mirabolantes para cada ano que começa ou modestas tentativas de mudar ações e realidades do presente, está a frustação do tempo.
Tempo que passou e que parece ter sido de alguma forma desperdiçado, tempo de sonhos que não foram concretizados, tempo de expectativas nem sempre bem definidas, mas aparentemente importantes para a vida continuar.
Depois da alegria dos fogos e encanto da espuma do champanhe, temos o que?
Se você responder com um muxoxo, está perdendo tempo. O mesmo tempo que é tão importante para o ser humano, que perde os momentos mais interessantes da existência pregando supostas formas de valorizar a vida, indo de extremos a extremos, como barata tonta!
Que extremos? Em geral todo radicalismo de pensamento e ações.
Quer um exemplo? Vejamos...Digamos que aquele que se joga com desespero em fé cega, sem saber exatamente o que a doutrina tem de realismo para o seu mundo espiritual, é tão temerário nessa opção, como aquele que se faz de cético absoluto, quanto a tudo e a todos, contra qualquer coisa que não possa ser explicada em seu mundo completamente material.
Pode ser que a esta altura, com esta observação, você esteja pensando: "caramba, lá vem outra receita de vida ou alguma pregação"...Ou talvez: "será que o diabo vai me tentar com palavrório"?
Vamos a outro exemplo de radicalismos que sempre promovem indigestão e ressaca no espírito humano. Dinheiro é tudo na vida!...Ou, devemos ser pobres e desligados dessa praga chamada capitalismo!
Certo, a esta altura podemos fazer uma pausa para rir um pouco. Faz bem à saúde, desopilar o fígado.
Mas depois desse exemplo ridículo, vamos ter de enfrentar a realidade desses extremos. Mesmo porque o segredo para escapar da tortura de ser etiquetado como mercadoria, não é bem a mediocridade. Ela na verdade apenas atrapalha o espírito humano.
Então o que temos aqui? Ser absolutamente materialista é tão ruim, quanto ser absolutamente desprovido de compreensão do supérfluo, assim como ser ao mesmo tempo um insano consumista e um  critico monástico.
Sobra o que?
Alguns dirão que falta filosofia, aquela capacidade de pensar e raciocinar sobre a vida, a morte, as ações ou a inércia humana.
Outro dirão que tudo isto está enchendo o saco!
Se você consegue superar a sensação de que este texto é chato, porque aborda sentimentos humanos que não deveriam ser contextualizados ou elocubrados, mesmo porque não sabe, nem se interessa em saber o que quer dizer isso, relaxe e beba um copo de água.
Mas se tiver interesse em tentar pensar sobre as coisas, e não costuma consolar-se consumindo filosofia enlatada e produzida articialmente, vamos lá!
Antes, aqui vai um antigo pensamento, dos tempos em que o pão era feito com trigo moido em pedras.
É interessante: "(...)Pois o homem médio interessa-se, primariamente, em nada além daquilo que satisfaz suas necessidades físicas e seus anseios; para além disso, conceda-lhe apenas um pouco de entretenimento e passatempo. Fundadores de religião e filósofos vêm ao mundo para despertá-los de seu estupor e apontar o grandioso sentido de existência; filósofos para os poucos, os emancipados; fundadores de religião para os muitos, para o grosso da humanidade. Como o seu amigo Platão disse, a multidão não pode ser de filósofos- não deveria esquecer-se disso. Religião é a metafísica das massas; deixe que fiquem com isso: permita que esta comande o respeito externo, pois desacreditá-la equivale a extirpa-la". (Demopheles)
Bem...a crítica é dolorida, tanto para crentes como para ateus. E para todos aqueles que preferem a mediocridade e a omissão, e que não são nem uma coisa, nem outra!
A maioria das pessoas não quer pensar, ou não consegue estabelecer a capacidade de interpretar a vida, sem o egocentrismo que nos torna mediocres.
Tudo aquilo que cria conforto social, vale como um cupom que elimine a necessidade de quebrar a cabeça com teoremas e possibilidades.
Infelizmente o resultado é a insatisfação, com a felicidade sustentada por fios invisíveis e frágeis da sociedade humana, que cria uma espécie de adoração a uma mentalidade que volta e meia se choca com a realidade natural.
E então?
Vamos continuar no próximo...capítulo?  (Mirna Monteiro)






Friday, December 19, 2014

AMIGOS E INIMIGOS NO CIBERESPAÇO

A internet trouxe um novo tipo de relação humana, um misto de extremos de proximidade e distanciamento, de intimidade e de formalidade, de civilidade e selvageria.
Tantos extremos tem explicação fácil: a sensação de que tudo aquilo que se passa no mundo virtual conta com a proteção do anonimato ou da ausência fisica, fatores que podem transformar timidos em ousados, mal humorados em humoristas, raivosos e confusos em ambiente que se transforma em salas de terapia.
Essa faceta do mundo virtual, perceptível nos sites de relacionamento, tem seus extremos revelados nas ocasiões de grandes conflitos ou opções, como no caso das campanhas eleitorais. E vem a surpresa: aqueles amigos virtuais, que utilizam ou não identidades reais, aquela personagem da televisão, o artista que há décadas é admirado, o político que se esconde sob a capa discreta da hipocrisia, subitamente mostram comentários, no Twitter, Facebook e outros sites, que causam surpresas, agradáveis em muitos casos, desagradáveis e decepcionantes em outros.
É a "face oculta" da relação virtual, fartamente abordada e criticada na campanha acirrada do último pleito.
Foi o momento de grande movimento e também dos "bloqueios" de perfis que abusaram dos espaços privados. A frase mais comum tornou-se aquela que "dispensava" os "maus amigos", que mostraram comportamento agressivo ou impositivo. Mas também de amizades construidas virtualmente que assumiram ideias politicas opostas. A ponto de circular "memes" ou mensagens prontas, que pediam para não misturar politica e amizade.
Será possível isso?
Respeitar as diferenças de ideias é condição para o regime democrático. No entanto o ambiente democrático é esclarecedor e sadio justamente por permitir essa exposição de ideias, que não são superficiais e retratam personalidades, caráter e capacidades diversas de quem se expressa, tanto em relação ao entendimento de fatos, como em seu interesse em conhecer os fatos ou simplesmente adotar pensamentos midiáticos, já prontos e empacotados para o uso de mentes mais desavisadas.
A troca de ideias nunca foi tão prolixa! Tão extensa e tão contraditória.
No espaço virtual onde as pessoas se relacionam, cria-se num conjunto de elementos  tão diversificado - material da grande midia, material de pesquisa, material politico, material marqueteiro, e por ai vai - que no final das contas cumpre-se com o papel de jogar informações, fundamentadas ou não, como leque de opções para quem quiser pensar sobre tudo isso ou simplesmente adotar o que lhe parece mais compreensivel.
Pessoas são diferentes, mas o meio cultural e social é igual para todos. O que torna comportamentos inesperados, como atitudes marginais.
Mas até que ponto sabemos se somos apenas inovadores, autênticos ou esquisitos?
Não falamos aqui de comportamentos marginais lesivos ao meio. Pessoas que agridem por motivos exclusivamente pessoais, sem considerar o direito alheio, o que obviamente torna a convivência impossível. Falamos de maneiras diferentes de observar ou assimilar o meio cultural e observar regras de comportamento.
Para responder essa pergunta você precisará rever o conceito de normalidade: qual a linha divisória entre alguém considerado normal ou anormal?
Esse conceito de normalidade depende de uma série de fatores e de fato varia, dependendo da cultura, do momento social e político, até do grau de rebeldia pessoal aos valores considerados extremos e desnecessários ao meio.
Nem tudo é questão de interpretação pessoal. Veja bem, se uma pessoa pretender criar um espaço próprio onde a normalidade é decidida por ela mesma - onde certamente as regras obedecerão apenas ao seu comando individual - vai viver isolada como uma ilhota no meio do oceano.
Isolamento pode ser bom em alguns momentos e péssimo em outros. Portanto, como dependemos do meio para sobreviver, não podemos fazer de conta que o conceito de normalidade para a convivência comum não exista!
A escolha pessoal da normalidade a ser assumida depende, portanto, da convivência pacífica com a ética e a moral do meio. O problema é saber até que ponto essa relação termina e começa o direito individual à comportamentos e opções de pensamento

http://artemirna.blogspot.com.br/2012/06/politica-e-poder.html

Friday, October 24, 2014

A RESPEITO DE OMITIR-SE OU SER ENGANADO

A humanidade sofre de muitos males e um deles é a omissão. Qual a diferença entre mentir, dizer a verdade ou omitir-se? Diferenças enormes. Os rumos da história são mudados para melhor ou pior, em dependência dessas três formas de agir. O homem tem livre arbítrio. É criador do seu próprio destino. Bem ou mal não são circunstanciais, provém de atitudes.
A mentira, a intriga e a dissimulação que tantas desgraças causaram à humanidade, são tão danosas quanto a omissão. Se alguém está pedindo socorro e fingimos que nada temos com isso, incorremos  em falta grave.
Do ponto de vista ético, participar da vida equivale a valorizar o semelhante como  si próprio, já que dependemos da comunidade para garantir a sobrevivência. Portanto quem é hermético ao sofrimento alheio contraria a natureza da auto-preservação, a não ser que esteja sob ameaça, onde admite-se que valores éticos são atropelados pela natural luta pela vida em caso de confronto.
Há várias formas de omissão, além da que nega auxílio a alguém. A imprensa por exemplo pode omitir determinados detalhes de um fato por engano ou malícia e com isso passar a idéia errada dos verdadeiros acontecimentos. Uma simples fofoca que omite um aspecto pode mudar a história. De forma injusta, mas eficiente.
Como se disse, a omissão esbarra em questões éticas. Suponhamos que uma pessoa seja perseguida injustamente e outras omitem seu paradeiro! Seria essa uma omissão ética? Poderíamos omitir a existência de um calo no pé ou de algo pessoal sem que isso ocasionasse qualquer transtorno. Schopenhauer diferenciava a mera omissão ou mentira  de qualquer outra ação que não provocasse dano a alguém ou a qualquer coisa. Portanto a omissão diante de uma ação que obriga a cometer uma injustiça justifica-se como obrigação ética. Omitir o tal calo no pé, portanto, não seria da conta do nariz alheio!
Digamos que um médico decida omitir o diagnóstico fatal de um paciente terminal que demonstra pavor da morte. Seria um ato piedoso omitir ou mentir? Essa sutil diferença entre a omissão- ou a mentira não pronunciada, exige capacidade de diferenciar e de prever desdobramentos do bem e o mal. Não é algo tão fácil. Kant lembrava a responsabilidade da mentira ou da omissão da verdade. Todos os desdobramentos do acontecimento seriam portanto de quem cometeu a omissão, como se uma mão desviasse a linha do destino.
Assim assumir a responsabilidade por uma omissão, decorra dela um ato justo ou injusto, é assumir-se responsavel também pelo que suceder. Simplificando parece bem algo como " se correr o bicho pega, se ficar o bicho come" . 
O que se percebe, no entanto, é uma tendência a se isolar e fugir. Quando as coisas vão mal, as pessoas lamentam e erguem muros, mantendo-se sobre eles enquanto aguardam que alguém ou alguma coisa transforme o caos em ordem.
É uma atitude comodista.
Ao longo da história a omissão esteve presente mais por ignorância dos fatos do que por fuga da realidade. O preço pago por essa atitude sempre foi alto, de grandes sofrimentos.
Hoje vivemos em um momento onde a comunicação é farta e o conhecimento dos fatos muito mais real e possivel. Permitir que alguns se transformem em mártires enquanto a maioria se omite de fatos óbvios - digamos em relação ao aumento da criminalidade e violência - é uma situação antiética e perniciosa para o futuro. 
Não há como preservar a própria integridade física escondendo-se atrás de muros. A violência rompe as barreiras físicas. A única maneira de obter segurança é reconhecendo a responsabilidade de todos em auxiliar os mecanismos existentes para manter a sociedade preservada. 
Nesse caso, já que fugir não vai evitar desdobramentos do mal causado por uma omissão, melhor ficar com a ética e a justiça. Já dizia Aristóteles que a disposição de caráter torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, desejando e agindo nesse sentido.
No entanto nem todos desejam a ética e o bom senso. Surpreende a quantidade de pessoas que não consegue disntinguir o certo do errado, ou pelo menos entender quais fatores vão piorar a sua vida e quais caminham no sentido de uma melhora.
O caráter humano é fugidio e pode surpreender. Para uma minoria, o que vale são ambições pessoais e aquisições imediatas, mesmo que isso represente possível perda coletiva, que vai atingir e prejudicar sua própria ambição. O homem não é só razão, mas também um sujeito cheio de desejos e inclinações que podem agir contra o que determina a sua própria razão, já dizia Kant.
Não confiar no que se ouve ou se lê é hoje um principio de sobrevivência. O discurso de um politico é apenas isso: um discurso. Ele apenas poderá ser interpretado como correto ou enganoso se avaliarmos as ações em torno dele: quem faz esse discurso? O que faz e como age quem faz o discurso? O que pretende quem publica alguma  afirmação?
Aqui mesmo, neste texto, qual é a intenção destas afirmações? Qual a intenção da afirmação de meios de comunicação de grande porte, chamados de "a grande mídia", quando atacam uma personagem e defendem outra?
Será que devo confiar em informações geradas por grandes revistas ou tv? Por que? Onde devo entender que a informação é ética e correta?
O que está por trás das grandes denúncias, onde está a verdade, e onde está a nossa responsabilidade diante de toda a manipulação gerada nos momentos de decisão que favorecem interesses diferentes?
É um momento trabalhoso, evitar que a manipulação se sobreponha a realidade.  Mas é a diferença entre omitir-se, ser enganado, ou exercer o domínio sobre os verdadeiros fatos!


Saturday, October 18, 2014

QUEM CONSEGUE PENSAR?

Se você é bombardeado de imagens e mensagens prontas, consegue estabelecer o limite entre a realidade e a imposição das ideias fabricadas fora de seu espaço mental?
Há literatura de sobra a esse respeito. Todas com receitas para que o bombardeio de propagandas e mensagens subliminares não transforme você em um robô pautado por outras cabeças e intenções.
O que dizem?
Cuidado com a divagação da mente...o que quer dizer que qualquer distração sua, envolvido por imagens ou gestos, pode ser decisiva para que sua mente abra espaço inconsciente para apelações do marketing ou sorrateiras ilusões gráficas que são chamadas de mensagens subliminares. São desenhos, simbolos ou palavas, programadas para aparecerem em fração de segundos, quando sua atenção está voltada para a imagem principal.
Neste caso, você não percebe o que aconteceu de maneira clara, mas seu inconsciente capta a mensagem e a guarda na memória.
Por exemplo, você, que nunca gostou de determinado produto ou situação, começa a considerar de outra forma sua opinião. É o seu espaço inconsciente, que foi sugestionado e dominado pela mensagem, de maneira subliminar e eficiente.
Fizeram isso com a coca-cola nas telas dos cinemas nos anos 50. Todo mundo passou a desejar a coca-cola quando assistia filmes. Ninguém se perguntou na época o que atiçava esse desejo.
Apesar de pouco ética, a mensagem subliminar é usada de maneira abusiva nos dias de hoje. Funcional, ela divide seu espaço de dominio do inconsciente com a técnica da repetição, ou seja, a mesma ideia ou o mesmo produto são repetidos centenas de vezes, até conseguir entrar definitivamente na sua mente.
É aquela história. Quando você menos espera, começa a repetir ideias que podem até ser repulsivas ou idiotas para o seu padrão, mas que de alguma forma ganharam espaço em seu pensamento.
Da mesma forma que sente impulsos para comer hamburgeres que detesta ou cantorolar musiquinhas que nada tem a ver com suas preferência musical.
Alguns alertas são aterrorizantes. Certamente exagerados. Dizem que da mesma forma que esse tipo de controle mental através de imagens de filmes, novelas, desenhos infantis, etc, pode fazer alguém tomar refrigerante ou comer babatatinhas, também podem influenciar o seu humor, incentivando violência ou o estresse. Talvez você esteja com raiva do mundo e não saiba porque...
Foi tudo absorvido pela sua mente, sem perceber.
De qualquer maneira, subtraindo-se os exageros, a mensagem subliminar de fato existe é é reconhecida cientificamente, comprovada em seus efeitos no inconsciente humano.
Esse tipo de escravidão das ideias pode ser evitado?
 O que poderia evitar tantos estragos que entram em conflito em sua mente, seria justamente fazer com que ela trabalhe mais.
Muita leitura, jogos de raciocínio, busca de fontes variadas de informação, atenção constante a tudom que se passa dentro e fora desse processo mental.  E também o trabalho de higienização mental, como a prática de exercicios, algum esporte, contato com a natureza.
O que leva a dedução óbvia de que quanto mais tempo individuo passa isolado, tendo contato com filmes, propagandas, desenhos, etc, maiores são os riscos de influência da propaganda e de mensagens subliminares, comerciais ou políticas.
Será que aquilo que você fala ou a maneira como age é fruto de seu próprio raciocínio...ou de propagandas?

Monday, September 29, 2014

COMO ÓLEO E ÁGUA...PALANQUES E PÚLPITOS...

A questão é: religião e política se misturam?  Essa pergunta está em evidência, diante  do crescimento de igrejas que começam a assumir um papel político. No entanto, isso está criando uma situação desconfortável, uma vez que a atuação política de qualquer igreja acaba contrariando sua própria razão de ser.
A razão é simples: embora o poder da religião ou da fé tenha sido usado para manipular a massa ao longo da história humana, desde os tempos mais primitivos, o que sustentava essa relação era justamente a dicotomia.
Ora, a fé implica nas necessidades do espírito, da alma, do interior humano, em sua relação com o universo, dentro do conceito óbvio da vida e da morte, a grande incógnita da humanidade.
A política é carnal, prática, negociante da vida, nos interesses do meio. Lida com a coisa pública, os espaços externos da vida.
Por esse motivo, religião e politica mantiveram-se sempre como coisas distintas, mesmo que nos bastidores a atuação da política na religião ocorresse fartamente.
É claro que nem sempre isso ocorreu discretamente. Aquele que decidia a política também comandava a igreja, como nos tempos em que imperadores eram sagrados Papa. Nos tempos da Inquisição toda política passava pelas mãos da igreja, através dos inquisidores, que recebiam o poder máximo não apenas sobre o espírito humano, mas sobre seu  destino político.
Não só a religião foi usada para politica, mas a politica também interferiu no direito à fé individual. E temos o exemplo dos estragos dessa mistura.
O tempo passou, a humanidade mudou hábitos e crenças, mas a religião permaneceu como esteio no novo mundo, mais discreta em seu papel político.
Por outro lado surgiu o estado laico, que adotamos como base de respeito individual, mas também como linha divisória entre a fé, que varia as doutrinas religiosas, e a política.
Uma definição importante para evitar conflitos!
Padres e pastores salvam almas...ou fazem discursos sobre poder político? Em um país onde qualquer um pode fundar uma igreja, a situação se complica.
Como assim? Bem, se você quiser ser um pastor de sua própria igreja, não tem problema. Basta criar uma diretoria com seis cargos, com a vantagem de que pode acumular alguns. Basta uma casa e pronto, já existe a sede da sua igreja, que é considerada uma entidade sem fins lucrativos.
Foi exatamente assim que as igrejas foram se multiplicando e crescendo, principalmente as chamadas  evangélicas.
Longe de contestar sua validade, o que se pergunta é o seguinte: se uma igreja se baseia no "chamado divino" e a interpretação é disso é muito pessoal, de quem acha que foi chamado, até que ponto a sua verdadeira função não estaria sendo mal conduzida? A boa fé  e do desespero humano poderiam ser usados por grupos políticos, da mesma maneira que irmandades secretas que usavam rituais como disfarce para ações  de grande peso político?
É, é óbvio. O que não quer dizer que essa realidade seja devidamente analisada e compreendida pelas pessoas.
Religão, consideram muitos, seria uma grande ajuda para suprir os valores que se estão esvaziados na nossa sociedade, violenta e pouco ética...será mesmo que essa afirmação tem fundamento?
Não seria a filosofia a grande portadora do equilibrio humano?
Nesse ponto entramos em uma realidade insofismável: religião, doutrinas, crenças, rituais, enfim, tudo que envolve a questão da fé, nem sempre promovem a consciência humana. Ao contrário da filosofia, que discute a vida, a relação entre os seres e o universo, a lógica da ética e do respeito humano e à natureza.
No entanto, filosofia e religião entram em conflito. Como impor uma doutrina religiosa que exige obediencia a rituais de pensamento e ação, quando o indivíduo usa a mente e a sensibilidade para o pensamento livre?
Embora religião e política não combinem e provoquem extrema contradição, a filosofia e política promovem uma união muito favorável ao equilibrio de ações e pensamentos.
Um político pode ter o credo que bem entender. Através dele mostrará o que norteará as suas decisões para o conjunto.  Mas não deveria usar a influência obtida com a fé (que afinal não pertence a ele, mas a Cristo, no caso das igrejas evangélicas e, enfim,  à Deus no catolicismo) ou manipular esse poder da fé para ganhar votos.
Os tempos de Maquiavel vão longe. Que nada ameaça o nosso estado laico. (Mirna Monteiro)