Monday, January 09, 2012

A MORTE E A LÓGICA IRRACIONAL





Lógica, ilógica...deixando e lado a teoria das idéias, onde se pressupõe o que seria admitido como realidade ou engano dos sentidos, a morte seria uma realidade incontestável, pois é óbvia e ao mesmo tempo impossível de ser razoavelmente definida, a não ser em nossa percepção física.
Isso é muito desconfortável!
É muito pouco provável que a morte seja desconfortável para quem a enfrentou. É complicado imaginar as possibilidades além da vida, mas digamos que, na pior das hipóteses (sob a ansiedade dos que se recusam a aceitar a finitude), os seres se apaguem como uma lâmpada, sendo "nada".
"Nada" é nada, puft!
...Mas a energia obtida pelos filamentos da lâmpada está por aí...



Vamos analisar uma possibilidade científica, a de que no universo tudo é matéria, inclusive nosso pensamento ou nossa consciência. Nesse caso não pode ser ruim para quem morreu, pois se morreu em seu estado físico mais grosseiro (ou para quem quiser complicar, de material molecular acumulado e pesado, próprio para um planeta primitivo... ou o que?) sobrevive em seu estado quântico e, portanto, deve poder passear pelas dimensões do tempo ou por espaços que bem podem ser algo que interpretamos como paraíso.
Vamos divagar e aceitar as possibilidades que historicamente povoam as crenças do ser humano, desde sua forma mais primitiva, até as culturas que pretendem ser sofisticadas.

Digamos que haja espaços pré-determinados para as almas, de um lado as penadas, de outro as que cumpriram o bem, como na alegoria do inferno e do céu. Também nada poderá ser mais oportuno. Pois se quem amamos tanto é uma boa alma, decerto que irá para um espaço privilegiado, onde diferentes crenças comungam que é bem mais agradável do que aqui. E se boa alma não for, não há pelo que chorar se a morte representar um tipo de enfrentamento desconfortável...ou, quem sabe, o "puft!", ou o vazio total e irreversível...
Aparentemente, preocupar-se com a morte parece ser desnecessário. Ao contrário, preocupar-se com a vida, é fundamental! É por ela que devemos lutar, com unhas e dentes e é ela, a vida, que devemos respeitar. Toda e qualquer forma de vida deve ser respeitada.
Sendo isso inquestionável, chegamos a um acordo: a vida é tão importante, enquanto vida, que pode ser interpretada como o antagonismo da morte, o que não representa uma verdade. Por que? Ora, sabemos o que é vida! Não sabemos o que é a morte! Tudo que se sabe sobre a morte é conjectura e torna esta discussão extremamente chata.
Mas certamente esquecemos um fator de peso: o medo do desconhecido. Não é a morte em si, mas o que é provável a partir dela que a torna tão temida. Para amenizar isso não há remédio, a não ser a própria vida. Quando plena e valorizada, fornece uma espécie de coragem para enfrentar o que quer que a morte signifique. É como uma fusão com o universo. Os ateus e agnósticos mais radicais ficam furiosos com essa possibilidade, pois ela reforça a teoria do divino, pois reconhece uma força onipotente entre big-bangs e buracos negros. Uma força natural que pode não ser consciente, mas que é interdependente de todas as matérias e suas variações no mundo quântico.
É, esta discussão vai longe. Segue pela vida e além da morte! Porque pelo que se sabe, todos vamos, de mente aberta ou cara emburrada.  E em uma rotina semelhante outros aqui ficam, repetindo o mesmo questionamento de outros que virão!...(Mirna Monteiro)

5 comments:

  1. Anonymous7:32 PM

    Esse texto ai pirou minha cabeça

    ReplyDelete
  2. Muito legal, linda. E gostei sobretudo disso: " Para amenizar isso não há remédio, a não ser a própria vida. Quando plena e valorizada, fornece uma espécie de coragem para enfrentar o que quer que a morte signifique. É como uma fusão com o universo. Os ateus e agnósticos mais radicais ficam furiosos com essa possibilidade, pois ela reforça a teoria do divino, pois reconhece uma força onipotente entre big-bangs e buracos negros. Uma força natural que pode não ser consciente, mas que é interdependente de todas as matérias e suas variações no mundo quântico."

    Só não vejo onde isso possa irritar ateus ou agnósticos. Pelo contrário, a universalização desse impulso e o fato de não pensarmos em morte quando temos uma vida ao menos momentaneamente plena e intensa podem mesmo fazer-nos dispensar qualquer deus.... Ao menos é o que sinto em mim. Posso pensar num caos infinito de forças inesgotáveis em luta e de seres que se autocriam a partir das configurações dessas forças. E se posso imaginar um universo (ou mesmo um multiverso) infinito e puro poder não-racional, para que pressupor um ser infinito e puro poder racional? Toda ordem, afinal, pode não ser mais que precária e provisória configuração momentãnea de forças que, por sua imensa resistência umas sobre as outras, parecem momentaneamente neutralizadas e estáveis. Para que introduzir um Ser que apenas visaria a reproduzir num nível cósmico nossa meramente instrumental racionalidade?

    ReplyDelete
  3. atlantisatlanta8:32 AM

    Para que introduzir um ser que apenas visaria reproduzir nossa meramente instrumental racionalidade?
    Concordando com sua colocação, mas lembrando que, entre os mistérios, que nada mais são do que nossa incapacidade de sentir a realidade, está o fato de que o ser humano pode não ser capaz de entender além dos instintos primários. Assim sendo, é possível aceitar a necessidade de um ser que o console em sua limitação.

    ReplyDelete
  4. Anonymous9:38 AM

    Muito interessante esse texto (crônica?) que deixa a impressão agradavel de que a morte não é um fim mas um meio. Alea iacta est!

    ReplyDelete
  5. Anonymous9:38 AM

    Muito interessante esse texto (crônica?) que deixa a impressão agradavel de que a morte não é um fim mas um meio. Alea iacta est!

    ReplyDelete

Comente os textos ou adicione suas impressões sobre os temas abordados. Clique duas vezes para garantir a postagem.