Monday, October 11, 2010

A LEI DE MURPHY E O ACASO

Quando um sujeito chamado Edward Murphy irritou-se com a falha no funcionamento de um mecanismo no momento de uma exposição importante, "jogou" a culpa em seu assistente dizendo :  "Se há mais de um modo de fazer um trabalho e um deles resulta em desastre, então alguém irá escolher esse"!  Não sabia o quanto esse desabafo faria sucesso. E, dentro desse clima, o quanto contribuiria para uma confusa interpretação do destino, justificando erros e comodismos.
A "Lei de Murphy" tem sido interpretada como uma comprovação de limitação do homem sobre seu futuro. É fatalista,  pois de alguma forma torna as pessoas passivas em relação a acontecimentos, que são considerados inevitáveis!
O mais curioso é que antes dele outro Murphy, Joseph, passou a vida pregando justamente o contrário em uma ampla literatura onde sobressaia a importância da motivação para a transformação. Na verdade um início da poderosa indústria literária da "auto-ajuda", que tomaria o mercado algumas décadas depois com as receitas miraculosas de transformação do meio e das condições individuais transformadoras do destino!
Mas será mesmo que são posições opostas? Ou há um erro de interpretação no que convencionamos chamar de Lei de Murphy, esta curiosa faceta do comportamento humano? 
Essa postura de pensamento, aliás, serve como uma luva para quem quer acreditar que a vida já vem pronta e embalada em papel pré-determinado, com acontecimentos imutáveis que são regidos por um conjunto de acontecimentos muito mais poderosos do que o indivíduo. Lembra outra "lei" (ah, os homens e suas máximas crenças) conhecida como Finagle e popularizada em romances de ficção, que afirma que quando alguma coisa ruim acontecer, acontecerá no pior momento...o que é óbvio! Vem na extensão da famosa postura do "pior do que está não fica".
Nesse caso somos apenas mero acaso não apenas no universo, mas em nossa razão existencial!
Será mesmo que o destino está definido? Ou lidamos meramente com a leviandade humana e comodismo existencial?  Por que é fácil acreditar que não se pode mudar o mundo ou as pessoas, sem assumir riscos de novas ações e decisões, no mais puro estilo "lavo minhas mãos"? 
Dúvida dramática. No entanto até hoje a humanidade critica a decisão de Pilatos! O que teria acontecido se ao invés de fugir à responsabilidade de uma decisão, ele fosse dotado de consciência comunitária e tivesse enfrentado os riscos?...Ou o destino tornaria as coisas tal como são?
Provavelmente não! Uma ação sempre vai causar uma reação  e modificar o futuro. Anular uma interferência consciente é permitir que outras ações determinem os acontecimentos...ações nem sempre muito éticas ou construtivas! 
No entanto a fatalidade do destino pode ser confundida. Uma fatia de pão com manteiga vai sempre cair do lado da manteiga...por questões de gravidade, não de fatalidade.


A fila do lado sempre anda mais rápido...O que quer dizer que não adianta mudar de fila, pois aquela que você escolher vai andar mais devagar...por uma questão de ansiedade que muda a sua percepção do meio. Se você for contestar isso, lembre-se que se é a sua fila que sempre anda mais devagar, as outras andam depressa.. do seu ângulo de visão!
Se você está se sentindo bem não se preocupe: isso passa...para se sentir bem é preciso saber o que é sentir-se mal. Não é fatalidade, é lógica!
O gato sempre cai em pé...sem comentários! E por aí vai. Você sai de casa sem guarda-chuva e pensa: só falta chover justamente hoje! E chove, porque se você pensou, deve ter percebido inconscientemente indícios de que isso poderia acontecer. Mas negligenciou a idéia porque não queria sair de guarda-chuva...
Nesse ponto devemos considerar o fator "negligência". É ele o alimento do fatalismo e a fama da tal "lei de murphy". Suponhamos que estamos andando na rua, em calçadas irregulares e esburacadas.  Caimos em um buraco ou tropeçamos no piso irregular. Caídos no chão pensamos: ai, ai, ai, eu sabia que hoje não era meu dia!...
Quer dizer, era um dia em que você não estava bem e portanto deveria ter prestado atenção aos detalhes em seu caminho, como os buracos! A culpa não é do destino, mas de sua negligência! Um acidente de carro seria evitado se antes fossem observados problemas mecânicos ou maior cuidado e atenção à direção; um assalto poderia ser evitado se as possíveis vítimas observassem melhor ao redor e dificultassem o acesso. 
Se observamos por esse angulo, chegaremos a conclusão que o destino jamais poderia estar previamente traçado, mas é produto do meio, de seus acertos e erros. E portanto não é inevitável e pode ser transformado a qualquer instante, a todo momento. Podemos exagerar e imaginar que um asteróide enorme caminha para o planeta Terra anunciando o apocalipse,mas que ainda assim  podemos tentar alternativas para mudar a sua trajetória ou reduzir seu impacto. 
Claro que o poder de transformar o destino depende de nós, mas não apenas do indivíduo. O meio tem o grande poder transformador e talvez seja por esse motivo que um indivíduo tem a sensação de impotência para transformar o destino e sente-se uma folha na correnteza, preferindo consolar-se com a ideia da fatalidade!
Mas a ação coletiva nasce, obrigatoriamente, do indivíduo! O que nos leva a conclusão de que a omissão não é interessante para o destino de ninguém!
Bom dia! Que dia lindo, a vida é maravilhosa!
Preste atenção ao seu redor!... (Mirna Monteiro)

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